P.O.V Rose Weasley

Eu e Scorpius aparatamos no parque que tinha na esquina da minha rua, afinal era um lugar cheio de árvores e bem escuro a noite, perfeito para aparatar. Ninguém nos viu, como eu imaginei aquele horário estaria vazio.

Ajeitei minha roupa e encarei Scorpius que também estava se recompondo. Ele me olhou com aqueles olhos cinzas e eu gelei. Forcei um sorriso amarelo no rosto e ele retribuio.

– Pronta? – Ele disse estendendo uma mão pra mim.

– Sim. – Menti. Eu não tava pronta, mas ele estava comigo. E eu precisava ser forte. Dei a mão a ele e fomos andando em direção a calçada.

Seria totalmente normal uma garota andar de mãos dadas com seu namorado, indo em direção a sua casa. Mas comigo não era assim, não era normal. Eu respirava compaçadamente, tentando não transparecer o meu nervosismo, mas qualquer pessoa que tivesse a dez metros de distância de mim, conseguiria notar.

Scorpius apertava minha mão de vez em quando para me passar confiança. Eu olhava para frente com receio, minha casa já estava bem próxima, mais alguns passos e estaremos lá.

Eu sentia que meu coração ia sair pela boca de tão acelerado que tava. Eu sei que é idiotisse, que eu to indo a casa dos meus pais, só ver eles. Só que tirando o fato que meu pai quis torturar meu namorado e sem querer me atingiu... É, isso é bem normal.

Já em frente a minha casa, paramos e ficamos olhando para a porta, como se tivesse um monstro lá dentro. Ele apertou minha mão com força e eu senti um frio me atingir. Pude ver Hugo aparecer na janela da sala e gritar para mamãe.

– Mãe, eles chegaram!

Eu sentia medo, tinha uma sensação estranha dentro de mim. Meu coração dizia para ir embora, que algo ruim iria acontecer. E ele não estava enganado.

Tudo aconteceu de repente, quando eu e Scorpius demos um passo a frente, ele foi arremessado longe por um Estupefaça pelo que pude ver. E como eu estava de mãos dadas com ele, caí no chão.

Me virei rapidamente pra ver o que, ou quem teria feito aquilo. Minha visão estava embaçada. Eu pude ouvir gritos, era minha mãe, gritando meu nome.

– Rose, não!

Mas já era tarde, senti alguém me puxar pelo braço e dizer com a voz rouca, muito familiar.

– Nem ouse me atingir Sra. Weasley, se não quem paga é sua filhinha.

Minha cabeça girava conforme as imagens se retorciam na minha cabeça, eu queria reagir, mas uma dor alucinante queimava minha cabeça. Então eu apaguei e não vi mais nada.

***

Eu acordei com uma dor de cabeça tão forte que eu achava que ela ia raxar. Não sabia onde estava, era um quarto bonito, arrumado. Só sabia de uma coisa: Scorpius foi atacado e eu fui sequestrada. Mas quem fez aquilo?

E minha resposta havia acabado de chegar, ouvi barulho de trás da porta. Tentei me levantar e só então percebi que estava com as mãos e os pés amarrados.

A porta se abriu e a luz foi acesa, e bem na minha frente se encontrava Lysander, com uma expressão estranha no rosto. Arregalei os olhos.

– Você? – Perguntei fazendo um O na boca.

– Eu sim. Como vai querida? – Ele veio em minha direção.

– Imbecil, como você... Como você teve coragem? – Perguntei ainda perplexa.

– Olha como fala comigo, Rose.

– Por que você fez isso?

– Porque eu te amo. E quero você só pra mim! Aquele filhote de comensal...

– Ex-comensal! – Brandei em plenos pulmões.

– NÃO ME INTERROMPA! – Ele gritou mais alto e eu me encolhi. – Aquele idiota não te ama, ele só quer te usar! Eu sim, te amo de verdade.

– Você está louco se tá achando que me sequestrando vai fazer com que te ame! Eu-Odeio-Você! – Cerrei os dentes.

– Rose. Tsc, Tsc, Tsc. Você se tornou uma menina muito má! – Passou a mão no meu rosto e eu me esquivei, então ele agarrou meu queixo, me forçando a olhá-lo. – Esqueça aquele loiro aguado, pois você nunca mais será dele.

