A busca pela Estrela Gelada escrita por Mateus Kamui


Capítulo 19
19. E os Primeiros Reinos se Enfrentam


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo saindo do forno queridos leitores e queridas leitoras, espero que gostem :)



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19. E os Primeiros Reinos se Enfrentam

Rose desceu apressada as escadas, o som dos golpes se intensificava e logo ela confirmou que realmente estava acontecendo um ataque.

A porta da frente estava aberta e a luz cinzenta da manhã entrava na casa. A ruiva passou pela porta e observou a cena a sua frente. Robert, Lia e Ulf observavam o grupo a frente deles, cinco seres verdes, com mais de dois metros, corpulentos, vestidos com peças couro e cheios de armas, com exceção de dois e um bem distinto dos monstros esmeraldas.

Um dos esverdeados se vestia como algum tipo de xamã coberto com ossadas e usando um crânio de algum tipo de caprino com três chifres para cobrir sua face envelhecida e com apenas o olho esquerdo, carregava também um cetro feito da espinha de alguma criatura ostentando na ponta com o crânio do mesmo ser que parecia ter apenas um olho, por ter apenas um buraco próximo da testa, e um par de chifres. Outro dos seres esmeralda era o mais alto do grupo, com quase dois metros e meio, vestia-se com uma armadura completa de couro coberta com algum tipo de metal negro e uma espada enorme na cintura. O terceiro discrepante do grupo era um loiro enorme vestido com várias peles e carregando um enorme machado nas costas. Rose reconheceu no mesmo instante o loiro, era Aesar, o homem de Hypeborea que estava no dia do sumiço da Estrela e queria lutar com Ulf.

Aos poucos dois leões feitos de arbustos se aproximavam com suas garras e bocas cobertas de sangue. Próximo da onde eles vinham havia o corpo destroçado de algo que um dia devia ser um orc. E enquanto isso do alto surgiam oito águias feitas de arbustos grunhindo enquanto pairavam no alto:

–Finalmente chegou, Dagor. Demorou tanto que pensei que tivesse desistido – disse o moreno observando a meia dúzia de inimigos a frente com sua espada em mãos e tendo como resposta um rugido bestial e gutural mais sinistro do que o de qualquer fera, era a resposta do mais forte dos orcs

Rose finalmente agora podia observar a lâmina com calma, símbolos brilhavam nela como se fossem escrituras, algumas em tons escarlates e outras mais próximas do férrico:

–Desistir? Da sua cabeça, Ulf? Não me faça rir, odeio rir – grunhiu em resposta Dagor, o mais alto entre os orcs e entre todos ali presentes na rua

Lia fez um sinal com a cabeça para que a sua pupila se aproximasse. A ruiva assim fez e ficou logo atrás de sua mestra. A tensão no ar estava palpável e a maldade que emanou da voz do maior dos orcs havia deixado a jovem completamente arrepiada:

–Ajude Robert com a ilusão – ordenou a mestra para sua pupila e Rose obedeceu de prontidão, ela percebia que o loiro da Terra estava tentando manter uma ilusão para enganar os humanos que passavam por ali, a cidade podia ser pequena, mas aquela construção era próxima do prédio da prefeitura então a movimentação ali era maior do que se deveria

Os guardiões vegetais da casa pareciam afastar os orcs e no momento em que iam passar a ignorar as feras arbóreas e atacariam sem pensar em suas vidas chamas surgiram sendo emitidas da espada de Ulf criando uma linha flamejante afastando os inimigos e sumindo no mesmo instante:

–Sua mestra é alguém assustadora – comentou Robert para Rose que tentava ajudar o homem com as técnicas de ilusão, usar sua Vontade para manipular o Fluxo e gerar formas que não existiam para que aqueles sem sua Vontade despertada ou com fraca convicção passassem ali ignorando completamente o que ocorria fosse visivelmente, bons ilusionistas expandiam suas ilusões para outros sentidos como era o caso de Lia, mas ela não podia se focar naquilo agora – Pensei que quando ela me mandou criar uma ilusão era porque ela acordaria os guardiões, mas não, ela fez algo ainda mais incrível

–Deu vida a eles, não é? – o homem assentiu perante a indagação da moça

Rose então lembrou de alguns dos ensinamentos que Lia lhe dera enquanto seguiam seu caminho rumo a cidade. Sobre magias de animação em que você usava o Fluxo para compartilhar o seu Anima, a sua força animadora, com algum objeto e então ele assumia uma falsa vida e era controlado pela sua Vontade. Bons Animadores evoluíam para Controladores, pessoas que podiam usar sua Vontade para se apossar de corpos orgânicos vivos ou mortos. Alguns povos também os chamavam de troca-peles. Alguns Nomeadores também eram capazes de trocar de pele, mas por saberem o Nome do animal e forçar seu Anima a sair de lá trocando pelo dele.

