Já havia se passado um mês desde aquele acampamento, das montanhas, dos treinamentos, do beijo e das lágrimas.

Tsuna nunca agradeceu tanto por ter tido febre. Quem imaginaria que acabaria beijando a garota que gostava no meio de tudo isso? Bem que ele já ouviu dizer, que às vezes a febre deixa as pessoas mais atrevidas. Ele ainda se encabulava quando lembrava, mas era tão bom. E após tudo, ele chamou Kyoko no terraço do colégio, reuniu coragem, a pediu em namoro e ela aceitou, para a tristeza de Haru.

O jovem Vongola saiu várias vezes com a Kyoko, viviam sempre grudados, o habitual de casal no inicio de namoro. Hana e Ryohei estavam um pouco mais próximos e conversam mais depois daquele dia, principalmente quando Hana ia à casa de Kyoko. Ryohei agradecia extremamente ao “cabeça de polvo” pelo incentivo. Esse hábito estava se tornado algo monótono para o Gokudera, que já estava começando a se arrepender.

Haru havia se distanciado um pouco do grupo. Sentia-se deslocada e cada vez que via o casal, uma faça enfiava-se em seu coração. Gokudera era o que mais conversava com ela, Yamamoto também fazia sua parte como amigo. Às vezes saiam os três juntos para anima-la, as brigas a faziam rir.

Desde aquele dia que Gokudera a consolou, ele estava sentindo uma ponta de remorso. Acabou confessando para Haru seus planos para que Tsuna fica-se com Kyoko. A garota não xingou, não reclamou, apenas sorriu e disse entender, afinal era isso que amigos faziam. As palavras dela foram tão tocantes, que ele logo lhe prometeu ficar ao lado dela. Foi uma promessa sem pensar feita no calor do momento, mas, queria que aquela mulher estúpida volta-se a ser uma esquisita com fantasias loucas e hábitos ainda mais fora do comum. Era estranho para ele, afinal nunca se imaginou em uma situação de confidente, mas para Haru, ele era único que podia ouvir suas confissões.

O grupo de amigos, aos poucos estavam mudando e caminhando para a vida adulta, coisa que apenas Yamamoto percebia. Ele não se sentia parte naquela nova fase. Haru podia estar deslocada, mas ela aproximou-se de Gokudera. Tsuna pensava apenas em Kyoko e Ryohei em seu boxe e sua extrema empolgação por estar conseguindo falar com Hana. E ele? Yamamoto estava na sua mesma vida.

Após as aulas, o grupo decidiu ir a uma lanchonete, até mesmo Haru foi por insistência de deles. Tsuna caminhava com Kyoko, Ryohei conversava extremamente tímido com Hana, e Haru estava conversando com Gokudera e Yamamoto, bem, na verdade ela e o cabeça de polvo estavam conversando a maneira deles, com gritos e empurrões. Reborn estava no Ombro do maníaco do beisebol.

–A configuração do grupo parece estar mudando.

–Hehe! Por que acha isso garoto?

–Por você estar sentindo incomodado.

O rapaz fica sério pelo Reborn ler seus sentimentos.

–Não se preocupe, não vou contar a ninguém. – Sorria Reborn.

Um tremor cortou a pacifica caminhada do grupo, que já imaginaram ser um terremoto chegando. Foi quando Haru avistou fumaça para o lado do colégio de Tsuna.

–Tsuna!- Reborn pula no ombro do rapaz – Está vindo uma energia estranha daquele lado. Melhor conferir.

“Por que essas situações me parecem tão familiares?”-Meninas, acho melhor ficarem por aqui.- Alertava Tsuna.

–Hahi! Mas Haru queria ver o que era.

–Mulher idiota, quer dar mais trabalho para nós. Vá para casa. Huf!

–Haru não é idiota e ela vai para onde ela quiser!!!

–Melhor ficarmos por aqui Haru-chan! – dizia Kyoko tranquilamente.

Só de ouvir a voz dela, Haru ficava mais irritada, apenas bufou e ficou quieta. Pelo jeito ela estava pegando algumas manias do Gokudera.

Correram de forma mais rápida que puderam, desviando de pessoas que vinham correndo do lado oposto. A origem da fumaça era em um prédio retangular abandonado de seis andares próximo ao colégio. Havia muitas partes já rachadas e quebradas na fachada.

Ouviram um ruído ao vento e uma flecha flamejante quase acertou Tsuna, a mesma quando caiu no chão, incendiou a sua volta.

–Vongola- Era uma voz feminina que vinha de uma das sacadas.

Estava sentada na grade, seus cabelos eram na cor magenta presos em um rabo. Usava uma mascara branca decorada com dourada, onde apenas seus lábios carnudos pintados de bronze ficavam a vista. Um arco estava disposto em uma das suas mãos, mas as flechas não estavam à vista. Sua roupa era preta e colada ao corpo, o que lhe dava um ar sexy. Se Shamal estivesse ali, com certeza iria querer agarrar aquela mulher.

