Após uma semana ajudando seu pai na mudança e colocando os poucos móveis que trouxeram nos lugares, já que a casa estava toda mobiliada desde que Anna esteve aqui a 16 anos atrás.

Charlie já havia matriculado Anna na escola, uma das únicas da cidade. A garota fingia não estar nervosa, mas por dentro estava se roendo, era a primeira vez que entrava em uma nova escola, sempre estudou na mesma instituição em Nova Iorque e sempre teve os mesmos amigos desde pequena. E nessa aflição toda, Anna se lembrou de Laura, sua melhor amiga que em 2011, suicidou por problemas familiares. Esqueceu aquele momento e quando abriu o vidro do carro viu a escola.

Aparentemente grande, o prédio tinha 4 andares, detalhes vermelhos e uma floresta que o cercava nas laterais e no fundo.

–O que tem lá atrás, pai?

–Um lago.

–Um lago? Perguntou surpresa.

–Sim. Mas nada que possa entreter ninguém. Ao contrário.

–Como assim?

–Várias pessoas morreram ai, Anna. Muitos assassinatos e muitos presos se refugiam aí, dizem que é mal assombrada.

–É aqui que você quer que eu estude?

–Nada pode acontecer se você ficar na escola e não ir para lá.

–Eu prometo que não vou, na verdade, eu queria prometer não ir pra escola.

Charlie sorriu.

–Vamos.

–Você vai entrar comigo? Brega.

–Sim. Vamos.

Anna estava com uma calça jeans clara ,uma blusa branca com rendas e um jaqueta jeans clara por cima, e o cabelo solto. Anna era uma garota baixa, mas tinha uma beleza surreal, os cabelos pretos e a pele branca se encaixavam perfeitamente aos olhos azuis. Todos assistiram Anna entrar pelo corredor, quando ela percebeu que estava sendo observada, Anna adorou e se exibiu – só mais um pouquinho.

–É aqui seu primeiro horário. Biologia 2. Apontou Charlie

–Oba! Adoro biologia! Falar sobre animais nojentos e plantas que te fazem coçar o corpo todo. Oba!

–Entre, Anna. Charlie beijou sua testa.

–Eu te amo pai.

–Também te amo, encrenca.

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Quando entrou na sala. Todo mundo logo começou a cochichar. Anna virou assunto da sala, até o professor Ian pedir silêncio.

Um homem alto, forte, com os olhos verdes e uma barba mal feita. Anna o encarou fingindo que não havia ninguém na sala.

–Agora você gosta de biologia, não é “encrenca”?

Anna olhou para trás e se deparou com uma menina loira branca com uma camisa xadrez.

–Como você sabe...

–Eu ouvi você falando com seu pai na porta, eu tenho essa mania de ouvir a conversa dos outros. Me chamo Ema, a propósito.

–Prazer em te conhecer Ema. Ou nem tanto.

–Eu não esperava que você fosse tão simpática, vinda de Nova Iorque, eu imagina você exatamente assim.

–Como você...

–Eu também tenho essa mania de pesquisar sobre a vida das pessoas.

Anna sorriu.

–PESSOAL, PESSOAL, SILÊNCIO. Temos aqui uma nova aluna. Qual é o seu nome, querida?

–Encrenca. Respondeu Ema antes que Anna pudesse ter alguma reação.

Todos riram. Anna se sentiu a vontade.