T.K abre os olhos e sente uma dor terrível em seu corpo, ele tenta se mexer e a dor piora, resolve ficar parado e olha pra cima, não estava mais naquele lugar tenebroso, era escuro, mas não tinha o mesmo ar que lá. A luz acende e ele vira lentamente sua cabeça pro lado, Trevas estava ali o olhando.

– E então... Doendo bastante? – Pergunta rindo. T.K não responde. – Entendo, a dor é grande até pra falar não é? – Ri mais alto.

– Porque você não me deixou morrer?

– Porque lá ia ser muito rápido... Aqui vai demorar mais! – Diz sorrindo de lado.

– Que lugar era aquele?

– O meu lugar preferido! Sem luz, sem vida e cheio de surpresas! – Sorri. -Tenho que ir... Tenho que me fortalecer pra ligar o digimundo e formar o meu mundo. – Vira as costas e sai da cela. Com a luz acesa T.K podia ver que estava deitado em uma pedra que tinha formato de cama e que tinha uma grande grade que o impedia de sair. Ele suspira e fecha os olhos, os machucados em seu corpo não paravam de arder.

Uma luz acende de novo, T.K nem se mexe achando que é aquela coisa e continua de olhos fechados.

–T.K... – Ele abre os olhos e olha pro lado. Kari estava em pé ao seu lado. Saia muita luz de seu corpo, ela estava com um vestido branco longo. T.K leva um tempo pra processar aquela informação. Kari espera o momento dele o olhando.

– Você está... Morta? – Pergunta com medo. Kari se aproxima dele e senta na cama ao seu lado, quando ela se aproxima T.K sente uma paz dentro de si e começa a achar que aquele era o espírito dela.

– Vim te ajudar... – Faz carinho no rosto dele. Conforme a mão dela entra em contato com o rosto do garoto ele para de sentir dor ali. Kari se aproxima, segura o rosto de T.K com as mãos e da um beijo em sua testa. Na hora os machucados param de arder e ele se sente muito bem. Logo estava curado, ele senta de frente pra Kari, ela sorri vendo ele bem.

– Kari... – Coloca a mão no rosto dela, era como se ela estivesse mesmo ali, mas era pura luz.

– Eu tirei sua dor, mas ela não pode perceber... Então deixei os machucados como se tivessem “frescos”, você tem que fingir dor... Ela não pode saber que eu estive aqui. – T.K se aproxima e toca de leve os lábios de Kari, percebe que não atravessou ela e lhe da um beijo. Ele sente uma paz tão grande que não queria parar de beijá-la, Kari quebra o beijo.

– O que aconteceu com você?

– É uma longa história... Não tenho tempo.

– Você não vai me deixar não é? – Pergunta com medo, Kari sorri.

– Estou por perto, mas de um jeito que ela não possa me ver. Sinto muito você ter sentido tanta dor... Mas eu não podia entrar naquele lugar... Só o ajudante do Gennai, mas não podia te ajudar também...

– Aquele encapuzado era amigo do Gennai?

– Era sim. – Diz sorrindo.

– E o que ele quis dizer com escute a voz do meu coração?

– Eu que te chamei aquele dia...

– Ah... Você era a voz do meu coração? – Pergunta sorrindo.

– Sim.

– E como chegou até mim?

– Você desejou que eu te mostrasse que estou viva não foi?

– Foi...

– Estou aqui. – T.K se próxima e a abraça forte.

– Você vai ficar assim?

–... Vocês têm que destruir as trevas que estão no meu corpo...

– Como?

– Eu tenho que ir! – Da um beijo nele.

– Mas... – Kari se afasta e desaparece. T.K fica sentado olhando onde Kari estava antes de sumir, ele fica um pouco assustado com isso.

(...)

– Você está brincando né? – Tai pergunta apoiando as mãos na cama de Matt.

– Não... Ela e Gennai falaram que temos que fazer isso... – Tai começa a andar de um lado pro outro no quarto.

