Uma vez na vida eu parei para pensar:

Alguém nesse mundo gostava de mim? Eu já parei para pensar nisso sim, afinal sou tratado como lixo desde que eu nasci, no orfanato, nas ruas, em todos os lugares que eu fui nessa vida eu fui maltratado, me chamando de monstro ou moleque raposa.

Eu não sabia mais o que fazer quando tudo aquilo aconteceu, era para ser apenas mais um dia comum, sim ser espancado pelo morados até ficar entre a vida e a morte e depois ir para o hospital eram a minha rotina quase todos os dias, e pelo fato surpreendente eu me recuperava rápido.

Nesse dia eu entrei em um beco e fui encurralado, e os morados começaram a me bater quando uma menininha mais ou menos da minha idade passou por perto daquele beco, eu achei que ela iria me ignorar ou sorrir como todos os outros que passavam e viam aquela cena faziam.

Mas, não. Ela parou e olhou espantada para tal cena e seus lindos olhos ficaram cheios de água preste a chorar, quando os moradores perceberam a presença dela a mandaram ir embora, mas, não ela ficou e mandou eles pararem até que alguém a tirou a força dali.

Pela primeira vez tinha visto alguém se importar comigo, nem me importei de ser espancado e ir para o hospital naquele dia, apenas tinha ficado muito feliz para me importar com outra coisa a não serem aqueles olhos brilhantes a beira das lágrimas.

No outro dia, não fiquei parado no hospital para evitar não ficar a mercê dos olhares de ódio dos moradores, eu sai de lá em busca dela novamente, queria ver aqueles olhos novamente, o que nunca mais foi possível para mim.

Por anos eu não a vi mais, eu tentava de tudo, mas, não foi possível, dias e dias a procura dela, não me importava mais com os moradores me espancarem, eu só queria ver aqueles olhos que me faziam voar, aqueles olhos brilhantes que fazia o brilho das estrelas se ofuscarem, aquele rosto angelical que fazia meus dias se iluminarem, mesmo que fosse por alguns minutos só que a vi antes de desaparecer da minha vida.

Posso dizer que todos aqueles anos sem a vê-la foram um sofrimento, não por causa de eu ser espancado e sim pelo fato de não ver mais aqueles olhos.

E quando eu estava preste a desistir, quando eu achava que minha vida não tinha sentido, que eu nasci para não ser ninguém na vida, um peso morto para o mundo eu a vi.

Ela parecia tão distante de mim, e quando ela olhou para mim e quando eu olhei para ela.

Senti que seus olhos poderiam fazer milagres, que podia curar todas as minhas feridas emocionais que eu adquirir por toda a minha vida e que nada nesse mundo me faria mal novamente. Eu só tinha uma coisa em mente, eu a queria ao meu lado...

Eu daria de tudo para tê-la ao meu lado, daria a minha vida, meu coração, a minha alma, eu daria tudo, até que não me sobrasse nada, e se eu não tivesse mais nada para dar eu iria à busca de algo que a fizesse ficar ao meu lado.

Sempre que pensava nisso eu esquecia que apenas sentimentos eram o suficiente para dar a ela, que era o que ela precisava e que eu precisava, e que nada nesse mundo poderia comprar o seu amor, e que nada nesse mundo poderia a fazer nutrir sentimentos por mim.

E que a única coisa que eu queria nessa vida era que ela fosse feliz, mesmo que fosse ao lado de outro, mesmo que não fosse ao meu lado.

Eu seria feliz por que ela seria feliz, mesmo que não fosse ao meu lado.

O sorriso dela era mais do que suficiente para me deixar feliz a vida inteira e que se ela não sorrisse poderia até pensar em me matar.

E que se o motivo dela não sorrir for por causa de alguém eu iria matar essa pessoa, afinal quem tinha me tirado dessa solidão que eu vivia era ela.

E que meus dias de busca não poderiam ser em vão, por que nada nesse mundo era mais especial do que o sorriso e a felicidade dela, nem a minha própria vida era mais especial.

Mas, e se ela me amasse?

– “Eu seria a pessoa mais feliz do mundo!”