O problema das técnicas de animação era apenas um, se o objeto fosse destruído ou animal morto ou ferido enquanto o Anima do Artista estivesse nele o usuário acabava por perdê-los permanentemente. Não a toa haviam vários Artistas que perdiam movimentos de partes do corpo ou perdiam algum dos seus sentidos por terem seu objeto destruído. Diziam que se você manipulasse muitos objetos ao ponto de usar todo seu Anima e todos fossem destruídos você acabaria por morrer. Da forma como um certo Artista-mor morreu pelas mãos de seu irmão a cinco anos atrás.

Mas graças a técnica de criação de vida de Lia o problema envolvendo o Anima era inexistente. Ela era capaz de transformar o Fluxo em Anima próprio e assim animar os objetos assim só utilizando sua Vontade para controlá-los. Se fossem destruídos ela não sofreria mal algum. Nem ela nem nenhum outro Artistas. Ninguém mais passaria pela dor que ela passou por culpa daquela técnica:

–Ela vai ter que me ensinar a fazer isso – comentou o loiro enquanto suas criações animais finalmente avançavam novamente tentando destroçar algum dos inimigos, seus olhos e sua voz emitiam um fascínio quase que infantil que fez Rose quase rir mesmo estando no meio do seu primeiro combate

Enquanto isso três das águias atacavam um dos seis orcs. O monstro verde tentou atacar as criaturas com seu porrete de osso e então o combate começou com outros dois orcs atacando. As outras cinco águias se dividiram, quatro para atacar um dos orcs enquanto a outra foi junto a um dos leões.

Os três orcs rivalizavam em pé de igualdade com os animais gerando uma verdadeira mistura de ataques aleatórios com cada um tentando atacar o outro, mas sem sucesso. Ao ver isso o segundo leão atacou e arrancou uma mão de um dos orcs fazendo-o grunhir e tentar atacar com seu porrete que acertou um golpe certeiro no focinho do animal fazendo-o avançar furiosamente num frenesi digno de um leão de verdade.

O leão arbóreo destroçou o porrete com um único ataque e então avançou na garganta do orc e fez um jorro de sangue cor de lodo escorrer pela jugular do monstro que cravou um enorme punhal de osso pelo abdômen vegetal e rasgou de cima a baixo o guardião partindo-o ao meio antes de cair morrendo de hemorragia com sua horrenda cabeça pendendo.

Enquanto isso as águias dilaceravam em conjunto os outros orcs, quatro em cada gerando pequenas feridas enquanto o leão restante atacava impedia-os de usar suas armas nas águias. Não demorou para uma das águias conseguir cegar um dos orcs que então foi abocanhado pelo leão fazendo mais sangue lodoso banhar o chão. Duas das águias morreram sendo agarradas ou cortadas pelo punhal daquele monstro, mas ainda restaram duas que avançaram em direção ao outro que ainda enfrentava três delas. O orc restante logo se viu cercado por todos os lados por cinco águias e um leão, todos famintos pela sua vida, mas o ser esverdeado em momento algum recuou, na verdade avançou com toda a sua força.

O ser acertou uma das águias com um porrete enquanto teve seus dois olhos rasgados por garras. A falta da visão deixou o orc desesperado e foi pegue desprevenido por garras de águias no seu rosto enquanto o leão dilacerava seu tórax com suas unhas gigantes e mortais feitas de afiados espinhos.

Ali no campo de batalha cinco guardiões restavam de dez e todos os servos de Auberon continuavam intactos assim como Robert, diferente dos orcs que já perderam quatro dos seus mesmo que Rose só tivesse visto a morte de três. Naquele momento a jovem ruiva já tinha visto mais mortes do que em toda a sua vida, mas não conseguia sentir incomodo nenhum por aquilo, talvez porque a cada morte ela comparasse com a da mãe pelas mãos da mercenária Hel então nenhuma daquelas feras humanóides lhe incomodassem ao ver mortas.

