A Caçadora - A Supremacia escrita por jduarte


Capítulo 7
Prisioneira - £


Notas iniciais do capítulo

Meus leitores lindos, desculpe pelo sumiço, mas perdi completamente a inspiração de escrever a continuação de 'A Caçadora', não sei... Não se preocupem, não vou abandonar a fic, só vou postar com menos frequência!
O capítulo é dedicado à liiiiiinda e maravilhosa Mona Ticia que recomendou a fic! Vc merece Tocantis inteiro! kkkkkkkkkkk
Amo vocês,
Beijooos,
Ju!



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Ouvi claramente uma conversa baixa, não deixando que eu distinguisse as palavras e descobrisse o assunto, a porta se abrindo e fechando rapidamente, e então o completo silêncio.

Respirei fundo algumas vezes e um uivo foi ouvido ao longe, seguido por rugidos e rosnados que faziam os pelos de meu corpo se arrepiar completamente.

Abri os olhos quando senti a aproximação de uma pessoa e identifiquei como sendo Edward. Ele estava parado na porta da cozinha, encostado no batente, de braços cruzados e expressão difícil de decifrar.

– Está tudo bem? – perguntei depois de um tempo, tentando manter minha voz um tom mais baixo e sério.

Ele assentiu sem olhar para mim, fitando o chão de linóleo branco e preto, que talvez estivesse sendo uma companhia muito melhor do que eu.

– Kaus está por perto. – ele sussurrou e eu sabia o que viria logo após. Não queria saber, mas infelizmente Edward era previsível em demasia quando se tratava de me mandar fazer algo, ou até mesmo informar coisas.

– Eu sei.

– Ele não é mais humano.

Essa informação me chocou muito mais do que eu esperava.

– Como assim? – minha voz saiu num sussurro falhado.

E pela primeira vez desde que voltara da sala, ele olhou para mim. Seus olhos estavam sérios e escuros. Tão escuros como eu nunca tinha visto antes.

– Jeremiah disse que ele fez um pacto com uma bruxa antes de fugir. Ele quis voltar a ser um demônio, Helena.

O ar ficou preso em minha garganta que se fechara quase por completo. Minha visão ficara completamente enevoada e tudo o que eu conseguia pensar era: Mas como?

– Bruxas não conseguem fazer esse tipo de coisa, conseguem?

Edward se aproximou de mim e tocou em meu queixo, me obrigando a olhá-lo fixamente. Seus olhos me analisando como se eu fosse uma criança, mas não de uma forma prepotente e sim cuidadosa. Como se eu fosse leiga.

– Se elas treinarem muito e se adaptarem às mudanças drásticas que podem ocorrer, sim, bruxas conseguem transformar qualquer pessoa em um demônio. Isso se chama magia negra, Helena. Não é uma coisa que se brinque.

Minhas sobrancelhas se juntaram em confusão.

– Isso é completamente errado.

Seus dedos afagaram minha bochecha e deslizaram por meu braço num gesto de carinho, enquanto ele sorria levemente entristecido.

– Elas não ligam para isso. Se magia negra lhes trouxer poder, então elas irão fazer o que tiverem de fazer. – sua voz era cuidadosa, mas séria ao mesmo tempo, como se ele estivesse se controlando para não dizer tudo de uma vez só.

E foi quando me atingiu:

– Você acha que Sally é praticante de magia negra?

Ele riu.

– Não. Sally tem um coração bom demais para isso.

Mas eu não consegui sorrir de volta.

– E Emma? Será que ela tem um coração bom?

Pude sentir que ele hesitava em me responder, tentando encontrar palavras para amenizar a palpitação crescente em meu peito.

– Não sei. Realmente não sei, Helena.

Cruzei os braços em frente ao peito, encolhendo os ombros.

– Como Jason descobriu sobre metamorfos? – a direção que a conversa tomava era diferente e um tanto quanto séria.

Edward desviou os olhos para o tampo de granito da pia e ignorou minha pergunta por alguns segundos, se afastando de mim.

– Já sei que você e Fitch brigaram e espero que nenhum dos dois tenha saído machucado... – minha voz se perdeu.

– Ele não se machucou. É contra as regras que eu o machuque, apesar de querer muito.

Quando fui tentar falar, Edward pressionou dois dedos em meus lábios, me silenciando.

– Eu me transformei enquanto brigávamos e Jason viu. Entrou em total choque, obviamente, e fui obrigado a lhe contar tudo. Ele está respondendo bem, mas ora ou outra me pergunta se eu não posso pegar raiva ou algo do gênero.

Quis rir daquela afirmação. Era típico de Jason. Sempre tentando fazer graça e perguntando coisas idiotas, nas horas erradas. Mas isso era o que o definia como pessoa: sempre brincalhão, tentando amenizar o clima tenso.

– Onde Meena está internada? – perguntei.

– No mesmo hospital que você estava. – Edward me respondeu antes que eu pudesse dizer algo mais.

