A Caçadora - A Supremacia escrita por jduarte


Capítulo 12
Os Segredos que eu Guardo - £


Notas iniciais do capítulo

Senhoras e senhores, finalmente, - que rufem os tambores - A Caçadora - A Supremacia, está de volta!!!!!! *palmas*

Palavras não descrevem o quão chateada eu estou por não ter cumprido o que prometi anteriormente, e ter passado quase 6 meses sem postar nada!
Me desculpem!

Aqui vai um capítulo, e semana que vem tem mais!!!
Beijoooos,
Ju!



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Andamos em silencio por um tempo. Eu já não sentia tanto frio, e por mais que odiasse admitir, tinha que agradecer ao cara que tinha tentado me matar.

– Você nunca vai superar? – Kaus perguntou de supetão, fazendo com que eu quase escorregasse em um pedaço da calçada que estava congelado, se ele não tivesse segurado em meu braço.

– Como?

– Sim, eu tentei te morder. Supere. Não vai mais acontecer.

Choque. Eu estava em choque.

– Sua mente é um livro aberto, Helena. – ele disse e me lançou um sorriso um tanto quanto safado.

Ele tinha ouvido meus pensamentos obscenos sobre seu corpo.

Ergui uma parede de concreto invisível entre nós e o sorriso desapareceu de seu rosto.

– Como fez isso?

Dei de ombros.

– Isso o que?

– Uma hora eu conseguia ouvir cada um de seus palavrões e de repente, silêncio total.

Sorri lembrando-me do dia em que aprendi a técnica, com Polux.

– Uma coisa que aprendi com uma pessoa muito especial para mim.

Paramos na frente de um bistrô pequenininho e de esquina, bem perto da boate. Tinha a aparência antiga, por causa da cor escura que usava na fachada de pedra e no piso de madeira. As janelas com aparência vitoriana e porta larga eram também escuras. Eu não duvidava que todo o lugar tinha a aparência escura. E apesar de ter acabado de sair de um lugar escuro e abafado, aquele bistrô não me incomodava. Logo acima de nossas cabeças, em uma placa grande o suficiente para se ver desde a boate, lia-se: Guterre’s Café

Sorri quando entramos e fomos recebidos pelo aquecedor quente. Uma moça com uns cinquenta anos veio nos receber, com o rosto alegre. Ela estava feliz demais para estar ciente da nevasca que estava prevista a cair nos próximos dias.

– Entrem! Está muito frio lá fora. Vou servir um café quentinho e um brownie que acabou de sair do forno. – a mulher disse. Abri a boca para protestar e ela me interrompeu. – Não ouse recusar, mocinha, é por conta da casa. Por causa da nevasca que vai acontecer.

Então ela estava ciente...

Ouvi uma voz grave fazer as paredes vibrarem:

– Iria, dando comida de graça para clientes novamente? Assim nos deixará sem dinheiro nenhum! – o homem surgiu de trás do balcão, e alguns clientes riram quando ele passou por eles. E apesar da aparência robusta, ele não parecia estar chateado ou irritado. Estava com o rosto lívido, de uma pessoa que se diverte. Ele esticou a mão para mim e depois para Kaus, se apresentando: - Meu nome é Guterre. Podem se sentar que já levaremos tudo para a mesa de vocês.

Iria e Guterre já tinham se ido antes mesmo que pudéssemos piscar direito.

Escolhi uma mesa longe das janelas e de pessoas, para que os outros clientes não pudessem escutar nossa conversa. Me ajeitei incomodamente na cadeira de madeira e apoiei os braços na mesa, também de madeira.

Iria apareceu com nossos cafés e brownies, baixou tudo na mesa e saiu sorrindo. O café se enchia de gente e se eu não perguntasse o que estava engasgado em minha garganta, talvez nunca mais perguntasse. Kaus deu uma mordida em seu próprio brownie.

– Onde você esteve esse tempo todo?

Ele travou.

– Por aí.

– “Por aí” onde, exatamente?

Seus olhos se levantaram para me encarar.

– Wappinger Falls, Helena. Por que pergunta? – e voltou a atenção ao pedaço não comido de bolo em sua mão.

– Por nada. – engoli seco e dei uma bebericada no café quente que queimou minha garganta.

Mais silêncio e um grupo de pessoas, não tão mais velhos do que eu, entrou no bistrô, tendo a mesma reação que eu: ficarem boquiabertos por ter tanta madeira em um lugar só.

Olhei para Kaus e percebi que ele observava também. Sob a luz amarela pendurada em cima de nossa mesa, seus olhos pareciam um tanto quanto claros. Mais claros do que eu me lembrava. Eles variavam entre verdes e um tom âmbar.

– De onde me conhece, Helena? – ele perguntou.

Me sentei mais ereta quanto possível na cadeira, sentindo as costas protestarem. Como começar?

“Eu sou a noiva de seu irmão falecido, fiz com que virassem humanos e agora, não sei porque diabos, você é um demônio novamente! O café tem um gosto bom, não?”

– Somos amigos. – disse ao invés.

Ele riu.

– Isso me pareceu meio vago.

Suspirei.

– Sou ex-namorada de seu irmão. – disse e ele se calou.

– Sinto como se tivesse acabado de levar um fora indiretamente.

Levantei uma das sobrancelhas.

– Não entendi...

– É o código: não se pega ex de irmãos.

E então eu comecei a rir feito uma idiota.

– E se a garota estiver interessada no outro irmão?

Kaus parou e mordeu os lábios.

– E ela está?

Percebi o que tinha falado e mudei de assunto.

– O café tem um gosto bom, não? – beberiquei mais um pouco, mantendo a boca ocupada com comida e não palavras.