– Você já se olhou no espelho? É loiro igual a ele. – Falei entre dentes.

– Cala-Já-Essa-Boca! – Ele me jogou na cama. Sacou a varinha de dentro da calça.

– Não... Por favor. – Supliquei.

– Estupefaça!

***

P.O.V Scorpius Malfoy

Eu acordei no sofá da casa dos Weasley, meu corpo inteiro doia, como se eu tivesse sido atropelado. Eu me levantei e dei de cara com um par de olhos verdes me olhando.

– Ai moleque, que susto!

– Idiota. – Ele fungou, foi ai que percebi que ele andara chorando.

– Hugo, é... Que aconteceu? Cadê... – E então tudo veio a tona na minha cabeça. Ela de mãos dadas comigo em frente sua casa, eu sendo arremessado e então eu não sei mais de nada. Me levantei abruptamente do sofá. – Hugo Weasley, cadê a Rose?

– Sente-se Scorpius. – Hermione entrou na sala.

– Por que eu tenho que sentar? Eu só quero a Rose. – Fitei-a por uns instantes. Ela estava com os olhos inchados. – Sra. Weasley, o que aconteceu com Rose?

– Ela... Ela foi... sequestrada. – E então ela caiu no choro novamente. Eu entrei em choque. Rose, sequestrada. Não pode ser.

– Quem a sequestrou, Sra. Weasley? – Todos ficaram mudos. – QUEM-A-SEQUESTROU? – Falei de dentes cerrados de tanta fúria.

– Foi Lysander Scamander. – Quem respondeu foi o Weasley pai.

Eu senti meu mundo desabar, faltou chão nos meus o pés. Maldito, fez isso por vingança. Está completamente louco se acha que fazendo isso vai ter Rose só para ele. Meu sangue fervia nas minhas veias de tanto ódio que eu sentia.

– Maldito, infeliz! – Dei um soco na parede. – Se eu me encontro com aquele filho da mãe eu...

– Você não irá fazer nada com meu irmão, Scorpius Malfoy.

Era Lorcan, com seu cabelinho arrumadinho, como ele era parecido com o outro, ou é o inverso. Nem me importo.

– Quem vai me impedir? Você? – Eu não percebi que estava peito a peito com ele. – Eu não tenho medo dele e muito menos de você, Lorcan Scamander.

– Chega. – Foi a Sra. Scamander quem falou. – Lorcan, venha pra cá.

***

Já estava amanhecendo e nada de notícias de Rose, nenhuma carta, nenhuma ligação. Eu já estava impaciente, louco da vida. Queria encontra-lá, traze-la de volta, mas só me restava esperar.

Estavam todos na cozinha, comendo algo e arrancando informações dos Scamander, de onde o imbecil possa ter ido. Eu preferi ficar na sala, longe daquele irmão do Lysander, ele era tão intragável quanto o outro.

Meus pensamentos estavam todos me Rose, em como ela estava, se estava bem, com fome, essas coisas. E de repente eu tomei um susto. O telefone começou a tocar.

Eu fui atender, mas o Sr. Weasley atendeu na cozinha. Mas mesmo assim eu peguei o telefone da sala para escutar a ligação.

“Olá Tio Rony!” Era o ordinário.

“Cadê minha filha, moleque?” Sr. Weasley não tinha uma voz muito amigável.

“Ela está bem, tio. Mas eu não sei até quando.” A voz dele era de dar nojo.

“Como assim? O que está fazendo com ela, seu idiota? Eu não me aguentei, me entrometi.

“Malfoy, querido! Sua namoradinha tá ali, viva. Mas eu não sei até quando.” Ele gargalhou do outro lado.

“O que voce quer, Lysander?”

“Sua vida em troca da dela. Voce vem e fica no lugar dela, e ela vai embora, sã e salva. Do contrário, ela fica comigo, me satisfazendo. Se é que me entende.” Ele gargalhou mais alto.

Eu teria que fazer aquilo, não podia deixar Rose nas mãos daquele sociopata. Eu vou e ela vem embora, sã e salva, sem ele encostar nela.

“Eu aceito.”