O líder deles, Dagor, apenas suspirou pesadamente e observou com calma o orc cegueta rastejar na direção dele ainda emitindo grunhidos de vida, como se teimasse em não morrer. O Campeão-orc apenas se aproximou pegou seu servo pelo pescoço e o partiu tão fácil quanto um humano partiria um fino galho:

–Agora que os fracos se foram prove seu valor, Impuro – disse o monstro esmeralda e Aesar respondeu com um sorriso zombateiro e puxou seu machado gigante das costas e o segurou com suas duas mãos

O homem de olhos cinzas logo começou a ganhar orbes parecidas com as de Ulf. Sua assombrosa técnica secreta, a berserker, estava vindo. Quando um homem de Hypeborea entrava no berserker se tornava uma fera movida apenas com o desejo de destruição, morte e sangue. Algo que diziam ser próximo do estado de fúria que os meio-lobo enfrentavam as vezes por isso o Campeão dos elfos sempre desejou aprendê-lo, para ver se era capaz de controlar o seu próprio estado de fúria:

–Você fugiu de mim por muito tempo, Nomeador – disse o loiro do outro mundo lambendo seus lábios e seus olhos brilhando como bolas de sangue

Ulf apenas suspirou em resposta e se pôs em postura de combate. Sua espada com escrituras cintilantes foi segurado apenas por sua mão direita e foi colocada apoiada no seu ombro direito, com a lâmina apontando para a esquerda e ele se ajoelhou levemente girando todo seu corpo até a ponta da espada ficar apontando bem para o peito do adversário. Seu foco tinha que ser em Dagor, independente do quão forte o loiro fosse ele não se comparava ao outro Campeão e o moreno duvidava que ele também fosse, pelo menos com tantas pessoas ali passivas a morrer se ele fosse com tudo. E também tinha o xamã, ele não podia esquecer daquele orc que ele sabia que era o Artista-mor do rei dos orcs. Teria que começar logo usando sua esgrima Han Go Dan:

–Forma da água – com aquelas poucas palavras o Domador sentiu seus músculos relaxarem e a densidade e resistência de seu corpo parecerem diminuir como se aos poucos ele deixassem de ser solido

–Vou enviá-lo para Valhalla para que se encontre com seus antepassados que viveram e morreram para a guerra, se é que teve alguém respeitável na sua árvore genealógica – assim que terminou de dizer suas palavras o homem de Hypeborea avançou

O enorme machado de dois gumes e duas mãos rasgou o ar a sua frente enviou uma onda de ar destrutiva na direção do moreno que apenas deslizou para o lado como se seu corpo nem tivesse ossos e avançou com poder e velocidade. Outra onda de ar veio na direção de Ulf que finalmente girou sua espada e rasgou o ar como se fosse uma simples folha de papel avançando sem medo na direção do ser fisicamente superior a ele.

Antes que a terceira onda de ar viesse, o moreno já estava em frente a seu adversário tendo cruzado dezenas de metros em poucos instantes. Se Aesar estivesse no seu estado normal talvez até tivesse perdido a postura pela surpresa e talvez nem mesmo tivesse conseguido gerar suas ondas explosivas, mas ele estava no berserker e enquanto vivesse não pararia até ter sangue em mãos.

As lâminas quase iriam se chocar quando Ulf deslizou calmamente para o lado fazendo a onda de ar e o machado destruírem tudo a sua frente enquanto sua espada rasgava o machado e arrancava um dos dedos do inimigo, aquilo era importante para o plano que ele estava fazendo.

O loiro estava começando a espumar pela boca e nem mesmo o recuo do moreno estava completo e o machado gigante já vinha na sua direção. Quatro golpes capazes de rasgar aço dilaceraram todo o espaço entre os dois, mas o Domador se esquivou de tudo cortando por entre as aberturas gerando pequenos rasgos ao redor dos densos e poderosos músculos do homem crescido nas frias montanhas de Hypeborea.

Sangue escorria pelos rasgos posicionados em pontos estratégicos dos músculos que deveriam imobilizar ou pelo menos reduzir os movimentos do adversário, mas se Aesar tinha sido prejudicado de alguma forma não demonstrou em momento algum. Pelo contrario, seus ataques ficaram ainda mais velozes e fortes enquanto seus olhos ficavam completamente vermelhos banhados em fúria e sangue.

Por pouco Ulf não foi pego desprevenido, mas ele já previra que o berserker faria seu inimigo ignorar qualquer tipo de deficiência ou dor. E usaria aquilo contra ele.

