A Caçadora - A Supremacia escrita por jduarte


Capítulo 2
Acidente - £


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas!!! Muuuuito obrigada por estarem acompanhando essa continuação, e espero que gostem!! Se ainda não leram, sugiro que leiam, se não ficarão completamente perdidos!
Beijoooos grandes,
Ju!



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Terminei de enfiar a última mala dentro do porta-malas e fechei a porta, me virando para Jason que parecia completamente perdido.

O que você tem? – perguntei tocando-lhe a face, delicadamente.

Ele afastou minhas mãos de seu rosto e balançou a cabeça sinalizando que não era nada. Mas algo estava errado com meu irmão. Eu conseguia sentir no fundo de minha alma.

– Jason, o que foi? – tentei mais uma vez puxar assunto.

Eu tinha pleno conhecimento que ele não era a favor de meu noivado com o ex–anjo e muito menos de nos mudarmos para Manhattan. Ele insistia em me ignorar e não proferir ao menos uma palavra.

Sally tinha até mesmo arranjado uma casa perto da biblioteca para que nós ficássemos com ela, e isso era o suficiente.

Edward era outra pessoa que se recusava a falar comigo. Ele tinha seus ataques de “metamorfismo” e saía porta a fora, sem nem ao menos me dizer o que estava lhe causando tanto estresse.

Senti as mãos fortes de Polux segurarem meus ombros delicadamente e ele beijar meu pescoço exposto pelo rabo de cavalo.

– Não ligue para ele. Provavelmente está passando por uma fase ruim. – sussurrou, tentando me acalmar.

Encolhi os ombros e tentei sorrir para parecer convincente, mas a realidade era que eu também não estava feliz de estar partindo. Sleepy Hollow era meu lar. Todos os meus amigos estavam aqui.

Fitch estava aqui.

E mesmo depois de descobrir que todos estavam participando daquela aposta idiota para ver quanto tempo eu ficaria na empresa depois que Fitch começasse a namorar Cali, eu ainda sentia um aperto no coração toda vez que me lembrava dos papéis de transferência dentro da bolsa.

– Que horas vamos? – perguntei mudando o foco da conversa, me virando para lhe olhar.

Polux sorriu de canto e fez meu coração derreter e as pernas bambearem levemente. Mas era só isso. Eu sentia afeto por ele. Atração, como Jason mesmo tinha descrito. Mas não era amor. Era paixão. Uma coisa rápida.

– Como está tudo pronto, eu diria que a hora que você quiser partir, podemos ir.

Assenti e bati uma mão na outra.

– Então vamos. – tentei soar convincente.

Pareceu servir já que Polux sorriu e se inclinou para plantar um singelo selinho em meus lábios, deixando-me desconcertada. Eu ainda não tinha me acostumado com o fato de que dentro de alguns meses eu seria uma Finnik. Isso me assustava mais do que eu conseguia admitir.

Jason enfiou os fones auriculares no ouvido e ligou uma música alta, parecida com rock. Era possível ouvir a batida alta e ritmada. Ele abriu a porta do carro e entrou não se importando em dizer nada, continuando com os fones de ouvido, mesmo quando Polux disse para ele tomar cuidado com a calçada rachada.

Edward não estava em casa, como sempre. Ele tinha ido resolver “algo” com Fitch e por isso tinha se despedido antes. Mas isso não significava que partir seria mais fácil sem que eu me despedisse dele.

Claire também não tinha interferido em minha decisão. Ela queria o que era melhor para mim. Mas estávamos brigadas e depois de várias ligações insistentes ela tinha desistido.

E tudo o que eu queria era paz.

Entramos no carro e ligamos o rádio em uma estação aleatória. Jason tirou rapidamente os fones e sorriu de uma maneira extremamente estranha.

– Vocês podem ir na frente, Edward irá me levar para Manhattan mais tarde. – ele disse saindo do carro em uma velocidade anormal.

Coloquei a cabeça para fora do vidro aberto e lhe repreendi.

– Jason! Não! Edward tem coisas para fazer, e você só vai lhe atrapalhar.

Ele revirou os olhos nas órbitas de uma maneira sarcástica e caçoou de minha cara.

– Ele mesmo disse que vai fazer isso, Helena! – Jason retrucou.

Quis mandar que ele entrasse no carro, calasse a boca e pelo menos uma vez me apoiasse em algo, mas quando ameacei proferir as palavras senti a mão de Polux em meu joelho.

– Deixe o menino, Helena... – ele disse. – Se Edward disse que vai leva-lo, então tudo bem. Se não eu volto para busca-lo.

Olhei-o desacreditando no que estava acontecendo e me virei para meu irmão.

– Se não estiver em casa hoje, eu mesma arranco suas orelhas. – ralhei. – Até mais tarde, chatinho. – murmurei.

Ele riu e entrou na casa novamente, fechando a porta atrás de si. Tentei ignorar o aperto na boca do estômago e espantar o pensamento de que estava – mais uma vez – o deixando.

