Between Love And Hate escrita por Blue Dammerung


Capítulo 9
Capítulo 9: Goodbye


Notas iniciais do capítulo

Sim, meus queridos leitores,miguhs,migahs e todos aqueles que por alguma razão que não sei dizer,leem esta fanfic, SIM! AQUI ESTÁ MAIS UM CHAPTER!
Eu sei que deveria ter sido espancada por ter passado o que...5 MESES? sem escrever,e devo admitir,para minha própria vergonha,por pura preguiçaaaahh,MAS,porém,contudo,todavia,AQUI ESTÁ UM CHAP NOVINHO E ENORME PRA VOCÊS!
Espero que gostem!

(Antes de começarem a ler,gostaria de agradescer as pessoas que mais me "empurraram" pra ler: Tidus,Gigantera,Temari Sabaku,algumas amigas minhas,meus A.Is,meu pai(???) e outras almas das quais agradesço do fundo do coração por não terem desistido de mim.Obrigadinhah!)



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Os dias seguiram-se mais calmos desde então. Roxas agora falava bem mais em comparação a quando voltou ao acampamento dos anjos, e de vez em quando até passava várias horas conversando com Sora.

Claro que a dolorosa lembrança de Axel ainda estava ali, latejando em sua mente, mas agora doía menos com a ajuda do moreno.

Numa manhã qualquer, por volta das oito, quando o acampamento já estava em plena atividade para mais um dia de batalha, um dos mensageiros dos Generais e Capitães Arcanjos veio chamar Roxas para uma espécie de audiência.

-Cedo assim?-O loiro perguntou ao mensageiro, estranhando a situação.

-Sim, senhor. Os Arcanjos sugerem que o senhor compareça na tenda principal imediatamente. -Respondeu o anjo, cujo tinha cachos de cabelos loiro-escuros lhe caindo pelos ombros e orbes azuis adornando seu rosto. Um típico anjo vindo da capital dos céus, Hillyria.

-Estou indo, me dê só um minuto para me trocar.

Sora, que a tudo assistia sem entender, ajudou seu mestre a vestir uma camisa de linho branco, completando o conjunto com a calça de mesma cor que Roxas já vestia.

-Voltarei o mais cedo possível, e se quiser pode ir a cantina comer alguma coisa. -Falou para o moreno. Então saiu dali, indo direto para a tenda principal, onde o restante dos Arcanjos sobreviventes a guerra o esperavam.

Eles eram: Sieghart, o Arcanjo que atacara Axel uma vez, dando a ele aqueles ferimentos horríveis que o fizeram se ausentar do campo de batalha por vários dias, Kiory, um Arcanjo mais estrategista do que um real lutador e Altair, o mais experiente de todos, com seus cabelos loiros de um tom tão claro que se assemelhavam ao branco, caindo por seus ombros em cascatas.

-Jovem Roxas. -Cumprimentou Sieghart cordialmente, apontando uma cadeira para que o menor se sentasse. -Há quanto tempo, não acha?

-Certamente, senhor. -Roxas respondeu, sentando-se numa posição ereta na humilde cadeira de madeira. -A que devo este chamado?

-Indo direto ao assunto, após seu retorno do acampamento dos demônios, notamos sua indisposição para falar sobre qualquer incidente que tenha ocorrido naquele lugar, assim como sua falta de vontade em ao menos empunhar uma espada ou sequer entrar no campo de batalha. -Começou Kiory, cruzando os dedos.-Compreendemos que você não gosta de reviver experiências agonizantes como as que passou lá, tenho certeza, mas não há algo que você queira nos contar?

-Acha que me arrependo dos dias que permaneci naquele acampamento, senhor?-Roxas perguntou, sem entender qual era o objetivo daquela conversa.

-Por ter passado quase um mês preso lá, todos nós supomos que deve ter recolhido informações deveras curiosas sobre o local, e como um soldado, é seu dever compartilhá-las conosco, mesmo que isto lhe traga más lembranças.

Agora o loiro estava entendendo... Eles queriam informações? Só isso? Mas Roxas não tinha nenhuma, na verdade, sabia pouquíssimo sobre o acampamento dos demônios, exceto o fato de que estava quase sempre ativo e que muitas vezes era confundido com um emaranhado de tendas mal-organizadas entre si.

-Não tenho nada de valor, senhores. O tempo que lá permaneci foi como um prisioneiro, posso assim dizer, e não tive liberdade para sair por aí recolhendo informações.

-Entendo. Alguma coisa sobre o General deles?

