Silêncio Devastador escrita por Lady Spugna


Capítulo 3
II. O enigmático corvo negro


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Demorei muito para postar, eu sei. Isso pode ser explicado por conta de meus bloqueios criativos e capítulos prontos que me deixaram um pouco insatisfeita. Como não é bom depreciar seu trabalho, eu quis fazer uma coisa que me agradasse, e, portanto, acabei demorando um pouco.
Bom, espero que gostem do capítulo. Nele serão respondidas algumas dúvidas , hahaha. Tenho que dizer também que acabou ficando um pouco longo e cheio de explicações que podem acabar confundindo alguém, por isso peço-lhes que se tiverem qualquer dúvida me perguntem.
Boa leitura!



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O ocorrido anteriormente acabara deixando aquele porão completamente devastado. Precisava de todo aquele alvoroço? Qual foi o motivo daquele presente tão imprudente? Como Franz na realidade era um humano? Eram tantas as perguntas que deveriam sair de sua boca naquele momento, entretanto, elas não saíam. O garoto estava atónito, não sabia se somente esperava acordar daquele sonho ou crer no que presenciava. Ele também estava um pouco acanhado pelo fato de não ter agido corretamente naquele momento. Não imaginava que logo ele iria perecer por conta de um medo bobo.

O ar que provinha de uma janela quebrada batia levemente no rosto dos dois e brincava com as madeixas de seus cabelos. Franz, que continha um sorriso misterioso em sua face, jogara sua foice para o alto, fazendo com que ela desaparecesse no ar em meio a brilhos que ofuscavam os olhos de Lucius.

— Aliás, feliz aniversário, mestre. São 15 anos, não? — Franz pronunciou e se curvara novamente diante do garoto desentendido. — Creio que desconhece sobre nosso mundo. Pois bem, irei te contar.

Franz andava pelo porão examinando os pequenos fragmentos que caíram do telhado destruído por Helena. A cada passo que o corvo dava Lucius o fitava de braços cruzados com uma expressão nada agradável.

— Por que se manteve assim o tempo todo? Eu não sou seu mestre. Vocês mentiram para mim! — Lucius se exaltara involuntariamente, com um pouco de rancor em seus olhares. — Enviar-me um monstro? Vocês só podem estar de brincadeira! Não desejo me enturmar com o tipo estranho de vocês.

O corvo negro suspirara, todavia não perdera a calma. Teria de ser paciente ao lidar com uma criança teimosa. Franz abruptamente surge atrás de Lucius, tapando sua boca delicadamente, deixando com que o garoto se assustasse com tal ação.

— Não há de rejeitar. — O corvo descobriu suas mãos da boca do garoto - Você está morto. Se não aceitar seu destino sua alma irá junto com seu corpo, sofrerá com isso. E, mestre, você já poderá se despedir de sua vida se não respeitar as regras impostas para aqueles que têm como o desígnio ser um poltergeist.

Lucius olhara para os lados, tentando disfarçar seu acanhamento naquele instante. Ele não poderia ser insensato. Sim, ele estava se sentindo um pouco rebaixado por ter se passado 15 anos e ele não ter ouvido sequer uma palavra sobre esse assunto que envolve seres inimagináveis. Porém, ele sabia tendo conhecimento sobre esses fatos teria de aceitar seu verdadeiro rumo para a vida.

Franz, ao perceber que o garoto havia se arrependido por ter se exaltado, dera um sorriso saindo de trás do garoto para voltar a caminhar sobre o pequeno cômodo.

— Ótimo, creio que entendeu sobre o que quero lhe dizer. Farei um breve resumo sobre o que acontece em nosso mundo.

— Quero saber o motivo dessa batalha primeiro. Consertar esse lugar me causará grandes prejuízos.

