Dark Skies escrita por Eduardo Mauricio


Capítulo 12
Cap. 11 - Caos




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– Eu não estou entendendo! – Annabel pareceu surpresa e assustada.
– Como assim o fim? – Carter interrompeu.
– Esse é o começo do caos no universo – Henry respondeu.
– Explique melhor.
– Existe alguém, muito poderoso e maligno, que até então descansava no inferno, e para ser libertado, ele precisaria do sacrifício sete almas humanas, mas para isso acontecer, ele mandaria quatro pragas. Água.

Henry lembrou-se da enchente na casa dele e da chuva que parecia impossível de acontecer, lembrou também da imagem de Charlotte pedindo por socorro, afundando e fervendo no sangue que inundava a rua inteira.

– Fogo.

Agora o que vinha em sua mente eram as criaturas pavorosas que mais pareciam zumbis, pensou também em Mary Beth, que havia perdido sua vida durante aquilo, era doloroso lembrar.

– Ar.

A imagem de Sean sendo estraçalhado pela criatura feita mãos e pernas humanas e Kato sendo morto pelo furacão preencheram sua mente. Tudo por causa de mim, ele pensou.

– E por fim – Ele olhou para o topo da cúpula cheio de plantas. Não dava mais pra ver o céu – Terra.
– Isso não é verdade – Lily disse, dando um sorriso forçado – Não pode ser verdade.
– Olha, eu sei que é difícil de acreditar, mas por favor...
– Difícil?! – Ela deu um sorriso irônico – Difícil não é nem o começo. Escuta aqui, é difícil acreditar nisso tudo aqui, nessa droga que cúpula e nessas criaturas horrendas, e eu nem tenho explicação alguma para isso, mas um chefe maligno e poderoso que adormecia nas profundezas do inferno?
– Eu entendo a sua descrença, e não posso força-la a acreditar, mas infelizmente, é a verdade.

Ela resmungou e se virou, esfregando o rosto com as mãos.

– Você tem certeza disso? – Carter perguntou.
– Não totalmente, mas há uma chance enorme disto estar acontecendo.
– Por que não nos contou antes? – Amanda perguntou.
– Não era necessário, só iria deixa-los mais assustados.
– Era necessário sim, podíamos ter lutado mais – Annabel interrompeu.
– Isso é muito grave Henry – Amanda deu sua opinião também – Devia ter nos avisado.
– Eu sei, desculpem-me.
– Não há tempo para discutir agora – Carter disse – Então o que vamos fazer agora?
– Eu não tenho ideia – Henry respondeu – Se existe algo poderoso vindo, não vai demorar muito.
– Então o que sugere?
– Eu sugiro que procuremos um lugar muito seguro para se esconder.

Um barulho enorme ecoou pela cúpula e o chão começou a se partir no meio, causando um terremoto.

– Droga! – Henry exclamou, se apoiando em um dos pilares da parede.
– Vamos entrar por outro lugar! – Olivia sugeriu.
– Vamos pelos fundos! – Amanda disse.

Eles começaram a correr pelo jardim da casa até a lateral, quando Henry parou bruscamente.

– O que houve Henry? – Carter perguntou.
– Ali! – Ele apontou para a rachadura que havia dividido o chão em dois, de dentro dela saiam mãos, logo depois corpos, e depois pernas. Eram mais criaturas, mas essas eram diferentes das outras, elas não causavam horror, e sim medo, eram perturbadoras. Todas elas eram iguais e pareciam humanos, tinham dois braços e duas pernas e vestiam ternos e calças sociais sujos de lama e sangue. Seus rostos eram pálidos como farinha e não expressavam emoção alguma, todas as feições pareciam humanas, exceto os olhos negros e perturbadores, pareciam fantasmas. Os homens se levantaram e saíram do buraco, logo em seguida ficaram andando para direções aleatórias sem ao menos perceber que havia pessoas vivas bem ali perto, então Henry percebeu. Eles não podem enxergar perfeitamente.
– Oh deus – Annabel disse – Parecem humanos.
– Mas não são – Henry respondeu – Com absoluta certeza não são humanos... Parece que eles não conseguem enxergar bem.
– É verdade, não bem, mas estão conseguindo desviar dos buracos – Carter apontou para um deles, que havia evitado cair no buraco que se abriu no chão.
– Vamos procurar um lugar para ficar, eles não vão demorar muito para nos perceber aqui – Ele disse.

O pequeno grupo de sobreviventes começou a andar por trás dos arbustos das casas a procura de um lugar seguro. Enquanto passavam discretamente, o coração de Olivia batia mais rápido, ela ficava mais nervosa a casa criatura que via vagando sem rumo pelo meio da rua.

– Eles parecem inofensivos – Annabel disse.
– Com certeza não são – Henry respondeu – Só estão esperando a hora de atacar.

Eles continuaram andando escondidos até chegar à casa de Carter e Annabel.

