Reckless escrita por Moony, Bela Barbosa


Capítulo 4
Capítulo 3 - Motel


Notas iniciais do capítulo

Gente? De presentinho de ano novo, capítulo novo pra vocês. Não tenho nenhuma palavra pra pedir desculpas pelo que fiz com Reckless, né, mas pela minha honra de autora, garanto que jamais pensei em abandonar a fic e espero postar regularmente! Vou dar uma editada na fanfic a partir de amanhã, quando postarei o capítulo novo, e espero que acompanhem! Tomara que curtam o capítulooooo



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Os homens de preto riam de mim com despeito, como se eu fosse uma piada infame só por estar encarando-os.

– Eu disse pra deixarem ele em paz! - Grunhi e cerrei os punhos.

Se eu iria realmente socar algum deles? HAHAHAAHAHAHA não.

De repente, um dos homens franziu a testa e veio caminhando lentamente na minha direção. Ele era alto, esguio, de cabelos negros e irritantemente arrumados. Usava óculos escuros e parecia de etnia do norte europeu.

Enquanto ele se aproximava, outro homem, dessa vez um loiro de barba e com alargadores, começou a falar alguma coisa num idioma totalmente desconhecido para mim. Parecia algo como alemão ou russo, um daqueles idiomas bem difíceis e que sempre soa como briga.

O de cabelos negros respondeu monossilabicamente e prosseguiu até mim.

– Você... Você acha mesmo que vamos parar por sua causa? - Perguntou debochado, coçando o queixo.

– Eu não sei, mas se não pararem, chamo a polícia. - Respondi firme, sem titubear.

– Chame e você acabará exatamente como ele - Lançou um olhar de desprezo na direção do pobre Daniel, todo ensanguentado no chão. Preferi não olhar, nunca tive estômago pra isso - Você tem sorte de já termos terminado o que viemos fazer. Se ele sobreviver, diga a ele que não paramos por aqui.

Mesmo falando meu idioma, seu sotaque ainda era extremamente evidente. Com certeza ele era russo. Mas no instante em que ouvi as palavras "se ele sobreviver", senti um arrepio percorrer minha espinha e meus pêlos todos se remexerem. Como assim se? Eu não estava pronta para presenciar a morte de alguém. Acho que ninguém nunca está.

Os homens se reuniram ao redor de Daniel e se afastaram dali em conjunto, andando na direção de uma Lamborghini preta na esquina. Eu estava me segurando para não me debruçar sobre o corpo de Daniel e ver se seu pulso ainda vibrava ou se havia qualquer sinal de vida nele, mas já era muito sortuda por não ter levado uma boa surra, então me mantive quieta e com cara de má até que eles entrassem no carro e sumissem no horizonte.

No mesmo instante, soltei um suspiro de alívio como acho que jamais senti antes. Estava tão feliz por não ter sido morta e ao mesmo tempo atônita com o ocorrido que senti uma lágrima fina de pavor escorrer do canto do meu olho. Só não sei se o pavor emanava de mim ou da situação lastimável de Daniel.

Corri até ele me jogando no asfalto ao seu lado, com absolutamente todos os meus membros tremendo.

– Daniel? Daniel, você tá aí? Tá vivo? Por favor, me dá um sinal! Por favor, não morre! Daniel, fala comigo! - Eu cambaleava entre as palavras e sacudia seus ombros na espera de alguma resposta.

Ele havia levado uma facada na barriga, por isso havia muito sangue em sua camisa azul. Sua barba mal feita estava toda suja de sangue e seu nariz também, assim como os olhos, nos quais já se podia notar um inchaço e uma cor arroxeada.

– Daniel, por favor, me dá algum sinal... - Eu, ofegante, murmurei novamente.

Não conseguia acreditar no que via ali. Nunca tive contato com alguém naquela situação, o que me desesperava. Nem sabia se ele estava vivo.

Segurei o cabelo todo para um lado e pus meu rosto e ouvido sobre seu coração. Sabia que ia me sujar com o sangue da camisa, mas não me importava com isso agora.

Estava tão nervosa que não sabia se aquilo era o coração dele batendo ou eu que estava trêmula. Esgotada, afundei meu rosto no meio das minhas mãos e comecei a chorar que nem criança. Se ele não estava morto, estava prestes a acontecer.