Franz deu uma risada súbita, fazendo com que Lucius ficasse um pouco nervoso com ele. E estendera as mãos, citando algum tipo de magia em voz baixa. Conforme cantava a magia, todos os objetos encontrados no chão iam voltando para seus devidos lugares e os fragmentos do telhado e de janelas quebradas iam se consertando aos poucos. O garoto ficara de boquiaberta ao ver algo tão impensável diante de seus olhos. Aquilo era um sonho, ele não parava de afirmar isso em sua cabeça.

— Essa magia, nós, poltergeist, usamos para que humanos não vejam os estragos da batalha. Eles não sabem, pois, de nossa existência. — Disse Franz deixando tudo em ordem, e se desfazendo de sua magia. — O motivo da luta foi um mero teste de seu avô. Ele exagerou, sim, no entanto, esse exagero foi prova de que ele confia em você.

— Teste?!

— Exatamente. Um teste feito para ver se você está apto para encarar o novo mundo.

— Mas isso é um absurdo! E se eu morresse?!

— Nós sabíamos que você não morreria. Talvez você tivesse dificuldade, pensamos, portanto eu estava aqui o tempo todo para te ajudar se algo ruim acontecesse.

— Tudo bem, eu entendi. Mas como você, que na realidade era um corvo, é um humano?

Franz dera outros de seus risos.

— Eu não sou um humano. E nem um corvo.

— Então seria outra magia relacionada à poltergeist?

— Eu também não sou um poltergeist. Eu sou apenas um fluch geist, literalmente espírito amaldiçoado em alemão. Sou uma alma imortal na qual sofreu uma maldição, nessa maldição minha forma é um corvo. E, aliás, não consigo me manter na forma de humano por muito tempo, pois a maldição não permite isso e nem a quantidade de magia que sou capaz de usar.

— Bom, mas qual é a diferença entre poltergeist e fluch geist?

— Bela pergunta! Fluch geists são espíritos imortais que antes eram geists, que significa espírito ou fantasma, como no caso era Helena, um geist. Mas são chamados de fluch, que literalmente significa imortal, por conta de ter sofrido uma maldição no qual se fica eternamente preso a um corpo de animal privado de usar totalmente suas magias. Nós sofremos a maldição por termos nos arrependido de nossos pecados como geist e vivemos a servir os poltergeists para pagá-los. Se não respeitarmos eles, nós seremos torturados com uma dor de tamanho impensável. — O corvo se sentara na poltrona de Lucius, dando um longo suspiro afim de que prosseguisse com a explicação — Já os poltergeists são uma junção de poltern, que significa ruído; e de geist. Poltergeist são muitas vezes confundidos com fantasmas, no entanto eles não são a mesma coisa. Poltergeist são as salvações da humanidade, são os verdadeiros caçadores de fantasmas que tanto vemos em filmes e livros; e fantasmas, os geists, são seres malignos no qual se impregnam nas almas das pessoas silenciosamente. Poltergeists, porém, não são simples seres elegidos por alguém para ter esse destino de eliminar os geists, são seres que nasceram mortos.

Lucius estava escutando normalmente, bem atento para não perder cada detalhe, apesar de que quando o corvo pronunciara que poltergeists são aqueles que nasceram mortos ele acabou ficando um tanto surpreso e tendo sua expressão notada por Franz.

— Está surpreso? — Franz o interrogou com mais de uma de suas risadinhas misteriosas — Todos os seres com linhagem poltergeist nasceram para não existir. São raças odiadas por todos os espíritos e criaturas que humanos diriam serem “mitológicos”. Se eu não estivesse preso à minha maldição eu iria destruí-los um por um, humanos e poltergeists.

Os olhos do garoto moreno se arregalaram. Que tipo de mundo era aquele? Franz não era um simples corvo engaiolado. Ele era seu servo esse tempo todo, um servo com desejos que nunca serão cumpridos de assassinar o próprio mestre. Mas de qualquer jeito, Lucius com toda aquela explicação havia ficado ainda mais confuso com tudo aquilo. Sua cabeça doía, e ele se lembrava de seu estranho sonho. Aquilo teria relação a algo?

