Between Love And Hate escrita por Blue Dammerung


Capítulo 11
Capítulo 11: For the Last Time, I Love You


Notas iniciais do capítulo

Meus queridos leitores, é com grande tristeza que eu lhes apresento o penúltimo chap da fanfic...CARA,ATÉ EU CHOREI ENQUANTO EU ESCREVIA ESSE CHAP!TÁ DEPRESSIVO DEMAIS!NÃO É QUERENDO ASSUSTAR,claro,MAS TENHA UM LENÇO AO SEU LADO QUANDO FOR LER VIUW?
Ah,queria agradecer,como sempre,aos meus amigos e destacar o fato de que SIM!DESSA VEZ EU POSTEI O CHAP DE ACORDO COM O PRAZO!UHAUHAUAUAUHA!!
Bem,boa leitura (e boa sorte)!
P.S> Se algum dos leitores virar emo depois de ler este chap, não me culpe, também virei (por algumas horas só),hauuahuahau.



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Naquela manhã, Roxas quase não se levantou. Seu corpo, por algum motivo, implorava para continuar na cama. O sol já iluminava os campos lá fora, além de que não demorou até que um Mensageiro dos Arcanjos viesse chamar o loiro, afirmando que, novamente, Altair o queria nas linhas de frente.

         -Aquele arcanjo estúpido não me deixa em paz... -Roxas falou para Sora e Riku, uma vez que o mensageiro já tinha ido embora, meio que intrigado pelo loiro não tê-lo deixado entrar na tenda, já que Riku estava ali.

         -Eu acho que ele te ama, sabia? Ele realmente não consegue ficar longe de você!-Sora brincou, rindo.

         -Deus me livre! Prefiro ser espancado vivo...

         -Você está sendo exagerado demais, Roxas. Acho que ele quer apenas manter o olho em você, por isso não te deixa em paz. -Riku falou, sentando-se numa cadeira ao lado de Sora, que estava no chão, assim como Roxas.

         -Pode ser, mas mesmo assim, não gosto dele.

         -Não é obrigado a gostar.

         -Mas sou obrigado a obedecer às ordens dele.

         -Bem vindo ao sistema de hierarquia dos demônios, amigo. No Inferno, nenhum demônio gosta de seu superior, mas eles obedecem mesmo assim.

         -Aqui não é o Inferno, sabe?

         -Mas em alguns casos até que parece. De qualquer forma...

         -Tenho que me arrumar. Sora, me ajuda?

         O moreno ergueu o olhar para o loiro e assentiu, indo buscar uma armadura nos cantos da tenda. Não era tão bela quanto a que Roxas tinha antes de ser pego por Axel, mas servia para proteger.

         Uma vez pronto para partir, Roxas caminhou até a saída da tenda, onde se virou para os dois amigos e disse:

         -Me desejem sorte. -E sorriu, saindo. Aquela seria a última frase que trocaria com seus amigos em muito tempo.

         Após deixar a barraca, o loiro caminhou até o refeitório, comeu alguma coisa e depois foi ao Armazém, onde os anjos guardavam armas e armaduras remanescentes. Roxas tinha perdido sua espada na última batalha e não conseguiria lutar por horas a fio com a Oblivion e a Oathkeeper, já que elas consumiam bastante energia.

         Após ter acertado tudo, o anjo finalmente foi se reunir ao exército, que já partia para o campo aberto. A manhã mal tinha começado e a guerra recomeçou, com cerca de três mil soldados de cada lado.

         Altair estava na frente, montado num cavalo alado branco, um pégaso, como os humanos chamavam. Brandia nada mais nada menos que a espada que Roxas vira, Masamune, a arma do Segundo Anjo Caído, esbanjando aqueles dois metros de comprimento que tinha. Sua armadura branca com detalhes em azul deixava claro que ele era o General ali. Para Roxas, aquilo era só mais uma forma de ele mostrar sua arrogância.

         O loiro alçou vôo até as primeiras fileiras, próximo ao Arcanjo, onde tratou de chamar sua atenção, matando os demônios “puros” que se aproximavam. Estava disposto a mostrar que até um anjo qualquer era melhor que aquele idiota.

         Claro que Altair viu o loiro, mas tudo que fez foi apenas ignorá-lo, certo de que um ser “inferior” como aquele não merecia sua atenção.

         A batalha naquela parte do campo durou por cerca de três horas, e quando terminou, Roxas já estava exausto. Ao seu redor havia vários anjos, muitos feridos, mas vivos. O sol, agora trazendo um clima mais quente. Devia ser por volta do meio-dia.

         Roxas voltou a correr os olhos pela paisagem. O lado em que se encontrava era o lado leste do campo, cujo já não abrigava nenhum demônio. No entanto, os lados norte e oeste ainda continham alguns grupos daqueles seres. No total, talvez ainda restassem uns quinhentos a oitocentos ali.

         O loiro respirou fundo e se curvou, pondo ambas as mãos nos joelhos, cansado. Não podia parar ainda. Ia mostrar aquela besta arrogante do Altair o quanto um mero anjo podia fazer!

         Roxas levantou o rosto e logo voou pelos céus, derrotando alguns demônios que planavam sobre o solo. Passado pouco tempo, seus orbes azuis avistaram o General dos anjos, lutando com alguém, tendo bastante dificuldade.

