Heavens Warriors escrita por Shyohako


Capítulo 5
Ice




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O novo espírito estava ressoando com o que habitava o corpo de Clay. Isso produzia um barulho ensurdecedor. Clay mal podia escutar Ryan falando com ele. Tentou tapar os ouvidos, mas foi inútil. O som estava vindo de dentro dele.

– Clay, você tem que se concentrar! Tente encontrar a origem desse barulho! – ele começou a gritar para que o garoto pudesse escutar.

– Não dá! É muito alto!

– Se esforce! Não podemos deixar que os demônios o achem antes de nós!

Imagens se formaram no subconsciente de Clay quando ele se esforçou para procurar a localização do espírito que estava se revelando. Primeiro, foi uma casa de paredes brancas com dois andares. Uma pequena esfera azul que brilhava em meio ao que parecia ser ferramentas de jardinagem. Um garoto loiro. E então o som parou de repente. Clay respirou fundo, aliviado, mas as imagens se foram junto com o barulho­

– O barulho parou. – estava um pouco confuso com tudo o que aconteceu.

– Isso é ruim! Rápido, o que você viu? – Ryan estava muito agitado, nem parecia ser o homem calmo de sempre.

– Ei! Por que você ficou tão nervoso?

– Se o som parou, quer dizer que o espírito achou um corpo. Agora temos que achar esse corpo o mais rápido possível e destruí-lo, é o único jeito que reaver o espírito. Vamos, me diga logo o que você viu!

Clay disse ao seu mestre tudo. Assim que terminou, Ryan o puxou pelo braço e começou a arrastá-lo para fora do banheiro. O aluno, porém, parou na porta e puxou sua mão, desvencilhando-se do outro.

– Você tem noção de quantas casas de paredes brancas existem nessa cidade?! – estava irritado. – Vai demorar eras para procurar em todas!

– Não temos escolha, vamos! – começou a puxá-lo de novo.

– ‘Tá, ‘tá, pelo menos deixe eu me vestir! – disse segurando a toalha que caía de sua cintura por causa da agitação.

Ryan esperava do lado de fora da casa enquanto seu pupilo se arrumava.

– Então, como vamos fazer essa busca? – Clay apareceu na porta terminando de vestir a blusa.

– Vamos começar pela sua rua e, depois, nos separar para cobrir uma área maior.

– Isso pode levar a noite toda! E se essa casa não for aqui em Havana?

– Ela é aqui sim, caso contrário você não teria escutado o som tão intensamente. – esperou Clay descer as escadas e começou a andar. – Que cor você disse que era a esfera mesmo?

– Azul. – acompanhou o outro

– Hum... Então este é o espírito do gelo. Bom, pelo menos você tem uma vantagem contra ele. – Clay sentiu uma ponta de desconfiança na voz de seu professor.

– De qualquer forma, como vou saber qual a casa certa?

– Bom você ter perguntado. – colocou a mão no bolso da calça procurando por algo para entregar a seu aluno. – Tome, isso vai te avisar quando estiver perto do espírito.

Ryan entregou ao outro um anel em forma de dragão. Nele, estavam cravadas sete esferas transparentes. Assim que Clay o tocou a primeira esfera ficou vermelha. Ele se assustou de início, mas logo entendeu o porquê da mudança de cor.

– Então isso vai ficar azul quando o outro espírito estiver por perto?

– Isso mesmo. Agora vamos nos separar e vasculhar as redondezas. Amanhã, faremos uma busca no resto da cidade. – pôde ver o desânimo no rosto do garoto. – Vamos procurar até meia-noite e depois nos encontraremos aqui neste ponto.

A idéia ainda não soava bem para Clay, mas pelo menos agora ele tinha uma hora para terminar. Os dois se separaram. Ryan ficou responsável por procurar em todas as ruas abaixo da de Clay, e este pelas que ficavam acima. Deixaram para procurar no resto da vizinhança no outro dia.

O garoto se concentrou e então seus olhos ficaram cor de rubi. Ele usava a visão aguçada para identificar casas brancas nas ruas. Em caso negativo, simplesmente seguia adiante. Ele conseguiu vasculhar quinze ruas até o horário combinado, mas não teve sucesso em encontrar o recipiente do espírito do gelo.

Esperou seu mestre no local combinado por alguns minutos. Ryan chegou com uma expressão contrariada que respondia a pergunta que Clay estava prestes a fazer.

– Achou algo? – perguntou ao aluno.

– A não que você esteja atrás de gatos, lixo e pessoas se pegando nas moitas, não achei nada.

– Isso não é hora para brincadeiras! Temos que achar logo esse espírito!