Roxas se calou por um instante. Eles queriam notícias sobre Axel, no entanto, chegaram atrasados, pois naquele minuto era bem provável que o ruivo estivesse pagando por seus pecados no Inferno.

-Nada. -Roxas preferiu omitir o que sabia, afinal, ele poderia acabar atingindo indiretamente tanto Kairi quanto Riku.

-Muito bem, está dispensado então... -Sieghart falou, mas foi interrompido por Altair, que levantou a mão num comando mudo para que Roxas permanecesse sentado.

-Não é só isso. Assim como se recusas a falar, se recusas também a lutar, recusando assim ajuda a teus próprios irmãos. O que te fazes recuar diante de um campo de batalha onde tu tivestes tanto êxito, Roxas?-O general falou, com sua imponente voz, cruzando os braços, impaciente.

-Não desejo mais ferir demônios.

-És isto? Achas que és uma escolha tua? Lutar ou não lutar? Morrer ou não morrer? Matar ou não matar? Não é tão simples quanto pensas, jovem Roxas. Tu vais lutar, mesmo que para isso sejas arrastado pelo campo de batalha.

-Nem sequer tenho uma arma, senhor. Minha espada foi perdida há muito tempo. - E realmente tinha sido. Lembrava-se que depois de ser capturado por Axel, nunca mais tinha visto nem sua armadura e muito menos sua espada, Oblivion.

-Ache outra arma, mas não ouses faltar presença no campo de batalha. Nenhum soldado meu deixarás de lutar enquanto tiver um corpo para isto. Estás dispensado.

Fosse a convivência com os demônios por um longo período de tempo ou até seu próprio gênio se revelando, o loiro sentiu muita vontade de dizer umas boas verdade àquele bendito Arcanjo... Maldição, agora nem descansar em paz ele podia.

Voltou para tenda, encontrando Sora horas mais tarde, que notou o estado pensativo de seu mestre.

Roxas estava com medo, admitia, de voltar ao bom e velho campo de batalha. Claro, faziam semanas que não pegava numa espada e muito menos se exercitava, o que piorava seu condicionamento físico para aguentar um combate que provavelmente duraria por horas a fio, senão dias inteiros. No entanto, não era isso que mais o amedrontava.

E se encontrasse Kairi? Ou Riku? E se tivesse que lutar contra eles? Jamais conseguiria encarar uma situação dessas, e agora que pensava bem... Estariam eles no acampamento? Ou teriam ido para o Inferno juntamente com Axel? Aliás, toda essa história de Axel ter ido para o Inferno ou não era uma série de suposições criadas por Roxas... Mas o ruivo tinha cometido um erro, então ele não estaria no acampamento, o que era bom, mas também significava que ele tinha ido para o Inferno, o que era ruim, mas e se Riku e Kairi tivesse ficado no acampamento e se eles estivessem com raiva de Roxas? Afinal, fora por culpa dele que seu mestre havia sido condenado a sofrer por sei lá quantos anos ou até uma eternidade inteira.

E apesar de Roxas não querer demonstrar, pensava nisso com frequência. Axel podia não o amar mais, mas Roxas ainda se importava com o ruivo a ponto de pensar em como ele estaria todas as noites...

Havia sido culpa dele sim. Culpa de Roxas, a princípio de tudo, por ter nascido um anjo e por ter se deixado capturar por Axel. Mas e se... E se Roxas jamais tivesse sido designado para a guerra? E se ele não tivesse se separado da sua tropa no dia que Axel o encontrara?

Todos esses “E se” deixavam-no louco.

Mais tarde foi com Sora até o armazém de armas escolher uma espada qualquer para usar no campo de batalha. Seu plano era basicamente ficar nas ultimas linhas até a poeira abaixar, então assim não precisaria fazer muita coisa. Pegou uma espada comum, nada parecida com a sua antiga e voltou para a tenda, mas não sem antes praticar alguns movimentos básicos com Sora. Milagre ou não, ainda estava estranhamente bem condicionado.

Ao pôr do sol, ambos foram até o refeitório comer alguma coisa para depois voltar à tenda. Era incrível como haviam se tornado melhores amigos inseparáveis tão rápido, coisa notada por todos os anjos do acampamento.

Mas era algo bom. Roxas gostava da presença alegre de Sora, coisa que afastava sua quase eterna melancolia, e o moreno gostava da presença séria e confiante de Roxas, que afastava sua inexperiência nas coisas, sua insegurança. Um perfeito para o outro, exceto o fato de que ambos já haviam dado seus corações a alguém.

