Trinta Anos Atrás.

O homem estava cansado e sangrando, aquela viajem havia lhe custado mais do que esperava e não trouxera benefício nenhum até agora. Ele esperava encontrar alguma espécie nova no meio de toda aquela gigantesca caverna ou somente algo interessante o suficiente para ser o motivo de seus pesquisadores terem sumido por ali, seus esforços estavam sendo desperdício de tempo e talvez ele tivesse pensado em voltar atrás, mas estava longe demais para tal. O garoto mais novo e experiente em escaladas o guiava, era também um homem jovem, mas só servia para usar o cérebro e não seus músculos.
Suas esperanças se renovaram quando viu o brilho azulado que saia de um dos buracos do chão rochoso e ele aproximou-se, se deleitando e assustando com a visão que tinha; todos os pesquisadores que havia mandado jaziam no fundo do buraco juntamente com gigantescos cristais azulados e pontiagudos. Pegou um pequeno aparelho e apertou um botão nele que apitou como louco, o homem sorriu por trás da máscara que usava. Bingo! Ele havia encontrado algo extremamente interessante que poderia ser usado para seu benefício, uma nova descoberta. Algo que talvez, se fosse realmente bom, pudesse alavancar sua carreira como brilhante cientista e pesquisador, isso o fazia inflar o peito de orgulho e deixava seu ego alegre.
Agarrou um dispositivo que remetia um walkie-talkie mais avançado enquanto se afastava um pouco até onde imaginava ser seguro e apertou o botão:
― Tragam tudo, achei algo bem interessante... ― Murmurou, dando uma pausa ao ouvir o barulho de pedras cedendo e um grito vindo de perto e do buraco então suspirou. ― Não esqueçam as máscaras de gás e de deixarem todos os homens curiosos demais para trás.

Vinte e Dois Anos Atrás.

Anastácia fora injetada com a Slix que era uma nova substância que, em tese, poderia dar poderes inimagináveis a humanos normais. Sentia-se feliz por estar participando daquilo por vontade própria, tinha desejo de ser uma grande heroína como as que vinha a lidar em seu trabalho como agente e o teste poderia lhe trazer isso se fosse um sucesso. Orava para que fosse realmente como imaginava e para que nada desse errado. Estava a espera de sua vida dos sonhos e faria qualquer coisa para consegui-la, mas a verdade veio depois de quase um ano de treinamento; seu corpo estava se deteriorando.
Ela sentiu-se desesperada por um tempo, mas agora, tão perto da morte como estava, não sentia como se aquilo fosse grande coisa. Havia aproveitado todas as oportunidades que pudera, afinal, e pensava que era disso que a vida era feita: de oportunidades aceitas e negadas. Seus olhos pesaram, ela viu a luz florescer por detrás de suas pálpebras enquanto sua respiração falhava e podia sentir cada osso protuberante em sua pele fraca, sentiu o sangue passar por sua garganta e a falta de força para o expelir e a última coisa que viu foi o brilho azul que a cegou.