Dark Skies escrita por Eduardo Mauricio


Capítulo 14
Cap. 13 - Céus Escuros




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Henry deu um sorrisinho amedrontado ao ouvir as palavras de Lúcifer. Anticristo.

– Não, não pode ser, você está mentindo – Ele disse, nervoso – Você é o diabo, você tem que estar mentindo – Ele forçou um sorriso para disfarçar o medo. Não conseguiu.
– Eu sou o vilão? – Lúcifer sorriu – Henry, eu salvei os seus amigos, agora você tem que fazer a sua parte.

Henry ficou em silêncio por alguns segundos tentando reorganizar seus pensamentos. Eu sou o anticristo e existe alguém tentando me matar por isso. Cada vez que ele pensava naquela palavra acreditava menos, era ridículo.

– Anticristo? – Ele perguntou – Por que eu?
– Eu não sei Henry, mas o fato é que você foi o escolhido, você tem que cumprir seu dever.
– O que seria exatamente o meu dever?
– Ele está furioso e causará destruição total na terra, aquilo que vocês passaram aqui dentro foi só o começo do apocalipse, mas só você pode destruí-lo.
– Mas e você? O que acontece com o inferno?
– Será fechado para sempre, assim como o céu, cada um terá o seu lugar, você só precisa mata-lo.
– E como posso garantir que você está falando a verdade?
– Não pode.

Henry olhou para as pessoas que havia sofrido aquilo tudo por causa dele e depois pensou um pouco.

– Você pode destruí-lo se seu sangue entrar em contato com o dele.
– E o que acontecerá comigo?
– É necessário o sacrifício.
– O que? Eu vou morrer?
– Pense bem, se você tentar fugir com eles, ele vai acha-los e matar todos, mas se você ficar e eles forem, ficarão bem, a questão é a seguinte, você estaria disposto a se sacrificar por eles? Ao sair da cúpula agora, não é mais possível voltar.

Henry olhou para trás novamente, sentia um enorme aperto no coração.

– Eu aceito – Ele disse, abaixando a cabeça, ainda não sabia como iria fazer aquilo, para falar a verdade, ainda nem sequer sabia se aquilo que estava ouvindo.
– Você não tem muito tempo Henry, deixe-os ir. Ele está vindo.

A imagem de Lúcifer foi desaparecendo lentamente, se transformando em luz, até que não havia mais nada, apenas o céu limpo e estrelado da noite. As casas ainda estavam destruídas, ainda estavam dentro da cúpula.

– Para onde ele foi? – Olivia perguntou, se aproximando de Henry, ao vê-la, ele a abraçou.
– O que aconteceu cara? – Carter perguntou e Henry percebeu o ferimento no seu braço, ainda estava sangrando um pouco.
– Vocês precisam ir embora daqui!
– Como assim vocês? Eu não entendi – Annabel disse.
– Vão embora, não olhem para trás, vão reconstruir suas vidas, esqueçam tudo isso, sejam felizes.
– Sim, nós vamos sair daqui querido, vamos reconstruir nossas vidas e sermos felizes, nós dois – Olivia olhou fundo nos olhos dele.
– Não, não vamos.
– Por quê? Por que não?
– Porque eu não posso ir.
– O que?
– Como assim não pode? – Interferiu Amanda.
– Eu vou ficar porque preciso acabar de uma vez com isso.
– Mas você já acabou com isso, você acabou com o criador de tudo isso, agora mesmo! – Carter disse, apontando para o lugar onde Lúcifer estava.
– Isso não foi o fim, existe alguém pior, ele me alertou.
– Se existe algo pior, nós vamos enfrentar com você! – Ele continuou.
– Você não entende, só eu posso fazer isso!
– Não estou entendendo – Olivia falou.
– A coisa que está atrás de mim, ela é mais poderosa do qualquer outra, e só uma pessoa pode mata-la, só eu posso.
– Mas por quê? Por que você? – Olivia estava nervosa.
– Eu sou o anticristo.
– Não, você não é, isso é mentira! – Ela passou a mão nos cabelos de Henry.
– Infelizmente é verdade.
– Não – Ela começou a chorar, se afastando.
– Eu sinto muito.
– Eu preciso que cuide dela por uns tempos – Ele disse a Carter.