– Não! Deve ter outro jeito! – Diz alto. Matt suspira.

– Eles me pareceram bem sérios quanto a isso.

– Não Matt! A gente tenta tirar aquilo dela de outra maneira... – Diz com lagrimas nos olhos.

– Tai... Acho que o único jeito é esse, eles não iam falar isso tendo outra opção não acha? – Tai fica pensativo.

– Não! Porque ele não vem aqui e fala isso na minha cara? – Diz irritado.

– Tai eu não sei se isso é possível...

– Eu não me importo! Não vou fazer nada com minha irmã!

– Aquela não é a Kari... – Silencio.

– Você conseguiria fazer isso Matt? – Ele não responde. – Foi o que eu achei...

Eles ficam em silencio, Tai olhava o teto do quarto pensando sobre o que Matt tinha contado e Matt observava Tai.

Uma luz forte brilha no quarto fazendo os dois fecharem os olhos, logo ela diminui e eles vêem Kari parada perto da cama de Matt.

– Kari! – Tai vai até ela e a abraça forte.

– Matt te contou? – Tai se afasta dela e a olha nos olhos, Kari estava passando tanta paz que mesmo com tudo que Matt contou, Tai não se sentia mal agora.

– Contou.

– Vocês vão conseguir, quando a verem de novo... Vão ter certeza que não sou eu.

– Porque você não volta Kari?

– Não posso... Não com ela lá...

– Se a gente fizer isso você volta? – Kari fica em silencio. – Volta Kari?

– Eu não sei Tai... Mas se ela conseguir o que planeja... As coisas não vão ficar agradáveis... Ela vai fazer todos os humanos de escravos... Sem contar nas torturas... Vocês precisam detê-la!

– Mas e você? – Pergunta a abraçando de novo.

– A gente vê depois... – Tai não fica convencido.

– Não sei se consigo Kari...

– Vai dar tudo certo Tai... Agora eu tenho que fazer o Matt levantar...

– O que? Eu acabei de fazer uma cirurgia! Você mesma que me contou isso! – Diz assustado.

– Eu sei, mas vocês precisam agir logo! – Chega perto de Matt e coloca um dedo em sua testa, Matt é curado na hora.

– Como a gente vai fazer com os médicos? – Tai pergunta quando Matt está levantando da cama.

– O ajudante do Gennai vai dar um jeito nisso... Mas é bom você sair pela porta normalmente. E o Matt sai pela janela.

– Isso não me parece muito bom. – Diz Matt.

– Vamos logo com isso! – Tai diz nervoso.

– Até logo... – Diz Kari, os dois a olham, tinham até esquecido que ela não iria com eles. Tai a abraça mais uma vez e ela some.

– Isso aconteceu mesmo? – Tai pergunta de olhos arregalados

– Parece que sim... O que a gente vai fazer?

– O que ela disse.

Depois de Kari ter aparecido no hospital e curado Matt, ele saiu pela janela e Tai voltou a sala de espera. Explicou tudo a Joe, que foi até a recepção e perguntou por ele, ninguém soube dizer quem era Yamato Ishida, o que deixou Joe surpreso.

– É como se ele nem tivesse passado por aqui!

– Mas como?

– Vamos sair daqui logo e encontrar Matt ali fora... – Tai sai na frente e é seguido pelos amigos.

Eles dão a volta pelo hospital e encontram Matt encostado no muro esperando eles.

– Matt! – Sora corre até ele e o abraça forte, depois eles trocam um beijo.

– Por favor, né! Deixem isso pra depois! – Tai diz nervoso. Sora vira os olhos.

– Vamos lá pra casa e vocês explicam melhor esse negocio do Matt... – Diz Izzy. Todos seguem pra casa dele. Quando escutam a história de Kari, todos ficam chocados olhando Tai.

– Como isso é possível? - Mimi pergunta surpresa.

– Do que você está falando?

