O menino estava na sala, completamente arrependido. Suas leituras seriam suspensas, ele sabia. Sua bola, retirada de si. E, o mais importante: não poderia ir ao trabalho da mãe, e muito menos ajudar o pai com a escrita. Ou, pelo menos, ele imaginava assim.

Em pouco tempo, seus olhos já estavam completamente marejados, e ele agradeceu pelo pai estar no escritório, completamente imerso aos acontecimentos à sua volta ou até mesmo dormindo. Agradeceu pela mãe só chegar mais tarde, porque, até lá, ele poderia arranjar uma desculpa por ter quebrado um dos vasos mais adorados pelos pais.

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Ainda na mesma posição, segurando a bola no colo, o menino ouviu o barulho das chaves na fechadura da porta de casa. Sua pele empalideceu, só na expectativa de receber um castigo terrível. A expressão dela quando adentrou a casa, ele percebeu, estava cansada e abalada.

- Boa noite, mamãe. - ele suspirou.

Kate olhou para o filho, sentado no sofá com a bola de futebol que ganhara dos tios no colo. Depois, olhou para o lado do sofá, onde viu o que não gostaria naquela noite.

- Alexander Castle! - ela murmurou.

Ele se encolheu ao tom de voz baixo, porém, ameaçador da mãe. Por mais que ela fosse uma das mães mais carinhosas da face da terra, Alex ainda tinha medo de quando ela se emburrava. Ela largou a bolsa e a arma na poltrona predileta de sua avó e observou-a entrar pisando duro no escritório de seu pai.

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Ele dormia serenamente, e sua respiração era calma e lenta, ritmada.

- Richard Alexander Rodgers Castle! - ela chamou-o, num grito.

Ele abriu os olhos abruptamente, quase derrubando o laptop que estava apoiado em seu colo. Pôs o aparelho de volta ao suporte na mesa e olhou para a esposa, que tinha nos olhos uma raiva explícita.

- O que eu fiz? - ele indagou, já se levantando da cadeira.

- Você, nada. Seu filho?, já é outra história. - ela murmurou.

Richard se pôs de pé, indo até o batente da porta, onde o filho se mantinha cabisbaixo, com um olhar de cachorrinho perdido. Alcançou o menino, aproximando-se cada vez mais do estrago, que o menino queria manter escondido. E foi quando ele viu. O coração palpitou, as juntas estalaram.

- Alexander Rodgers Castle! - ele gritou, completamente estressado.

O menino se encolheu no sofá, completamente assustado com o tom de voz do pai, que, normalmente, era calmo. Richard pegou Kate pelo pulso, levando-a até o andar de cima. Porém, antes de entrarem em seu quarto, Rick berrou:

- E você, não ouse sair daí! - e bateu a porta.

Dentro do quarto, ela andava de um lado para o outro, imaginando o que faria com o filho depois de ele ter quebrado tamanha raridade.

- Tiraremos seus livros – ele disse (meus pais já fizeram isso comigo D:).

- Suas visitas ao precinto e sua ajuda em seus livros. – ela concordou.

Deitados na cama, conversavam sobre o que achariam pior para um menino de oito anos. Lentamente, a expressão de Richard se iluminou, lembrando-se de um dia, um castigo que havia dado a Alexis uma vez.

- Mandatory ice-cream for breakfast! – ele vibrou – For two weeks!

Ela riu do entusiasmo, e, pensando bem, concordava. Toda criança ama sorvete, mas ser obrigado a comer por duas semanas, logo depois de acordar, parecia ruim. Beijou-o nos lábios, deliciando-se com a diversão dele.

- Isso foi bom. – ele sorriu.

Ela assentiu, levantando, correndo até o andar de baixo com ele, onde o filho ainda mantinha-se cabisbaixo. Ela pôs as mãos na cintura, olhando-o fixamente.

- Já sei, não posso ir ao precinto, não posso ajudar o papai, vou ficar sem meus livros e sem a minha bola. – ele sussurrou.

- Nada disso, pode ficar com todas essas pequenas coisas. – ela sorriu. – Mas, seu pai arranjou um castigo adequado.

- What?

- Sorvete no café da manhã, sem desculpas. – ele disse, sério.

O menino soltou a bola, levantando-se e abraçando os pais. Era ótimo tê-los juntos, porque suas ideias se completavam, e Alex sabia bem que não aguentariam dar sorvete a ele por mais de três dias, o que era bom, muito bom.

Beijando-lhes a face, ele abraçou-os depois, o que os fez ajoelhar.

- Eu amo vocês...