         Seria outro General dos Demônios? O loiro estreitou os olhos para ver, mas nesse exato momento, algo puxou seu pé esquerdo com tamanha violência que Roxas caiu no chão. O ar escapou de seus pulmões, que logo começaram a clamar por mais oxigênio. Sua vista ameaçou desaparecer, escurecendo algumas vezes.

         Graças à pancada súbita, Roxas acabou soltando a espada de suas mãos. Estava quase que vulnerável. Sentiu uma grande pontada em seu peito. Olhou para cima e viu que um demônio puro tinha atravessado sua armadura, usando suas garras como arma, atingindo em cheio o peito de Roxas.

         Como um reflexo, ou melhor, como se fosse outra pessoa pensando por ele, o loiro invocou suas armas e atacou o demônio com a Oblivion, caindo no chão de joelhos em seguida. Suas mãos soltaram as espadas por um segundo enquanto corriam até seu ferimento, que sangrava bastante.

         -Merda...

         Roxas olhou ao redor, notando que grande parte dos demônios estava indo para próximo de Altair, talvez tentando encurralá-lo. Não que o loiro sentisse alguma simpatia pelo General, não. De longe desgostava dele, mas não poderia deixá-lo morrer, podia? Quer dizer, Altair podia ser ignorante, bossal, arrogante, mandão e muitas outras coisas, mas ainda assim, era essencial para a guerra.

         Por isso Roxas alçou vôo novamente, vendo de cima a situação do campo. Seus olhos voltaram a cair na figura que lutava contra o Arcanjo. O combatente não usava armadura, apenas uma roupa que parecia ser tecido, negra, deveras rasgada e suja já. Mas outra coisa chamou sua atenção. A figura usava armas circulares pegando fogo, e certamente, bastante familiares...

         O coração de Roxas parou de bater. Seus pulmões perderam todo o ar. Seu cérebro entrou em colapso. Foi como se tudo isso houvesse acontecido naquele momento, tão longo e tão rápido ao mesmo tempo.

         O loiro gritou.

         Foi como se o fim do mundo tivesse chegado.

 

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         Apenas mais alguns segundos... 5...4...3...2...1.

         A porta da cela se abriu. Era incrível o fato de os demônios serem tão pontuais. A grande besta a sua frente tinha pele escamosa, vermelha, chifres e atrás, uma cauda serrilhada. Um demônio puro, mas especial, principalmente pelo fato de ter quase 3 metros de comprimento e músculos grandes demais para as proporções humanas. Aquele era o carcereiro que vinha lhe dar comida de dia.

         Aquele demônio era totalmente oposto ao seu colega, que tinha apenas 1,70 de altura e bastante magro, fraco. A dupla deveria ser cérebro de um lado e músculos do outro.

         O demônio ergueu a cabeça de Axel com força, obrigando-o a beber alguma gosma sem gosto. Sem gosto. Ou seja, não havia droga dentro dela. Como previra, só iriam dopar-lhe a noite, quando o demônio mais fraco viesse.

         Aquele era o terceiro dia. Aquele era o dia que escaparia dali.

         Sem falar nada, o grandalhão deixou a cela, fechando as grades da mesma em seguida. Axel lambeu os beiços. Aquela gosma era horrível, mas se era a única comida que tinha, iria aproveitar. Precisaria de força se quisesse escapar do Inferno, principalmente com o fato de que teria dezenas de milhares de demônios, além dos Generais, atrás de si.

         Axel contou as horas desde aquele momento. Como um general, aprendera a se adaptar o mais rápido possível em lugares hostis. Passaram-se 8 horas, 9 horas e finalmente 10.

         Alguns segundos... E logo o ruivo ouviu o barulho das chaves girando na tranca da cela, que teve a porta aberta. O demônio, baixinho para a estatura de Axel, que chegava aos 1,87 de altura, se aproximou e soltou somente uma das mãos do ruivo, já que não era alto o bastante para alimentá-lo apenas puxando sua cabeça para cima, como seu colega fazia.

         O demônio pôs a vasilha com a gosma na mão do ex-General, que começou a levar até a boca, mas antes disso, jogou-a no rosto do outro, que, desavisado, levou as mãos até a cabeça, deixando cair as chaves.

         Aquele momento de descuido foi o bastante para Axel, com a mão livre, invocar um Chakram e quebrar a corrente que prendia seu outro pulso, libertando-o também. Quebrou as correntes das pernas e por fim a do pescoço, estando finalmente e totalmente livre. Tudo isso em meros 5,3 segundos.

         Axel atacou o demônio com suas armas, deixando-o caído no chão, inconsciente, pegando o molho de chaves e em seguida saindo dali, correndo pelos corredores do prédio.

         As celas passavam rápidas por si, ao mesmo tempo em que lamúrias variadas chegavam aos seus ouvidos. Ignorou. Quando estava quase chegando na saída, aquele brutamontes de três metros apareceu, manejando um enorme martelo numa das mãos.

         Sem falar nada, atacou Axel, que bem mais leve e mais ágil, desviou e partiu para a saída, chegando até a “rua” que levava ou para baixo, em direção ao Sexto Andar ou para cima, levando para o Quarto Andar. Alçou vôo em direção as negras escadarias que davam ao andar superior.