Levantei as duas sobrancelhas, surpresa tanto por sua rapidez, quanto por sua resposta inesperada.

– Por essa eu não esperava. – sussurrei baixo, e completei: - Mas ela deveria estar em um hospital de lá, e não daqui.

Ele deu de ombros.

– Ela deve ter parentes por aqui... – mas sua resposta não tinha me convencido.

O silêncio preencheu o cômodo enquanto nenhum dos dois fazia nenhum esforço para dizer nada. Mas claramente o assunto não tinha acabado. E eu fui a primeira a tentar estabelecer uma conversa que não envolvesse mortes e drenagem de corpos.

– Wappinger Falls, hun? Não é muito longe daqui... Eu poderia pegar o carro de manhã e tentar encontrar Polux. – minha respiração travou quando percebi o que tinha falado.

Meu coração bateu mais forte e Edward fitou-me, abrindo a boca pronto para corrigir meu erro.

– Kaus. Poderia tentar encontrar Kaus. – corrigi rapidamente.

Ele mordeu os lábios e balançou a cabeça de um lado para o outro, mas ainda sem dizer nada.

– Posso chegar lá em algumas horas, se não menos, e sair pela cidade procurando pela polícia local. Eles têm a própria empresa de Caçadores, não? Acho que li sobre isso em um daqueles panfletos informativos que a empresa dá para a gente quando entramos. Mas não lembro onde o enfiei. – coloquei um dedo na boca, pensativa. – Na verdade acho que até joguei fora...

– Você não vai a lugar nenhum. – Edward me interrompeu bruscamente.

Me calei.

– Vou sim, Edward. Quer você queira ou não.

Ele torceu o nariz e rosnou baixo. Tentei ignorar o fato de que meu coração pulou uma batida e revirei os olhos.

– Se ousar sair dessa casa, deixarei Nate cuidando de você.

– Você não faria isso. – retruquei.

Edward se aproximou de mim ameaçadoramente, o suficiente para que nossos narizes quase se encontrassem, e sussurrou com os dentes trincados.

– Experimente sair da casa, então.

Ele não parecia estar brincando e eu engoli seco.

– Pode ficar na biblioteca e estudando sobre bruxas, espérers, ou qualquer coisa que quiser, mas se sair desta casa, Nate virá.

Edward se afastou e quando ia cruzar a porta, eu disse:

– Isso é uma ameaça?

Ele só virou a cabeça em minha direção e riu sarcasticamente.

– Pode ter certeza.

E saiu, deixando-me estática.

Ele só poderia estar brincando comigo. De maneira nenhuma eu ficaria naquela casa, trancafiada como uma prisioneira, estudando sobre criaturas que já conhecia. Talvez dar uma lida na sessão de bruxas não fosse má ideia, mas era um absurdo que eu ficasse presa.

Saí batendo os pés fortemente no assoalho, tentado deixar bem claro o quão desgostosa eu estava com toda aquela situação, quando dei de cara com meu irmão encarando um quadro na sala, logo em cima da lareira.

A imagem do quadro era um tanto quanto perturbadora, mas ao mesmo tempo reconfortante e nem um pouco desconhecida. Enquanto parte de meu cérebro lutava para distinguir as pessoas no quadro, outra parte já sabia quem eram.

Era possível ver nove pessoas posando para o quadro, em uma pose que os antigos utilizavam, mesmo que não fosse um quadro antigo. Sentados estavam a mãe, com cabelos anelados e tão loiros como se fossem brancos, sorrindo com os olhos escuros, e o pai com os cabelos castanhos e olhos claros. Diferentemente da foto que eu tinha visto na reportagem que Max tinha escrito, Theodore não tinha os olhos vermelhos e assustados; eles eram suaves e relaxados.

Janice segurava a mão de uma de suas filhas, com o cabelo loiro e ondulado, com os olhos verdes e pulsantes, que deduzi ser Sally, enquanto o único menino se portava formalmente ao lado das duas meninas, sorrindo forçosamente. Jamie, uma voz irritante soou em minha cabeça. Uma menina com cabelos claros e sorriso banguela sentava-se no colo de Theodore – e por ser a única a não ter os dois dentes da frente, parecia ser Louise, a mais nova. – e segurava na mão de outra garota, ao seu lado, com cabelo castanho claro que de tão enrolado formava cachos. Sierra, a voz voltou novamente.

E foi então que percebi uma garota do lado de Jamie que fixou meu olhar.

Ela tinha cabelos escuros e olhos penetrantes, e olhava para a câmera, sorrindo. Ela me parecia extremamente familiar. Meu coração parecia querer sair pela boca.

Aquela era Emma.

Aproximei-me do quadro sentindo que meu irmão seguia meus passos, e pude ler a frase gravada na moldura de madeira escura: Família Jameson e Stutch, 1986.

E finalmente concluí que aquela garota, de olhos escuros e rosto fino, magrela, meio escondida atrás do pai, era Emma.

Emma Jameson.

Minha mãe.


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Notas finais do capítulo

Continua?



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