13 anos depois...

Bom, ter trinta anos, dois filhos, e trabalhar como design, não é fácil. Com certeza não é fácil. E eu sei bem disso.

E essa é a minha mais nova vida de casada. Quer dizer, nova não. Eu e James somos casados há pouco mais de 8 anos.

Preciso deixar claro que eu não fui para merda de internato nenhum!

Uma pergunta muito interessante: E meu pai? Ele soube que eu e James namorávamos?

Sim. Na verdade, ele só soube quando James me pediu em casamento... E isso aconteceu quando eu tinha 19. Então demorou um pouco. E foi engraçada a reação dele, porque ele aceitou sem fazer nenhuma pergunta. Mas depois nos encheu de perguntas toscas.

Eu já tinha saído da casa dele mesmo, e já era maior de idade. Entãoooo, a única opção que lhe restava era aceitar.

Até agora só tive dois filhos. Um casal! Stephanie e Dylan. E hoje estamos morando em Nova Iorque. Eu já sabia que algum dia eu voltaria para cá, e para ficar. E foi desse jeito.

James estava fora há alguns dias para fechar um contrato em Washington. Ele tem costume de me ligar todos os dias. E hoje ele, até agora, não me ligou.

Ouvi alguém bater na porta do meu escritório.

— Entre — falei. E tirei os olhos do meu iPad, que eu estava usando para escolher alguns modelos.

A porta de correr se abriu, e era James!

Sorri ao vê-lo. Ele estava parecido como modelo Calvin Klein. Com o seu terno apoiado em um dos braços, camisa social coincidentemente da Calvin Klein, sapatos pretos perfeitamente engraxados, segurando uma maleta na mão esquerda, e acompanhado de seu Rolex.

— Eu estava com saudades princesa! — ele disse e eu me levantei para abraçá-lo.

— Eu também — sussurrei.

James passou as mãos por minhas pernas.

— Você fica tão sexy de saia. — Ele soltou um riso perverso.

James me agarrou com mais força ainda, segurei meu coque.

— Para James, eu estou no trabalho — falei.

— Não dá pra parar, ainda mais algo que já começamos.

O empurrei até o sofá. Beijei toda a extensão de seu pescoço.

— Foram três dias... Você está me devendo muita coisa — murmurei.

James passou a mão em meus seios por cima da blusa, e em seguida em um movimento rápido me deitou no sofá e tirou minha blusa. Empurrei-o e desabotoei sua blusa com pressa, e retirei seu cinto. Joguei as duas peças no chão.

Deitei-me novamente, James levantou minha saia e retirou minha calcinha lentamente. Ele acariciou minhas coxas me causando arrepios, em seguida ele me penetrou.

Depois de chegarmos ao ápice, James beijou minha boca.

Nos levantamos. Ajeitei minha saia, e coloquei minha blusa. James parou na frente da parede de espelho, e ajeitou os cabelos. Sorri para ele, James retribuiu. Fui até o espelho também e ajeitei meu cabelo. James me deu um abraço e mais um beijo.

— Nos vemos mais tarde — ele disse sorrindo, e se retirou.

Sentei novamente em minha cadeira. Suspirei e voltei meus olhos para o meu iPad. Suspirei novamente, eu não conseguia ter concentração, James sempre me deixa assim. Olhei para o sofá, percebi um pedaço de papel.

Levantei-me e fui até o tal pedaço de papel.

“Não se esqueça de me ligar! Precisamos resolver este problema...

Xoxo, Selene”

— Como? — perguntei para mim mesma. Amassei o papel. Resolvi não jogá-lo fora, afinal de contas seria muito útil. — Esse filho da puta irá me pagar — sussurrei, estreitando meus olhos, que provavelmente estavam vermelhos de ódio.

***

Saí mais cedo do escritório. Apanhei Dylan e Stephanie na escola, fomos direto para casa. Sarah, graças a Deus, estava passando uns dias lá em casa para me ajudar a cuidar das crianças.

— Mamãe. — A voz doce da Stephanie ecoou pelo carro.

— Oi filha — respondia-a calmamente.

— Você está triste? — ela me perguntou. Algumas vezes eu nem penso que ela tenha somente seis anos.

— Não Steph, mamãe está bem. — Katherine não irá ganhar presente de Natal, porque ela acaba de mentir para uma criança. Que feio, Kath!

