Pov Thalia Grace

Eu estava correndo no metrô, pelas estações do cruzamento. Todos os olhos olhando para o outro lado, fingindo não estarem olhando para mim. Eu sabia que eles estavam, devido ao acidente que ocorrera minutos atrás. Ou seriam horas?

Eu estava correndo no metro

Pelas estações do cruzamento

Todos os olhos olhando para o outro lado

Talvez eles fingissem não me encarar por pena. Talvez eles não me encarassem porque tinham medo da minha reação.

Talvez fosse pelo fato de que eu estava morta por dentro.

Enquanto eu corria, eu chorava. Eu só queria fugir de tudo aquilo. Contando o tempo para quando a dor parasse.

Contando para quando a dor iria parar

O vestido atrapalhava, é claro. E tenho certeza de que você não está entendendo nada do que disse até aqui.

O que aconteceu foi que eu me amarrei com fios de amor. Para que nós pudessemos viver livres. Brincando com fogo até que o fogo brincou comigo.

Me amarrei com fios

Para os cavalos correrem livres

Brincando com fogo até que o fogo brincou comigo

Assassinos, era isso que eu e Nico éramos. Nico é... era... meu noivo. Nós havíamos acabado de matar o chefe dos caras que estavam atrás da empresa do meu pai, pegado a pedra preciosa que ele mantinha no pescoço como prova de sua morte e fomos encher a cara. Bêbados, ele havia me pedido em casamento e eu aceitara.

A pedra era semi-preciosa

Nós estavamos semi-conscientes

Duas almas espertas demais para estar no reino da certeza

Mesmo no dia do nosso casamento

A verdade é que eu sempre amara ele. Eu não sabia que ele me amava. Não nos casamos naquele dia, é claro. Acordamos num quarto de hotel com anéis de compromisso nas mãos. Eu lhe perguntei sobre seus sentimentos e ele me dissera que ainda queria se casar comigo, me pedindo em casamento apropriadamente. Eu aceitei, é claro. Não é que eu acredite em amor, mas se ele acredita em mim, então, talvez, só talvez, eu acredite nele também.

Não é se eu acredito em amor

Mas se o amor acredita em mim

Oh, acredite em mim

Semanas se passaram. Os arranjos foram feitos. Eu entrava na igreja, vestida de branco, com o braço de meu pai encaixado ao meu. Tudo perfeito.

Mas o que vai, volta. Pelo visto Deus não acha que merecíamos a felicidade. E eu concordo com ele. Nós éramos assassinos. Não merecíamos amor.

Ó Deus, não negue a ele

Tudo perfeito, era só isso que eu pensava.

Chegamos ao altar das estrelas negras. Peguei a mão de Nico. Estivemos juntos em tudo, boas e más coisas. E, oh, eu o amava. Muito.

Eu estive em todos os buracos negros

No altar da estrela negra

Meu corpo se tornou um recipiente de esmolas

E tudo se destruiu. De repente. Um tiro foi ouvido e eu comecei a ver tudo em câmera lenta, como nos filmes. Nico caiu no chão, muito sangue escorrendo de não sei onde. Explosões foram ouvidas. Carros estavam em chamas.

Nós nos colocamos em chamas

Naquele momento, eu fiquei de joelhos, abraçando a única pessoa que eu amava no mundo. Não prestei atenção nas pessoas que saiam correndo para fora da igreja, apavoradas. Eles tampouco prestaram atenção em mim.

No momento da rendição

Eu fiquei de joelhos

Não prestei atenção nos transeuntes

E eles não prestaram atenção em mim

Senti braços fortes me puxarem pelos ombros até lá fora, longe de Nico. Eu implorava para voltar para meu coração, minha alma, para quem se lembra de mim.

Para ser libertada do controle.

Então eu o vi cair na inconsciência enquanto olhava para mim.

Que esta implorando para voltar, implorando para voltar

Para o meu coração

Para o ritmo de minha alma

Para o ritmo da minha inconsciencia

Para o ritmo que se lembra

Para ser libertado do controle

Eu corri. Fugi. Como se não tivesse outra saída para fazer a dor parar. E voltamos ao início, de onde comecei a contar em diante.

Eu estava correndo no metrô, pelas estações do cruzamento. Todos os olhos olhando para o outro lado, fingindo não estarem olhando para mim. Eu sabia que eles estavam, devido ao acidente que ocorrera minutos atrás. Ou seriam horas?

Eu estava correndo no metro

Pelas estações do cruzamento

Todos os olhos olhando para o outro lado

Talvez eles fingissem não me encarar por pena. Talvez eles não me encarassem porque tinham medo da minha reação.

Talvez fosse pelo fato de que eu estava morta por dentro.

Enquanto eu corria, eu chorava. Eu só queria fugir de tudo aquilo. Contando o tempo para quando a dor parasse.

Contando para quando a dor iria parar

O vestido atrapalhava, é claro, mas eu continuei. Parei em um banco. Eu precisava sair dali. Não queria aceitar a dor que me consumia.

Estava apertando os numeros de um caixa eletrônico. Eu podia ver no reflexo uma face me encarando. Naquele momento, com a visão embaçada pelas lágrimas, quase sem nenhuma visibilidade, eu não prestei atenção nos transeuntes e eles não prestaram atenção em mim.

Eu estava apertando os numeros de um caixa eletrônico

Eu podia ver no reflexo

Uma face me encarando

No momento da rendição

De visão sobre visibilidade

Eu não prestei atenção nos transeuntes

E eles não prestaram atenção em mim

Meu telefone toca. Eu atendo automáticamente, mesmo sem querer falar com ninguém. Eu tremia. A voz de meu pai salvou meu mundo com apenas três palavras.

– Ele está vivo.

*-*-*-*-*-*-*-*-*

Moment of Surrender

I tied myself with wire

To let the horses run free

Playing with the fire until the fire played with me

The stone was semi-precious

We were barely conscious

Two souls too smart to be in the realm of certainty

Even on our wedding day

We set ourselves on fire

Oh, God, do not deny her

It's not if I believe in love

But if love believes in me

Oh, believe in me

At the moment of surrender

I folded to my knees

I did not notice the passers-by

And they did not notice me

I've been in every black hole

At the altar of the dark star

My body's now a begging bowl

That's begging to get back, begging to get back

To my heart

To the rhythm of my soul

To the rhythm of my unconsciousness

To the rhythm that yearns

To be released from control

I was punching in the numbers at the ATM machine

I could see in the reflection

A face staring back at me

At the moment of surrender

Of vision over visibility

I did not notice the passers-by

And they did not notice me

I was speeding on the subway

Through the stations of the cross

Every eye looking every other way

Counting down till the pain would stop

At the moment of surrender

Of vision over visibility

I did not notice the passers-by

And they did not notice me