– Surpresas os aguardam aqui dentro. Aceitam meu desafio ou fugirão com o rabo entre as pernas? – ela ria sarcasticamente.

–É claro que vamos aceitar! O Judaime é mais forte que qualquer um! Não é mesmo Judaime?

–Ehhhhhhh!!!

–Tsuna, isso faz parte do seu treinamento. – Avisa Reborn com seu típico sorriso.

–Mas tudo faz parte do meu treinamento agora?

–Sem discussões Tsuna. Desafios são algo comum no mundo da máfia. Como é o seu nome?

–Adelina. – ela se levanta na grade – Vamos começar o desafio. E tudo em volta pega fogo, obrigando os garotos a entrarem no prédio.

–Adelina-san, que tipo de desafio será? – Reborn pergunta alto e a Adelina aparece na frente de do nada.

–Será o chefe de vocês chegar aqui em cima. Simples!

Ao termino das palavras dela, um vulto rápido se joga contra Yamamoto. Ele se defende com sua espada rapidamente.

–Yamamoto!!!- Grita Tsuna.

–Olá guardião da chuva. – cumprimentava um homem encapuzado, usando óculos escuros e sobretudo preto. Havia um charuto em sua boca. Estava com uma estranha arma circular prata e fina nas mãos.

–Olá. Quem é você? – cumprimentava Yamamoto.

–Sou Magno.- e ambos se afastam.

–Prazer! – ria calmamente como sempre-Tsuna, deixe ele comigo e vá para o topo. Eu dou conta dele.

Tsuna receoso concorda e parte em busca das escadas.

–Que arma estranha que você está segurando.

–A chamo de “Spinoso”. – O circulo prata libera vários espinhos e Magno parte para o ataque. Yamamoto se defende com suas técnicas e também ataca. Magno consegue joga-lo contra a parede com uma onda elétrica. Quase que vários pedaços de parede caem sobre o guardião.

–Então estas são as famosas técnicas do guardião da chuva.

–“Famosas”!?– Sorria Yamamoto, logo seguido por uma face determinada. – Vou vencê-lo Magno.- e assim ele parte para mais um ataque.

Nos andares superiores, estavam Gokudera e Ryohei lutando com duas gêmeas. O guardião da tempestade estava com dificuldades. Suas dinamites poderiam levar o prédio abaixo.

As gêmeas lutavam ambas com adagas o que confundia ambos de qual delas estariam lutando.

–Elas são muito rápidas! Cabeça de polvo, use uma de suas dinamites.

–E levar o prédio abaixo com o décimo? Nem pensar! “Hum... se não posso usar meus ataques, talvez eu possa pegar dicas daquelas revistas de relacionamentos.”- Gokudera fica em uma pose relaxada e sorri com charme, só pensava na cara ridícula que ele estava fazendo- Sempre gostei de mulheres fortes! “Que merda eu estou falando!?”

–O QUÊEEE!!!- Ryohei grita de espanto – Você está atraído por essa mulher, Cabeça de polvo!?

–Tss. Cala boca, cabeça de grama. Ela é minha!- Gokudera dá uma piscada rápida e Ryohei fica quieto, o jovem supôs que pelo seu silêncio ele dve ter entendido a armação.

–Huhuhu, você não é de todo mal. É até atraente se eu olhar bem! – ela se aproxima andando charmosamente até Gokudera, com um sorrido cínico.

Nos andares superiores.

–Tsuna, você já está cansado?

–Eu subi várias escadas!!! É CLARO, que estou cansado.

–Não grite comigo! – Reborn dá uma voadora em Tsuna. – Chega de brincadeira, entre pela porta e vá enfrentar o que te espera.

–Ehhhhh!!!Você não vai comigo?

–Um chefe da máfia deve saber se defender sozinho Tsuna. Agora vá!

Tsuna abre a porta do terraço choramingando, antes de fechar, olha para Reborn com esperança de retornar, mas foi em vão. Lá em cima, o jovem Vongola morreu de medo, parecia que o prédio ia cair a qualquer instante. Ele não largava do trinco da porta, enquanto olhava em volta.

–Acho que não tem nada por aqui, hehe!- já estava se virando para abrir a porta novamente.

–Futuro chefe Vongola.- era a voz da Adelina. –Chegou mais rápido do esperava.

–Hehe, então... O que eu tenho que fazer?

–Ora o obvio, vamos lutar!

–Por qual motivos estamos fazendo isso?

–Ora,Jovem Vongola, o resultado deste desafio pode mudar a forma de você ver o mundo. Apenas, se divirta.

–Mudar a forma de eu ver o mundo? Como as... – Tsuna é interrompido pelo ataque dela e logo já entra em Hyper Mode. – O que você quis dizer? – Adelina apenas sorria de maneira sarcástica e não falava nada, apenas atacava. O jovem Vongola logo viu que não arrancaria palavras de maneira fácil dela.