Stephanie suspirou.

— Tudo bem — ela murmurou.

Quando cheguei em frente de casa, vi que a Range Rover do James estava estacionado na porta da garagem. Estacionei o meu Aston Martin DB9 atrás do carro dele.

Saí do carro e soltei as crianças do banco de trás. Peguei minha bolsa e vi que Sarah apareceu na porta da frente, Stephanie e Dylan correram até ela e abraçaram-na. As crianças entraram com ela e logo James apareceu na porta, e veio até mim. Eu deixaria para brigar depois...

— Oi, meu bem... — James disse e me abraçou, em seguida me deu um beijo.

— Oi — falei, seca.

Caminhei até a entrada da casa, e parei subitamente.

— James — chamei-o, ainda de costas —, precisamos conversar.

Ele deve ter ficado sem reação, porque não falou nada.

Dei um beijo em Dylan e depois em Stephanie.

— Meus amores — comecei, me referindo a Sarah e as crianças —, irei subir para tomar um banho. Depois eu volto. — Sarah assentiu, e eu subi. Vindo logo atrás de mim, James.

— O que aconteceu? — ele perguntou, preocupado.

— James, dá um tempo, o.k?

Entrei no banheiro e liguei a água para que pudesse encher a banheira.

Voltei para o quarto e tirei toda a minha roupa, coloquei um roupão e sentei na poltrona da sacada.

Em torno de dez minutos, voltei para o banheiro e entrei na banheira.

***

Depois do meu banho, fui na minha bolsa e peguei o bilhetinho da “Selene”, deixei sobre a escrivaninha. Fui no meu closet e escolhi uma roupa qualquer.

— Como você achou o bilhete da Selene? — Ouvi James perguntando.

— Você deixou cair... Porque você é um tapado — retruquei, terminando de colocar a minha blusa.

— Mas o que houve com você?

— Nada James, nada! — respondi-o, começando a alterar a minha voz.

— Ela só é uma cliente, Katherine. Não venha me dizer que você pensou...

— Ah, me poupe James! — Ele me fitou desacreditado, enquanto eu o olhava furiosa. — Sai daqui James. Só saia daqui! Não quero olhar para você!

— Katherine!

— James! — Ele cruzou os braços, me afrontando.

— Não irei sair daqui... — cantarolou. Rosnei para ele.

— Ah, não vai sair não? — perguntei, certamente essa foi uma pergunta retórica. — Não. Então tá. O.k. ENTÃO SAÍ DA PORRA DA CASA! — gritei.

— Me obrigue.

Assenti e sorri. Peguei um vaso de porcelana, que estava do meu lado, joguei em direção de James. Mas, como eu sou muito ruim de mira, errei.

— Você está ficando doida?!

James veio em minha direção, e me prensou contra a parede, segurando os meus dois pulsos.

— Me solta, porra! — ordenei.

— Não. Por mais que eu não possa te bater, continuo tendo mais força do que você. — Ele apertou mais o meu pulso.

Chutei-o. Ele se curvou, desviando do meu chute.

— Eu quero que você vá pra puta que pariu, ou seja, que você saia daqui. Da minha casa! E me deixe em paz! — reforcei o meu pedido.

— Bom, é isso mesmo que você quer? — ele me indagou, arqueando uma das sobrancelhas. Do jeito que ele sempre faz, quando quer tentar me convencer.

Respirei fundo, para pronunciar as palavras que eu nunca pensei que fossem sair de minha boca:

— Sim, é isso que eu quero — repliquei e ele me soltou.

— Tudo bem — ele murmurou.

Eu não estava acreditando que ele fosse embora. Então, esperei ele sair do quarto e descer. Corri até o guarda-corpo da escada, ouvi ele falando com Sarah baixinho:

— Mãe, eu vou sair e só irei voltar amanhã.

— Por quê? — Notei espanto na voz de Sarah.

— Eu e Katherine meio que brigamos, e ela pediu para que eu saísse da casa dela. E isso que eu farei. — Ele deu ênfase na parte “da casa dela”.

— Você vai voltar mesmo?

— Não sei. Dependendo, voltarei só para buscar minhas coisas.

— Filho, ela disse isso por um impulso — Sarah argumentou.

— Ela pensa que eu estou traindo ela! — James disse indignado.

— Shhh! Dylan e Stephanie estão na sala assistindo televisão!