– Como ela sai do corpo assim?

– Mimi eu acabei de falar que vamos ter que matar minha irmã e você está preocupada com isso? – Pergunta histérico.

– Eu só fiquei chocada...

– Temos que começar... Vamos procurar o T.K, ele deve estar precisando de ajuda... – Diz Matt.

– Então vamos ao digimundo. – Todos concordam. Izzy pega seu laptop e todos passam pelo portal. O céu ainda estava negro e agora bem frio.

– Nossa que geladeira! – Davis esfregava os braços.

– Como vamos saber onde ele está? – Sora pergunta.

– Será que o digivice nos mostra? – Izzy pega o seu. Ele procura o sinal do digivice de T.K e encontra um pontinho vermelho piscando. – Olhem! Tem sinal!

– Vamos pra lá então! – Diz Matt. Os escolhidos seguem pra onde o digivice dizia.

Chegam a um lugar escuro e cheio de pedras.

– Esse lugar me dá calafrios... – Yolei aperta a mão do namorado.

– Será que é aqui mesmo? – Joe pergunta.

– O sinal está mostrando que é... – Izzy responde. Eles continuam andando em frente entrando no lugar.

– Acho que o T.K não está aqui... – Sora fala desconfiada.

– Olha está ficando mais perto... – Eles seguem o que o digivice está dizendo. Chegam em uma parte que parecia uma arena grega, um espaço bem grande com pedras fazendo um circulo em volta como se fossem os bancos e no meio dela tinha uma pessoa presa a uma arvore.

– Tem uma pessoa ali! – Cody fala eufórico.

– Deve ser o T.K! – Matt começa a andar mais rápido, todos fazem o mesmo, eles chegam perto e ficam surpresos, não era o T.K, era uma garota.

– Minha nossa! – Mimi fica assustada ao ver a garota amarrada no tronco da arvore. Eles se aproximam dela e conseguem ver o digivice de T.K em sua mão.

– Onde você conseguiu isso? – Tai pergunta olhando o aparelho na mão dela.

– O que você está fazendo aqui? – Matt estava de boca aberta.

– Você a conhece? – Sora pergunta.

– Sim...

– Quem é ela Matt? – Tai pergunta nervoso.

– Que bom que chegaram! – Todos olham pra cima, Trevas estava voando em cima deles com um sorriso no rosto, ela estava muito branca com os lábios negros e assusta os escolhidos.

– Onde está o meu irmão? - Matt pergunta com raiva.

– Você já vai ver! – Sorri largamente, ela faz todos flutuarem e os coloca sentados na arquibancada. Acende varias luzes no local, mostrando cada centímetro dele. Depois solta a garota da arvore.

– O que será que ela vai fazer? – Tai cochicha com os amigos.

– Some da minha frente com essa porcaria! – Fala alto com a menina, ela se afasta e fica parada perto de umas pedras. – Estou feliz que estejam aqui!

– Você não vai ficar com o corpo da Kari! – Tai diz com os dentes trincados.

– Ele já me pertence. – Faz cara de deboche.

– Você é quem pensa!

– Tai não provoca ela! – Sora briga com ele ao ver a expressão no rosto de “Kari”.

– Podem trazer! – Alguns digimons parecidos com coelhos entram por uma passagem que não deveria existir ali, segundos depois voltam carregando T.K, ele fingia que estava machucado, na verdade não sentia nada, pelo contrario estava muito bem.

– T.K! – Matt tenta se mexer e Trevas o segura no lugar com apenas um movimento com a mão no ar.

– Fica paradinho ai. Não quer que eu te pegue de novo não é? – Pergunta sarcástica, Matt a encara. – Imaginei... – Os digimons se aproximam dela. – O coloque ai. – Eles colocam T.K sentado no chão e saem de perto, os outros ficam assustados, T.K tinha vários machucados no rosto e no corpo.

– Minha nossa... – Yolei se assusta ao ver o estado do amigo.