À noite conversaram pouco e foram dormir cedo. Roxas, apesar de inquieto, conseguiu dormir, tendo alguns pesadelos incômodos, mas nada muito traumatizante. Sora dormiu como um bêbado, sem nem acordar para mudar de posição em seu humilde colchão.

 

Na manha seguinte, todo o acampamento despertou antes do nascer do sol. Roxas estava acordado, mas recusava-se a levantar da cama. Agora que o medo de encontrar seus amigos no exército inimigo estava tão próximo, temia realmente encontrá-los no meio do campo de batalha.

-Roxas? Está acordado?-Sora perguntou, se sentando na borda da cama de seu superior, sonolento.

-Não. -Respondeu o loiro, revirando-se na cama.

-Vamos, senão o exército vai partir sem nós.

-Deixe que vá. Não quero me arriscar a ver Riku ou Kairi.

Sora, já conhecendo aqueles nomes tão bem graças aos relatos de seu superior, suspirou, puxando o braço do loiro.

-Altair irá brigar com você.

-Me matar ele não vai, e muito menos me expulsar do acampamento.

                   -Como você sabe que ele não faria isso?

         Roxas revirou os olhos e se levantou, indo se aprontar em poucos minutos, assim como Sora.

         Questão de uma hora depois, ambos já manejavam suas espadas em demônios desavisados. Digamos que a idéia de Roxas ficar nas últimas fileiras não deu muito certo, principalmente quando o próprio Altair o designou para a primeira fileira, juntamente com Sora, que tudo que fez foi dar um suspiro cansado.

         Roxas lutava meio hesitante contra os demônios, olhando para os lados a todo minuto, temendo ver a silhueta alta de Riku ou os cabelos ruivo de Kairi dentre os demônios que tirava a vida. Sora, ao seu lado, apenas manejava a espada como se esta fosse parte de si. Roxas não pode deixar de relembrar a época que era assim, quando apenas matar demônios importava, sem ligar para seu próprio corpo ou sequer para seus subordinados.

         Felizmente ou não, ao passar das horas, Roxas começou a ficar mais seguro em relação a matar seus inimigos. Não é que gostasse, apenas nascera já odiando aquelas criaturas. Vale ressaltar que, na verdade, Roxas tinha raiva daqueles demônios “puros”, que eram justamente aqueles com pele avermelhada, asas membranosas e chifres no alto da cabeça, criaturas que nasceram no Inferno, ao contrário de Axel e provavelmente de Riku e Kairi, que eram descendentes diretos dos anjos caídos do céu.

         Ao longo de três horas e meia, tanto Roxas quanto Sora estavam cansados, mas não o bastante para serem mandados para as linhas de trás para descansar, no entanto, segurar uma espada já se tornava uma tarefa mais árdua que o normal.

         Lutavam meramente por reflexos quando Roxas avistou algo incomum na multidão de demônios a sua frente, ou melhor, mais para sua esquerda.

         Nessa direção, a silhueta alta de um corpo coberto por uma armadura estava de pé, matando outros anjos, mas o incomum era o fato de ter um outro corpo caído aos seus pés, menor e mais esguio, com o elmo caído a poucos metros dali.

         Roxas, dividindo sua atenção naqueles dois e entre si próprio enquanto defendia-se dos demônios, conseguiu distinguir algumas coisas, como o fato de a silhueta mais alta estar sangrando na altura do ombro e que o cabelo que adornava o rosto do demônio desacordado no chão tinha curiosos tons de ruivo.

         “Merda”, Roxas pensou. E sim, como todos os seus temores previram, Riku e Kairi estavam ali, e eles não iam nada bem.

         -Sora, me acompanhe! -Roxas gritou em meio ao barulho das espadas e garras se chocando sem parar.

         Desviando dos ataques inimigos, o loiro e o moreno alçaram vôo até estarem suficientemente próximos de Riku e Kairi. O demônio de cabelos prateados tinha acabado de matar mais um anjo quando avistou a cabeleira loira de Roxas, que estava sem o elmo devido a um ataque sofrido mais cedo.

         -Riku!-Chamou o loiro, se aproximando e fitando a expressão de pura surpresa do demônio a sua frente. –O que aconteceu com Kairi?!

         -Fomos separados e pegos desprevenidos... Também é muito bom ver você, Roxas. –Riku respondeu, pegando Kairi nos braços enquanto olhava em volta, inseguro. - Não temos tempo para as apresentações, Roxas. Eu e Kairi precisamos voltar para o nosso acampamento urgentemente.

         -Mas... Onde está Axel?

