Falsa Realidade escrita por mazegates


Capítulo 9
Chacina I


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas chegou!



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Os clareanos estavam reunidos próximo à casa dos mapas. Newt e Hobbes armavam os garotos com lanças e facões, enquanto Gally e Winston separava-os em grupos. Caçarola e alguns aguadeiros estavam preparando lotes de mantimentos. A tensão era clara em suas faces.

Minho correra atrás de Thomas, seus anos de experiência no labirinto fez com que o alcançasse facilmente.

– Thomas! Espere aí cara.

– Deixe-me em paz, Minho! Eu falhei você não entendeu? Eu falhei!

– Eu não vou dizer novamente, se você não parar agora, eu quebrarei todos os seus ossos e conversarei com você assim mesmo! Eu sou seu melhor amigo desde que você chegou, eu nunca te abandonaria numa hora dessas, por mais que você quisesse, cara de mértila!

O moreno então diminui seus passos.

– Você não entende... Eu prometi que o levaria para sua mãe... Ele...– A frase não foi terminada, Thomas caiu em prantos, o gramado da clareira salgava-se com suas lagrimas.

Ambos sentam na grama e Minho o abraça. Ver seu melhor amigo sofrendo doeu mais que a morte do pobre aguadeiro que mal conhecia. Então veio o peso da culpa. Conviveu com o garoto por mais de dois meses e não sentira nada quanto à sua morte. De fato, Minho era seco aos demais clareanos.

– Thomas, eu não consigo imaginar sua dor... Mas eu sei que deve estar doendo muito, porque só em te ver desse jeito, eu já estou sofrendo por dentro. Não tenho palavras consoladoras, mal conhecia o Chuck. Essa promessa que você fez... Não me entenda mal, mas terá que abandoná-la.

– Eu sequer estava ali para protege-lo...

– Do que importa sua agora, cara? Ele está morto e não há nada que possamos fazer. Podemos lamentar a morte dele enquanto todos podem ser mortos a qualquer momento ou então, fazer com que o número não cresça. Honremos sua morte, Thomas!

Minho levanta e estende a mão para o outro corredor.

– Vamos?

Thomas enxuga suas lágrimas, acena que sim e se apoia na mão do asiático.

– Hora de correr.

– Entenderam o que terão de fazer? – Teresa pergunta para as garotas.

– Mas isso é horrível! É desumano, Teresa! Como você consegue falar isso sem sentir nojo do que está dizendo? Julie se exalta, serrando os punhos.

– Você não está entendo, garota! – Bruna levanta a voz. – Qualquer coisa que façamos ou deixarmos de fazer aqui dentro trarão consequências. Estamos todos presos em uma encruzilhada, contudo, perdemos nosso livre-arbítrio. Nossos caminhos agora são tomados por eles. Mas não podemos esquecer: CRUEL é bom. Temos que fazer isso, a vida do seu irmão pode estar em jogo.

– Meu irmão? Eu tenho um irmão? E ele está aqui!? Por que vocês não me avisaram!? Julie se levanta mas Teresa a puxa.

– Você ainda não entendeu? Sente-se e escute o resto. Mais pessoas podem morrer se não fizermos tudo certo.

Julie tenta buscar algum apoio em Aris, que apenas acena com a cabeça.

Gabrielle escutara o plano e ainda o processava em sua mente. Então de fato todos naquele lugar eram experiências, ratos facilmente descartados e sacrificados. Ela não queria participar daquilo, mas era necessário.

– Então... Quando começa?

Aris vira para Gabrielle.

– Já começou. Vamos lá!

AHHHHH!

– Que Grito foi esse? – Gally exclama.

Thomas e Minho chegam na casa dos mapas.

– Clint... os verdugos o pegaram. – Thomas anuncia olhando para baixo.

– Nós estávamos voltando enquanto ele saía da sede, mas ele estava distante... Os portões não fecharam e alguns verdugos entraram, não deu tempo e eram três contra ele...

Um silêncio momentâneo dominou o local.

– Ele estava cuidando do Alby... Eu tinha pedido isso antes de sair. Ele deve ter saído da Sede para distrair aquelas criaturas a fim de não chegar nele.