Polux pisou no acelerador, fazendo o carro sair da entrada e mergulhar noite à dentro na rua escura, mas aconchegante. Ouvi um uivo se destoando da música que escutávamos e me controlei para não estremecer. Apesar de saber que eram somente lobos normais, eu nunca deixaria passar o fato de que meu ex-companheiro era um metamorfo e estava me protegendo sob as ordens de Fitch.

Brinquei com a aliança em meu dedo enquanto avançávamos cada vez mais, até que Polux quebrou o silêncio.

– O que você tem hoje? Está tão quieta. – ele comentou.

Encolhi-me no banco e coloquei as pernas bem perto do peito, ajeitando o cinto que insistia em me sufocar.

– Só estou passando mal. – menti.

– Mas nem ao menos começamos a nos mover.

Engoli seco e bloqueei minha mente para que ele não pudesse arranjar uma maneira de espiar dentro de minha cabeça e achar algo indevido.

– Eu sei, mas fico enjoada só de entrar no carro. – murmurei encostando minha cabeça no vidro.

Polux pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos, beijando-os.

– Se você diz...

E então, mais uma vez, o silêncio se instalou no carro. Não de uma maneira desagradável, e sim porque nenhum dos dois tinha mais nada para falar.

À medida que avançávamos pelas ruas e as casas começavam a ficar menores e mais distantes umas das outras, entrando na estrada, uma coceira no fundo de meu nariz fazia meus olhos lacrimejarem. Não, eu não poderia chorar. Mudar tinha sido uma escolha minha, e por isso eu não iria me arrepender, certo?

Lembrei-me da conversa que Fitch teve comigo e de suas palavras duras para mim, e também de todos os meus amigos que insistiam em me aconselhar a não mudar, e tranquei todos eles em uma gavetinha escura no fundo de minha mente.

Encostei a cabeça no vidro sentindo o carro sacolejar, observando a estrada escura que se estendia pelo horizonte praticamente vazia se não fosse por alguns carros que passavam em uma velocidade alta demais ou permaneciam atrás de nós.

Polux apertou meus dedos de leve e sussurrou:

– O que está pensando?

Essa frase me fez rir.

– Você consegue descobrir isso sem minha ajuda.

Ele deu de ombros.

– Não gosto de ficar dentro de sua cabeça, ela é toda bagunçada.

Balancei a cabeça, rindo mais ainda, sabendo que ele tinha razão.

– Só estou pensando no futuro. – respondi com a voz num fiasco, tentando não prolongar o assunto.

Percebi que Polux se ajeitou no banco e acelerou mais um pouco o carro. Já estava de noite, e saber que estávamos parcialmente seguros me confortava. Nenhum caçador trabalhava uma hora daquelas, e mesmo se trabalhassem, Polux era humano, e era contra as regras machucar um semelhante.

– E eu faço parte desse seu futuro? – ele perguntou, divertido, mas pude ouvir algo mais em sua voz que não pude distinguir.

Sorri de canto e me inclinei para beijar seus lábios de leve, deixando-o desconcentrado.

– Você sempre fará parte dos meus planos, Polux.

Voltei para meu lugar e ajeitei mais uma vez o cinto, puxando-o para cima, tentando me sentar confortável no banco. O motor de meu carro velho chegava a resmungar quando posto sob pressão e velocidade, e isso me dizia que estava na hora de trocar.

Apertei seus dedos e aproveitei para trocar de música, já que a rádio que estávamos não tinha muitas músicas conhecidas tocando, e pareciam falar basicamente sobre a mesma coisa: amor não correspondido. Era a única coisa que eu não precisava naquele momento.

Espantei mais uma vez os pensamentos que insistiam em batucar em minha cabeça e tentei me focar em pensar na noite escura que passava por nós cada vez mais rápido.

E foi quando tudo aconteceu.

Em um momento tudo estava calmo, pacífico e tranquilo, e no outro, faróis vinham em nossa direção em uma velocidade alta. Polux largou minha mão para poder controlar o carro melhor, mas era tarde. Não conseguiríamos sair de seu caminho.

Agarrei-me ainda mais no cinto, fechando os olhos. Uma presença ruim nos rondava como urubus. O pior não era saber que não conseguiríamos desviar porque meu carro era um pedaço de metal podre sobre rodas, não. E sim saber que da maneira que o carro vinha em nossa direção, como se estivesse disposto à passar por cima de qualquer coisa que estivesse na sua frente, e não desviando, era proposital. E eu tinha certeza absoluta de quem havia mandado nos matar. Isso me machucava mais do que qualquer acidente de carro.

A última coisa que ouvi foi uma cantiga antiga e conhecida tocando ao fundo de meus ouvidos, antes de eu apagar completamente depois de sentir o impacto de um carro ao outro e o barulho dos vidros estourando enchendo meus ouvidos, e uma voz dizer suavemente: “Eu ainda não esqueci você”.


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Notas finais do capítulo

Continua?



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