The Fall Time escrita por Queen of Stone


Capítulo 1
I am mine


Notas iniciais do capítulo

Tenham paciência com a nova Rose, ela está tentando se encontrar. Ao longo da história tudo será explicado.



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Londres (em algum café barato), 2015

–Eu digo que, sem sombras de dúvidas, nenhum fast-food é melhor do que Burguer King. Não se compara aquela porcaria americana...Eles fazem carne com minhocas! Isso é nojento.

–Jack, se toca! Não estamos aqui pra discutir sobre como se fabricam carnes em fast-food. Somos filósofos da revolução, líderes estudantis, não meros críticos de culinária.-Emily parou de falar e olhou em minha direção. Não estava prestando atenção na conversa, minha cabeça estava pedindo socorro. - Acho que a discussão do preço da maconha estava muito mais interessante, não é, Rose?

De repente, percebi que falavam comigo.

–Oh, sim... é... o que vocês estavam discutindo mesmo?- Noite passada não havia dormido nada, aliás, á dias em que não dormia. Sabia que era o efeito do espirito. Quanto eu mais fugia, mais ele se aproximava de mim.

–Desta vez eu te perdoou, mas só desta.- Ralhou Emily, a amiga mais doida que alguém poderia ter. – Eu e Jack estávamos pensando em ir a uma balada aqui perto, precisamos chapar um pouco. Topa?

A ideia de chapar parecia maravilhosa, mas a primeira coisa que queria era tomar um calmante e dormir por séculos e mais séculos. Minha cabeça latejava, como se fosse explodir e meus dedos doíam de tanto massagear as têmporas.

–Acho melhor eu ir para casar descansar um pouco, Ems. Hoje foi um dia longo no trabalho, aquela velha puta não me dá descanso nenhum dia. ‘O boleto atrasou? Mande Rosemarie ir buscar’ ‘O prédio vai cair? Culpa da Rosemarie’ ‘Meu marido de 70 anos impotente não transou comigo, culpa da Rosemarie!’ Não sei como aquela velha ainda não me demitiu, e se ela o fizesse, não sei o que faria. Tô tão fodida.

Será que se eu ficasse 3 meses sem pagar o aluguel eu seria deportada? Eu trabalhava em um escritório mixuruca de contabilidade como secretária e com o meu salário eu mal conseguia me alimentar. Pagar o aluguel já me parecia uma tortura.

Depois que Jack e Emily me deixaram em minha casa/quarto, me dediquei á somente reler as planilhas deste semestre. Enquanto lia e tentava não cair no sono, ouvi batidas na porta.

–Sim, pode entrar- Gritei.

–Hey, american woman, vim aqui ver como a minha deusa está. – Olhei em direção a porta e vi Richard. Ele e eu estávamos tento um lance desde que cheguei em Londres, quer dizer, para mim era apenas um lance, mas acho que pra ele, era algo bem mais sério.

–Não vou transar com você hoje, malandrão.- Retruquei. Não que eu não gostasse de transar com ele (só deus sabe o que já fizemos nesse quarto), mas acho que se eu fizesse isso hoje, já poderiam me internar em um hospital psiquiátrico.

–Assim você me ofende, deusa! Não posso vir checar a minha lindinha? Hoje eu tive um dia terrível, quase fui pego.

Uma das razões na qual eu não queria aprofundar o meu relacionamento com o Rich é que ele é traficante de drogas, daqueles bem pesados. Ele é um bom rapaz, ele só estava á espera de uma oportunidade na vida, uma chance para fazer algo decente. Mas, sabe como é, a vida costuma ser uma grande vadia ás vezes.

Levantei da cadeira e fui sentar no seu colo. Como eu amava provocá-lo!

–Que magia você usa comigo? Você me deixa completamente louco! Sabia que podem te queimar por bruxaria? Mas, oh, eu jamais deixaria isso acontecer.

–Ah, é?- Comecei a instigar ele cada vez mais.

Eu sabia o poder que eu tinha sobre os homens, e sabia usá-lo muito bem. E sabia que com Richard não era diferente. Tantas vezes já usei da minha arma para conseguir algo com ele? Nem me lembro mais. Eu fazia isso com todos, usava minha beleza ao meu favor. Não que isso me fizesse mal, eu até gostava. Juntava o útil ao agradável.

