Longe de casa escrita por Anônima Alana


Capítulo 4
Surpresa!?


Notas iniciais do capítulo

Esse cap. é meio longo mas juro que não foi minha intenção, amo muito esse e agradeço as pessoas que me deram ideias e que participaram um pouco disso tudo. PS: Eu estava com vontade de fazer o POV deles a muito tempo, agora só foi mais uma oportunidade...



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POV Louise

Ainda estávamos saindo no banheiro quando vimos Fábio no corredor – em pleno horário de aula e revisão –, conversando com a mulher da recepção do colégio. Aproximamos-nos de Fábio e ficamos o encarando por alguns segundos enquanto ele falava algo a meu respeito com a mulher, ele ainda não tinha sequer percebido nossa aproximação, quando eu tive a iniciativa de falar. Aquilo já estava me corroendo de curiosidade.

– Fábio?! Desculpe a demora, a gente estava no banheiro e... – ele me interrompeu.

– Vocês estão bem? – perguntou ele, com sincera preocupação.

– Estamos sim. – disse Gabi e eu acenei com a cabeça, confirmando o que ela disse.

– Louise, tem alguém aqui no colégio que se diz ser seu “parente-ou-algo-do-tipo”, soube agora por Márcia da recepção – ele apontou para a mulher, que agora participava da conversa –, mas não estou sabendo da história direito e como você sabe, não deixamos aluno algum sair do colégio em horário de aula e nem recebemos informação nenhuma de seu responsável, que iria vir alguém ou algo assim, mas estamos tendo revisão e não podemos perder um minuto sequer de nosso tempo. – ele olhou para Márcia, que concluiu com a cabeça para que ele continuasse. – Então chegamos a uma conclusão de que você vai poder ver o seu “parente-ou-algo-do-tipo” agora, porém... Só vai ter cinco minutos e depois é direto pra aula. Estamos entendidos? – ele disse com ar de capitão.

Eu ainda estava confusa, não sei se por (a) um parente me visitar no colégio em horário de aula (b) o tal “parente-ou-algo-do-tipo” não se apresentar logo para o colégio e manter minha curiosidade (c) minha mãe não ter ligado para o colégio, afinal, era segunda e ela não tinha tantas coisas assim para se preocupar ou (d) eu não conseguir pensar em ninguém além de minha mãe que me visite no colégio e que ela nunca iria sair do belo horário marcado no salão para ir ao colégio falar comigo, só se fosse com aqueles “coisinhos” de enrolar no cabelo, ao imaginar essa situação não consegui segurar a gargalhada.

– Louise? – falou Fábio curioso pelo motivo do riso, me acordando dos meus pensamentos.

– Sim, estamos combinados sim. – falei.

Olhei para o lado e Gabi estava me observando perdida em seus pensamentos, talvez curiosa também para saber quem era a pessoa misteriosa. Sussurrei uma “boa sorte!” a ela e ela me devolveu um “idem” com uma piscadela e entrou na classe. Márcia me deu a mão e pediu aprovação com um olhar, eu, com outro olhar aprovei nossa ida e fomos ao encontro da pessoa misteriosa. Eu estava aflita, escutava meus passos e meus batimentos como um som de uma música.

– Chegamos. – ela disse, enquanto soltava minha mão. – Acabaram de me chamar, estão tendo uma urgência na recepção. Tá vendo àquela porta ali? Ali é um tipo de salinha, o garoto está lá. Não passe mais de cinco minutos, ok? – Ah, então é um garoto? Será meu primo? Não o vejo a um bom tempo...

Continuei andando, um pouco mais lento, afinal, eu estava sozinha agora. E se fosse alguém que não conheço? Um pedófilo? Um assaltante? Sei lá... Meus batimentos avançaram, eu estava pensando mil coisas, pessoas, e gargalhei imaginando como seria se não fosse nada disso e quando eu menos esperasse, minha vó me abraçasse.Eu apressei os passos quando pensei na revisão, Gabi estava realmente preocupada comigo, e eu também não queria reprovar, e muito menos perder o contato com ela.