         -Você deve fazer uma idéia de onde ele está. Começa com I, se quiser ajuda. Ele foi levado no dia seguinte em que você foi embora, aliás... Por que partiu, Roxas? Pensei que fosse nosso amigo.

         -Ele me mandou embora! Na verdade...

         -Cuidado!-Sora gritou, empurrando Roxas, Riku e logo, Kairi para o chão, onde uma grande explosão ressoou atrás do grupo.

         Uma magia de natureza destrutiva tinha sido lançada sobre aquela parte do campo por algum mago demônio, visando atacar Roxas e Sora, sem se importar que dois dos aliados estivesse por perto.

         -Vocês estão todos bem?-Perguntou Roxas, levantando-se e ajudando Sora a ficar de pé, puxando sua mão com força enquanto Riku também fazia o mesmo, pegando Kairi no colo mais uma vez.

         -Temos que sair daqui. Logo eles vão começar a usar magias de destruição em massa, e não temos como nos protegermos delas. -Riku falou, apressado.

         -Mas...

         -Cuidado!-Sora voltou a gritar, empurrando Riku para o lado, onde uma flecha tinha acabado de passar, zumbindo. A batalha estava começando a caminhar para aquele lado, e não demoraria muito para que soldados de ambas as facções se enfrentassem ali mesmo.

         Uma saraivada de flechas começou a descer sobre o grupo, que notando o perigo, começou a correr, percebendo que era arriscado demais alçar vôo ali. Correram por alguns metros, até que uma das flechas atingiu o tornozelo de Roxas, fazendo-o cair no chão, enquanto outra flecha atingia bem nas costas de Riku, fazendo-o desabar igualmente, com Kairi caindo ao seu lado.

         -Merda... -Roxas murmurou, sentando-se no chão e sendo erguido por Sora, que passara um dos braços pelos ombros do mestre, ajudando-o ir até Riku, que contorcia-se no chão.

         -Roxas... -Murmurou uma voz tão doce quanto conhecida para o loiro. O anjo encontrou o olhar de Kairi, agachando-se, com o auxílio de Sora, até o lado dela. - Eu sei que... Não vou conseguir. Leve Riku... Ele não pode voltar para o Inferno... Não enquanto eu ainda puder impedir...

         -Kairi... -Riku murmurou, indo até a mesma.-Você...

         -Viva, Riku. Nunca se esqueça de... Viver...

         -Não... Não, NÃO! Você não vai morrer! Não enquanto eu puder fazer alguma coisa!-Roxas exclamou, levantando-se, mesmo sentindo bastante dor no tornozelo com a flecha ainda encravada nele.

         O loiro se virou para uma horda de arqueiros demônios distantes deles, a fonte das flechas. Eles continuavam a atirar os projéteis, embora eles, no meio do percurso, desviassem, como se alguma espécie de barreira protegesse o grupo.

         -Sora, leve Riku e Kairi para a tenda! Encontro você lá. -Roxas gritou, alçando vôo sem nem mesmo escutar os protestos do moreno.

         Sem perder tempo, o loiro partiu pra cima dos arqueiros, brandindo sua espada que estivera embainhada sem nem que ele próprio soubesse. Era um dos reflexos que mantivera desde os tempos que lutava sem se importar.

         Logo Roxas atingia os demônios, que sem conseguirem se defender, caíam mortos no chão, pelo menos aqueles que estavam mais próximos dá lâmina da espada. Claro que aquela investida impensada lhe trouxe consequências, tais como vários cortes e dezenas de hematomas, mas as flechas não lhe atingiam mais.

         Por vezes elas pareceram estar diretamente em rumo de Roxas, mas algo as fazia desviar. O loiro não se perguntou sobre aquilo, apenas estava feliz por aquela proteção a mais estar com ele.

         Quando sobravam apenas uns 3 arqueiros próximos, Roxas acabou perdendo sua espada para um dos demônios que tinha achado uma adaga no chão, e céus, ele sabia lutar muito bem com ela.

         O demônio investiu contra o anjo, fazendo Roxas recuar e deveras vezes desviar dos ataques, mas sem muito sucesso na maioria das vezes, já que seu tornozelo ainda estava ferido.

         Foi quando um fato memorável aconteceu.

         O arqueiro-demônio-mestre-da-adaga atacou Roxas de baixo para cima, obrigando o loiro a recuar, mas infelizmente, atrás de si, estava um corpo de um outro demônio, fazendo com que Roxas tropeçasse nele a caísse no chão, indefeso, somente erguendo os braços como último recurso, fechando os olhos. Aquele momento realmente pareceu o fim.