–Eu e você. Nós daríamos um belo casal, não acha?

–Não.- Comecei a descer a sua barriga com beijos, provocando-o cada vez mais e mais.

–Por que?- disse, mal conseguindo falar.

– Porque eu quebraria seu coração.

E continuei o meu serviço.

–-----

Você nunca vai ser como eu! Você não merece viver, você jurou, Rose, jurou! Mesquinha, egoísta. Você não pode me abandonar, sou sua rainha! A única razão de você ter nascido foi para me proteger e proteger a minha espécie, então faça isso!

Não mais, não mais, não mais, não mais, não mais, não mais....

DESERTORA!

–SAIA DA MINHA CABEÇA, SAIA, SAIA, SAIA.- Gritava aos prantos. Toda noite o mesmo sonho, a mesma frase, o mesmo mantra. Desertora. Mas era isso que eu era, não é mesmo? Não merecia felicidade alguma, nenhuma recompensa. Não era aqui que eu deveria estar, e sim, lá.

Levantei rapidamente da cama e fui tomar um banho. Droga, mais uma noite mal dormida! Pelo menos não estava tento crises mentais a um longo tempo, pelo menos isso.

Me arrumei e fui trabalhar.

Cheguei no escritório atrasada, como sempre, e me deparei com uma pilha enorme de relatórios.

–Merda! Logo de manhã?- Pensei em voz alta. Alto o suficiente para Steven, meu colega de balcão ouvir.

–Se você quiser eu posso te ajudar com isso. Não é tão difícil depois de sete anos de tortura.- Enquanto falava, podia ver sua pele ruborizar e sua pernas tremerem.

Sorri maliciosamente.

–Obrigada, Stev. Eu realmente estava precisando ir fumar, não se importa não é mesmo? E se a velha ancuda aparecer, diga que fui ao cartório. – Como eu já disse, eu não me sentia mal em fazer isso. Depois de tantos anos pensando nos outros, podia aproveitar um pouco. –Aliás, você me parece bem hoje, gostei dessa cor em você.

Na realidade, detestei. Mas sabia que ele tentava me impressionar.

Sai da sala, mas ainda pude ouvir um ‘E você está maravilhosa, como sempre.’

O dia passou bem devagar para mim. Terminei o meu trabalho, juntei minhas coisas e fui para casa. Na realidade, não estava muito afim de ir para casa, então mudei meu caminho.

Ir para um parque as seis horas da tarde parecia bem agradável para mim, especialmente na agitação em que eu estava vivendo. Sentei no primeiro banco em que vi e acendi um cigarro. Droga! Eu não costumava fazer isso antes, mas a ideia de morrer mais cedo me agradava. Comecei a sentir minhas mãos formigarem e minha cabeça a sair de sintonia. Eu sabia o que viria depois. Eu tentei a todo custo me desvencilhar disto, não queria e não podia entrar na cabeça de Lissa agora. Comecei a me bater, me concentrar e parar de respirar. Na maioria das vezes funcionava.

Agora que estou quase os esquecendo, quase transformando-os em sombras do meu passado. Quase. Não podia voltar atrás em minha decisão, era muito tarde. Afinal, já tinha me acostumado a ficar sozinha e se eu voltasse para a corte, jamais voltaria a assumir o meu papel de guardiã. Mas não era exatamente isso que eu queria?

Pois é, descobri que a vida é uma grande bosta! Tem muito mais problema fora daquele muro que eu já pude imaginar. Coisas muito mais assustadoras do que strigois e magia. A realidade.

Levantei do banco e comecei a andar. Uma manifestação estranha estava acontecendo no fundo do parque, me parecia como uma revolução estudantil ou algo do tipo. Chegando lá, me deparo com um cara alto e bonito, muito bonito por sinal, amarrado em uma árvore.

–Ei, você tem um isqueiro por ai? - O cara da árvore me chamou.

–Tenho, mas geralmente não costumo emprestá-lo a um desconhecido, ainda mais quando o mesmo está amarrado a uma árvore e com uma cara um tanto quanto ameaçadora para mim.

Ele gargalhou, e soltou o sorriso mais lindo que eu já vira.

–C'est une revolution, madame!


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