O Nomeador desviava com calma cada movimento destruidor que gerava verdadeiras fendas no chão a cada golpe errado. Para enfrentar uma fera como aquela ele precisaria manter a calma.

Assim que uma nova brecha se abriu a espada do moreno voltou a avançar, passando por entre correntes de ar assassinas e se cravando bem entre as costelas e fazendo um rasgo preciso no pulmão esquerdo de Aesar. O loiro como resposta só se moveu ainda mais rápido levantando poeira e trazendo destruição a tudo no seu caminho. Se continuassem a lutar assim logo não restaria nada daquele lado da cidade e Ulf ficaria mais cansado do que deveria, tinha que dar um fim aquilo agora que tinha finalmente confirmado a parte da total inexistência de dor e também dele não sentir falta dos membros quando o moreno arrancou um dedo dele instantes atrás.

O poderoso berserker foi em busca de mais sangue e brandiu seu machado para um novo ataque. Sua força estava tão ampliada que ele nem mesmo sentia falta de um dedo para empunhar a arma gigante e pesada e isso só serviria para prejudicá-lo. E como Ulf não demorou a perceber ele nem sequer perdeu o equilíbrio mesmo tendo seus tímpanos estourados pela diferença de pressão que ele mesmo gerava próximo de si graças a seus ataques sônicos carregadores de vento, pedras e morte.

O Domador sabia que naquele ataque não poderia depender apenas de agilidade, destreza e velocidade. Tinha que finalmente misturar aquilo tudo sua força e matar de uma vez por todas aquele combatente tão irritante. Sua postura rapidamente mudou e cada pedaço de seus músculos foram de totalmente relaxados para completamente tensionados. Diferente do que fizera antes ele agora forçaria seu corpo além do limite para obter puro poder de destruição e executaria o ataque final. Ulf ergueu seus braços para o alto segurando a espada com ambas as mãos, deu um bom espaço entre suas pernas e suspirou:

–Forma do fogo – as palavras do moreno se afastavam pelo enquanto o loiro se aproximava dele

Os olhos vermelhos se encontraram por um curto instante e então suas armas se chocaram com tudo que podiam.

A espada desceu enquanto uma onda vermelha subiu pelos ares enquanto automaticamente após o ataque, ao notar que tinha passado direto, Aesar se virou e tentou rasgar seu adversário com seu adversário, mas por algum motivo que ele não entendia Ulf continuava a frente dele apenas suspirando com calma e deixando seu corpo de volta ao estado normal. Antes que o loiro pudesse se dar conta do que ocorria a espada de do Campeão dos elfos avançou entre a sua garganta, apontando para baixo, rasgando não apenas a jugular, mas também destruindo o topo da coluna vertebral impedindo o corpo do loiro fazendo-o despencar no chão cuspindo baba e sangue e só então notando que não tinha mais seus braços, ambos os pilares de músculos estavam caídos no chão juntos de um machado partido em dois:

–O que você fez? – indagou com suas últimas forças o guerreiro de Hypeborea abandonando seu berserker, a técnica podia dar-lhe força, velocidade e até impedir que morresse, mas não podia fazer um corpo com a coluna cortada se mover, a fúria primordial que os berserkers e meios-lobos alcançavam podia ser algo subconsciente, instintivo e arrancar toda a consciência de alguém, mas ainda assim era ligada ao cérebro e se o corpo perdesse a ligação com o cérebro de nada servia

–Apenas usei seu poder contra você – disse Ulf limpando a lâmina de sua espada com a camisa – Passei cada momento do combate analisando os pontos fracos de entrar no modo berserker ou como tornar uma vantagem dele numa desvantagem. Enchi seu corpo de ferimentos e até tirei seu dedo para confirmar se podia sentir dor ou não e vi que não, notei também que você ficava tão imerso na técnica que não sentia quando perdia partes do corpo e não sentia dor para confirmar ferimentos então deveria ficar checando, mas a fúria e o excesso de força lhe tornaram cego e confiante demais. No final seu erro foi confiar demais.

