Royalty - A Realeza escrita por Anthony Saints


Capítulo 18
Prólogo dos Anjos - O Caído, Parte II


Notas iniciais do capítulo

boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/442967/chapter/18

Eu realmente não estava confortável com aquela situação. Logo que saímos dos céus usamos nos poderes em conjunto para criar um chamado semelhante a lira dos arcanjos para convocar todos os anjos que não haviam sido persuadidos por Lúcifer. Quando eu e meus irmãos saímos do céu superior, o senhor havia erguido uma muralha para nos ajudar, porém o mesmo disse que não seria o suficiente para deter Lúcifer.

Depois que todos vieram, Eu e Rafael ficamos observávamos as nossas legiões. Era em torno de sete mil anjos. Algo pequeno comprado com a legião que Lúcifer, Uriel e Samael lideravam: vinte mil.

Muitos estavam sem esperanças, era perceptível em seus olhares a descrença em nossa vitória. Foi quando Miguel que estava na linha de frente virou-se para todos nós e disse:

–Meus irmãos, eu sei que a batalha que seguirá não será fácil. Ela irá abalar-nos tanto fisicamente como nosso espiritual e emocional.

Um dos anjos que estava na linha de frente se pronunciou, era um anjo baixo e esguio. Parecia uma criança humana com cerca de 10 anos de idade. Seu capacete era grade demais para a cabeça, o que fazia com que ele regulamente o posicionasse de forma correta:

–Senhor Miguel, nós em grande maioria somos anjos da guarda e dominações, não temos quase nenhum treinamento de combate. Não há como vencer.

Realmente, o pequeno anjo dizia a verdade. Além de estarmos em desvantagem numérica, 70% dos anjos ali nunca haviam pegado numa lâmina antes. Eu não entendia porque o senhor nos enviaria para esta batalha covarde e desonesta, porém lembrei-me do seu discurso sobre os nossos dons...

–E você irá deixar que Lúcifer tome o trono?! –Disse Miguel elevando a voz. – Se vocês estão aqui, é porque foram fortes o suficiente para resistir a lábia do primeiro! – Primeiro era a forma o qual nos referíamos a lúcifer por ser o mais velho dos anjos.

Eu não via aquele olhar determinado no rosto de meu grande irmão desde quando lutamos contra os deuses do tempo. Seus olhos eram como duas bolas de fogo, prontas para incendiar a alma e a força de vontade de todos ali presentes. E parece que foi isso que aconteceu.

Miguel levantou sua reluzente espada e brandiu com vigor:

–O SENHOR É O MEU PASTOR...

–E NADA ME FALTARÁ! – Todos nós completamos em coro. Era incrível como Miguel conseguia inspirar todos. Até o esguio anjo que contestou anteriormente estava com um espírito de luta incrível. E foi assim que marchamos em direção á maior batalha de nossas vidas.

...

Miguel assumiu a frente de batalha. Mesmo que grande parte dos nossos soldados não soubesse lutar, Miguel supria esse déficit. Ele era um gênio no campo de batalha. Porém ao longe, notei que seu rosto estava molhado.

Não estava chovendo, e ele infelizmente não estava suando. A cada golpe, a cada vez que sua lâmina atravessava um anjo, seu rosto ficava ainda mais molhado.

Sim, Miguel estava chorando.

–Nosso irmão, ele está derramando lágrimas – Disse para Rafael que observava o campo de batalha. Era possível ver no fundo de seus serenos olhos castanhos que ele estava planejando alguma estratégia. Ele não me respondeu, mas eu sabia que ele também estava abalado com tudo.

A guerra durou milênios em tempos humanos. Anos incessantes de batalhas contínuas no céu. Apesar de sermos seres divinos, até nós temos um limite. E ele estava se aproximando.

Até que em um determinado momento, todos ouviram uma voz aveludada se propagar pelo céu:

–Irmãos, porque mentem para si mesmos? Porque resistem? Eu sei que vocês também não querem se curvar aos animais de barro. Juntem-se a mim! Vamos mostrar para Ele quem manda, quem deve realmente governar o universo.

A voz de lúcifer me dava náuseas. Eu sentia nojo dele, mais do que de qualquer ser que já conheci. Estufei meio peito, pronto para gritar com o primeiro quando uma outra voz gritou:

–CALE A BOCA LÚCIFER! –Disse Rafael ofegando. Ver aquilo me deixou atônito. Nós anjos até brincávamos que era mais fácil irritar uma pedra do que Rafael. E parece que lúcifer havia conseguido esta proeza. – Por sua culpa nós estamos lutando entre si, estamos matando nossos próprios irmãos! E tudo por causa dessa sua sede de poder ridícula! Nós vamos te capturar, eu juro!