Roxas esperou, mas a dor lancinante que esperava simplesmente não veio. Ele abriu os olhos, e a sua frente, estavam duas espadas que tinham lhe protegido do ataque do demônio.

Como se tivessem mente própria, as espadas empurraram o arqueiro, começando uma série de ataques tão rápidos que num minuto, o demônio estava completamente desfigurado. A adaga que usara como arma jazia no chão, coberta pelo sangue do próprio dono ao seu lado.

Roxas se levantou do chão e as armas vieram até ele, como se o obedecessem acima de tudo. Uma era branca, repleta de detalhes e parecia ser quase feita de uma espécie de vidro, sendo bastante bela. A outra Roxas reconheceu e sorriu. Era sua antiga espada, Oblivion, tão negra como a noite.

Foi aí que, como se ouvisse uma voz, o loiro entendeu. Aquelas eram suas armas, assim como os chakrams que Axel tinha. Eram feitas da sua energia, da sua força de vontade, assim como o escudo invisível que o protegera contra as flechas, que eram projéteis de longo alcance, mas não da adaga do demônio, que já era mais de curto alcance.

O desespero para salvar seus amigos tinha sido tão grande que fizera Roxas invocar as próprias armas.

Oblivion e... Oathkeeper, estes eram seus nomes.

Roxas olhou em volta, matou os demônios restantes e finalmente se viu só. A guerra tinha ido pro lado mais oposto do campo, embora ainda fosse possível ouvir os sons das armas e de algumas explosões causadas pelas magias dos demônios.

Então as espadas se foram, desfazendo-se no ar como poeira levada pelo vento. O loiro caiu no chão, exausto. “as Armas consomem sua própria energia”, lembrou-se Roxas das palavras de Axel.

                   O loiro, ainda com a lembrança do amado na cabeça, levantou a cabeça e alçou vôo ate chegar ao seu acampamento, e logo, na sua tenda, onde adentrou sem hesitar.

         Haviam duas camas improvisadas no chão do cômodo. Em uma delas estava Riku, acordado, mas repleto de cortes e com um grande sangramento no peito (que devia ser por causa da flecha que o atingira nas costas) e outro no ombro.

         Na outra cama estava Kairi, que tinha um enorme corte descendo desde a axila esquerda até seu quadril, e apesar de desperta, tinha seu rosto marcado por uma expressão deveras agonizante.

         Sora corria de um para o outro, fechando ferimentos com gazes, pegando água, cuidado dos cortes... Até que viu o mestre.

         -Roxas! Você está bem?! Está ferido?!

         -Sim, estou bem. Pode continuar, Sora, eu consigo me cuidar sozinho. -Roxas respondeu, sentando-se numa cadeira e tirando a flecha de seu tornozelo, segurando o grito de dor que tentara sair por sua garganta. Pegou as gazes, pomadas, ervas e tudo mais que fosse preciso para cuidar de seu pé, enquanto Sora ainda cuidava dos dois demônios.

         Quando Roxas tinha terminado de cuidar de seu ferimento mais importante, foi ate Riku para cuidar do maior, enquanto Sora, que era mais experiente em relação a ferimentos, ficou cuidando de Kairi, que estava num estado obviamente pior.

         Anoiteceu e ambos ainda cuidavam dos demônios, sem intervalos. Roxas estava empenhado em salvar Riku. Não poderia nem sequer pensar em perder alguém que prezava tanto. Sora fazia de tudo para salvar Kairi, que graças ao seu mestre, já sentia como se fossem amigos.

         O pior era que, durante todas as horas, nenhuma palavra foi dita. O silêncio instalara-se na tenda, de forma que todos estavam compenetrados em suas tarefas. Os anjos em salvar e os demônios em resistir.

         Mais alguma horas passaram até que Sora se levantou e foi até Roxas, agachando-se ao lado e cochichando em seu ouvido.

         -Roxas, não há mais nada que eu possa fazer por ela. Usei tudo, desde as melhores pomadas e técnicas até algumas palavras de cura, mas não sou um Curandeiro, então não posso fazer mais que isso...

         -Até quando ela aguenta?

         -Me impressiono que ainda esteja respirando. A ferida é tão profunda que é basicamente um milagre que ela não tenha morrido na hora.

         -Um demônio sendo alvo de um milagre... Cuide de Riku, Sora. Converse com ele, mude de assunto, senão ele vai começar a pensar demais sobre isso.