– Ele não está ótimo? – Pergunta sarcástica. - Queria vocês aqui pra... Prestigiarem minha vitoria! – Sorri largamente.

– Porque você fez isso com ele? – Matt pergunta com raiva ao ver o estado de T.K.

– Só assim vou comandar tudo. – Olha pra cima como se tivesse sonhando.

– Machucando ele? – Mimi pergunta, Trevas volta o olhar a ela.

– Não. Ele vai morrer! – Diz tranquilamente. Matt arregala os olhos e os outro trocam olhares assustados.

– T.K... – Ele mexe a cabeça procurando. – Disfarça... – T.K olha pros pés. – Quando ela estiver distraída, pegue seu digivice... Ela não suporta luz sagrada... É a única maneira de prender ela pra poder... Matá-la... – T.K olha seu digivice nas mãos da menina e volta o olhar a Trevas, ela estava flutuando bem perto dele olhando os outros.

– Por quê? – Matt pergunta.

– Vou ser legal e responderei essa pergunta... Primeiro, roubar o corpo da mais sensível do grupo dos escolhidos e mandar ela pro inferno! Passo numero um, ok! – Tai fecha os punhos com raiva, nenhum deles conseguia levantar e nem se mexer. – Segundo, capturar a esperança e fazer alguma coisa pra ele parar de falar, feito! E terceiro... Destruí-lo, sem luz e esperança... O mundo vai ser sempre meu! – Diz olhando pra cima de novo.

– Como você pode ter vida? – Cody pergunta.

– Vida? Eu sou... Apenas um ser. Oposto da luz. Nada mais... Vocês querem conhecer o mundo que seu amigo foi? – Pergunta com empolgação.

– Vai adiantar dizer não? – Mimi pergunta.

– O que você acha? – Sorri sarcástica. Ela ergue a mão e aponta com o indicador na direção de Mimi. – Já que você se manifestou... Vai ser a primeira! – Mimi faz cara de pavor.

– Por favor, não... – Joe pede, Trevas inclina a cabeça o olhando sínica.

– Quer ir junto com ela?

– Me leva sozinho.

– Joe...

T.K olha pra cima e vê que Trevas estava bem distraída olhando o pessoal, ele se mexe indo pra trás sem levantar do chão e olha pra frente, Matt o olha franzindo a testa, T.K faz sinal de silencio com o dedo na boca, ele continua andando pra trás e quando vê que Trevas não percebeu seu movimento levanta de repente e corre até sua ex-namorada. Quando está chegando tropeça no nada e cai deitado.

– O que é isso? – Se aproxima de T.K. – Você não está sentindo dor? – Desce e para ao lado dele, T.K estava deitado no chão pensando o que fazer agora. – O que você queria? Correr e fugir? – Ri de T.K.

– Porque você enrola tanto? Está esperando o que? – Pergunta fazendo Trevas ficar bem séria. Ela se aproxima e ergue T.K mais uma vez com uma das mãos em seu pescoço, os outros olham apavorados.

– O que vamos fazer? – Davis pergunta assustado.

– Eu não consigo sair daqui! – Matt diz desesperado. Uma pequena luz brilha perto deles e eles conseguem se mexer de novo. Matt ia levantar rápido, mas Sora o segura.

– Espera! Temos que pensar direito, ela é bem forte... Acabamos de ver que não vamos pegá-la de surpresa... Então nada de ir até lá achando que vai dar certo. – Diz olhando Matt que respira fundo.

– O que fazer então? – Voltam a olhar T.K.

– Você é bem abusado garoto! Vou te matar quando for à hora certa!

– E porque demora tanto?

– Isso não te interessa! – O joga no chão de novo e volta a olhar os escolhidos, eles continuavam sentados no lugar que ela os colocou. – Onde estávamos? Alguém pode responder? – Silencio. – Não precisa eu me lembro bem! – Diz olhando Joe.

Continua...