–Vocês Nomeadores enrolam demais para falar algo simples, podia ter dito apenas a última frase e pra mim já bastaria – falou Aesar com suas últimas forças e despencando completamente no chão

Lia não deixou de suspirar pesadamente como se tirasse um enorme peso da consciência e logo Rose e Robert se viram fazendo o mesmo. Todos ficaram absurdamente tensos durante todo o desenrolar do combate, a cada golpe era quase como se a morte estivesse mais próxima de Ulf, mas na verdade ela só estava mais próxima deles. Várias vezes a elfa teve que erguer barreiras de proteção para impedir que as ondas emitidas pelo machado os acertasse, duas das águias acabaram por serem sacrificadas para impedir dois ataques que as barreias de Lia não agüentaram e eles não tiveram tempo de se esquivar. Agora apenas três dos guardiões vegetais restavam, mas ainda assim eles estavam numa excelente vantagem numérica, sete contra dois. Ou era isso que eles pensavam. Ulf sabia que não era bem assim:

–Está fora de forma, hibrido nojento – grunhiu o Campeão-orc puxando sua espada da bainha, um pedaço enorme e mortal de metal com quase dois metros de comprimento – Precisou usar o Han Go Dan para vencer alguém tão fraco quanto aquele Impuro

–Fora de forma? – a voz do moreno saiu como um desafio carregada de raiva –Veremos o fora de forma quando eu enviar seu espírito nojento para o seu deus-caolho

Dagor rugiu em fúria, mas não avançou. Não era estúpido, podia ter implicado com seu rival, mas sabia dos motivos pelos quais ele agiu daquela forma e não iria subestimá-los, ele não podia se permitir perder mesmo tendo absoluta de que ninguém ali poderia vencê-lo:

–Por que está nos seguindo esse tempo todo, Dagor? Sei que não é apenas por saudades de mim – disse Ulf girando sua espada sem tirar os olhos dos dois orcs

–Queria ver por quanto tempo continuaria sendo idiota, Campeão dos feéricos – grunhiu o ser esmeralda mostrando as presas – Não me diga que você ainda não descobriu do que isso tudo realmente se trata? Seu amado rei não o falou a verdade e nem você a deduziu ainda, hibrido?

–Do que você está falando? Está usando palavras demais para um orc, não está com medo do seu estoque anual de palavras acabar?

–Tão engraçado Ulf, deveria arrancar sua língua fora e depois destruir todo seu rosto, não? – mais um rugido, ali ele teve a confirmação do que precisava saber, o outro Campeão era tão ignorante quanto o resto – Então seu estúpido rei não contou a você, seu maior Campeão, a verdade?

–Verdade sobre o que?

–Essa missão. O porquê de todos os reinos e organizações estarem caçando a Estrela. Não me diga que em algum momento acreditou que era apenas por ser um item raro existente apenas em historias? Tão inocente para um Nomeador

Risos guturais e animalescos foram emitidos pelo enorme monstro. O moreno estava começando a se sentir estúpido. O que não teria notado? O que teria deixado passar? Não era apenas aquilo? Como assim? Aquela era a missão mais importante em milênios por estarem caçando algo lendário, literalmente. Alguém o havia roubado e agora estavam o caçando para obtê-lo......... Não era apenas isso?

–Surpreenda-me, Dagor – disse o Domador se pondo novamente na postura da água – Diga o que até os estúpidos orcs notaram e eu não

–Então é verdade? Existe algo que nem mesmo o mais jovem Nomeador da história sabe! – a fala foi acompanhada de um riso tão diabólico que por um momento Rose tremeu inteira de medo, aquele ser era medonho e feito de puro mal – Está na ponta da língua, Ulf. E não apenas da sua.

As águias arbóreas avançaram na direção do orc, diferente de todos ali os guardiões vegetais já estavam cansados de ficarem parados. Mas antes mesmo de serem capazes de fazer algo o Artista-orc bateu seu cajado esquelético contra o chão e uma poderosa onda negra foi emitida.

A onda foi em direção dos pássaros e após passar por todas elas se dissipou em pó negro. A jovem hibrida ruiva não deixou de sentir espanto, o Feé sempre em tons dourados ou de cores vivas tinha se tornado completamente negro, mais assustador até do que os tons cinzentos que assumira noite passada. Como se fosse uma onda de pura morte. E então as águias se desfizeram.