Adelina usava ataques baseado no elemento fogo aliado ao uso de flechas e uma espada. Suas flechas eram formadas pelo fogo em instantes, sendo uma munição infinita. Ela era muito rápida e ágil, pelo jeito era uma característica do seu grupo.

Mas Tsuna também era quando estava no seu Hyper Mode e aliado a sua Hiper intuição, era certo de que venceria.

Enquanto isso Gokudera e uma das gêmeas estavam lutando fora do prédio. Ele conseguiu isso graças a ela se aproximar demais de sua pessoa, dando a chance dele se jogar contra ela e empurra-la para o exterior. Usava a vontade suas dinamites e o Uri Bomb. Mas apesar de tudo, ele estava com muitas feridas e o vazamento de sangue que estava saindo do seu braço esquerdo, estava começando a ficar preocupante.

A gêmea também não estava nas melhores condições, ao perceber que não estava tão ágil e rápida como antes.

Ryohei também já tinha levado vários danos para poder executar seu melhores ataques, conseguindo vencer sua adversária, que estava desacordada no chão. O guardião do Sol estava encostado na parede, recuperando o fôlego enquanto assistia a luta de Gokudera. Ryohei queria ajuda-lo, mas o orgulhoso guardião da tempestade recusou com todas as suas forças.

Tsuna ainda lutava contra Adelina, ele tinha a vantagem apesar de tudo. As lutas tensas pela qual passou, principalmente após o desafio dos Arcobalenos, Adelina era uma pequena adversária. O jovem Vongola estava surpreso com sua desenvoltura, era tudo muito fácil.

Mesmo assim Adelina não tirava aquele sorriso do rosto, o que ela estava escondendo? Era evidente o seu cansaço na batalha, mas seria apenas um blefe?

Tsuna lançou mais um ataque para anular o dela, mas o nível de poder foi alto e acabou desmoronando um pedaço do telhado, fazendo um buraco gigante e os destroços adentram o prédio. O décimo apenas torceu para que aquilo não caísse em nenhum de seus amigos.

Quem teve o azar foi Magno, que não conseguiu desviar e uma das suas pernas ficou presa.

–Acalma-se, eu irei ajuda-lo.

–Fique onde está, guardião da chuva. Eu fui derrotado pelos meus reflexos, sair daqui é meu próximo desafio.

–Esqueça isso Magno-san, me deixe ajuda-lo.

–Se você se aproximar, atiro os espinhos em você. Não interfira!

Yamamoto não entendeu a principio os motivos do homem, mas lembrou-se que uma vez seu pai disse que, a honra de um homem era tudo e os outros não devem interferir quando o mesmo submete-se a desafios. Achou melhor crer nesta lógica, mas era agoniante ver o sofrimento de Magno para sair. Aquela cena o fez lembrar um pouco antes de virar amigo de Tsuna, quando quebrou o seu braço e tentou por fim em sua vida. Magno poderia ficar sem a perna, mas lutava mesmo assim para viver, enquanto ele tentou fugir, se não fosse por Tsuna tê-lo impedido, ele perderia tudo o que viveu até agora. Sorriu em seguida, ele havia compreendido finalmente o que o homem estava fazendo.

–Magno, desejo boa sorte a você. Mas preciso ir atrás dos meus amigos. – Magno o respondeu com um aceno de cabeça.

Enquanto isso, no lado exterior do prédio, Gokudera conseguiu vencer a outra gêmea, mas o guardião havia perdido uma quantia de sangue preocupante, o fazendo ter tonturas e náuseas. Ryohei estava tendo curar o que podia da ferida em seu braço, mas teriam que leva-lo urgente ao hospital.

–Cabeça de polvo, você está extremamente ferido.

–Cala a boca e me cura logo. O décimo não pode me ver assim!

–Hehe Gokudera, nem ferido você não perde a compostura. Mas devia descansar seu ferimento não é brincadeira. – Falava Yamamoto que acabará de chegar tendo como resposta um olhar furioso do rapaz de cabelos pratas.

–Então vocês estão aqui.

–Garoto!!!

–Ciaossu!

–Reborn, tem noticias do Décimo?

–Ainda está no terraço.

Na batalha....

–X-burner!!! – Tsuna finaliza a batalha.

Adelina cai perto do buraco formado, com suas roupas rasgadas e pele ferida.

–Você é forte como eu imaginava. Agora, apenas finalize e será o grande vencedor.

–Eu... eu não vou mata-la! Isso foi apenas um desafio. – Tsuna sai do Hyper Mode, tira as luvas, aproxima-se de Adelina e estica sua mão como apoio para ela levantar. A mulher sorri e aceita o auxilio.

–Você é forte, mas tem algo em você que pode mata-lo um dia. – Tsuna a olha sem entender – Sua compaixão!

Adelina o empurra rapidamente buraco abaixo. Tsuna sentiu flutuar por segundos e para no fim, o chão puxa-lo com todas as forças. O mesmo pareceu embala-lo para um sono doloroso. A moça mascarada observava do terraço aquele corpo ensanguentado e inconsciente.