Protegida Por Um Anjo escrita por Maaju Marques


Capítulo 3
Primeiro dia de aula.


Notas iniciais do capítulo

Gente anda meio corrido pra mim, então gostaria de pedir desculpa pela demora do terceiro capítulo. Estarei postando todas as quartas. ^^



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O despertador estava tocando, mas não queria me levantar, então fiquei ali por um tempo, deitada, enquanto ouvia a música e sentindo os raios de sol que entravam pela janela aquecer de leve o meu rosto. Após um tempo acabei levantando, apesar de ter vontade de continuar deitada ali eternamente, mas sabia que tia Anna não permitiria isso e era melhor me levantar rápido, afinal não queria me atrasar no primeiro dia de aula.

Saí do quarto e caminhei até o banheiro. Me despi, colocando o pijama branco de mangas longas no cesto (agora as mangas tão brancas estavam vermelhas, por conta do sangue), abri a porta do Box, liguei o chuveiro, entrando embaixo dele e deixando que a água molhasse todo o meu corpo, fiquei um tempo parada de olhos fechados enquanto a água escorria pelo meu corpo, até tomar coragem de começar a me ensaboar.

Depois de ter tomado banho e já de volta ao meu quarto comecei a me vestir. Vesti uma calça jeans e uma camiseta branca, calcei meu velho All Star e apesar do calor que fazia coloquei uma blusinha fina de mangas longas, afinal não podia deixar que ninguém visse as feridas.

Caminhei até a penteadeira e me sentei no banquinho que ficava de frente a ela. Peguei uma escova e comecei pentear os cabelos. Enquanto penteava os cabelos deixei que algumas lembranças tomassem conta de mim. As pessoas sempre me disseram que eu era muito parecida com a minha mãe, os longos cabelos castanhos ondulados, o corpo curvilíneo, a pele clara, as bochechas rosadas, o sorriso e até mesmo a baixa altura, elas também sempre completavam dizendo que os olhos verdes eu herdará de meu pai e elas tinham razão ao dizer isso. Já havia visto fotos de mamãe e eu era muito parecida com ela, porém os olhos dela eram castanhos, já os de meu pai eram verdes como os meus.

Amarrei o cabelo em um coque desarrumado, levantei da penteadeira, peguei minha bolsa e a joguei em um dos ombros, desci as escadas até a cozinha, no caminho encontrei Ella. Ella é a nossa gata de estimação, ela me olhou com seus enormes olhos cor de âmbar e soltou um baixo miado indicando um pedido de carinho. Abaixei-me, acariciando seus macios e espessos pêlos pretos, depois de alguns minutos me levantei e fui até a cozinha.

Tia Anna estava de pé na pia, terminando o café.

– Bom dia, tia Anna! – disse a ela.

– Bom dia, querida! – respondeu ela, enquanto se virava e me entregava uma xícara de café.

Coloquei a bolsa em uma cadeira da mesa e me sentei em outra. Tia Anna se sentou na minha frente. Enquanto tomávamos café e comíamos torradas, ela perguntou:

– Como passou a noite?

– Bem – lhe respondi um pouco surpresa e temendo que ela tivesse me ouvido chorar durante a noite – e a senhora?

– Bem também, dormi como um anjo – me respondeu sorrindo e assim me deixando aliviada – tem tudo o que precisa para a escola?

– Sim, tia Anna, não precisa se preocupar está tudo aqui! – respondi enquanto tomava o último gole de café.

Me levantei, fui até a pia, lavei minha xícara, me despedi de tia Anna e peguei a bolsa . Corri até o banheiro e escovei os dentes e saí de casa. Fui até a garagem e entrei no carro, que antes pertencia ao meu pai, liguei o rádio, enquanto saía com o carro da garagem e dirigi sossegadamente até a escola.

Ao chegar na escola encontrei Pedro Castelan me esperando na entrada. Pedro era um garoto bonito, alto, forte, mas não do tipo musculoso, tinha cabelos castanhos, só que um tom de castanho mais escuro que o meu, olhos castanhos e sua pele era cor de oliva. Ele era meu melhor amigo desde que tínhamos cinco anos. Ele me encarou e fechou a cara, balançando a cabeça negativamente.
– Achei que não iria mais fazer isso – disse ele, enquanto apontava para os meus pulsos – o que houve?