Aquilo foi incrível, os olhos de meu irmão pulsavam de ódio. Logo ele que era o ser mais sereno que já vi. Lúcifer com um riso discreto disse desdenhando:

–Se conseguirem irmãozinhos, venham me pegar. – E assim sua voz se dissipou pelas nuvens.

–Já chega! Eu não irei ficar aqui parado enquanto lúcifer mata todos nós um por um! – E Rafael pegou sua espada.

–Irmão, você é um estrategista, não deve lutar. – Eu disse. Realmente aproveitaríamos mais Rafael no quartel general do que nas linhas de frente.

–É isso que lúcifer acha que farei, por isso vou pro campo de batalha, o elemento surpresa pode decidir tudo.

Rafael era um gênio, lúcifer não imaginaria que logo ele iria lutar.

–Vamos nos juntar a Miguel e acabar com isso de uma vez por todas!

E assim voamos em direção á batalha. Alguns anjos tentaram nos impedir, mas não eram páreos para nós. Tudo ia muito bem até que uma coluna de fogo gigantesca surgiu em nossa frente.

Girei meu corpo de maneira que formasse um leve tornado para atravessar a barreira. Meu irmão ficou para trás e quando apareci do outro lado, senti minha perna congelar. Gritei de dor e voei para a esquerda e assim, fui atingido por um forte jato de água que me derrubou ao solo.

–Ora se não é o mensageiro! Você até que não é tudo o que dizem. – Falou uma voz rouca.

–Gabriel, mesmo acabado você continua lindo! – Dessa vez uma voz suave se pronunciou.

Eram Eloel e Lilith respectivamente.

Eloel era totalmente branco, semelhante a falha genética do albinismo nos humanos. Ele tinha olhos avermelhados e o cabelo longo branco batia em sua armadura de batalha, também branca. Já Lilith tinha cabelos bem negros e olhos com heterocromia: Um verde e outro azul. Seu corpo era escultural e ficava ainda mais evidente na apertada e justa armadura azul. Os dois eram parte de um grupo especial de anjos. Anjos especialistas em controlar os elementos. Eloel era o senhor do gelo e Lilith, a Dama das águas. Não me surpreendeu que eles tivessem se aliado á Lúcifer.

Logo brandi minha espada e voei em direção de Eloel dando um forte chute em seu peito, que o fez se afastar alguns metros. Quando girava meu corpo para atingir lilith, cai ao chão. Meu pé estava congelado.

–Rafael, me ajude! – Gritei.

–Não posso, Pyroel está em meu caminho! – Pyroel era o lorde das chamas. Ele provavelmente havia invocado o paredão de fogo. – Cuide deles!

Os elementais eram muito poderosos. Eu não sabia se conseguiria enfrentar dois ao mesmo tempo. E agora meu pé estava congelado. Eu sentia o clima ficar ainda mais pesado, era como se a simples presença de Eloel congelasse tudo em volta.

–Vocês realmente acharam que Lúcifer não iria prever isto? –Desdenhou o senhor do gelo. – Vocês são tão patéticos quanto os anjos da guarda. Vou acabar com você de uma vez por todas, mensageiro! – e ele aproximou-se de mim com suas mãos emanando um frio terrível. Mesmo á alguns metros de distância meus músculos tremiam de frio. Eu tentei voar, mas minhas asas também haviam sido congeladas. Eu estava sem qualquer defesa.

–Eloel, deixe um pouco pra mim. Eu também quero ter o prazer de matar um arcanjo. – Falou a dama das águas com um sorriso capaz de seduzir até o mais casto dos seres.

Sem alternativas, concentrei o Pulso dos Anjos em minha mão. Essa técnica é comum a todo anjo combatente. Com ela, soltamos um pulso de luz no inimigo assim o afastando.

–Você realmente acha que o Pulso vai fazer efeito em mim mensageiro? – Ele congelou seu corpo por completo. – Vocês não merecem o posto que tem.

–Isso não é para você! – Atirei o pulso no chão fazendo-o me arremessar na parede de chamas. Logo virei me pé congelado naquela direção afinal, só o fogo de um elemental poderia derreter o gelo de Eloel.

Por sorte atravessei a barreira. O gelo em meu pé se desfez completamente. Do outro lado, Rafael trocava golpes com o Lorde das chamas. Pyroel ao me ver, desfez a barreira e se juntou aos outros elementais.

–Agora a batalha parece mais justa – Disse, encarando meus inimigos.

–Cale a Boca mensageiro! Eu sozinho poderia cuidar de vocês dois – Ameaçou o Lorde das Chamas – Mas se eu fizesse isso, eles aqui iriam ficar muito chateados comigo.