         Um barulho agonizante chegou até seus ouvidos. Parecia uma espécie de sirene, e de fato, era uma sirene, alertando que um prisioneiro fugira. Merda.

         Logo, dezenas e dezenas de demônios puros apareceram em frente a Axel, bloqueando a escadaria e a passagem por cima. Outro grupo também apareceu atrás, tendo consigo o brutamonte da prisão e Caldir, o governante do Quinto Círculo.

         Ambos os grupos começaram a se aproximar de Axel, numa intenção de encurralá-lo e deixá-lo sem saída. Mas o ruivo tinha sido um general por anos e anos, aquilo não funcionaria com ele.

         Axel investiu contra o grupo da frente, atacando todos os demônios que via enquanto forçava sua passagem, empurrando-os. Claro que nessa ação desesperada, foi cortado várias vezes, tanto por garras quanto por espadas e outras armas.

         Mas mesmo assim, conseguiu uma mínima brecha entre o grupo, que aproveitou e atravessou, subindo rapidamente até o andar superior. Na parte de cima da escadaria, ou seja, o limite superior de um andar, sempre existe um portão de ferro negro, adornado ou não. Os degraus sempre começavam ali, dando entrada para que estivesse descendo e saída para quem estivesse subindo. Este era o destino de Axel.

         O ruivo aproximou do enorme portão, empurrando com grande parte de sua força, enquanto os dois grupos de demônios atrás de si se aproximavam rapidamente.

         Quando estavam a metros de distância, Axel conseguiu abrir a passagem, atravessando-a e voltando a voar, subindo pela escadaria do Quarto Círculo até o próximo portão, que encontrou, claro, com centenas de demônios impedindo a passagem.

         -Droga... Isso não acaba mesmo... -O ruivo murmurou, usando a mesma técnica de investida de antes, só que dessa vez, usando mais efetivamente seus Chakrams.

         Ganhou mais ferimentos, e logo uma sensação de claustrofobia começou a apossar-se de si. Por quê? Imagine você rodeado de dezenas de pessoas, todas te empurrando. Você mal consegue se pôr de pé. Você não consegue nem se defender direito. Tudo que você consegue fazer é empurrar também, ao mesmo tempo em que você tenta empurrar pra direção certa.

         Axel conseguiu derrotar vários dos demônios, chegando até a tocar no portão de ferro, mas tudo piorou quando Ksar, o Governante do Quarto Círculo, o alcançou, atacando com uma espada tão afiada que parecia até a cortar o ar.

         Ele investia contra o ruivo, afastando-o do portão e fazendo-o recuar para os degraus inferiores. Axel podia apenas se defender e atacar de vez em quando, já que os demônios que sobraram continuavam atacando, sem falar do outro grupo que se aproximava também, vindo dos andar inferior.

         Era tudo uma luta contra o tempo. E o ruivo realmente não tinha tempo. Por isso, recorrendo a sua criatividade e até uma ação pouco honrosa, investiu contra Ksar, ficando próximo dele, e cuspiu em seu rosto, deixando-o vulnerável por segundos suficientes para que Axel o atacasse violentamente, girando seus Chakrams e atingindo também os demônios ao seu redor, deixando a o caminho livre par ao portão por um curto período de tempo.

         Axel correu até lá, empurrando logo o portão. Por algum motivo, não teve dificuldade alguma para empurrá-lo, abrindo a passagem e voando pelo Terceiro Círculo em seguida.

         Mais demônios, só que bem mais fracos, bloqueavam a saída. O fato  de inferioridade era facilmente notável pela aparência menos assustadora, além de que, assim como o Rank dos Generais, quanto mais fundo, mais força os demônios tem. Ou seja, quanto mais próximo da superfície, mais fracos são.

         O ruivo partiu para cima dos demônios, derrotando-os quase sem dificuldade. Mas algo latejava em sua cabeça, como uma sensação irritante. Sentia-se observado. Mas ignorou, certo de que aquela não era hora de pensar em coisas tão insignificantes.

         Derrotou o Governante do Terceiro Círculo e prosseguiu, realizando o mesmo esquema até finalmente chegar ao Primeiro Círculo.

         Os olhos verdes esmeralda contemplaram o portão de ferro no alto da escadaria. Axel se aproximou da saída definitiva do Inferno quando, de repente, foi jogado para trás, caindo com força nos degraus. Em frente ao portão, como se fossem uma espécie de muro maciço, estavam quase todos os Generais que Axel não tinha derrotado, inclusive Sirius, que tinha um sorriso deveras psicopata no rosto. O único que não estava presente ali, tirando os derrotados, era o próprio Lúcifer.

         -Aonde pensa que vai, Axel?-Perguntou o Governante do Oitavo Círculo, se aproximando, ao mesmo tempo em que os demais rodeavam o ruivo. Como tinham chegado ali tão rápido?!-Você não pode deixar sua terra natal, é contra as regras, sabia?

         Axel se levantou, com os Chakrams em mãos. Aquela seria uma luta difícil, sem contar com o fato de que os demônios dos andares inferiores já voavam até ali, prontos para impedirem o ex-General de escapar.

         O ruivo atacou primeiramente Krauser, que por Rank, era o mais fraco de todos ali, já que governava o Primeiro Círculo. Por um segundo, Axel acreditou conseguir derrotá-lo com apenas um golpe, mas logo recebeu um contra-ataque, não só de Krauser, mas de todos os Generais, voltando a cair no chão, mais ferido que antes.

