The Hunger Games escrita por Matheus Hipolito


Capítulo 1
Capítulo 1 - A Hora da Verdade




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CAPITULO 1 - A HORA DA VERDADE

Eu costumo dormir cedo um dia antes da colheita, como foi nesses 2 anos que eu participei dela. E como esses 2 anos, eu fiz a mesma coisa ontem. Dormi bem mais cedo. Mas esse "dormir bem mais cedo" na verdade era horas de tortura onde eu imaginava várias possíveis mortes minhas na Arena. Eu ficava praticamente acordado a noite toda, e quando conseguia pegar no sono, pesadelos me impediam de dormir mais. Era um inferno, na verdade é um inferno. Tudo isso. Pra que esses jogos se já acabou a rebelião? Vivemos que nem idiotas, não temos acesso a nada. Vivemos na pobreza extrema.
Essa noite, eu estava um pouco mais tenso, algo me dizia que iria ter uma surpresa. Mas eu mesmo não queria acreditar nisso, devia ser coisa da cabeça, afinal já era mais de 3 da manhã, e eu nem tinha fechado meus olhos ainda. Então resolvi ir para a sala. Levantei, abri a porta do meu quarto silenciosamente, para não acordar ninguém e segui pelo nosso pequeno corredor até chegar na entrada da sala, onde eu ouvi algumas pessoas falando na cozinha, que ficava em frente dela.
Era uma voz de mulher, fina, delicada, acho que era minha mãe. E ouvi outra voz, mais grossa e grave, era o meu pai. Ouvi também alguns soluços da voz mais fina. Com certeza minha mãe estava chorando. Eu tentei chegar mais perto para poder ouvir melhor, mas não resolveu muito. Se eu fosse mais pra frente, acabaria sendo pego no flagra pelo dois. O choro tinha aumentado, e as vozes estavam mais altas. Eles estavam brigando e tinha começado a ficar pior. E isso me fez pensar que minha mãe poderia estar apanhando dele, ou pior, poderia estar sendo torturada.
De repente, escuto um barulho atras de mim vindo da porta. Meu coração disparou, me desesperei e virei para ver. Era uma bolsa de viagem com mais algumas do lado e um travesseiro e um cobertor em cima delas. Mas quem iria viajar em pleno dia da colheita? Mais uma vez me assusto, meu coração dispara novamente. Mas agora era uma coisa mais séria. Era meu pai vindo em direção a porta, bem sério. E minha mãe vindo atrás dele chorando e quase sem conseguir andar.
Ela chorava muito enquanto meu pai pegava as coisas e colocava-as nas costas. Eu me escondi bem no cantinho da parede, onde dava pra ver tudinho, sem ninguém me flagrar ali espiando. Até que meu pai disse para minha mãe: Você traiu a minha confiança, e eu vou voltar pra levar Trevor e a Yena junto comigo. Você não vale nada, não vale o pão da sobra que come. Eu tenho nojo de você". Meu coração não podia estar mais acelerando. Por que meu pai estava indo embora e falando aquelas palavras ridículas pra minha mãe? Ele ia ir embora pra sempre? Meu Deus, por que isso bem no dia da colheita?
Eram tantas perguntas que minha cabeça começou a girar e eu cai ali mesmo, bem no canto da parede, depois de ver meu pai bater a porta na cara da minha mãe, que estava chorando e quase morrendo. Eu só lembro de eu ter caído e acordado na sala junto com minha mãe.
Quando acordei, eu levei um susto, levantei e sentei no sofá junto a minha mãe, que estava chorando igualzinho desde quando meu pai foi embora. Eu arregalei os olhos para ela, e ela já sabia o que eu queria. Ela sabia que eu queria saber o que tinha acontecido. Ela olhou para mim e depois desviou o olhar e levantou. Andou pela sala com o rosto coberto pelas duas mãos e então começou a falar: "Eu sou uma idiota mesmo filho. Você e sua irmã são meus bens mais preciosos. Mas eu tinha que comer. Eu não podia trabalhar, meu joelho não aguenta mais filho. Como Yena já é maior de idade, eu me socorri a você Trev. Me desculpa, do fundo do meu coração. Eu amo você, mas eu não queria morrer de fome, eu juro que foi por isso." E la estava ela ajoelhada no meu colo, chorando feito louca. E em seguida eu perguntei o por que daquilo. O que ela tinha feito de tão grave. E ela apenas me respondeu: "você verá meu filho". E saiu da sala e se trancou no quarto.