Pyroel tinha o cabelo ruivo curto, seus olhos eram um vermelho alaranjado. Ele era baixo comparado com os outros, mas seus movimentos eram rápidos e precisos, principalmente quando ele envolveu eu e meu irmão numa gigantesca coluna de fogo. As labaredas giravam num turbilhão impressionante. Se não fossemos arcanjos, teríamos morrido incinerados instantemente.

–Vocês esqueceram o nosso título e o porquê de termos ele? –Disse Rafael. Um redemoinho de energia saiu dele e explodiu ao nosso redor. Os céus e o chão tremeram. eu também o fiz e somente com a onda de impacto de meus poderes, arremessei os anjos elementais para longe. Nós somos arcanjos! Como estamos sendo pressionados assim? Pensei. Era hora de mostrar nossa verdadeira força.

Empunhei minha espada com força, uma aura de energia pulsava ao meu redor, formando um tipo de traje de batalha. Aquilo era a Armadura de Deus. Eu não queria usar aquilo para ferir meus irmãos anjos, mas não tive escolha. Num impulso acertei um golpe vertical no peito de Eloel. Ele se solidificou e consegui conter, mas, o corte atingiu o solo formando uma gigantesca fenda de quinhentos metros em medidas humanas. Meu poder se tornava titânico quando vestia a armadura. Eloel rapidamente tentou me tocar para congelar, porém, Rafael apareceu e cortou o braço dele fora.

–Solte Gabriel seu imundo! – Gritou meu irmão e logo em seguida sentiu seu pulmão encher de água.

–Vai ser uma pena matar anjos tão bonitos como vocês meus amores. Mas não vejo escolha, Ele precisa cair. – Meu irmão caiu de joelhos, ele não conseguia respirar. Joguei-o para longe e comecei a lutar contar lilith. Ela usava um chicote de agua para me atingir. E logo também senti o liquido preencher meus pulmões. Minha visão começou a ficar turva pela falta de oxigênio.

Quando estava preste a desfalecer, vi um brilho dourado atravessar o peito da dama das águas.

Era meu irmão, Miguel.

Ele havia estocado a mulher anjos por trás com sua belíssima espada de ouro. Seu olhar exibia uma fúria dantesca.

–Você voltou irmão? –Eu disse pigarreando.

–Eu nunca irei perdoar qualquer um que se opunha ao pai! – e assim, ele puxou a espada e chutou Lilith. Miguel foi até Rafael e ficou aliviado quando percebeu que ele estava vivo. Ele o abraçou e virou-se para o ultimo elemental que faltava: Pyroel.

O Lorde das chamas deu um grito sádico e invocou milhares de paredes de fogo uma delas acertou meU braço causando uma leve queimadura. Aquelas chamas eram muito mais poderosa que as anteriores.

–Leve Rafael daqui! – Esbravejou Miguel.

Abri minhas asas e voei para uma distancia segura com meu irmão para observar Miguel lutando.

Pyroel era um excelente combatente, mas nada se comparava as habilidades do Guerreiro. Foi uma luta intensa, o senhor das chamas conseguiu pressionar meu irmão várias vezes.

Até que num momento, Pyroel criou uma cápsula de magma, evolvendo meu irmão nela. Eu pensei que seria seu fim.

Ledo engano.

Miguel concentrou todo seu poder e deu um único corte horizontal de dentro da bolha. O corte rasgou o envoltório, passou raspando pelo Lorde das Chamas, ecoou pelo espaço destruindo uma estrela que brilhava no céu.

Pyroel desfez as colunas atônito, ajoelhou e levantou as mãos em sinal de rendição. Eu esperava que Miguel fosse mata-lo, porém nada o fez. Aproximei-me e percebi que Lilith e Eloel não estavam mortos. Rafael recobrou a consciência.

–Agora, irmãos, vamos juntos acabar com o primeiro! – Miguel brandiu a espada. Rafael levantou-se e conjurou celas de energia para prender os elementais e curá-los.

–Eles merecem um julgamento justo quando terminarmos. – Disse abrindo as asas. Todos nós o fizemos.

Voamos pelo campo de batalha lutando por muito tempo, até que enfim chegamos ao local onde Lúcifer estava. Era a antiga morada do senhor, local onde o altíssimo morava antes de criar os anjos. Miguel estourou as paredes para entrarmos. E lá, no antigo trono do pai, Lúcifer estava sentado. Seus olhos azuis brilhavam como faróis. Ao seu lado estava Uriel e Samael.

Aquela seria a batalha mais importante que eu iria travar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!