– O que... - Ouvi uma voz lenta e embargada se pronunciar - O que você tá fazendo aqui, garota? - Concluiu com muita dificuldade e tentando abrir os olhos para me enxergar.

Levantei o rosto e quase senti meu queixo bater no chão. LIZZIE, ALGUÉM NÃO MORREU POR SUA CAUSA! Ele está vivo! V-I-V-O! E era exatamente por isso que eu não conseguia verbalizar palavra alguma.

– Daniel! Não acredito que está vivo, eu... Ai meu Deus, eu... - Olhava para todos os cantos da rua, não deixei de abrir um sorriso com aquela cena e não tinha exatamente como definir o que estava sentindo - Eu preciso te levar pro hospital, você tá muito ma...

– Não - Sua voz embargada pelos machucados me interrompeu - Qualquer lugar, menos o hospital. O hospital não!

Logo associei: Ele não era só um cara, era também um traficante. Se desse entrada no hospital e mostrasse seus documentos, sairia de lá recuperado e escoltado pela polícia.

– E o que quer que eu faça? - Perguntei confusa.

– Só... Dói muito... - Sua voz se misturava com alguns gemidos e eu pude sentir pena dele pela dor - Só faz isso parar...

Médica? Tá, engenheira, psicóloga, jornalista, especialista em carros, espantadora de gangues russas, essas coisas tudo bem, mas médica? Eu não fazia a menor ideia de como ajudá-lo.

Foi quando vi seus olhos começarem a se fechar lentamente e um súbito terror percorreu meu corpo como uma corrente elétrica que se move por dentro de você.

– Por favor... - Ele pediu ao exaurir suas últimas forças e fechar os olhos por completo.

Merda. Eu tenho que dar um jeito. Eu vou dar um jeito.

– NÃO DORME! - Dei-lhe um susto, o qual fez com que Daniel abrisse seus olhos em espanto. Pelo que eu vi em filmes, se a pessoa dorme, ela provavelmente não acorda mais - Pelo amor de Deus, não dorme. Pensa em alguma coisa, pensa na pobre da Grécia que tá toda falida, ou na Alemanha que meteu 6 gols de vantagem no time da casa durante a Copa do Mundo... Você já ouviu falar das conspirações soviéticas? Olha, só não dorme, tá?

Eu tentava desesperadamente manter seus olhos abertos e, por pior que eu fosse nessa arte, estava dando certo.

– Você quer conversar? Eu posso conversar com você, é só escolher um assunto... - Ele definitivamente não estava com cara de quem queria conversar sobre a situação monetária da Grécia ou do Peru - Quer cantar? Prefere cantar, né? Now, now, now, I'm gonna teach you, teach you... Vai lá, é Jackson 5, você tem que conhecer... ABC, easy as one, two, three, or easy as Do, Re, Mi, ABC, one, two, three, baby, you and me.

Ele ainda não tinha fechado os olhos, e graças a Deus por isso, mas eu não sabia definitivamente o que fazer. Não sei se já mencionei, mas como cantora, eu sou uma ótima jornalista.

– Ok, eu não sei como eu vou fazer isso, mas... Eu vou te carregar pra longe daqui, tá? - Falei - Mas você vai me ajudar, e não vai dormir.

Limpei o rosto dele com um lenço que tinha dentro da bolsa e depois o joguei fora. Fechei a jaqueta dele para inibir a aparição de sangue, até finalmente fazê-lo parecer uma pessoa normal que tinha tomado só um ou dois socos no rosto.

Me pus em pé e logo depois tentei acertar a postura para ficar numa posição confortável para carregá-lo. Tinha que dar um jeito de fazer o braço dele ficar por trás de mim para parecermos duas pessoas normais que iam para algum lugar. Mas aonde?

Foi quando, por uma iluminação divina - bem, na verdade era só neon, mas como eu sou dramática, era neon de Deus -, enxerguei um letreiro enorme que brilhava a seguinte palavra: "MOTEL". Era o único lugar, na quadra seguinte. O único problema eram as cinco estrelas debaixo desse nome. Como eu ia pagar? Eu ainda não sei, mas espero poder pelo menos entrar lá com meus 120 euros.