– Vamos, por aqui – Carter disse baixinho, subindo as pequenas escadas em direção à porta, tateou o bolso da calça por um instante até pegar um molho de chaves. Sacudiu-as até achar uma pequena e amarela e enfiou na fechadura da porta. Ao abrir a porta branca de madeira, se deparou com várias plantas bloqueando a passagem – Droga! – Ele deixou escapar um grito, que atraiu a atenção de algumas criaturas que estavam ali perto, elas começaram a andar normalmente e devagar até eles.
– Ah não – Amanda disse – Eles estão vindo!

Carter e Henry se viraram e colocaram as armas em punho, quando uma das criaturas se aproximou, ele deu um tiro na testa dela e ela caiu no chão.

– O que? – Carter ficou surpreso – Eles nem reagiram!
– Mas por quê? – Henry perguntou confuso.
– Talvez eles sejam inofensivos – Annabel interferiu-se.

Um disparo foi ouvido, Olivia havia atirado na cabeça de outra criatura que se aproximava deles.

– Vamos ter tempo de conversar depois – Ela disse, ainda com a arma em punho – Vamos mata-los!

Eles foram para a guerra, a única solução era lutar. Eles são quase inofensivos, podemos vencer, Henry pensou. Amanda, Annabel e Lily atiravam de um lado, Henry, Carter e Olivia do outro, e assim, depois de alguns minutos, acabaram com todos os monstros a sua volta, uns cinquenta mais ou menos.

– Conseguimos? – Annabel perguntou, dando um sorriso.
– Não pode ser tão fácil, ainda não terminou – Henry suspeitou.
– Oh meu deus! – Amanda gritou e todos olharam na direção dela. Henry estava certo. As criaturas que haviam recebido tiros na cabeça agora se levantavam normalmente, não limparam seus ternos, apenas se levantaram e ficaram parados, todos eles imóveis com seus olhos negros abertos.
– O que está acontecendo? – Carter perguntou confuso.
– Eu não sei – Henry respondeu, analisando as criaturas pálidas paradas a sua frente.

De repente, três delas se mexeram, em seguida mais três, e depois mais três. Elas abriram a boca enorme e de dentro saiu uma massa de várias línguas. Línguas não, plantas. O que saia de dentro da boca deles eram ramos de plantas com espinhos. Os tentáculos de madeira dançavam sobre o chão, três deles encontraram os pés de Lily e se enrolaram neles, puxando logo em seguida. Ela caiu no chão soltando um grito agudo de medo.

– Lily!!! – Amanda gritou, atirando contra a cabeça da criatura. Ela não esboçou nenhuma reação aos disparos.
– Se elas não morrem com balas na cabeça, só pode ser... – Henry disse baixinho e depois começou a gritar para Amanda:
– Atire no coração! No coração Amanda!

Ela deu um tiro no peito do monstro e ele se contorceu de dor, mas ainda não havia morrido, ela deu outro e ele finalmente caiu no chão. A massa de plantas que saia da boca dele se recolheu e entrou de volta. O corpo pálido dele permaneceu no chão. Enquanto isso, os outros atiravam contra outros monstros que também haviam revelado tentáculos de plantas saindo pela boca.

– O que vamos fazer agora? – Carter perguntou, atirando contra as criaturas.

Henry olhou para os lados.

– Eu não sei! – Continuou atirando.
– Eu sei o que podemos fazer – Olivia disse.
– O que? – Carter perguntou.
– Nós saímos do supermercado por conta daquelas aranhas humanas certo?
– Sim – Henry respondeu.
– Mas quando essas plantas começaram a surgir, elas desapareceram.
– Você tem razão – Ele se animou – Podemos voltar para lá, não há mais criaturas.
– Exatamente.

Henry passou pelos dois e foi até o outro lado, onde Annabel, Amanda e Lily atiravam freneticamente nos corações das criaturas.

– Vamos para o supermercado! – Ele disse.
– O que? – Annabel protestou – Aquele lugar está infestado de monstros de sete pernas!
– Lembra-se de quando as plantas surgiram? As criaturas viraram cinzas. Não há mais nada lá.

Ela ficou em silêncio, pensando, então disse:

– Como vamos chegar lá?
– Vamos passar por eles e chegar ao outro lado, vamos mata-los – Ele respondeu.

Henry voltou a atirar contra as criaturas, estava ficando cada vez mais difícil mata-las, e Annabel foi avisar Amanda e Lily que iriam voltar para o mercado. Minutos depois, eles estavam cruzando a rua para voltar ao mercado, quando pararam bruscamente. O grande buraco que havia aberto no chão impedia a passagem, devia ter pelo menos três metros de largura.

– Droga! – Carter exclamou – Como vamos chegar lá?

Henry examinou o local. O buraco se estendia até as laterais da cúpula, dividindo a rua em dois lados, infelizmente, o destino deles estava no outro lado.