Newt diz com uma tristeza na voz, então levanta a cabeça e exclama:

– Chega! Todos já sabem o que tem que fazer! Nada de lutar sozinhos, andem sempre em grupos e se escodam. Esqueçam suas funções habituais, essa noite vocês só terão uma: sobreviver! Então não esqueçam da regra um: desempenhem suas funções!

– YEAAAAH! – Os clareanos dão um grito de guerra e saem da casa dos mapas.

A visão era assustadora. O céu cinzento deixava o local ainda mais sinistro. As árvores que antes eram verdes estavam enegrecidas, o sangue de Clint e Chuck ainda deixavam rastros rubros no gramado da clareira. Dois verdugos estavam próximo à Sede, que por sorte estava trancada. Feito de Clint, antes de morrer.

Outros seis verdugos estavam chegando na clareira, um por cada um dos quatros portões principais e os outros dois escalando os muros do labirinto. O verdugo que recolhera o corpo de Clint provavelmente deve ter voltado ao buraco.

Os clareanos observavam tensos a cena, alguns seguravam firmes seus facões e lanças, outros vacilavam no olhar, mas forçavam a si mesmos para não chorar. Thomas olhava com raiva cada uma das criaturas, tentando descobrir inutilmente o responsável pela morte do aguadeiro. Minho segurava firme seu facão, olhando para Sede preocupado com os fedelhos, principalmente com a Bruna. Gally, friamente, observava as feições de seus companheiros, e segurava sua marreta de construtor. Todos esperavam apreensivos o sinal de Newt, que examinava meticulosamente a situação, para então gritar.

– AGORA!

Os verdugos atacavam, oito grupos de quatro clareanos se dispersaram pela clareira, um para cada verdugo. Newt, Minho, Thomas e Caçarola se dirigiram para a Sede, onde tinham dois verdugos. Gally, Winston, Jeff e Brooks seguiram também.

Minho pegara uma de suas lanças e lançou a um dos verdugos. A lança atingiu próximo ao seu abdômen, mas isso não o impediu. Thomas e Caçarola correram juntos, cercando a criatura, enquanto Newt ainda chegava ao local da luta. A criatura raspou uma de suas patas no chão fazendo com que Caçarola tropeçasse, e então prepara sua agulha para pica-lo. Newt então chega batendo com seu bastão de ferro em uma das patas do verdugo, fazendo-o errar a picada. Thomas aproveita a distração e finca o facão em sua cabeça. Minho finaliza arrancando a lança e perfurando no mesmo loca. A criatura solta um rugido, que se dissolve em um simples barulho de máquina.

A poucos metros, a equipe de Gally estava dominando a situação, Gally quebrara as patas do verdugo com sua marreta, enquanto Winston ia fazendo cortes em ligamentos da criatura. Jeff terminou com a luta acertando-o com uma lança. Mas a luta gerou uma perda. Minho observou no chão, um corredor caído, atingido por um pedaço da pata do verdugo. Era Brooks.

– Vamos! Temos mais verdugos ali! – Gally gritara, apontando para noroeste, onde Hobbes e um outro clareano lutavam sozinhos contra dois verdugos.

– Caçarola, Thomas! Vão ajuda-los. Eu e o Minho vamos entrar na Sede! – Newt ordena.

– Cuidem dos fedelhos! – Thomas avisa antes de correr. – Vamos Caça!

Newt observa ao redor, cerca de quatro verdugos morreram, mas teve em troca a vida de outros clareanos. O loiro aperta com força seu facão, amaldiçoando a situação.

– Veja como estão os fedelhos, eu vou informar o Alby, ele acordou hoje à tarde!

– Certo!

Minho chega ao quarto onde Bruna e Teresa estavam descansando.

– Bruna! Teresa!

Ninguém estava no quarto.

– Mértila!

Então corre para o alojamento dos outros três.

– Fedelhos! Julie!

Nada. O asiático se dirige aos quartos procurando-os mas o vazio ainda é a resposta.

– BRUNA! JULIE!

Sem resposta.

Newt senta ao lado de Alby.

– Newt, o Clint...

– Eu já sei. Ele saiu para te proteger, e...

– Não é só isso, cara de mértila. Escute-me!

– O quê?

– Ele não saiu só para me proteger, eu não faço ideia do caos que isso aqui virou, mas ele me disse que os fedelhos tinham fugido.


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