Ele riu mais ainda.

– É o melhor café de Nova Iorque. Pelo menos na minha concepção. As pessoas ficam muito acostumadas com coisas práticas e esquecem que existem lugares tão bons quanto Starbucks.

Revirei os olhos.

– Certo.

Ele terminou o brownie e ficou me encarando, esperando que eu dissesse algo.

– O que quer? – perguntei.

– O que é você? – ele retrucou, antes mesmo que eu terminasse a frase. Meu coração acelerou. – Não pense que eu não consigo ouvir seu coração acelerando, Helena, porque consigo. Você está nervosa.

Percebi que ele não tinha perguntado quem eu era, e sim o que eu era, e minhas mãos suaram frio.

O que é você? O que é você? O que sou?

– Não estou nervosa. – menti.

– Então me diga o que é?

Engoli seco antes de lhe responder e cruzei as mãos em cima da mesa.

– Sou uma caçadora.

Seu corpo ficou tenso por alguns instantes, mas algo em seus olhos transmitiu que aquela notícia não era novidade para ele.

– Ok, e de onde eu conheço você? E dessa vez eu não quero meias palavras. Já sei que era namorada de meu irmão.

Fechei meus olhos e me recostei na cadeira, sentindo o estômago se apertar.

– Fui destinada a matar vocês, e você estar aqui na minha frente já lhe diz algo, não?

– Que não conseguiu. – ele terminou, incapaz de esconder o sorriso que aparecia nos lábios.

Assenti e beberiquei novamente meu café que esfriava.

– O que aconteceu com você, Kaus?

Ele me olhou novamente, os olhos demonstrando confusão e uma fagulha de irritação.

– O que quer dizer?

– Você virou humano e simplesmente desapareceu, e agora está como um demônio, novamente. Eu não entendo. – disse baixo, com lágrimas beirando os olhos.

Ele deu de ombros e empurrou a xícara de café vazia para longe.

– Nunca virei humano. Eu teria que me apaixonar para virar humano...

Desviei os olhos, concentrando-me em não deixar nenhuma lágrima cair. Eu tinha tanta certeza de que fora por mim que Kaus havia se apaixonado. E era aquela certeza que me matava por dentro, agora.

– Onde está meu irmão?

Engoli seco, abrindo a boca como um peixe para tentar pronunciar algo que não fossem palavras desconexas. Era melhor não lhe contar agora, no meio de tanta gente, uma vez que seu temperamento não era um dos melhores. Mas deixar para depois só faria o problema aumentar em proporções que eu não conseguiria resolver por conta própria.

Meu celular vibrou alto me fazendo tomar um susto, impedindo que eu dissesse qualquer coisa.

“Venha para casa. – Edward”.

Xinguei baixo e levantei, quase deixando a cadeira cair, atraindo os olhares de clientes próximos.

– Preciso ir embora. – murmurei arrumando o casaco em torno dos ombros, sentindo-me muito pequena quando ele levantou da cadeira e assentiu, caminhando em direção ao caixa, tirando uma nota de vinte para pagar pela comida. Mesmo que Iria tivesse dito anteriormente que seria por conta da casa. – E eu vou sozinha, Kaus.

Ele estancou no mesmo lugar e se virou para mim como se eu tivesse algum tipo de retardamento mental, apontando para a janela respingada pela neve branca em vários lugares.

– Eu não vou deixar você sair sozinha nessa nevasca, Helena.

E ele me puxou pela mão, saindo pela porta, deixando os Portugueses com o olhar de confusão estampado na cara. O vento frio batia em minha pele e deixava a sensação de milhões de agulhas perfurando minha bochecha, o cabelo batendo no rosto, não me deixando ver nada. Eu sentia o frio passar pelo blazer de Kaus e penetrar em minha pele com força, fazendo-me tremer.

Meus dentes batiam e não era preciso me olhar no espelho para saber que meus lábios estavam roxos e ameaçavam rachar.

Kaus abriu a porta de um carro e fez com que eu me sentasse no banco do passageiro, colocando o cinto para mim. Quis dizer que sabia muito bem como fazer aquilo, mas a proximidade de seu corpo me aquecia tremendamente. Ele se afastou o suficiente para fechar a porta e dar a volta pelo carro, entrando pela porta do motorista, ligando o carro e o aquecedor.

O vento quente arrepiou meu corpo novamente. Quando o carro se pôs em movimento, não pude deixar de sentir que algo estava muito errado.

– Esse carro não é seu.

Ele não desmentiu.

– Por que pegou? – minha voz se tornou mais alta do que eu esperava, e Kaus olhou para mim friamente.

– Preferiria congelar do lado de fora?

Balancei a cabeça, negando.

– Preciso levar o carro de Claire para casa. – murmurei, desta vez mais coerente, já que o queixo tinha parado de tremer.

Kaus fez a volta e se dirigiu até a boate, em silêncio. Parte de mim se preocupava por ele estar bravo comigo. A outra parte só queria que ele sumisse. O carro parou suavemente em frente à entrada e a mão de Kaus prendendo a porta fez com que fosse impossível sair.

– Helena... – sua voz era baixa e rouca. Ele não olhava para mim e isso fez com que meu coração se acelerasse.

– Sim?

– Eu vou me lembrar de onde conheço você, prometo.

Sorri de lado e me inclinei para beijar seu rosto, dizendo:

– Sei que vai. – abri a porta do carro e saí.

Mas eu não tinha tanta confiança em minhas palavras. Não sabia se queria que Kaus recuperasse suas memórias. E se ele me odiasse para sempre?


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Notas finais do capítulo

Continua?



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