Carter demorou um pouco para responder, ainda estava abalado.

– Sim, eu prometo que vou cuidar – Ele disse, dando um abraço em Henry. Annabel foi a próxima e depois Amanda.
– Vocês precisam ir até o limite da cúpula, conseguirão atravessar dessa vez – Ele disse aos três – Depois que sair, não tem como voltar, vida normal denovo – Ele sorriu e recebeu abraços novamente. Annabel e Amanda choravam e tentavam consolar Olivia.

Os três se afastaram um pouco, deixando Henry e Olivia a sós.

– Eu te amo – Ele disse.
– Não, não me ama – Ela disse, respondeu chorando – Se me amasse, estaríamos indo embora juntos agora.
– Você não entende, nós iriamos morrer se fugíssemos, todos nós, e eu tenho uma chance.

Ela o abraçou e deu um longo beijo, há muito tempo Henry não sentia aquela sensação maravilhosa. Amor. As lágrimas delas se misturavam às dele.

– Se eu for, você promete que vai voltar para mim? – Ela perguntou, chorando.
– Sim, eu prometo – Ele mentiu, mas sabia que ela só iria se ele fizesse.

Ela enxugou as lágrimas e deu um último beijo.

– Eu acredito em você – Ela disse – Vou estar te esperando.

Olivia virou-se e caminhou até onde Carter, Annabel e Amanda estavam, logo em seguida, começaram a andar em direção a um dos limites da cúpula. Amanda tocou o pé em algo e subitamente parou.

– Ah deus! – Ela ficou feliz com o que estava vendo. Quando ela tocou a cúpula, seu toque produziu um brilho nela, mas seus pés a atravessaram e sumiram.
– Então chegou a hora – Annabel disse.
– É, chegou a hora – Carter concordou.

Amanda respirou fundo e caminhou, a cúpula brilhou no lugar por onde seu corpo havia passado e ela sumiu do outro lado. Annabel fez o mesmo, caminhou em direção ao outro lado e sumiu. Carter olhou para Olivia.

– Está pronta? – Ele perguntou.
– Henry disse que depois de atravessar não tem mais volta certo? – Ela fez uma pergunta estranha como reposta.
– Sim, ele disse.
– Eu sinto, mas eu não posso ir – Ela empurrou Carter e ele sumiu dentro da cúpula invisível, como se tivesse ficado invisível também.

– Olivia!!! – Ele gritou ao chegar do outro lado – Droga!
– O que? O que aconteceu? – Annabel perguntou.
– Ela não veio! – Ele exclamou.
– Gente – Amanda disse – Olhem isso!

Carter e Annabel levaram um susto ao ver, e apesar de estarem desesperados por Olivia não ter atravessado com eles, os três estavam felizes. Estavam de volta à vida normal. As casas da rua deles estavam inteiras, não havia nem sinal de terremotos ou furacões, nada de monstros ou cúpula. Estava tudo normal, como sempre foi.

Dentro da cúpula, Henry ainda vivia o pesadelo, caminhava pela rua, esperando o momento de agir, não havia percebido que Olivia ainda estava lá. De repente, outro estrondo foi ouvido e a terra começou a tremer novamente. É ele, Henry pensou, e estava certo. Uma luz branca muito forte invadiu o local e quando se apagou, ele estava lá, alto, corpo atlético e negro, contrastando com o manto branco que ele vestia. Henry permaneceu parado no meio da rua, esperando que ele o notasse, e ele fez isso.