Cheguei a uma porta de vidro, era uma sala pequena e não vi ninguém de primeira, apenas uma cômoda com uma jarra de água e alguns documentos e coisas do tipo... Olhei pra esquerda, somente cadeiras e... Nada mais. Olhei pra direita... Cadeiras e... Um pé! Subi minha visão e... Tontura. Muita tontura. Eu fiquei fria e senti minhas bochechas muito quentes. Eu não ia conseguir abrir a porta. Não, não era minha vó.

POV Alam

Louise quase teve um infarto, eu percebi e eu estava com muita vontade de rir, afinal, ela ficou branca, depois ficou vermelha, amarela, verde e quando achei que ela ia ficar rosa choque, deu um passo para trás. Eu achei que ia ficar espantada, mas não tanto. Como eu sabia que pelo jeito dela, ela não ia ter a iniciativa de abrir a porta, eu mesmo abri. Ela não pronunciou uma palavra sequer.

– Vai mudar de cor quantas vezes? – eu disse gargalhando para mudar o clima, até porque eu já estava vendo a hora de ela desmaiar ali e isso estava completamente fora de meus planos.

Ela continuou boquiaberta, mas agora estava mais vermelha que nunca. Ela continuava em frente à porta, então segurei a sua mão e a puxei para dentro, percebi que ela tremia, e muito.

– A-Alam?! V-você... Como?? – ela pronunciava com dificuldade, faltava fôlego. O que diabos ela está tendo?

– Temos pouco tempo, e sei que você não vai absorver tudo agora, mas vou tentar falar tudo. Eu já sabia dessa viagem há muito tempo atrás, meu pai e eu – eu sorri, eu me orgulho muito do meu pai. Acho que ela percebeu, pois devolveu o sorriso – programamos ela há muito tempo, mas eu não queria te contar. Era surpresa. Eu não pude ficar muito na net ontem, pois eu já estava com as malas feitas pra vir pra cá, e não pude te avisar lá, como eu tinha pensado, porque não tinha como me comunicar com você de jeito algum. Então tive a ideia de vir aqui, já sabia o lugar, pois trocamos endereços, se lembra? Naquele dia que a gente disse que se um perdesse o contato com o outro, um de nós tomaria iniciativa e iria atrás. Então... Surpresa!

Ela não moveu um músculo, segundos depois derramou uma lágrima, outra, e depois se levantou e me abraçou forte. Não sei se eu falei demais, ou foi muita informação, ou sei lá o que. Só sei que... Bem, eu amei o abraço. Eu ensaiei aquele abraço anos e acho que foi muito bom colocar em prática. Ficamos daquele jeito por um bom tempo, até que ela, ainda em meus braços, falou algo abafado.

– E-eu acho que molhei sua camisa. – disse melosa, tirando sua cabeça de meu peito.

– Não tem problema, vale a pena só de te ver gaguejando. – eu disse rindo um pouco, limpando suas lágrimas, ela também riu ainda vermelha e tentou bater fraco no meu peitoral, mas eu segurei sua mão.

– Aaai! – ela disse, como se tivesse se machucado e eu a soltei preocupado.

– Eu machuquei? – disse me sentindo um pouco culpado, admito. Mas quando me dei conta ela riu como a madrasta de 101 dálmatas e bateu fraco no meu peitoral. – Não vale! – falei rindo.

Ela não me respondeu, apenas ficou me observando.

– Obrigado, sério... Obrigado mesmo. – ela disse, agora encarando o chão. Não entendi aquele agradecimento.

– O que eu fiz? – falei olhando ela, ela deve ter percebido, pois olhou parou de encarar o chão e olhou em meus olhos.

– Muito mais do que o que devia... Você cumpriu com sua promessa também... “Brincamos de lutinha” – ela falou sorrindo, amo aquele sorriso dela. É o sorriso de final de filme, ela sempre tenta evitar, mas ela é muito espontânea pra isso...

– Só fiz meu dever como amigo. – falei observando a expressão dela mudar um pouco. Não entendi.

– Você é incrível, sabia? – ela voltou a encarar o chão.

– Sou é? – respondi com outra pergunta.

– É. É sim. Isso não é só dever como amigo. Você faz muito mais que isso!

O silêncio dominou aquela pequena sala. Ela encarava o chão e eu a parede, eu me surpreendi, afinal é só isso que sei fazer quando se trata dela.