— O.k. Bom, estou indo. Só vou falar com as crianças e vou sair.

— Tudo bem, me liga. Não esquece.

Me inclinei mais um pouco, e vi os dois se abraçando. Por último ouvi Sarah dizendo:

— Vocês irão se acertar.

— Assim espero — James replicou cabisbaixo.

***

No outro dia, amanheci sem nenhum James do meu lado. Nem ninguém para me dar bom dia.

Que merda eu fiz na minha vida?

Levantei desanimada, tomei um banho rápido. E me arrumei da mesma forma.

Passei por Sarah e dei um beijo em sua bochecha.

— Bom dia! — falei, tentando disfarçar o meu verdadeiro humor.

— Nem adianta Kath, você sabe que o James não seria capaz de te trair. Ele te ama mesmo.

— Sarah, por favor, não vamos discutir sobre isso agora.

Como ela é bastante compreensiva, concordou.

Apanhei as crianças e levei-os à escola.

Pouco antes de eu estacionar, Dylan me fez uma pergunta, que acabou comigo:

— Mamãe, papai vai voltar quando pra casa?

— Não sei, filho. Em breve, espero.

Ele balançou a cabeça positivamente.

— Ele está viajando? — Dylan insistiu em fazer perguntas.

— Tipo, isso... Enfim, vão estudar um pouco! — falei, e Stephanie se soltou do cinto em seguida ajudou seu irmão.

— Tchau mamãe! — Os dois acenaram, acenei de volta e saí.

Espero que realmente seja em breve que ele volte para casa...

***

1 mês depois...

Eu estava errada, há tempo que eu não via o James. Tempo que eu me refiro, e mais de um mês. Já vi Stephanie chorando diversas vezes, e Dylan já reclamou comigo. E quando Sarah foi embora, ficou pior.

Sempre que eu tento ligar para ele, chama várias vezes e ele não me atende. James só voltou para apanhar as coisas dele, realmente. Em uma hora em que eu não estava em casa.

— James! Finalmente! — falei, na mesma hora que ele atendeu o celular.

— Katherine? — ele perguntou, com uma voz embargada.

— Isso aí, eu mesmo! Por que você não estava atendendo os meus telefonemas?

— Você me pediu para que eu te deixasse em paz...

— Preciso conversar com você, urgente!

— Não tem como... — ele disse, e eu revirei meus olhos.

— Por quê?!

— Porque eu não posso. — Ele estava sendo tão frio comigo, que eu estava quase congelando.

— Então tá! — falei, parecendo não me importar muito. Mas sim, eu estava me importando. E pra caralho. — Não preciso mais também. O.k. Eu não me importo. Argh! Eu quero que você se foda, James! Tchau! — Antes de eu desligar ouvi uma risada sarcástica.

Olhei para a hora, e eu estava atrasada para o trabalho. Por que eu perdi tempo com esse idiota?

Chegando ao meu escritório, Anastácia, minha assistente, correu até mim.

— Katherine! Katherine! — Anastácia me gritou. Eu estava viajando, ela me cutucou.

— Oi, oi — sussurrei.

— Tem um cliente te esperando, está na sua sala.

— Tudo bem, eu já estou indo — declarei em um tom baixo.

Abri a minha sala vagarosamente. Senti meu celular vibrar no bolso da minha calça. Me virei para fechar a porta.

— Bom dia! — falei, sem saber quem era.

Ah, e quem era o meu “cliente”. Sim, sim, o puto do James! Ele estava com as mãos apoiadas na minha mesa e virado para a porta.

— Bom dia, senhora estresse! — James falou em um tom entusiasmado.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei.

— Você disse que queria falar comigo. E cá estou eu!

— Mas você alegou que não podia, certo?

— Sim — ele concordou.

— E por que você veio?

— Porque eu gosto de te contrariar.

Eu ainda estava extasiada e “maravilhada” com a presença dele, então eu não disse nada.

— Mas — ele continuou —, às vezes eu gosto de te obedecer.

James se aproximou ainda mais de mim. E colocou a mão dele na minha bochecha.

— Eu ainda não entendi o porquê de você vir — murmurei, olhando nos olhos dele.

— Lembra que eu prometi nunca te abandonar?

— Lembro — confirmei.

Ele sorriu, e pôs seus lábios junto dos meus. Por fim disse:

— Eu nunca irei falhar com essa promessa.