– Finalmente nos encontramos – O homem disse calmamente.
– É, finalmente – Henry o olhava com fúria – O que você quer de mim?
– Quero paz.
– Paz? Mas nós não já estamos em paz?
– Eu só estou querendo eliminar tudo o que pode me eliminar.
– Então você pode vir.
– Não me provoque.
– Eu sei de tudo sobre você e sobre o fato de você não poder usar suas habilidades contra mim.
– Parece que andou estudando – Ele sorriu.
– Digamos que sim – Henry também sorriu.
– Se você estudou muito, sabe que existem exceções, certo? – Ele apontou a mão para Henry e jogou para o lado. O corpo dele seguiu o curso da mão e foi parar há alguns metros dali. Com um corte na testa, Henry se contorcia no chão. O homem chegou perto dele e mexeu virou seu rosto para ele com o pé – Quer desistir?
– Não mesmo – Ele deu um chute na barriga do homem e ele recuou para trás, colocando a mão no local onde ele havia chutado. Henry pensou que ele nem sentiria, mas então lembrou. Eu sou o anticristo. Ele continuou chutando e socando, mas ele começou a revidar e era mais forte, muito mais forte, então novamente jogou Henry para o lado com tanta força, que ele parou há uns quinze metros dali.

As costas de Henry doíam muito. Olivia observava de longe, pensando no que iria fazer, não podia deixá-lo morrer assim. O homem se aproximou dele e levantou Henry pela gola da camisa, então jogou novamente, ele caiu no chão de uma casa a dez metros dali.

O homem caminhou calmamente até o jardim da cada, onde Henry, cheio de hematomas e cortes no rosto, estava. Olhou bem para ele e então o pegou pelo pescoço.

– Você não pode me destruir! – Ele gritou.

Henry sacou uma faca do bolso.

– Na verdade – Ele disse, revelando um corte na mão – Eu posso!

Então cortou a mão do homem e segurou firme o corte, pressionando sua mão contra a dele, os dois sangues se misturaram, queimando os dois por dentro. O homem gritou de dor e caiu no chão. Henry fez o mesmo. Olivia, vendo aquela cena, não pode ficar longe. Correu até ele.

– Henry! – Ela exclamou.
– Olivia? – Ele ficou surpreso – Você não atravessou?
– Não, eu disse que ia te esperar!
– Eu sinto muito – Ele disse, sua voz estava muito fraca.

Olivia olhou para o lado, o inimigo de Henry estava imóvel no chão, provavelmente já estava morto.

– Você conseguiu – Ela disse, sorriso – Você acabou com ele!
– Eu consegui por você – Ele disse, quase fechando os olhos.
– Eu te amo – Ela disse, chorando.
– Eu também te amo.

Essas foram suas últimas palavras, antes de fechar os olhos e partir para sempre. Olivia deitou em seu peito e começou a chorar. Acabara de perder seu parceiro, a pessoa que a amava todos os dias.

– Não!!! – Ela gritou, enquanto chorava desesperadamente. De repente, faíscas começaram a cair do céu, como se algo fosse explodir, e lentamente, uma luz branca começou a tomar conta de tudo, e de repente, Olivia e o corpo de Henry saíram de dentro daquela realidade. No meio do asfalto, ela chorava no peito de seu marido. Carter, Annabel, Amanda e Chad, que estava na casa de Henry, investigando o sumiço, foram ajudar. Annabel, ao ver o corpo de Henry, abraçou Carter e começou a chorar. Amanda se ajoelhou e abraçou a amiga. Chad ficou em silêncio, sofrendo por dentro. Aquele homem foi um verdadeiro herói.

Vinte meses depois.

Olivia entrou pelo grande portão negro de ferro do estabelecimento e começou a caminhar por entre as árvores. Vários pedaços de mármore cravados no chão, com alguns nomes escritos, mas ela só se importava com um. Após andar alguns metros, parou em frente a ele e se ajoelhou. Na placa de mármore dizia:

JOSEPH HENRY DANIELS
1979 – 2013
“O maior homem do mundo”

Olivia visitava aquele túmulo uma vez por mês, às vezes até duas, as lembranças ainda estavam vivas na mente dela, como se houvessem acontecido ontem.

– Tem sido difícil sem você – Ela começou a falar, sabendo que Henry não poderia ouvir. Estava morto.

Ela colocou uma flor sobre o túmulo e fechou os olhos.

– Meu herói.

Olivia Daniels virou-se e foi embora.


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