         Voltou a atacar, dessa vez girando os Chakrams, querendo atingir a todos ao mesmo tempo, mas algo atingiu seus pés, levando-o ao chão, onde quase uma outra lâmina o tinha como alvo, antes de rolar seu corpo para o lado e se levantar novamente.

         Com movimentos frenéticos, Axel continuava a atacar e se defender, embora por várias vezes tenha recebido mais ferimentos do que previra. Afinal, era uma luta de cinco contra um.

         Axel atacou Sirius, que estava mais próximo, e logo sentiu algo frio queimar em suas costas, sentindo algo quente escorrendo por elas. Uma espada ferira suas costas, mas não de modo fatal, apesar de sangrar bastante.

         A formação dos Generais agora estava desconexa, não mais circular, dando mais movimento a Axel. No entanto, o ruivo estava infinitamente exausto. Seus pulmões imploravam por ar, ao mesmo tempo em que todos os seus músculos latejavam de dor. Até ficar de pé doía. Até respirar doía. Imagine então continuar lutando.

         Mais três Generais, incluindo Sirius, atacaram Axel, que ergueu os Chakrams para se defender, sem muito sucesso, sendo ferido no peito, no ombro esquerdo e um pouco no pescoço, mas voltando ao chão.

         Após cair e levantar tantas vezes, o ruivo finalmente não queria se erguer. Queria continuar ali, quieto, imóvel, apenas esperando seu “fim”. Mas o que seria o fim? Quando fosse morto pelos Generais, apenas voltaria para o Nono Círculo, onde sofreria ainda mais. Não conseguiria escapar uma segunda vez, então a esperança de ver seu amado novamente desapareceria.

         Sua vista fraquejou. O chão abaixo de si estava uma poça de tanto sangue que deixava seu corpo. Suas pálpebras pesavam. As batidas do seu coração estavam descompassadas, lentas, cansadas. Queria desistir de tudo. Queria descansar pelo menos por uma vez, sem pensar na dor que sentiria quando voltasse às profundezas do Inferno.

         Mas... E Roxas? Tinha chegado tão longe pra desistir? Axel sabia que acabaria tendo que enfrentar os Generais para ver seu amor, então, por que estava tão hesitante em prosseguir? Do que tinha medo? Ou será que era apenas o pensamento inútil que dizia “fiz tudo o que pude fazer”?

         Não. Axel tinha chegado longe demais para falhar. Não iria morrer pelas mãos daqueles demônios.

         O ruivo, reunindo grande parte da força que lhe restava, se pôs de pé, recuando até encostar as costas no portão de ferro negro. A sua frente estavam os Generais, todos com as espadas em punho.

         -Cansou, Axel? Não quer pedir perdão e voltar? Você ainda pode fazer isso de quiser, ou quem sabe, se ficar de joelhos, pode virar meu bichinho de estimação, o que acha?-Sirius perguntou, com aquele sorriso nada amigável nos lábios.

         Axel cuspiu um pouco de sangue nos pés do General, ao mesmo tempo em que erguia uma de suas mãos e dava um cotoco para o mesmo, sorrindo.

         Sirius balançou a cabeça negativamente.

         -Pena, Axel, você daria um ótimo bichinho. -Então o General, seguido dos demais, atacou o ruivo, que materializou os Chakrams e os ergueu para se defender, embora, por experiência, soubesse que tinha sido tarde demais.

         Axel fechou os olhos com força, esperando sentir as diversas lâminas rasgarem-lhe a carne, mas não sentiu. Ao invés disso, aquela sensação de estar sendo observado ficou cada vez mais forte, até que desapareceu por completo, vindo juntamente com uma fragrância que lembrava lírios.

         O ruivo abriu os olhos lentamente, estranhado aquele cheiro. Por ser um demônio, Axel nunca acreditou em milagres. Até aquele momento.

         A sua frente, de costas para si, estava um anjo, ou um demônio, não sabia distinguir. Diferente de todas as criaturas do Inferno, inclusive de Axel e até de Lúcifer, aquele ser não tinha asas membranosas, e sim plumadas, como as dos anjos. A única diferença era que elas eram negras, de uma cor tão escura quanto a própria noite.

         Tinha longos cabelos prateados, além de ter um porte alto e imponente. Uma espécie de aura invisível deixava claro sua superioridade. Vestia também um sobretudo cinza, com rasgos atrás para dar movimentação as asas, juntamente com toques metálicos nos ombros.

         Axel relaxou os joelhos sem querer, caindo no chão, sem acreditar.

         A frente do ser estavam os demais Generais, desacordados, mas não mortos (senão teriam voltado ao Nono Círculo), caídos no chão.

         -Você é o cara que ajudou um anjo?-Perguntou, olhando para Axel por sobre o ombro com olhos tão verdes quanto os seus.

         -Sim... -O ruivo respondeu, meio que atordoado.

         -Sabe quem eu sou?

         -Sim...

         -Ótimo, então vou poupar-lhe das apresentações.

         Axel continuou ali, já escutando o grande grupo dos demônios se aproximar de onde estavam, surpreso demais para se mover. Sephiroth se virou para o ruivo, materializando sua arma com sua própria energia, abrigando então, em sua mão direita, uma espada bastante parecida com Masamune, embora mais bela e com detalhes na lâmina.