– Você deu sorte de eu ter trazido dinheiro... - Reclamei enquanto tentava apoiar o corpo dele sobre minhas costas - Porque se não der, te faço passar de traficante a ladrão rapidinho!

Como alguém com a forma física perfeita consegue ser tão pesado assim? É sério, só o braço dele ao redor de mim me fez sentir como se uma carga de 80kg estivesse nas minhas costas.

– Argh, o que você comeu no almoço, um elefante? - Grunhi.

Continuei caminhando com muita, muita, muuuuita dificuldade até chegarmos no motel. Logo ao passar por aquelas portas enormes, me senti uma prostituta. A recepção era espaçosa e decorada de forma simples, com apenas o balcão, uma tv e um sofá em formato de boca.

– Oi, boa tarde - Chamei a atenção da atendente, logo depois de arrumar o cabelo para parecer alguém normal - Tem alguma suíte bem simples disponível? De preferência no térreo, ok? São só... só algumas horas.

A moça passou um tempo encarando Daniel e franziu a testa. Ela olhava para a minha cara e a dele e parecia achar alguma coisa ali inacreditável. Fiquei tão sem graça de estar ali que resolvi inventar alguma coisa.

– Ah, está achando estranho os olhos inchados dele? Bem, é que... nós somos... sadomasoquistas, sabe? Que nem 50 tons de cinza? - Dei meu melhor sorriso amarelo, me perguntando se podia ser um pouco menos idiota só de vez em quando, pra variar.

A mulher pareceu meio enojada e me entregou as chaves com o número 15. Fui caminhando até o quarto - que felizmente era no térreo - e quando chegamos, praticamente joguei o pobre Daniel sobre a cama.

– AI MEU DEUS, VOCÊ TÁ MACHUCADO, DESCULPA! - Corri até a cama para ajustá-lo de barriga pra cima, pra que eu pudesse invocar um curandeiro e fazer aquilo tudo sarar.

Ele soltou um urro de dor, mas em seguida, pareceu rir. Olhei para aquele rosto todo machucado tentando sorrir e soltei uma gargalhada. Ele era um homem muito bonito, mas aquela imagem era bizarra e não podia ser bonita nem em um milhão de anos.

– Você foi salvo pela pior pessoa do mundo. Em vez de te ajudar, tô rindo da sua cara. Desculpa, de verdade - Falei, depois que os risos acabaram.

Ele estava de olhos fechados, mas sabia que estava consciente e me ouvindo.

– Você... - Daniel balbuciou. Meus olhinhos cresceram de alegria por imaginar que ele finalmente estivesse um pouco melhor e fosse me dizer algo importante - ...é sem dúvida alguma a pior cantora que eu já vi.

~o~

– Alô, é do serviço de quarto? - Liguei.

Sim, e esse é o quarto 15, correto?

– Exato. Eu gostaria de pedir gaze, esparadrapo, água morna e toalhas, por favor. Urgente.

Estamos enviando. Mais alguma coisa, senhorita?

– Não, eu acho que não... Quer dizer, me trás uma barra de chocolate. Bem grande, a maior que tiver, de preferência com avelã.

Ok, estaremos aí em minutos com o que a senhorita pediu.

Desliguei.

Como eu vou pagar por tudo isso? Não faço a menor ideia, mas estava precisando de um chocolate para desestressar.

Caminhei até Daniel e observei seu rosto. Era extremamente harmônico. Nariz, boca, olhos, barba... tudo conversava entre si e era alinhado de maneira quase perfeita. Mas eu não estava ali para analisar, então abri sua jaqueta e levantei sua camisa para saber com o que eu estava lidando.

Primeiramente um machucado que não era tão feio quanto eu pensava. O corte não havia sido muito fundo e nem muito largo, apenas superficial. Mas ele havia perdido bastante sangue por aquela abertura, seu abdômen estava todo sujo.

Ouvi alguém bater à porta e ao abrir, um velhinho me sorriu com uma bandeja prateada que continha tudo o que eu pedi. Agradeci e levei tudo até a cama.

Fui cuidadosamente molhando as toalhas e colocando sobre a testa dele, seu peito, seu pescoço e boca. Tia May sempre disse que isso fazia as pessoas acalmarem os músculos e nervos. Com o gaze e o esparadrapo fiz um curativo em seu corte, depois de limpar direitinho. No fim das contas, eu até não era tão ruim como enfermeira.