– Me desculpe Peh, tive aquele pesadelo outra vez e não pude suportar – respondi, entrando com ele na escola.

A Jefferson School era a única escola de colegial de Fishers. Era uma escola antiga, porém em bom estado, apesar de ter sido construída no século XIX, a Jefferson School foi projetada com uma arquitetura do século XV. Lá antiguidade e modernidade se misturavam por dentro os móveis e objetos que preenchiam a escola eram modernos, causando assim um belo contraste entre o antigo e o novo.

Pedro chacoalhou novamente a cabeça em sinal negativo.

– Imaginei que fosse isso, mas você tem que se controlar mais Agatha, isso é algo perigoso! – repreendeu-me ele enquanto íamos até os armários – Este ano vai ser diferente, vai ser melhor, tenho certeza de que encontrará alguém que te fará bem e te fará superar tudo o que você passou. Eu sinto isso. – Acrescentou ele ao me ver chateada com aquilo.

– Eu espero que tenha razão – disse um tanto desanimada.

Ele me lançou um sorriso e o sinal tocou, indicando que estava na hora de entrar na sala. Pedro e eu tivemos que nos separar, mas antes combinamos que nos encontraríamos no refeitório na hora do almoço e que eu lhe contaria o meu pesadelo. Então segui pelo corredor até a sala, ao chegar lá avistei o Sr. Dilman em pé ao lado da sua mesa .

O Sr. Dilman era o professor de filosofia do colégio. Aparentava ter uns 40 anos, era baixo, tinha cabelos pretos, já um pouco grisalhos, seus olhos eram castanhos e ele usava óculos arredondados. Estava sempre de calça social, mocassins pretos e camisa.

Entrei na sala e dei uma olhada nela, havia apenas alguns alunos sentados, eles conversavam enquanto esperavam a aula começar. Me sentei na segunda carteira da fileira do meio. Tirei o caderno e o estojo de dentro da bolsa, colocando-os em cima da mesa. Arrumei minha bolsa em baixo dela e fiquei observando a turma entrando e entre as pessoas que entravam vi John Slow e sua turma.

John Slow era um cara alto, forte, de cabelos loiros com cachos perfeitos, seus olhos eram azuis. Era considerado o cara mais lindo da escola, durante anos eu havia tido uma paixão por ele, mas isso mudou no ano passado, quando enfim percebi o quão insensível e idiota John Slow podia ser.

Na sua turma se encontravam Lauren Faber, Rose Girmond, Tyron Girmond e Lily Donnavan.

Lauren Faber era uma garota magra do tipo mignon, com cabelos longos alisados, a cor se encontrava em um tom de castanho com mechas loiras e vermelhas. Rose Girmond, o bichinho de estimação de Lauren, era uma garota baixinha, gordinha, tinha cabelos loiros e alisados um pouco a baixo da altura dos ombros. Tyron Girmond, irmão de Rose e melhor amigo de John, era um garoto baixo e magro, tinha cabelos loiros como os da irmã, só que ondulados (os de Rose também eram ondulados, porém ela sempre usava chapinha). E por último, Lily Donnavan, uma garota alta, que assim como Lauren era do tipo mignon, tinha os cabelos tingidos de vermelho fogo e usava lentes que deixavam seus olhos num tom de azul. Lily era melhor amiga de Lauren e fazia três meses que estava namorando com Pedro, meu melhor amigo. Eles se sentaram no fundo da sala.

– Escrotos – disse alguém a minha frente.

– Bom dia Christine – disse ao ver que era ela quem havia dito aquilo.

Christine Skeen, era uma linda garota de pele morena, estatura mediana, gordinha, de cabelos cacheados e pretos, seus olhos eram castanhos. Christine havia entrado na escola no ano passado, após se mudar de Los Angeles para a pequena Fishers. Ela havia se tornado amiga minha e de Pedro.

– Como foram suas férias? – perguntou-me ela enquanto se sentava na carteira atrás da minha.

– O mesmo de sempre e as suas? – respondi me virando para trás.

– O mesmo tédio de sempre – disse ela revirando os olhos.