– Eu não sei – Ele lamentou.
– Temos que pular! – Olivia disse.
– São três metros, é muito difícil! – Carter interferiu.
– Eu vou pular – Henry começou – E quando vocês pularem, eu seguro suas mãos, eu consigo.
– Não – Olivia discordou – Você é louco?
– Você prefere ficar aqui e morrer?
– Não!
– Eu preciso fazer isso. Por nós.

Ela não disse nada, apenas abaixou a cabeça e deitou no ombro de Annabel. Henry respirou fundo, olhou a profundidade do buraco. Era extremamente fundo, não dava para ver o fim. Ele sentiu seu corpo inteiro tremer. É a hora, pensou. Ele deu alguns passos para trás e então correu, quando chegou à beira do buraco, Olivia fechou os olhos e afundou mais a cabeça no ombro da amiga. Henry empurrou seus pés para baixo e depois deu um salto. Ele passou voando sobre o buraco, mas seus pés não atingiram o outro lado do chão. Ele pensou que ia cair daquele precipício, quando suas mãos instantaneamente se apoiaram no asfalto do outro lado. Com dificuldade, ele se ergueu e chegou ao outro lado.

– Consegui! – Ele disse. Olivia deu um sorriso – Quem é o próximo?

***

Há apenas alguns metros dali, algo estranho acontecia. Uma rachadura apareceu no asfalto e de repente começou a crescer. O chão subiu alguns centímetros e continuou a quebrar, como se algo estivesse golpeando ele por dentro.

***

Quase todos já estavam do outro lado do buraco. Restavam apenas Lily e Carter para atravessar. Ela fez um sinal para que ele fosse.

– Primeiro as damas – Ele disse.

Ela resmungou algo e então começou a andar. Seu coração batia rápido, ela estava com muito medo.

– É melhor você ir primeiro – Disse.
– Por quê? – Ele questionou.
– Por nada, por nada – Ela disse, respirando fundo, então deu cinco passos para trás. – Não consigo! – Disse finalmente.
– Está com medo? – Carter perguntou.
– Sim, estou, e daí? – Ela não gostava de admitir.
– Vamos ao mesmo tempo ok? – Ele disse – Henry vai segurar sua mão quando chegar ao outro lado.
– Tá, tá bom – Ela fechou os olhos e suspirou.
– Um – Carter começou –, dois, três – Ele deu um pulo e assim como Henry, não conseguiu tocar os pés no chão, apenas as mãos, se ergueu finalmente e chegou ao outro lado.
– O que aconteceu? – Henry perguntou.
– Não posso, eu não consigo – Ela disse, olhando para o buraco.
– Lily, não tenha medo, venha! – Amanda disse.
– Tá bom, tá certo.

Ela deu novamente alguns passos para trás e respirou fundo, quando sentiu algo gelado deslizando por suas pernas. Ela soltou um grito, assustada e então percebeu. Plantas.

– Lily!!! – Amanda gritou, quando viu a criatura atrás dela. As plantas que saiam da boca dela já estavam enroladas em todo o corpo de Lily, até o pescoço.
– Oh meu deus! – Annabel disse e sacou a arma, neste momento, a criatura foi mais inteligente e se protegeu colocando o corpo da garota na sua frente.
– Não! – Carter gritou – Eu vou salvá-la! – E então deu cinco passos para trás, se preparando para pular.

Lily soltou um grito, sentindo os tentáculos de madeira apertar mais o seu corpo. Os espinhos entravam rasgando a sua pele. Ele começou a apertar mais e mais. Lily podia ouvir seus ossos quebrando enquanto gritava de dor. Uma costela dela se partiu, perfurando o pulmão, fazendo com que o sangue começasse a sair pela boca. Ela deu um último grito e então a criatura arremessou-a para o para brisas de um carro estacionado ali perto. O corpo dela afundou no vidro, então a criatura levantou denovo e ergueu o corpo dela na frente dos outros, cacos de vidro penetravam o seu rosto e ela ainda mantinha os olhos fracamente abertos.

– Desculpem – A voz dela soou extremamente fraca e ela fechou os olhos.
– Não!!! – Carter gritou, correndo para salvá-la, mas a criatura largou o corpo dela e o deixou cair na escuridão sem fim daquele buraco. Ele parou na beira do buraco, vendo que não havia mais chance e Henry o segurou para que não caísse. Já era. O corpo de sem vida de Lily havia mergulhado no precipício. Amanda se ajoelhou no chão, chorando em desespero e gritou:

– Não!!!

Annabel e Olivia a abraçavam, também aos prantos. Henry abaixou a cabeça. Eu não consigo salvá-la, eu não consegui salvar nenhum deles. Enquanto os outros choravam a perda de Lily, Henry andou para longe, cambaleando, se sentindo tonto. Algo está acontecendo.

De repente, um ele foi jogado para o lado enquanto tudo ao seu redor tremia. Um terremoto. O buraco que havia no meio da rua estava se fechando lentamente e as casas ao seu redor se destruíam lentamente. Está acontecendo, ele está vindo.


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