         Roxas se levantou e foi ate a cama improvisada de Kairi, onde a “garota” olhava para fora da tenda, conseguindo ver a noite quando o vento de fora balançava a aba da entrada.

         Roxas sabia que não adiantava mais, e sabia também que, com certeza, Riku acabaria se culpando pelo o que aconteceria a ela, afinal, voltar para o Inferno só para sofrer durante anos e anos não parecia ser algo muito agradável.

         O loiro sentou-se ao lado dela, tentando sorrir, mas tudo que conseguiu fazer foi repuxar um pouco os lábios. Ela levantou o olhar e encontrou seus olhos azuis, e por incrível que pareça, conseguiu sorrir verdadeiramente, apesar de toda dor que sentia.

         -Parece que é minha vez de ir, né?-Ela falou, ainda sorrindo. Sua voz saiu rouca.

         -Não diga isso... -Roxas tentou mudar de assunto, afinal, que amigo gostaria de falar sobre a morte que iria vir de outro amigo?

         -Roxas, quando eu me for... Não deixe que Riku se culpe tanto, okay? Todos sabemos que... Ele vai se sentir mal, mas a última coisa que quero é que... Ele se prenda a mim.

         -O que quer dizer?

-Que se ele quiser amar outra pessoa, não vou ligar. Eu quero apenas que... Ele seja feliz. Diga isso a ele, sim?

Roxas sorriu, perguntando-se como alguém sabendo que iria morrer a qualquer minuto poderia ser tão... Boa. Então lembrou-se de que aquela era Kairi, a mesma Kairi que cuidou dele quando Axel estava por perto, a sempre sorridente Kairi.

Lágrimas começaram a descer pelo rosto do loiro, vindo juntamente com forte soluços. Roxas nunca gostou de chorar, mas pelo menos aquela vez, ele deixaria que as gotas salgadas rolassem livremente por sua face.

Sora, que vinha conversando com Riku (embora o outro respondesse apenas com monossilábicos ou sequer nem respondesse), virou-se para ver seu mestre. Riku levantou a cabeça, percebendo que nada mais adiantava.

-Não...-O demônio de cabelos prateados murmurou.-Não pode ser...Kairi...

A ruiva sorriu, olhando para Riku.

-Está tudo bem, Riku. Não se esqueça de viver, okay?

Sabe aquele momento verídico onde todos estão numa sala de hospital completamente silenciosa, como se ouvissem a morte chegar e soubessem exatamente o momento que aquela pessoa tão querida iria morrer, mas você não pode fazer absolutamente nada? Justamente aquela última hora para dizer adeus, mas ninguém o faz, pois aquele simples gesto de se despedir seria como admitir que tínhamos perdido para a morte?

Era quase a mesma coisa na tenda de Roxas, exceto o fato de que Kairi não morreria, e sim passaria por coisas piores, e que ali não era um hospital humano, e sim uma mera tenda no meio de uma guerra entre anjos e demônios que parecia não ter fim. E por quê? Por um maldito pedaço do Céu. E por esse maldito pedaço, Roxas estava perdendo a sua única, maior e melhor amiga.

O anjo queria poder fazer alguma coisa, mesmo que não conseguisse salvá-la, queria ao menos evitar que ela fosse para o Inferno...

 

        “Uma é para destruir,

Trazendo fim a escuridão.

A outra é para perdoar,

Trazendo paz ao coração. ”  

        

         Foi simplesmente como se já houvesse nascido sabendo o que fazer.

         Roxas invocou sua nova espada, Oathkeeper, e se levantou, empunhando-a. Não estava hesitante, apenas sabia que aquela era a única coisa que podia fazer por Kairi.

         Sora se levantou, alarmado, pensando que seu mestre iria fazer alguma besteira. Riku também se assustou, sentando-se na cama de repente, voltando a abrir o ferimento.

         -Eu sei o que vai fazer, Roxas. Agradeço desde já.-Murmurou Kairi, sorrindo para o loiro. É, ela também sabia.

         -Você poderá ir pra Terra, está bem mesmo assim?-Roxas perguntou, ainda chorando.

         -Sim, qualquer lugar é melhor que o Inferno...

         -Não vai se lembrar de nós...

         -Mas você vai se lembrar de mim, certo, Roxas?

         -Todos vamos.

         Então Roxas desceu a espada, cravando-a diretamente no peito de Kairi.

         A ruiva, que tinha fechado os olhos pensando que iria sentir dor, nada sentiu. Abriu-os para fitar Sora, abismado e de boca aberta, e Riku, com uma expressão deveras horrorizada. E tudo que conseguiu murmurar foi:

         -Não dói, pessoal...