Ele parecia dormir, não havia grunhido nem por um segundo enquanto cuidei dele. E felizmente eu podia ver seu corpo se movimentar devido à respiração.

Cansada, me lancei ao lado dele naquela cama enorme. Nem tinha reparado no quarto. Era bonito, bem arrumado. Todos os lençóis, poltronas e cortinas eram brancos e tudo parecia ser do bom e do melhor. Até as paredes tinham um acabamento chique.

Sorri e olhei para o lado em que Daniel dormia tranquilamente. Eu deveria ter feito minha matrícula na faculdade e estar em casa roubando as Pringles do Ben, mas estava num motel dividindo a cama com um traficante. Os planos sempre podem mudar.

~o~

– Merda, o que aconteceu por aqui? - Perguntei pra mim mesma depois de abrir os olhos.

Uma dor de cabeça me preenchia por completo enquanto eu tentava lembrar de como tinha ido parar ali. Só o que eu enxergava era um quarto todo trabalhado no branco e na cama em que eu estava, uma mancha de sangue. E não parecia menstruação.

De repente, alguns flashes me vieram na cabeça e eu lembrei de tudo o que tinha acontecido antes de eu acidentalmente cair no sono.

– MERDA, O DANIEL! - Saltei para fora da cama e berrei bem alto quase que involuntariamente.

Chequei de baixo da cama, dentro do armário, no banheiro... nem sinal.

– Argh, se ele morrer, eu vou matar ele! Merda, devia ter deixado ele lá morrendo! Onde aquele imbecil se enfiou? - Eu praguejava até a quinquagésima geração dele e mesmo assim não o encontrava.

Bufei e pus as mãos na cintura. Como assim ele sumiu? Evaporou? E a conta, eu vou pagar sozinha? Como ele conseguiu sair andando sem ajuda? Pra onde ele foi?

– Viu, Lizzie? Viu, sua burra, no que dá ser boazinha com as pessoas? Nunca mais ajude ninguém, nunca mais ajude!

Peguei minha bolsa do chão com raiva e bati a porta para ir logo embora dali. Eu não ficaria naquele motel nojento por mais nenhum segundo.

Logo que vi a moça da recepção, entreguei as chaves do quarto e perguntei:

– Quanto eu devo?

– Nada - Ela respondeu. Franzi o cenho.

– Como assim nada?

– O moço que estava com você saiu faz pouco tempo. Ele pagou tudo, inclusive mais três horas caso a senhora fosse precisar.

O quê? Como assim o Daniel pagou tudo?

– M-Mas... Ele pagou até minha barra de chocolate? - Perguntei abismada.

– Sim. Se a senhora quiser o troco das três horas a mais...

Ela ofereceu, mas eu balancei a cabeça e saí logo dali. Não queria o dinheiro dele.

Daniel é definitivamente o ser humano mais estranho do universo. Não deixa avisos, nem sequer um bilhete de agradecimento ao ir embora, mas paga a conta e se preocupa em me deixar confortável pra dormir? Como assim?

Eu ainda estava tentando associar as coisas, ligar os pontinhos de tudo o que havia acontecido quando vi no celular que horas eram. 17:47.

– AI MEU DEUS, A FACULDADE! - Gritei no meio da avenida e saí correndo ladeira abaixo.

O momento de pensar no dia e digerir tudo foi oficialmente adiado.

As incrições encerravam às 18:00 e aqui na Inglaterra é tudo muito pontual. Não podia desperdiçar um segundo sequer. Corri como se não houvesse amanhã, esbarrando em quem fosse para chegar logo na faculdade, umas cinco ou seis quadras dali.

Finalmente cheguei no campus, às 17:51. Ainda pode dar tempo! Sorri animada. Havia muitos blocos ali: exatas, humanas, naturais, auditórios e diretoria. Eu precisava saber qual era o da diretoria, mas não havia uma viva alma por ali pra me informar, então eu ia ter que correr mais um pouquinho e descobrir, já que os cinco blocos eram iguais.

Foi então que, subitamente, senti uma mão enorme e firme me agarrar pelo braço e me puxar com força, fazendo com que minhas costas batessem na grade do campus. Aquela sensação me lembrara uma outra que senti há alguns dias, na festa em que encontrei o Ben, mas algo era diferente dessa vez.