         -Levante-se. Eu não vim até aqui e me expus para ajudar um idiota que desiste depois de tanto esforço.

         -Você... Você me ajudou, não foi? Por quê?

         -Levante-se.

         Axel obedeceu e se pôs de pé, embora suas pernas implorassem por descanso.

         Sephiroth estendeu a mão livre e o portão se abriu, sozinho, dando para uma caverna escura.

         -Parece que o Inferno que criei continua a me obedecer... -Murmurou o Anjo Caído, recolhendo a mão e se virando para o grupo de demônios que se aproximavam.-Vá.

         -Mas... Você vai lutar sozinho!

         -Você não presta pra lutar, além de que não é todo dia que o Segundo Anjo Caído deixa as sombras.

         -Por que está fazendo isso?

         -Uma vez vi uma história parecida com a sua, e ela não terminou bem. Eu só quero que ninguém mais passe pelo o que eu passei, pelo menos não enquanto eu puder impedir. Agora vá.

         O mais velho se virou e desceu os degraus, indo de encontro os demônios. Sephiroth, o Segundo Anjo Caído, lutaria mais uma vez, e por sua causa.

         Axel murmurou um “obrigado” e saiu correndo, atravessando o portão e adentrando a caverna, ouvindo em seguida o barulho do portão negro fechando atrás de si.

         Apesar de ainda estar exausto, ferido e bastante debilitado, agora tinha mais forças para não desistir. Não teria o mesmo fim da lendária história de Sephiroth e Cloud. Não, Axel não perderia Roxas, não enquanto ainda tivesse duas pernas para andar ou duas asas para voar.

         Como a caverna era baixa demais para voar, o ruivo continuou correndo por alguns tempos até que finalmente viu uma enorme claridade a sua frente. A saída.

         Atravessou-a e, uma vez que seus olhos estavam mais acostumados, já que o Inferno era bem mais escuro, olhou em volta. Estava na Terra, dentro de uma lojinha que vendia artigos para bruxaria e práticas demoníacas. Axel olhou em volta, não encontrando nenhum humano, e saiu da lojinha, chegando até a rua.

         Ergueu a cabeça rapidamente e viu a placa da loja: “Inferno”. Abaixo do nome, havia uma frase pintada num tom tão vermelho que lembrava sangue, dizia: “Deixai toda esperança, ó vós que entrais! ¹”. Era algo tão óbvio que pouquíssimos dariam importância àquele lugar, e por isso, aquela era a entrada do Inferno.

         Axel notou que devia estar em alguma periferia da cidade grande, e embora não soubesse realmente que lugar era aquele, conseguia avistar de longe os imensos prédios que se erguiam para o céu, imponentes, como se alcançassem as nuvens.

         O ruivo, ansioso, alçou vôo dali mesmo, certo de que nenhum humano conseguiria vê-lo, tendo como único desejo encontrar seu amado o mais breve possível.

         Balançando as asas forçadamente, já que estava bastante cansado, o ruivo não demorou a alcançar as fofas e brancas nuvens, que o molhavam ao passar por elas. Atravessou uma nuvem, duas, três... E finalmente avistou uma maior, mais especial, meio que azulada. A atravessou e finalmente sentiu aquele ar mais puro que só o Céu tinha, coisa que antigamente o incomodava, mas que agora trazia boas lembranças e uma sensação quase que acolhedora.

         Axel olhou em volta, reconhecendo o lugar. Estava na Planície do Adormecer, lugar onde ainda acontecia a guerra, mais exatamente no lado oeste da planície, um pouco distante do campo de batalha.

         Conseguia ouvir o barulho das armas se chocando, além de gritos de guerra e até comandos dos superiores. Axel correu os olhos pelo horizonte até enxergar o acampamento dos anjos. Tinha esperança de que Roxas estivesse lá, e se estivesse, estaria disposto a enfrentar mais um exército, dessa vez de anjos, para rever seu amado. Estava tão perto que podia até sentir a maciez daquela pele em suas mãos novamente...

         Determinado, Axel correu em direção ao acampamento dos anjos, já que era arriscado demais voar ali.

         Colocou uma das mãos sobre a testa, protegendo os olhos. O sol estava a pino, ou seja, meio dia. Toda aquela claridade machucava seus olhos, mas continuou a correr, ignorando a dor e o cansaço que o acometiam. Logo veria Roxas, e então, quem sabe, fosse atrás de Riku e Kairi também.

         Inebriado com a possibilidade de finalmente poder ver seu anjo, Axel mal notou que as tropas de ambos os lados começavam a se aproximar dele, e foi de repente quando recebeu um ataque direto de um anjo com asas maiores que o comum, além de ostentar uma armadura branca com detalhes em azul.

         Embora os reflexos do ruivo estivessem meio debilitados graças ao seu estado físico, conseguiu invocar seu Chakrams a tempo para defender-se, colocando-os em frente a si para bloquear o ataque. Axel olhou melhor e reconheceu o atacante como um dos Arcanjos que comandavam os anjos, mas o que mais lhe chocou foi o fato de ele empunhar nada mais nada menos que Masamune! Como e quando os anjos tinham conseguido uma arma tão mortal para os demônios como aquela?!

         -Quem é você?-Axel perguntou, mantendo a posição de defesa, desconfiado.