         Então seu corpo inteiro simplesmente se desfez em milhões de pequenas luzes, que se juntaram e saíram da tenda, voando pelo céu que acabava de clarear com a luz da manhã.

         “Com a Oblivion, eu destruo as almas dos demônios, trazendo o fim da escuridão. Com a Oathkeeper, eu perdôo aqueles que merecem ser perdoados, dando paz ao coração de seus entes queridos...” ,Roxas pensou, deixando que sua espada se desfizesse no ar. Ele se virou para Sora, que ainda olhava sem entender e também para Riku, agora mudo.

         -Ela está livre, não vai voltar para o Inferno. -Falou o loiro, sentando-se numa cadeira próxima.

         -Mas, Roxas... Ela não... Morreu?-Sora perguntou, inocentemente.

         -Não, Sora, os demônios não morrem. Eles apenas sofrem mais.

         -Tem certeza de que ela não morreu?

         -É provável que reencarne num humano na Terra.

         -Você... -Riku murmurou, olhando diretamente nos olhos de Roxas. O demônio de cabelos prateados levantou-se, apoiando-se nos móveis, e apesar de sentir bastante dor, caminhou até o loiro, com uma expressão tão ameaçadora que fez o sangue de Roxas gelar. -Você...

         Fosse pelo tempo que passou longe do maior ou a convivência com a personalidade pacifica de Sora, Roxas tinha se desacostumado com a cara de psicopata que Riku tinha. E ele não sabia se isso era algo bom ou ruim.

         -Você... -Riku chegou mais perto, ficando de frente para o anjo, olhando-o com aqueles olhos verde-piscina que até tinham seu charme.

         O loiro engoliu seco, crendo que sua hora tinha chegado.

         Enorme foi sua surpresa quando sentiu um grande peso sobre si, ao mesmo tempo que sentia braços envolvendo-o. Não, só poderia ser uma alucinação provocada pelo medo da morte. Riku o estava abraçando?!?!

         -Você a salvou, certo?-Murmurou o demônio, apertando Roxas contra si.

         -Aham... -Foi tudo que o loiro conseguiu responder defronte a tamanha surpresa.

         -Obrigada.

         Então Riku se afastou, cambaleando um pouco devido ao movimento rápido demais, mas Sora veio e segurou o maior, levando-o de volta a cama, curiosamente ruborizado.

         Roxas sorriu calmamente e deixou a tenda, vendo que o sol já tinha nascido finalmente. Seria difícil esconder do acampamento que um demônio estava em sua tenda, principalmente se alguém tivesse visto Sora voltando ou com Riku ou com Kairi enquanto o loiro lutava contra os arqueiros.

         Mas o loiro estava feliz, pois mesmo que Kairi estivesse morta, Roxas sabia que ela não estaria no Inferno, e que talvez tivesse até uma segunda chance de recomeçar como humana. Além de que tanto ele, quanto Sora e Riku estavam vivos. Era o que importava.

         -Queria que estivesse aqui, Axel... -O loiro murmurou, sentando-se em frente à tenda.

         E ali ficou por umas duas horas, até que Sora saiu da tenda e se sentou ao lado do mestre, limpando a testa, suada.

         -Riku está dormindo agora. Ele não fala muito, né? Apesar de que ele parece ser uma pessoa legal... -O moreno falou, olhando o sol no horizonte. -Roxas, tem certeza de que ele é um demônio?

         -Aquelas asas provam que sim, mas ele é especial. Por quê?

         -Por saber.

         -Hum.

         Roxas estendeu um braço pelo ombro do outro e o puxou, beijando sua cabeça afetuosamente.

         -Obrigada por tudo, Sora.

         O moreno corou, sem saber o que fazer.

         -P-por N-nada, Roxas.

         Roxas abriu as pernas e os braços, ainda sentado, olhando para Sora.

         -Venha.

         O moreno obedeceu, encostando as costas no peito do mestre e se aconchegando ali enquanto os braços do loiro abraçavam seu corpo como se Sora fosse um enorme urso de pelúcia.

         -Você é o meu melhor amigo, Sora. Eu te amo. -Roxas murmurou, cheirando o cabelo do outro.

         -Mas ama mais o Axel, certo?

         -Sim...

         -Então por que está fazendo isso?

         -Por que quero deixar claro o quanto você é importante pra mim, o quanto prezo sua presença e o quanto sou feliz quando estou ao seu lado...