Era quase 9h, e eu estava tenso demais com tudo, com a colheita e com a minha mãe. O que será que ela fez de tão grave assim? E o que eu tenho a ver com isso? "Como Yena já é maior de idade, eu me socorri a você Trev". Não devia ter me recordado dessa frase, eu estava mais tenso do que nunca. Então levantei da minha cama, corri ao quarto da minha mãe, e entrei com a cara amarrada e disse pra ela que se ela não me contasse, eu sairia como meu pai saiu. Ela levantou da cama, que foi quando percebi que seus olhos estavam roxos, ela chorou muito. E sem fazer mais nada, começou a dizer: "Trev, eu amo você, independente de tudo. Eu amo você. Foi bem assim, eu estava morrendo de fome, com muita fome e você tinha ido trabalhar com seu pai, e não voltaria em 1 semana. Eu não poderia morrer de fome. Yena também não estava em casa. Então... então... oh meu filho, eu amo você tanto." Eu já estava nervoso, então fui um pouco grosso com ela, e mandei ela falar logo. E ela continuou: "Eu..eu... eu coloquei seu nome várias vezes na Colheita por comida, meu filho. Eu ia morrer Trev, pense em mim." Eu não podia acreditar naquilo, minha mãe fez aquilo? Ela colocou meu nome na colheita por comida. Eu..eu, muito nervoso disse: Você me da nojo, você que devia ir pra Colheita, não eu. Você não me ama, só pensou em você. E depois de colocar meu nome la? Escolheu algo bem gostoso pra comer? Deve ser ótimo me ver depois na Arena, virando comida de Carreirista, sua.. sua.. argh, eu não quero mais falar com você.
E sai do quarto deixando ela falar sozinha. Minha irmã Yena, havia saído bem cedo, não estava em casa. Ela foi encontrar Americo, seu namorado que estava com seus três irmãos de 12 e 13 anos para ajudar ele a cuidar e preparar os 3 para a Colheita. Deixei a casa rapidamente e segui bem pelo limite do distrito 11. Eu me apoiei na cerca e chorei por raiva e rancor da minha mãe, se aquilo pode ser chamada de mãe. Ela colocou meu nome na Colheita várias vezes por comida, aquilo era muito pra mim. E assim eu vejo que já são quase 10h, ou seja, tinha que me preparar para a hora da verdade. Era agora que eu devia ser homem e representar meu distrito e fui em direção a minha casa.
Entrei sem fazer barulho e ainda bem que minha mãe não veio me encher. Tomei banho, coloquei a roupa que sempre guardava para a Colheita e segui para a porta de saída. Minha mãe saiu de la e foi me seguindo, e eu me contive, fingi que não notei. Na colheita você precisava furar seu dedo para ver se estava tudo ok. Eu segui pela fila e logo depois disso fui seguindo para o grupo de garotos todos arrumados, e fiquei ali mesmo esperando a hora.
E assim, bem em cima do palco, as portas se abrem e começam sair pelo menos 6 pessoas. Uma mulher grande, aproximadamente 1,85 m, sapatos enormes que davam a ela mais uns 20 cm de altura. Seu vestido era todo colorido, com luzes, cores fluorescentes e muito brilho. Seu cabelo era preto e bem cumprido, com algumas mechas rosas, e até seu cheiro chegou em mim, com certeza ela era a representante da capital do nosso distrito. Ela que iria passar toda a desgraça dos jogos pra nós. Ela parecia um robô, sorria quando precisava, piscava delicadamente cada segundo e não se mexia como pessoas normais. Ou a capital produz robôs, ou ela é meia doida. E do lado dela, um homem enorme, negro, e careca, com cara de mal. "Ele com certeza é nosso mentor." comentou um menino pequeno do meu distrito. E assim a Heevy, a representante da Capital começou a falar.