Antes das férias eu e Christine descobrimos que nossas famílias tinham o mesmo costume de viajar para a praia durante a primeira quinzena das férias. Depois ficávamos simplesmente entediadas em casa enquanto revezávamos entre assistir TV, utilizar o computador e as vezes íamos ao cinema e dávamos uma passada no shopping olhar as vitrines e comer alguma coisa.

Então eu o vi entrando na sala... ele era simplesmente magnífico, alto, forte, cabelos pretos, curtos e ondulados, seus olhos eram tão pretos que mal dava para diferenciar o íris da pupila. Ele deixava John Slow no chinelo fácil, fácil. Ao lado dele havia uma garota alta, do tipo mignon, ruiva natural e olhos cor de mel. Eram novos na escola.

Os dois caminharam e sentaram ao meu lado e de Christine, o garoto me lançou um sorriso ao se sentar, retribui o sorriso meio envergonhada. Me virei percebendo que todos da sala os observavam.

– Bem acho que podemos iniciar a aula, acredito que já estejam todos aqui – disse o Sr. Dilman chamando a atenção de todos.

As aulas da manhã passaram respectivamente rápido. Na hora do almoço eu e Christine fomos nos encontrar com Pedro, que estava se agarrando com Lily. Esperamos até ele se desvencilhar dela e caminhamos até o refeitório, onde pegamos nosso almoço e nos sentamos em uma mesa mais avastada.

– Não sei como consegue ficar com ela! – disse Christine a Pedro.

Este apenas revirou os olhos e disse:

– Há um aluno novo na minha sala!

– Sério? Na nossa entraram mais dois alunos! – informei a ele.

– E um deles é um GATO! – disse Christine um tanto entusiasmada.

Pedro e eu rimos, enquanto Christine fazia cara de brava.

– Mas então Agatha, você havia dito que iria me contar seu pesadelo – lembrou-me Pedro.

– Bem, foi igual aos outros...

– Podemos nos sentar aqui com vocês? – disse alguém me interrompendo.

–Claro – foi Christine quem respondeu, com um enorme sorriso no rosto.

– Obrigada – disse o aluno novo se sentando, juntamente com a garota e outro cara que eu não conhecia – oh céus onde é que estão meus bons modos? Eu sou Caliel Kerman, está é a minha prima Savannah Kerman e este aqui é o meu amigo Ablon Maschio. – acresentou ele com um sorriso no rosto.

– Prazer, eu sou Pedro Castelan e estas são Christine Skeen e Agatha Jonshon – disse Pedro antes que Christine pudesse responder.

Ficamos por alguns instantes em silêncio, até que Christine o quebrou.

– Então Agatha você estava nos dizendo qual foi seu pesadelo, lembra?

Eu olhei para Pedro e este havia abaixado a cabeça. Christine estava conosco há um ano, ela me ajudou quando meu pai faleceu e assim como Pedro estava sempre ao meu lado. Mas aqueles três não, eles eram desconhecidos, não queria que eles soubessem, até porque assim como Christine a maioria das pessoas diria que foi apenas um pesadelo, mas eu e Pedro tínhamos a impressão de ser algo mais, de ser algum tipo de aviso. Mas achei que seria grosseiro da minha parte ignorar a pergunta, então respondi, meio a contragosto.