— Sinto muito, mestre. — O corvo dera um riso sarcástico, levantando-se da poltrona e voltando novamente a caminhar pelo porão. — A verdade sempre será dita, e essa é a minha. Voltando ao assunto, poltergeists são aqueles que nasceram já com seu destino. Vocês não têm vida, apenas tem de dar continuidade a uma guerra sem sentido contra seus fatais inimigos.

— Franz, — Lucius o interrompeu. — Por que eu não tive conhecimentos desses fatos assim que nasci? Por que deixou tudo para agora?

— Pois você é uma farsa que deve ser eliminada. — Franz respondeu e o fitou friamente, o moreno havia se surpreendido com tais palavras. — Um mestiço. Um mestiço feito por um destemido poltergeist corrompido.

— Você... — Lucius hesitava ao continuar a dizer — Você fala de meu pai dizendo poltergeist corrompido?

— Exato! Ele foi o terceiro poltergeist que depois de tantos anos teve a coragem de trair as tradições e destinos impostos por sua raça. Teve relações com uma humana! Gerou um pedaço de destruição que será temido por todos e para alguns será uma arma para o genocídio de pobres geists. E você é essa arma, Lucius.

Lucius ficara chocado novamente. Ele era um poltergeist, sabia disto. E sabia também que sua existência não era coisa boa, apesar das dúvidas ainda o atormentar.

— Por que eu sou uma arma? O que você diz está distorcido. Não há sentido algum.

— O mundo real e o “fantasioso” não devem se misturar, pois haverá uma distorção entre as duas dimensões e ocasionará problemas como guerras e a aniquilação da humanidade. Os geists nasceram com o desígnio de destruir a humanidade e roubar seus territórios para si. E os poltergeists são o oposto, eles querem manter a ordem entre as dimensões, pois acreditam que uma intervenção com o mundo real pode destruir ambos os lados por um mal maior e desconhecido. Os geists são a força e os poltergeists são a inteligência. Os geists são o silêncio e os poltergeists são ruídos estridentes.

— Prossiga.

— Há muito tempo atrás, talvez 4000 anos, existiu um poderoso poltergeist filho de uma família da realeza, seu nome era Scorpyus, e ele fora o primeiro poltergeist a se rebelar. Ele era admirado por todos por sua grande inteligência e facilidade de lidar com magias muito complexas, era o verdadeiro orgulho de sua família, porém, Scorpyus se apaixonou intensamente por uma humana no qual visitava às escondidas e não havia sequer um conhecimento sobre o mundo fantasioso. Ao sua família descobrir de seus casos com a humana o puniu friamente, o prendendo em uma masmorra no qual era impossível de se utilizar magia. Lá ele ficara preso por anos e sendo torturado por vários dos capengas do Rei, seu pai.

“Ele não sabia, mas a humana no qual tivera relações estava a ponto de ter um parto. Um parto de um filho mestiço, meio poltergeist e meio humano. Logo nesse dia ele morreu de após tanto ser torturado e sua amante estava dando a luz ao pequeno bebê. Seu nome? Scorpyus, como o do pai. No entanto, a família real descobrira sua amante e a matou, deixando o filho solto no mundo.

Scorpyus II era inteligente, assim como o pai, e fora adotado por uma família pobre da região de onde vivia. Desde pequeno descobrira que havia poderes mágicos e vivia a contar sobre eles para seus pais adotivos que sempre ficavam chocados com isso. Com o tempo passando seus poderes iam aflorando, assim como seus conhecimentos. Sua vida inteira era resumida em paz, até que um dia um geist aparecera em sua janela e contou a verdade sobre tudo, o iludindo sobre sua vida, contando sobre a podridão dos poltergeists e de como eles eram maus. O geist havia o iludido, fazendo com que ele carregasse um ódio por todos aqueles poltergeists idiotas. Embora Scorpyus II estivesse com tanto rancor guardado dentro de si, não pôde fazer nada contra isso. Mas isso tudo até o dia seguinte.