– Nunca pensei que diria isso, mas amanhã tenho aula e preciso dormir cedo. Então, se não se importa, eu vou voltar para a minha casa. – virou-se e começou a andar. – Amanhã depois da aula eu falo com você.

Ryan pensou em impedi-lo, mas deixou-o ir. Continuou procurando durante algumas horas, mas mesmo assim não achou nada.

 

Tudo parecia estar normal no colégio, exceto pela ausência de Seth, ele sempre tivera uma freqüência impecável.

Clay estava andando em direção à sala de aula enquanto ligava para o amigo para perguntar se ele queria que lhe guardassem um lugar, quando de repente alguém o puxou para dentro do banheiro masculino.

– Ei, o que é isso?! – estava pronto para socar quem o puxara.

Quando virou para ver quem era, viu Seth todo agasalhado, apesar de ser um dia quente. Ele parecia estar no pólo norte, tremia de frio.

– Seth! O que aconteceu cara?!

– Eu... Não sei – estava com tanto frio que mal podia falar direito.

Clay colocou a mão no ombro do amigo para levá-lo para a enfermaria. No entanto, quando o fez, a quinta esfera de seu anel ficou azul e ele sentiu como se sua mão fosse congelar.

– Não pode ser! – concentrou-se para que aquecer a própria mão. – Tenho que te levar para o Ryan! Talvez ele possa ajudar!

Passou o braço de Seth por cima do ombro e começou a levá-lo para fora do colégio. Clay tinha que se concentrar para aquecer seu corpo, pois só de estar em contato com o amigo começava a congelar.

Clay despistou o segurança do portão ateando fogo em uma árvore próxima. Eles saíram da escola sem mais problemas. O moreno estava ficando exausto tentando manter sua própria temperatura.

– Clay, me solta! – tentou se desvencilhar. – Você vai acabar se machucando!

– Eu estou bem, Seth!

– Eu congelei meu cachorro só de encostar nele! Duvido que esses agasalhos estejam impedindo que o frio te atinja!

Seth empurrou o amigo para longe e se agachou. Também estava cansado. Estava com frio e não sabia explicar o que estava acontecendo consigo. Tomou um susto ao ver que os olhos do amigo estavam vermelhos.

– Clay? O que aconteceu com você?! Seus olhos...

– É, eu sei, e acho que você está passando por algo parecido. – interrompeu o outro, que estava com os olhos azuis como safiras. – Vem, eu conheço alguém que pode te ajudar.

Clay acreditava que Ryan poderia ajudar, mas logo se lembrou do que seu mestre havia lhe dito na noite passada. Ele provavelmente iria querer matar Seth e reaver o espírito.

O garoto não sabia o que fazer. Antes que ele pudesse achar uma solução, porém, uma pessoa trajando uma capa azul igual à de Ryan apareceu.

– Quem é você? – Griffin estava pronto para atacar.

Não houve resposta. Em vez disso, a pessoa deu uma rasteira em Clay e depois tocou os pés do garoto, congelando-os junto ao chão. Griffin fez sua mão pegar fogo e socou o gelo. Levantou-se rapidamente preparando um soco. Seu adversário agarrou o braço dele e ia dar um soco nas costelas do garoto quando Ryan apareceu e rapidamente impediu o golpe com sua própria mão. Esta começou a congelar, mas ele canalizou sua energia para o local, fazendo o gelo derreter.

– Pare, Lobo! Este é o garoto que achou a estátua e o estou treinando para que ele possa reaver os outros espíritos!

– Para mim, ele é só uma criança que foi idiota o bastante para liberar os espíritos e acabou sendo possuído no processo. Seria muito mais simples se nos livrássemos desses dois e procurássemos os outros espíritos sozinhos.

Ignorando o Dragão, atacou Clay mais uma vez. Ergueu o braço direito e então avançou rapidamente tentando perfurar o peito do garoto.

– Afaste-se do meu amigo!

Seth retirou as luvas e pulou em cima do atacante, segurando-o pelos ombros. Assim que o contato foi estabelecido, o de capa congelou rapidamente ficou apenas com a cabeça de fora. O capuz finalmente caiu, mostrando o rosto incrivelmente bonito de uma mulher com longos cabelos negros. Ela tinha olhos verdes que fitavam Seth com extremo ódio.

– Hahaha, acha que pode me prender na minha especialidade? – debochou.

– Se eu fosse você, ficaria bem quietinha aí. – Clay apontou a mão em chamas para a cabeça da guerreira do gelo. – Agora me responda, quem é você?!

– Maya Galeotti, guardiã do gelo.

– Galeotti? – Seth estava surpreso.

– É, parece que esse negócio de poderes é de família – o amigo logo explicou.

– Não pensei que iria achar membros da minha família aqui na América do Norte. – Maya parecia menos irritada depois de saber que o espírito ancestral havia entrado em um integrante de sua família.