         -Sou Altair, General dos Anjos. Quem és tu?-Respondeu o Arcanjo enquanto os anjos ao seu redor protegiam sua retaguarda, certos de que não deveriam interromper seu mestre.

         -Sou Axel, General... Quero dizer, Ex-General dos Demônios e Ex-Governante do Sétimo Círculo do Inferno.

         -Então és um inimigo. -Altair apontou para o ruivo com a espada, ameaçando-o.

         -Não quero lutar. Estou atrás de um anjo que se chama Roxas. Por favor, deixe-me ir até ele. -Axel falou, abaixando mais os Chakrams. Não adiantava pedir por favor ou conversar com demônios, mas talvez, só talvez, aquela estratégia funcionasse com os anjos, já que eles não eram criaturas tão irracionais.

         -Roxas? Não, não podes falar com ele. Tu, por acaso, não és o demônio que matastes Angelus, és? O mesmo que sequestrastes Roxas?

         -E se eu for?

         -Mereces morrer!

         Altair investiu contra Axel repentinamente, atacando de cima para baixo. O ruivo se defendeu, contra-atacando em seguida, por pouco quase acertando o outro na área da costela, errando por centímetros. O arcanjo voltou a atacar, girando a espada ao seu redor, mas Axel agachou-se rapidamente e acertou o outro na perna, fazendo-o cair, aproveitando o momento para atacá-lo, mas Altair se ergueu rapidamente, empurrando Axel, que antes de cair no chão com força, jogou ambos os Chakrams contra ele, fazendo-o cair igualmente.

         Os anjos ali perto tentaram atacar Axel, mas o Arcanjo levantou uma das mãos, num sinal para que parassem.

         -Este é meu. -Murmurou para os anjos, que se afastaram, obedientes, e trataram de exterminar o restante dos demônios próximos dali.

         A luta recomeçou, dando por diversas vezes num empate. Altair era bom, mas não tanto, uma vez que, se Axel estivesse descansado e sem todos aqueles ferimentos por seu corpo, com certeza teria uma grande vantagem, mas como esse não era o caso, o ruivo estava tendo que apelar para o que restava da sua força para continuar lutando.

         Seus ferimentos, abertos por causa de toda aquela movimentação forçada, sangravam bastante, deixando o chão que Axel pisava escorregadio e perigoso, pois se o ruivo caísse no chão, ficaria bastante vulnerável a Altair, que com certeza o atacaria sem dó.

         O Arcanjo investiu novamente, rasgando a camisa negra de Axel e atingindo de raspão seu ombro. O ruivo contra-atacou, atingindo o outro na barriga, se afastando rapidamente e jogando mais dois Chakrams contra ele, que caiu no chão, bastante ferido.

         Axel fez aparecer mais dois Chakrams em suas mãos, caso precisasse se defender. Altair se mexeu um pouco e se levantou, com a mão livre na barriga enquanto a outra segurava Masamune com tanta força que estava branca.

         -Irás pagar por isto, maldito... -Murmurou o Arcanjo, voltando a atacar, mais lento que antes embora com mais força.

         Axel ergueu os Chakrams e se defendeu, atacando de volta e recomeçando o ciclo de ataca, defende e contra-ataca, que durou até um determinado momento que estava no caminho de investir contra Altair quando, de repente, escutou um grito e parou.

         Aquele grito, mesmo que meio estrangulado por algo que parecia ser desespero, tinha na voz um timbre que só uma pessoa que o ruivo conhecia tinha. Roxas.

         -AXEEEEEL!!-Roxas gritou, planando no céu acima do ruivo, chamando sua atenção.

         Por um mísero instante, Axel se esqueceu do campo de batalha. Esqueceu da guerra, dos anjos, dos demônios. Esqueceu do Inferno e do Céu. Esqueceu de tudo. Por um mísero instante, para ele, só houve Axel e Roxas ali, nada mais.

         Mas, por esse mísero instante, o ruivo ficou com a guarda baixa, deixando-se vulnerável para quem quisesse atacá-lo. E assim Altair fez. O Arcanjo atacou Axel com Masamune, atravessando a barriga do ruivo com tamanha violência que a lâmina atravessou seu corpo.

         Axel tirou os olhos de Roxas, sentindo o metal frio dentro de seu corpo, desconfortável e doloroso. Um grande volume subiu por sua garganta e o cuspiu. Sangue, muito sangue. Olhou para Altair com descaso, sem dar importância a ele. Voltou a pôr seus olhos em Roxas e sorriu, feliz, com filetes de sangue ainda descendo por sua boca.

         Tinha visto seu amado mais uma vez. Se iria morrer e desaparecer para sempre, que seja, estava feliz.

         -NÃÃÃÃOOO!-Roxas gritou, voando até lá com toda a velocidade que tinha, agora sem se importar com seu próprio ferimento no peito que ainda sangrava.    

Altair retirou Masamune do corpo de Axel, ao mesmo tempo em que o ruivo caía de joelhos no chão, ainda sorrindo. Seu corpo doía, estava ferido e sangrava. Seus braços estavam cansados de lutar, e seus olhos pesavam. Conseguir oxigênio nunca tinha sido tão difícil. Mas Axel estava feliz, tão feliz que nenhuma dessas coisas importavam mais.