– Ai! - Soltei um urro de dor logo que bati as costas, mas pior mesmo foi levantar o rosto e ver quem era o tal maluco que fizera isso.

Aqueles olhos azuis acinzentados inconfundíveis e aquele rosto numa geometria e simetria perfeitas só podiam pertencer a uma pessoa: Daniel.

Ele me deixou contra a grade e colocou os braços por cima dos meus respectivos ombros, se aproximando de mim e olhando fundo nos meus olhos.

– Você enlouqueceu, garota? O que foi aquilo mais cedo? - Perguntou com bastante raiva.

Eu podia ter ido embora ou qualquer coisa, mas depois de ter salvado a vida do cara e ser surpreendida assim, não o deixaria sem resposta.

– Hm, eu não sei, acho que se chama... Salvar sua vida, talvez. - Retruquei com sarcasmo.

– Eu não preciso do seu heroísmo barato, ok? Não preciso de você. - Devolveu um tanto rude - Agora só me diz que você não deixou a máfia russa olhar pra você, que não deu tempo de eles lembrarem da sua fisionomia, por favor...

Arregalei os olhos e minha boca se abriu lentamente. Merda. Eu não estava ciente do perigo de toda aquela situação e encarava tudo aquilo como uma boa iniciativa da minha parte, mas não é bem assim. Esse é o mundo real, Lizzie. Com perigos reais.

Não respondi. Daniel fechou os olhos em descontentamento.

– Eu não acredito que foi burra o suficiente pra deixar eles te verem! O que você tem nessa sua...

– Olha aqui, você deveria me agradecer! - Alterei o tom de voz e o interrompi - A vida é minha e se eu quiser me arriscar, eu vou!

Daniel sorriu ironicamente.

– Você é mesmo uma criança. Não tem noção do que é o mundo de verdade. Garota, eles...

– Lizzie. Meu nome é Lizzie. - Disse lentamente cada palavra. Daniel revirou os olhos.

– Aqueles caras matam. Roubam. Traficam. Fazem coisas mais erradas do que você pode imaginar nesse seu mundinho de princesa.

– Princesa? O que você sabe sobre a minha vida? - Berrei com ele, empurrando ele para longe pelo peitoral - Você não pode falar absolutamente nada!

– Ah, eu posso sim. Porque as mesmas coisas que os russos fazem, eu também faço. E você deveria ter medo de mim por isso.

– Medo? - Caçoei - Você não parecia muito assustador deitado naquele chão, implorando por ajuda...

Cheque-mate. Pela primeira vez na conversa, ele desviou seus olhos dos meus e hesitou um pouco. Ele parecia sentir um misto de emoções inexplicável, assim como eu sentia nesse exato momento.

– Eles vão perseguir você, vão achar você, vão matar você. Não era melhor ter me deixado morrer e continuar no seu mundinho? - Perguntou.

– Eu posso arcar com as consequências do que fiz, Daniel. Pelo menos um de nós pode.

De repente, algo em seus olhos que demonstrava quase um sentimento de culpa e remorso se transformou em fúria e ele me tomou pelos ombros, lançando-me com mais força ainda contra a grade e me segurando ali.

– Fique. Longe. De. Mim. - Grunhiu cada palavra e depois me soltou.

Daniel deu as costas e foi embora, enquanto eu tentava me reerguer depois daquela conversa.

Os perigos que eu enfrentava, a grosseria com que ele me tratou depois de ser salvo por mim, o meu altruísmo em ter perdido uma vaga na faculdade em vão, cada palavra do Daniel...

Meus joelhos falharam e eu, pela segunda vez no dia, estava sentada num canto com o rosto entre as mãos chorando que nem uma criança. Eu chorava muito, muito mesmo, a ponto de soluçar e não conseguir raciocinar nada.

Até que uma voz doce, até então desconhecida, se fez ouvir ao mesmo tempo em que uma mão tocou meu ombro delicadamente.

– Ei, você está bem? - Ele perguntou.


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Notas finais do capítulo

Galera, feliz ano novo! Que vocês possam receber em dobro tudo de bom que fizerem e se realizar bastante em 2015, e comentar nas minhas fics pra dizer se tá bom



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