Ela disse algumas coisas que não me importei em prestar atenção. Não era aquilo que me interessava. Mostrou o mesmo vídeo de sempre e falou mais blá blá blá. Aquela vozinha dela me irritava, e queria ir no palco fazer ela engolir o microfone. Só que ai, ela disse as palavras que me deixaram com ânsia: "Chegou a hora da seleção dos tributos". E silenciosamente se dirigiu ao globo de vidro onde estava todos os nomes de meninas do distrito 11, entre 12 e 18 anos e enfiou a mão la e em menos de 3 segundos, tirou a mão com um papel escrito o nome da menina mais sem sorte do d11. Ela voltou a seu lugar e disse no microfone: Kathleen Howessp. Todos ecoaram um "oh" depois de falar o nome, e uma garota que nunca tinha visto no d11, subiu no palco chorando muito e uma mulher la em baixo gritando para escolherem outra, devia ser sua mãe. Mesmo assim Heevy não ligou para mulher. Segurou
Kathleen e pediu palmas para ela. Quase ninguém bateu palma, mas dava pra ver um alivio no rosto de cada menina, tirando o rosto de Kathleen e da senhora que gritava em baixo do palco.
Depois de selecionar a menina que seria tributo pelo d11, era a vez dos meninos. Mais uma vez meu coração disparou, e passava um filme da minha vida, desde que Heevy saiu de perto do microfone e se dirigiu ao globo. Eu fechei meus olhos e em seguida ouvi: Trevor Lewis. NÃO, não, por que eu? Eu iria chorar ali mesmo, ou sair correndo, mas preferi ficar imóvel, olhando para o chão. Até que um garoto me empurrou, ele com certeza sabia que eu era o Trevor. E que eu tinha que ser o tributo do d11. Então me dirigi ao palco, subi aos prantos, sem vida, sem força. Depois olhei para trás, vi minha mãe chorando imóvel no lugar. E antes que Heevy falasse alguma coisa, um homem bem no fundo, quase invisível para as pessoas no palco, gritou: Ele não pode ir como tributo do d11, essa mulher que fingi estar chorando, na verdade, é a mãe dele, que preferiu colocar o nome dele na Colheita, para ganhar comida, pois conta ela, que iria morrer de fome. Sim, ela preferiu doar seu filho para a Capital, do que passar fome, e ter seu filho perto dela. Ela deve ir, ela tem que pagar pelos erros.
Depois que ele disse isso, eu reconheci meu pai. Era ele falando de mim, era ele falando da minha mãe. E de repente ele cai de joelhos no chão, com os olhos arregalados e quando eu olho novamente, ele esta caído por inteiro no chão, com uma poça de sangue ao redor da cabeça. Mataram meu pai, e tudo por causa da minha mãe. Eu comecei a gritar, tentei sair do palco, mas 2 pacificadores me seguravam e eu gritava desesperadamente xingando minha mãe, e chorando feito louco. Eu não sabia o que fazer, eu só queria falar o que estava preso na minha garganta para aquela mulher que a 14 anos, jurava ser minha mãe. Mas voltei ao meu lugar e logo após isso, sem deixar Heevy terminar, os pacificadores nos retiraram e nos levaram para dentro do Edifício da Justiça, onde eu cai no chão e chorei por 15 minutos, até me chamarem para entrar no trem.
Eu levantei, enxuguei meus olhos, encarei a porta da frente do Edifício, eu queria falar tudo pra minha mãe, mas a única coisa que eu podia fazer agora, era acabar com tudo, vencer os jogos,e dar orgulho ao meu pai, que arriscou sua vida, para me proteger. É a hora, é agora que eu tenho que ser forte. É agora que eu vou mostrar pra todos que, mesmo sendo jovem, todo mundo tem uma força guardada dentro do peito. E essa força aumenta ainda mais quando temos alguém de inspiração. Eu preciso orgulhar não só meu pai como meu distrito. É agora, eu vou mostrar pra todos, que a verdade é que, o mais forte, não é o que tem mais armas e sim o que sabe usar as armas na hora certa. Bom jogos vorazes e que a sorte esteja sempre a meu favor.


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