         O Arcanjo ergueu Masamune mais uma vez, mirando no pescoço do demônio como se fosse degolá-lo ali mesmo, só por um mero capricho, já que, com um golpe fatal daquele, Axel tinha começado a ser destruído por dentro graças à habilidade da espada que Altair empunhava.

         O General dos Anjos estava descendo Masamune em direção ao pescoço do ruivo quando algo se chocou contra si fortemente, jogando-o a metros de distância dali. Roxas, desesperado, jogou seu próprio corpo contra o Arcanjo, querendo-o afastá-lo de Axel a todo custo.

         O anjo, que caíra ao lado de seu superior, levantou-se e correu até o ruivo, que caíra no chão, sem forças para se quer ficar de joelhos.

         Roxas abraçou Axel, deitando-o em seu colo e começando a chorar ao ver o outro naquele estado. O ruivo ainda sorria, e usando o que restava das suas forças, levantou a mão para tocar no rosto do menor com carinho.

         -Meu anjo... Eu estava com tanta saudade de você... -Murmurou Axel, com a voz bastante falha.

         -Não, Axel, não fale... Por favor, agüente, você vai ficar bem, eu...-Roxas tentou falar, mas foi interrompido pela mão do ruivo, que pôs um dedo em seus lábios.

         -Shhh... Estou bem, Roxas, contanto que eu esteja com você, vou ficar bem... Meu anjo, você me perdoa pelo o que eu disse? Era tudo mentira... Eles disseram que eu devia matar você... E você sabe que eu jamais te machucaria, não é?

         -Eu nunca acreditei... Nunca, nunca mesmo. Sempre soube que era mentira. Eu te amo tanto, Axel... Por que não fugiu comigo? Por que decidiu aguentar tudo sozinho?    

         -Para onde eu iria, meu anjo? Ninguém gosta de um demônio... -O ruivo parou por uns instantes, cuspindo mais sangue e deixando a mão pousar no peito do menor, que ainda sangrava.-Você está machucado...

         -Não é nada. Temos que cuidar é de você. Venha, vamos...

         -Não, Roxas. Você sabe o que esta espada faz, não sabe? Eu não tenho salvação... Fique aqui comigo, por favor, apenas fique...

         O loiro abraçou Axel com força, como se aquele gesto mantivesse o ruivo com ele, mas não adiantaria. Axel estava certo. Não havia salvação. Nem mesmo se Roxas usasse a Oathkeeper para salvar a alma do ruivo, pois a alma do mesmo já estava sendo destruída pouco a pouco.

         -Roxas... Você me perdoa mesmo...?-O ruivo perguntou, ainda sorrindo. Nunca imaginou que os pequenos braços do loiro fossem tão confortáveis...

         -Lógico que sim... Eu te amo, Axel. E vou continuar te amando não importa o que aconteça...

         -Eu também te amo, meu anjo... Não chore mais, por favor... Me dói o coração quando você chora... Não que demônios tenham um coração²...

         Roxas só começou a chorar ainda mais, até que Axel voltou a erguer sua mão e a pôs sobre a nuca do menor, trazendo seu rosto para perto e beijando seus lábios uma última vez, provando de sua boca, realizando o último desejo que passara por sua cabeça naquela hora.

         O ruivo separou seus lábios, mas manteve seus rostos colados, sussurrando no ouvindo do menor, não porque queria, mas sim porque realmente sua voz não tinha mais forças para falar normalmente:

         -Fique com... Meu cordão, Roxy... Lembre-se de mim e... Aonde quer que eu esteja, ficarei feliz... -O loiro assentiu, pegando com cuidado o pingente que estava no pescoço do maior, surpreso internamente pelo fato de os demônios não terem tomado aquela jóia.

         Então, as pernas de Axel começaram a se desfazer e a virar areia, como aquele outro demônio que Roxas vira no teste que Altair fez.

         -Não! Axel, Não! Não, não, não... -Roxas implorou, segurando Axel mais forte, junto ao peito machucado. -Não, por favor, não...

         -Eu te amo, Roxas... Você foi... O único que conseguiu... Tocar no meu coração...

         Logo, todo o corpo do ruivo tinha se desfeito em areia, levado por uma súbita brisa de vento. Estava tudo em silêncio. Todos os anjos ao redor de Roxas, uma vez que não havia mais demônios por perto, estavam imóveis, calados, perplexos com a cena que tinham presenciado, inclusive Altair, que tinha se levantado do chão e embainhado Masamune.

         Então começou a chover. Fazia muito tempo que não chovia no céu. E como um mau agouro, nuvens grossas e negras taparam o sol, deixando tudo mais escuro que o normal, apesar de ser dia.

         Mas para Roxas, aquele foi o fim do mundo. O fim do seu mundo. O fim de tudo que mais importava para ele.

         Antes, mesmo não estando com Axel, Roxas sabia que o ruivo estava vivo e que poderia voltar a vê-lo um dia, mesmo que para isso tivesse que invadir o Inferno. Mas agora não. Axel já não existia mais. Sua alma e corpo haviam sidos destruídos por aquela maldita arma que Altair carregava...

         Roxas se pôs de pé, sentindo algo tão forte em seu peito que, por um segundo inteiro, esqueceu de seu desespero. Altair iria pagar. O que Roxas estava sentindo, não era nada mais que ódio. Ódio intenso e irracional pela pessoa que matara seu amado.