– Foi igual aos anteriores, eu estava no corredor do colégio, sozinha quando vi um vulto passar rapidamente pela entrada, perguntei quem era, mas ninguém respondeu, ouvi o barulho de algo caindo e ele vinha da direção em que vi o vulto. Eu corri até o refeitório, para escapar pela saída de incêndio, porém a saída estava impedida por John e Tyron, estes quando me viram se aproximam rindo, eu escorreguei e acabei caindo. John me levantou pelos cabelos e começou tentar a tirar minha blusa, enquanto Tyron se aproximou por trás tentando me tirar a calça, eu gritei para eles parassem e eles continuaram. Eu dei um tapa no rosto de John e ele me soltou, colocando a mão no lugar em que bati, ele me olhou com ódio e começou a gritar xingamentos para mim, enquanto Tyron se aproximava para me bater. Eu me levantei e corri para fora do refeitório e ao sair vi o vulto vindo pelo corredor. Corri até o ginásio onde ficava a única saída livre do colégio e saí pela porta lateral do ginásio. Mas ao sair eu percebi que estava na rua da velha casa onde tudo aconteceu. Uma forte chuva caía, me encharcando. Eu me virei e o colégio não estava mais lá. – disse enquanto tentava afastar as imagens da minha cabeça, ciente que todos ao redor da mesa me observavam – Eu vi o vulto vindo atrás de mim e comecei a correr, porém a rua terminava na velha e pequena casa, eu atravessei o jardim de flores mortas e vi a porta da casa entreaberta e ao olhar pela fresta vi a cena da noite do assassinato se repetir, então a porta se abriu e alguém com o rosto abaixado e usando uma capa preta com capuz que ia até os pés, estava parado bem na frente da passagem. A pessoa soltou uma gargalhada tenebrosa, que me permitiu perceber que a pessoa por baixo da capa só podia ser uma mulher e que seja lá quem fosse ela, não era uma pessoa amigável. Corri na direção oposta e a vi bem na minha frente, derrapei no asfalto molhado e dobrei uma esquina, mas acabei em um beco sem saída. A mulher se aproximou, mas a chuva forte não me deixou ver seu rosto, um relâmpago clareou o céu e eu consigui ver que ela tinha um par de assas, enormes assas brancas, vi também que ela erguia uma espada com a ponta virada na minha direção, vi ela abaixar a espada com tudo, para desferir o golpe e bem no instante em que a espada iria penetrar em meu peito, eu acordei – finalizei com lágrimas nos olhos.

Todos ao redor da mesa me observavam, por fim alguém falou.

– Por que não tenta procurar a psicóloga da escola? – perguntou Christine – certamente ainda não superou o trauma.

– Trauma? – perguntou Ablon.

– Meu pai foi assassinado há dez meses – respondi a ele, tentando não demonstrar a tristeza.

– E ela assistiu a tudo, não a culpo por estar traumatizada, qualquer um ficaria e...

– Já chega Christine – disse Pedro interrompendo-a.

Christine abaixou a cabeça ficando quieta.

– Sinto muito – disse Savannah, de maneira doce.

– Talvez eu procure mesmo a psicóloga – disse a Christine, ao perceber que ela se sentia mal.

– Procure sim – disse ela se animando novamente – mas então nos fale um pouco sobre vocês?

– Não há nada interessante a nosso respeito – lhe respondeu Savannah, com frieza.

– Com exceção que eu sou capaz de fazer qualquer garota delirar de prazer – disse Ablon comum sorriso malicioso.

Savannah revirou os olhos, enquanto soltava um suspiro de quem não aprovava aquilo.

– Ok Ablon, nós sabemos o quanto é bom com garotas, mas acho que já chega de galanteios por hoje garanhão – disse Caliel rindo – Temos assuntos a resolver e creio que os três querem um pouco de privacidade – acrescentou ele se levantando.

Ao passar por mim Caliel me lançou mais um de seus belos sorrisos e uma piscadela, novamente retribui o sorriso. Ablon também lançou um sorriso a Christine, só que um sorriso malicioso, Christine retribuiu o sorriso, um tanto animada. Savannah apenas assentiu com a cabeça ao passar por mim e Pedro.

Depois que eles se afastaram Christine disse:

– Não há nada de interessante não é? Isso é o que iremos descobrir.

– Pelo amor de Deus Christine, se a garota disse que não há nada é porque não é algo que devemos nos meter – disse Pedro se levantando, para ir com Lily – Vejo vocês mais tarde.

Agora só estávamos eu e Christine na mesa, ela me lançou um olhar travesso.

– Você me ajudará a descobrir mais sobre esses três, não é? – perguntou-me ela fazendo carinha de dó.

– Que escolha eu tenho? – perguntei já imaginando a resposta.

– Nenhuma – disse ela se levantando e me puxando pelo braço – vamos ver que assuntos eles tem que resolver.

Procuramos pela escola inteira, mas nem sinal deles. Por fim o sinal tocou indicando o começo das aulas da tarde, me separei de Christine e fui até a minha sala, para o curso de história. Ao chegar na sala encontro sentado na bancada de madeira bem ao lado do meu lugar no mapa, ninguém menos, ninguém mais que Caliel Kermen.


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Notas finais do capítulo

A música do despertador dela era I do da Colbie Caillat.
E a que estava no carro era Summertime Sadness da Lana Del Rey.



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