POV Louise

Eu não tinha mais o que falar. Não sei nem de onde tirei coragem pra falar aquilo, onde eu estava com a cabeça? Ele estava calado, aquilo era bom ou ruim? Queria saber sua reação, mas não queria ver sua expressão. Eu estava nervosa, eu realmente não sei o que me fazia ficar assim. Era ele? Ou será que eu que falei demais? Estava criando coragem pra falar, mas ele se adiantou.

– Temos dois minutos. Não podemos desperdiçar nosso tempo, vou te explicar rápido o que vai acontecer. Eu vou falar contigo hoje na internet pelo celular, quando você confirmar eu te encontro naquela pracinha onde tem uma fonte aqui perto, lá nos falamos melhor. Não quero te atrapalhar nos estudos. Você sabe que não sei muito sobre sua vida escolar, mas sei o suficiente pra saber que você precisa de pontos, e não são poucos, então se dedique! – eu sorri e o vi observar minha boca, como se tivesse algo muito engraçado nela, e então sorriu.

– Eu ainda to confusa... Mas vou fazer meu máximo pra conseguir. Hoje é segunda e minha mãe só se ocupa com sua beleza e minha vida. Então vou ter que escapar. – eu disse como se tivesse fazendo um tipo de “esquema” em minha cabeça.

– Ok, eu sei que deve estar difícil pra encaixar tudo em uma peça só, mas se eu estiver fazendo algo errado, me corrija. Está fora de meus planos te deixar mal. – ele falou com uma estampa de “preocupado” na testa, como se tivesse me sequestrado ou algo do tipo. Eu sorri.

– Você não está. Senhor “parente-ou-algo-do-tipo”. – falei rindo, lembrando da situação de nervosismo para saber quem era a pessoa misteriosa a minutos atrás. Ele não entendeu o motivo do riso, mas eu não ia dar o gostinho de falar o por que.

Era estranho aquela situação me soar tão familiar, afinal, há dias, anos, meses atrás eu só vivia aquilo tudo virtualmente... Pensando nisso e pensando em tudo o que vivemos com a distância e a vontade de abraçar ele todas aquelas vezes, e quando imaginava “nossa, isso nunca vai acontecer, mas como seria bom”... Não pensei duas vezes! O abracei. Abracei forte, como se nunca mais pudesse o ver. Ele se assustou com minha reação, mas segundos depois correspondeu. Eu não queria o soltar, e não o soltei.

– Louise? – falou uma voz conhecida da porta. Era Márcia. – Acabou seu tempo, desculpe. Fábio está lhe chamando. – disse isso e nos observou ainda abraçados, pude perceber que se comoveu com algo em seus olhos, ela ficou um pouco esperando alguma resposta, mas como não obteve, fechou a porta.

Voltei a lacrimejar, não queria chorar e não queria me afastar de Alam denovo. Acho que ele percebeu porque ele se adiantou em me ajudar.

– E-ei, você sabe que eu não vou sumir não é? – falou ele, tentando me acalmar.

– Desculpa. Eu tenho que ir. – falei me recuperando, acho que estava abusando da sua agenda corrida. Afinal, ele tem muitas amigas, agora trabalha e tem um pai muito carinhoso e atencioso que estava só esperando ele chegar em casa, creio.

Não quis falar. Aquilo era uma despedida a meu ver, e eu não sou boa em despedidas. Apenas devolvi um olhar e ele idem, eu sai e ele ficou lá esperando algo ou alguém que não sei o que.

O resto de meu dia foi basicamente, questionários da Gabi sobre Alam, olhares desconfiados da classe, resumos e resumos de Gabi sobre a prova e prova que acho que tirei 6,5 – a média é 7,0 –. Acabei pensando tanto sobre tudo isso e imaginando respostas melhores que poderia ter dado e coisas que eu ainda posso fazer que só acordei de meu “transe” quando peguei me celular e vi uma mensagem de dois minutos atrás...

“Encontra-me na fonte, pracinha da R. Almeida... Bjs.“


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Notas finais do capítulo

Gostou? Então acompanha aqui embaixo e favorita lá encima? Beijinho (na testa pra os q fizeram o que pedi) e obrigadinho.