         -Só por isso?-Sora riu, virando-se para o loiro e quase encostando seus rostos.

         Roxas suspirou, olhando um pouco mais para longe no horizonte.

         -Eu queria dizer isso e perguntar outra coisa...

         -O quê?

         -Por que estava chorando naquela noite?

         O moreno emudeceu-se por um instante, chocado. Ele sabia que Roxas se lembrava daquela noite em que ele saíra da tenda e seu mestre fora atrás dele, e logo em seguida ambos começaram a se beijar e...

         -Q-que n-noite?-Gaguejou, fingindo não lembrar. Roxas tinha passado tanto tempo sem tocar no assunto que o moreno pensava que ele nem se importava mais.

         -Você sabe do que estou falando, Sora. Não minta pra mim. Por que estava chorando?-Roxas perguntou com um tom mais autoritário, mas sem deixar de segurar Sora.

         -Eu estava... Triste! É isso aí, muito triste. -O moreno mentiu, começando a dar aquelas risadas falsas.

         -Você não me engana...

         -Mas eu...

         Roxas soltou Sora e se levantou, meio que mancando (maldito tornozelo) até a frente do moreno, onde segurou seu queixo para que não desviasse o olhar.

         -Eu ordeno, como seu mestre, que me diga o motivo pelo qual estava chorando naquela noite, Sora.

         O moreno até tentou, mas era impossível resistir a um comando realmente ordenado de Roxas, principalmente quando ele o olhava de forma tão penetrante como agora.

         -Eu... Eu... Tinha tido um pesadelo com minha mãe!-O moreno exclamou, começando a chorar em seguida.-Ela era devorada por dezenas de demônios e seus resto eram levados para o Inferno para servirem de comida para os mortos e... E...

         -Shhh... Tá bom, eu entendi, já chega... -Roxas abraçou o menor, culpando-se por tê-lo feito chorar e principalmente por ele ter lembrado coisas tão... Assustadoras. Mas algo chamou sua atenção. -Sora, você conheceu sua mãe?

         -Sim... Eu me lembro dela.

         -Mas ela...

         -Ela era minha mãe humana. -Falou, enxugando o rosto com as costas das mãos. -Eu me lembro dela desde que eu ainda era humano, Roxas. Eu ainda choro por ela ás vezes...

         -Mas você não chora mais, certo?

         -Na verdade, desde que você veio, eu parei de ter esses pesadelos. Acho que ela sempre quis que eu arranjasse amigos. -O moreno sorriu, ainda corado.

         -Eu não me lembro da minha vida antes de virar anjo... Mas, enfim, obrigada por me contar, Sora. -Roxas sorriu, pegando no ombro do menor.

         Ambos voltaram para a tenda, onde descansaram pelo resto do dia, dando um jeito de fechar as abas da tenda para que ninguém entrasse ali e visse Riku por acaso, que ainda dormia serenamente.

 

 

 

         O demônio inspirou aquele cheiro como se fosse uma deliciosa fragrância, coisa que estava bem distante de ser. Seus ouvidos eram martelados com sons agonizantes, tais como gritos e lamúrias vindos de todos os andares do Inferno. Mas ele não ligava.

 Estava acorrentado numa espécie de cela, no sexto andar do Inferno, preso por pulsos, tornozelos e até pescoço. Sua pele já exibia vários sinais de maus-tratos. Seus pés não tocavam o chão. Mas ele não ligava.

Não sabia por quanto tempo estivera ali, mas segundo as frequentes conversas dos carcereiros, a guerra entre anjos e demônios continuava lá em cima, no Céu. E se continuava, ainda havia esperança.

O demônio ruivo sorriu, olhando pelas grades da cela com seus olhos verde-esmeraldas. Seu sorriso era de um tipo assassino, como se quisesse dizer: “Eu vou acabar com todos vocês...”

O plano já estava armado. Logo ele seria libertado. O primeiro demônio a fugir do Inferno. O primeiro General (ou ex-General) a se rebelar.

Axel, A Agitação Das Chamas Dançantes, queimaria o Inferno. Mais uma vez.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que algumas pessoas não me sequestrem e me espanquem depois desse chap... Acho que não né? Ainda deixei um presentinho no final...
E pensar que deixei 5 MESES sem postar... Mas que espécie de Ficwriter sou eu...
(Yuki> Retarda... ¬¬')(Eu>Shh!!)
Enfim,espero que tenham gostado, e por favor, mandem reviews okay? Não dói,não te leva pro Inferno,não te faz ver o Sirius e ainda te dá nyah! Cash.
Kisses!!



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