Assim que amanheceu o clã de poltergeists ficaram sabendo da existência do filho de Scorpyus e para a segurança resolveram atacar a vila e o aniquilar. No entanto, isso acabou só ocasionando uma destruição na vila e moradores mortos. Scorpyus II foi protegido pela família, que acabou sendo morta logo depois. Foi nesse momento que seu rancor voltou a crescer e ele acabou despertando poderes inacreditáveis,

O pequeno poltergeist se corrompeu. Traiu seu clã assim como seu pai fizera, mas agora, ele usou sua magia para matar todos e com a ajuda de vários geists. Alguns diziam que ele criou geists para serem seus aliados, não sabem como. E aniquilou todos aqueles que se opuseram a ele. Assim como a família real e todos seus súditos.

Scorpyus II viveu por muito tempo, dizem que viveu por mais de 1000 anos e produzindo geists para destruir todos os ideais falsos dos poltergeists. Até que foi morto por um gênio, o poderoso Scaife. Entretanto, dizem que sua alma continua vagando por aí e produzindo vários outros geists. Bem, não posso dizer concretamente de onde surgiu o primeiro geist, no entanto devo afirmar de que eles reinavam por aqui bem antes de humanos, poltergeists ou qualquer tipo de criatura mágica.

Scaife não era bom como você deve estar imaginando. Nunca fora. Derrotara Scorpyus II por uma infeliz ambição. E sempre odiou os humanos com sua alma. Mas como não há mais tempo, deverei ter de finalizar a conversa.”.

O corvo lançou um longo suspiro, aguardando uma resposta de Lucius. O garoto, por sua vez, estava surpreendido com a misteriosa e triste história que acabara de ouvir. Era como os livros de fantasia e suspense que lia, entretanto, ele nunca imaginaria que coisas como essa se passavam bem debaixo de seu nariz e ele nunca percebera. Lucius se sentiu um pouco débil naquela hora.

Lucius ao tirar uma conclusão, interrogou:

— Então eu seria como Scorpyus II?

— Exatamente. E, portanto, os poltergeists sentem medo de você ser uma reencarnação. Sendo mestiço você tem seus poderes distorcidos, e se não usá-los corretamente acabará tendo que ser apagado desse mundo para não ocasionar problemas. Entende? Os poltergeists dessa vez querem te usar para virar uma arma, mesmo sendo arriscado. E eles esconderam tudo isso de você para não haver problemas psicológicos que dariam início a um distúrbio de seus poderes. Agora você é uma arma morta e sem caminho.

Lucius não gostava nada de saber que seria usado como arma para matar os geists. Não gostava nada de ter que ser visto como um pedaço de lixo que surgiu de um romance escondido. Sabia que seu pai nunca amou sua mãe. Sabia também que havia sido descartado como lixo e nunca havia sido amado de verdade. Ele estava muito frustrado, mas no fundo acreditava que viver do jeito sedentário era pior do que uma vida cheia de ação e emoção.

— Compreendo. — Respondeu friamente. — Mas quero saber a localização de meu pai antes de me envolver com esse mundo. Quero saber se está vivo!

Franz deu uma risada e caminhou lentamente até Lucius. Perante a ele, levou o seu rosto no canto da face do moreno e sussurrara juntamente ao seu sorriso misterioso:

— Durma.

Após dizer o garoto caíra no chão e ficara imóvel, sua visão já não estava nítida e fechavam-se os olhos vendo apenas um vulto passando pelo porão. Tentava encontrar uma maneira de esticar seus braços e voltar à realidade, mas, infelizmente, não surtira efeito algum. Ele estava inerte e suas ações não o respondiam de jeito nenhum.

Com os olhos fechados Lucius entrara no mundo dos sonhos. Estava caindo em um sono profundo junto a seus devaneios distorcidos em um vasto mundo desconexo.


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Notas finais do capítulo

Eu gostei muito de escrever esse, apesar de que não teve ação.
Agora no próximo é que a coisa de verdade vai acontecer.
Até logo! Tentarei não demorar muito!!



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