         Os anjos, que ainda olhavam Roxas aturdidos, não entenderam quando o loiro invocou ambas suas espadas e começou a atacar Altair, que, pego desprevenido, tudo que pode fazer foi se defender, sacando Masamune o mais rápido que pode.

         “Por quê?”, os anjos se perguntavam, “Por que este anjo chorou por um demônio? Por que afirmara tantas vezes que o amava? Por que estava atacando o próprio superior? Isso não é certo... Não é normal...”

         Mas Roxas não ligava para isso, na verdade, era como se nem estivesse ali, e sim, estivesse em algum outro lugar, dormindo, sem ainda se dar conta da realidade. Era como se outra pessoa tomasse seu corpo e obedecesse a seus sentimentos. Se sentia ódio de alguém, aquela outra pessoa fazia o óbvio, que era acabar com a causa do ódio.

         Por isso, Roxas atacava Altair sem pensar, ainda chorando. Por diversas vezes era ferido pela lâmina do Arcanjo, mas nem sequer parecia sentir dor, continuando a atacar, sem dar a mínima importância para seu corpo.

         Isso durou até que Roxas desarmou Altair, que caiu no chão, sem nada para se proteger. O loiro ergueu Oblivion acima da cabeça, pronto para enterrar a espada no peito do superior quando algo o agarrou por trás e o derrubou.

         Fechou os olhos e gritou. Não queria saber quem era, na verdade, a única coisa que queria era gritar e continuar gritando, até que todos ficassem surdos de tanto ouvir sua voz, desesperada, estrangulada, numa lamúria tão depressiva que até os mais fortes chorariam.

         A dor agora penetrava seus ossos. O desespero parecia cortar sua carne e a tristeza tomava seu corpo. Não conseguia raciocinar. Tudo que queria fazer era gritar até que aquele sentimento fosse embora, mas Roxas sabia que aquela falta, aquele espaço que somente Axel preenchia, jamais pararia de sangrar. Sempre causaria dor. Sempre o faria gritar.

         No chão, lamacento pela chuva e vermelho pelo seu próprio sangue, esperneou e agonizou, enterrando suas unhas em seu rosto, gritando. Todos os anjos ao seu redor olhavam sem entender o desespero tão profundo daquele que pertencia a sua raça. Por que sofria tanto? De onde vinha tanta dor? Era tudo por causa de um simples demônio? Por quê?

         Roxas continuou ali. Suas mãos correram para sua cabeça, puxando seus cabelos com tanta força que chegava a arrancar tufos enormes de fios dourados. Sua garganta começava a arder.

         -Roxas! Roxas!-Chamou uma voz que o loiro achou familiar, mas ignorou. Não queria ninguém. Queria apenas ficar sozinho. Que morressem todos, não importava mais.

         Alguém ergueu o loiro do chão, segurando-o pelos ombros e sacudindo-o, chamando por seu nome como se aquilo resolvesse o problema.

         O jovem Sora, sem saber o que tinha acontecido, apenas tentava ajudar seu mestre, que parecia simplesmente ter enlouquecido graças à tamanha dor.

         -Roxas! Roxas, olhe pra mim!

         -ME SOLTA!-Roxas empurrou Sora com força, que caiu no chão, sem entender. -FIQUE LONGE DE MIM! ME DEIXE EM PAZ!

         Num ato desesperado, desejando apenas que aquela dor em seu coração parasse, Roxas materializou Oblivion novamente e cravou em seu próprio peito, caindo de joelhos no chão.

         -NÃO!-Sora gritou, aproximando-se de seu mestre e segurando-o, ao mesmo tempo em que a espada negra se desfazia no ar e Roxas perdia a consciência.        

         Não queria mais sentir aquela dor. Queria apenas gritar e gritar até que todos ficassem surdos de tanto ouvir sua voz. Quando desmaiou, gritou. E continuou a gritar em seus próprios pensamentos, escuros, assustadores, até que, pouco a pouco, foram lapidando a única coisa que ainda não tinha perdido: Sua alma, agora despedaçada, sem salvação, deixando o pequeno Roxas vazio por dentro...

 


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Notas finais do capítulo

¹-Frase que está na entrada do Inferno, segundo o livro "A Divina Comédia", de Dante Alighieri.
²-Pra quem já jogou o KH2 e viu essa parte (quando o Axel tá "fading away") eu tentei fazer parecido,sabe?
BEM!Espero que eu não seja sequestrada depois desse chap,e nem receber muitos e-mails com promessas de morte e tals...Enfim,gostaria de agradecer a você (SIM!VOCÊ!)por ter lido mais esse chap, e SIM! este não é o final. O final mesmo, só próxima semana,MUAHAHAHAAH!
Please,perdoem os erros de portuga viuw? eu quis postar esse chap o mais rápido possível, então ficou assim mesmo (além de que tenho preguiça de revisar e ninguém pra betar).
AH!E por favor,não se esqueçam de mandar reviews viuw?Pode ser falando bem,reclamando,me ameaçando,pedindo meu autógrafo (*apanha*) e coisas assim E NÃO VALE DIZER QUE ESTÁ COM PREGUIÇA,SENÃO EU MANDO O SIRIUS ATRÁS DE VOCÊS,OUVIRAM?
Kisses!!!!!



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