– Será que você pode me ajudar? – Seth parecia estar melhor depois que liberou energia suficiente para congelar Maya. – Não dá para segurar este frio por mais tempo!

– E por que eu deveria? – respondeu arrogante.

– Talvez porque, se não fizer isso, eu vou torrar a sua cabeça!  – Clay aumentou a intensidade das chamas.

– Mas será possível! Vocês parecem animais! – Ryan afastou Clay. – Vamos fazer um acordo, Lobo. Você ajuda esse garoto a controlar o chakra dele e o treina por uma semana. Se achar que não vale à pena, pode destruí-lo e continuar com sua missão. Caso contrário, você fica e nós formamos uma equipe.

– Ryan! – Clay não gostou do acordo.

– Fique fora disso, Clay. E, então, o que me diz, Lobo?

– Que seja... – aceitou ainda que a contragosto. – agora me tirem daqui ou não poderei fazer nada.

– Você não era a especialista em...

– Já chega, Clay – Ryan socou o gelo, quebrando-o em milhares de pedaços.

Ela se levantou encarando Clay com desgosto. Virou-se para o outro garoto e segurou suas mãos.

– Você está com muita energia concentrada. Talvez por estar tentando não congelar tudo o que toca. Antes que eu possa te ensinar a controlar o seu poder, você tem que liberar tudo isso.

– Mas eu não sei como...

– Pode ir parando por aí, é por isso que não consegue controlar seu poder. O chakra do gelo é bloqueado pela mentira, então pare de mentir para si dizendo que não sabe como controlar, porque eu tenho certeza de que, na primeira vez em que usou o poder, você já entendeu como ele funcionava. – ela o encarava profundamente. Era como se lesse a mente dele. – Agora pare de enrolar e libere essa energia.

Ele hesitou por um instante, mas acabou acatando a ordem e liberou todo o frio que sentia. Concentrou-se para liberar apenas pelas mãos, mas, mesmo assim, o ar em volta ficou frio de repente e o chão congelou por causa da energia vinda pelos pés. As mãos dela congelaram rapidamente, mas então ela fechou os olhos e respirou fundo. O gelo começou a se desfazer em pedaços toda vez que ultrapassava os punhos dela.

Os lábios, que estavam roxos por causa do frio, voltaram a sua tonalidade normal. A pele também voltou a ficar corada. Seth parecia estar completamente recuperado.

– Feito, ele está de volta ao normal. – virou-se para o garoto à sua frente. – Amanhã, me encontre no rio, vou te ensinar a controlar o seu poder. Só tente não transformar a sua casa em um iglu.

 Ela se retirou sem falar mais nada com ninguém. Ryan se despediu rapidamente e foi atrás dela, provavelmente para tratar de assuntos particulares. Os dois amigos começaram a voltar para o colégio, ainda tinha tempo de chegarem no intervalo.

– Ei, Clay. Que história de espíritos e guerreiros é essa? – Seth perguntou no caminho de volta.

– Pra falar a verdade, eu não entendi direito ainda, mas parece que estamos envolvidos em uma espécie de guerra para impedir que demônios tomem conta do mundo.

– Hahaha, fala sério, Clay! Você acredita nisso?

– Seth, eu solto fogo pelas mãos e você pode congelar as coisas só de encostar nelas. Acha mesmo que o resto não é possível?

– Sei lá, isso parece muito... – um centauro com cara de leão surgiu do chão, rugindo enfurecido na frente deles. Seu corpo era feito de pedra e, por algumas rachaduras, podia-se ver lava fluindo dentro do corpo da criatura. Ela portava uma espada flamejante. – surreal para mim.

– O que você estava falando mesmo?

A alguns metros dali, Ryan e Maya sentiram a energia da criatura surgindo.

– Vamos voltar! Temos que ajudá-los! – o homem virou-se para ir ao socorro dos garotos.

– Não temos que fazer nada! – ela segurou o outro pelo braço. – Se eles não são capazes de derrotar aquilo, então não vale a pena treinar esses moleques.

– Mas aquele é um demônio de classe B!

– E eles estão em dupla. Se eles morrerem, só irá provar que eu estava certa. E, se conseguirem acabar com aquilo, provarão que você estava certo. Encare isso como um teste para eles.

Ryan relutou, mas acabou aceitando a proposta da mulher.

 


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Notas finais do capítulo

O anel que o Clay ganhou foi esse aqui ó:
http://cn1.kaboodle.com/hi/img/2/0/0/22/b/AAAAAtH3Lz8AAAAAACK2fg.jpg
 
Aqui acaba o capítulo 5 e com ele meu surto de criatividade u.u
 
Vou tentar escrever mais, mas tá difícil =X
 
 
 
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