Rapidamente cada galho que as compunha envelheceu e então as antes esverdeadas aves de rapina se desfizeram em galhos velhos e quebradiços tão frágeis que se desfizeram por uma simples corrente de ar:

–Finalmente resolveu se mover, Gruu – disse Lia encarando o xamã dos orcs, o inimigo-mor de seu pai enquanto ele era vivo, assim como todos os orcs são de todos os elfos – Pensei que ficaria apenas ai parado deixando o Campeão de seu senhor fazer todo o trabalho sujo, algo que não me surpreenderia vindo de você

–Não ouse erguer sua voz na minha frente, filhote de elfo – falou pela primeira vez o Artista verde – Fique no seu lugar que é ai atrás e deixe que os guerreiros e Artistas de verdade resolvam o que está acontecendo

Raiva de muitos anos queimou dentro da elfa, o leão verde pareceu sentir a fúria dentro da loira e pareceu crescer um pouco de tamanho enquanto avançava com ódio em direção ao velho orc, mas foi interceptado no meio do caminho. Os braços de Dagor agarraram a cabeça do guardião vegetal e com um simples movimento o poderoso combatente partiu a fera arbórea em duas fazendo o Anima dentro dela se dissipar:

–Não nego que fez um bom trabalho criando Anima a partir do Feé, mas ainda assim não chega aos pés do seu pai – Rose podia ver o deboche na frase do xamã e ódio dentro de lia – Ele sim era um Artista de verdade, digno de seus títulos e um dos poucos capaz de me enfrentar, você ainda está longe de ser como ele, a prova disso é que o único titulo decente que carrega é baseado num trabalho dele, sim pequena elfa eu sei do trabalho de Galamion sobre o Anima

–Não faz a mínima diferença pra mim o que sabe e o que não sabe – disparou a elfa com um Fluxo vermelho como sangue exalando da sua boca como uma névoa mortal – Vou acabar com você utilizando essa técnica que tanto menospreza

O orc soltou como resposta algo que todos ali interpretaram como um riso, mas era próximo de um kikiki do que qualquer outra coisa. A criatura velha e enrugada bateria novamente seu cajado contra o chão quando o Campeão de seu rei ergueu o braço pedindo que parasse:

–Não gaste sua força com isso, Gruu – grunhiu Dagor abrindo um sorriso monstruoso em direção a Ulf – Eles mal sabem do que sua própria missão se trata, não teria graça eliminá-los agora. Além do que sabemos que você poderia acabar com esses três Artistas sozinho e meu adversário ali não poderia me dar o combate que quero ainda, falta tempo até a próxima lua cheia

–Você estará morto antes da próxima lua cheia, desgraçado – brandiu o moreno apontando sua espada para ele e banhando sua lâmina em um fogo rubro que cintilava pedindo pela cabeça do orc

–Já disse que odeio rir então não conte-me piadas como essa, hibrido. Alguém que só sabe de meias verdades não é ameaça para mim, só vim aqui para comprovar isso e agora podemos ir

–E enquanto aos orcs mortos – falou Rose pela primeira vez e foi impedida de avançar para mais próxima de Ulf por Robert que pôs a mão no seu caminho – Simplesmente vai ignorar isso

–Orcs praticamente brotam em árvores – disse o monstro esmeralda sorrindo ainda mais e se assemelhando cada vez mais a um demônio – Não farão falta, os trouxe apenas para servir de aquecimento para meu detestado inimigo, ele vai precisar estar em forma quando finalmente seguir seu caminho

–Nós já sabemos para onde ir, Dagor – respondeu com raiva Ulf enquanto a tensão só aumentava e o orc ia com as mãos em direção de sua arma – Floresta Primordial, sei que também sabe disso

–Sabemos disso a muito tempo, Gruu aqui sabe Artes Negras bem úteis e mesmo que não o tivéssemos nossos companheiros nos avisariam mesmo assim

–Companheiros? – o Domador riu alto com aquelas palavras – Orcs não têm companheiros

–Bem é assim que nosso rei chama os meio-lobos e os Impuros de Hypeborea quando está na frente deles então é assim que chamarei também

–Três reinos unidos nessa busca?

–Mas é claro, a recompensa vale o esforço

–Por que querem a Estrela se não por poder então, Dagor?

–Mas é exatamente por poder que a queremos, Ulf. Só não é o poder que está imaginando, é um ainda maior

–Seja mais especifico seu maldito!

Aos poucos uma névoa começou a surgir, Lia podia sentir o velho orc iniciando uma Arte de ocultamente e tentou fazer algo contra, mas ao ver o Nomeador apagando as chamas de sua espada e guardando-a na bainha sabia que o que quer que tivesse acontecido ali estava para acabar e eles não deveriam levar a diante.

A última coisa que ouviram foi um riso sinistro de zombaria por parte do poderoso Campeão-orc acompanhado por uma frase que gerou um esclarecimento na mente não só do moreno, mas da loira também:

–A chama que nada deixa queimado, a planta que sem vida cresce.......


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Notas finais do capítulo

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