A busca pela Estrela Gelada escrita por Mateus Kamui


Capítulo 14
14. E a Partida Começa


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo saindo do forno queridos leitores, espero que gostem :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/442101/chapter/14

14. E a Partida Começa

–Obrigado pela ajuda – disse Rose não querendo se afastar do corpo do moreno, mas aos poucos sendo afastada de maneira relutante por ele

–Não foi nada, não acho que um presente para a rainha seria digno se não fosse feito como se deve, um dueto é um dueto afinal – falou Ulf sorrindo para a jovem

–Ainda assim você não me deixou terminar de cantar

–Isso não é a Terra então o final não precisava ser o mesmo – falou com um sorriso zombeteiro o campeão e a garota não conseguiu deixar de sorrir – E outra, vai me dizer que não gostou do novo final que fiz? – e então a jovem não controlou a vermelhidão que foi além de seu rosto, todo seu corpo parecia ficar da cor de seus cabelos, por que caras como aquele tinham esse efeito em garotas como ela?

–Ficou aceitável pra situação – disse a ruiva com forças que ela não sabia de onde tirara para não se jogar em cima dele e também não gaguejar, fazia tanto tempo que um cara não a deixava daquele jeito..... Mas o que ela poderia fazer contra alguém tão belo e com uma voz como aquela? O que qualquer uma dos planos dimensionais podia fazer?

–Aceitável? Está me dizendo que sou apenas aceitável, Rose?

Ela não queria. Nem em dez mil vidas queria dizer tal loucura. Ela já podia sentir Ulf a pegando pelo braço e a encará-la com aqueles olhos ainda mais fundo, usar sua voz mais sensual e tê-la na palma de sua mão, e ela aceitaria, e ela amaria que ele fizesse aquilo. Mas antes que ele sequer pensasse nisso Auberon se aproximou com uma agora sorridente Titânia ao seu lado:

–Mil perdões por qualquer desentendimento entre nós, Rose – falou a rainha se aproximando da jovem com um sorriso tão estonteante que a ruiva se sentiu absurdamente diminuída, a rainha era estonteantemente bela – Você não mereceu e não merece nenhum tipo de animosidade vindo de minha parte

–Aceito suas desculpas, rainha – falou a jovem se curvando – É muito bom ouvir isso

–Garanto que é ainda melhor ouvir seu perdão, nada do que fiz ou desejei é digno de alguém na minha posição, sou Titânia, filha do rei das fadas, rainha dos elfos, senhora de Arcádia, não uma mulher qualquer, assim como você Rose

E então os olhos de ambas se encontraram. E pela primeira vez a hibrida não sentiu medo. Pelo contrario. Sentiu-se completamente amada sob aquele olhar. Era um olhar que apenas sua mãe tinha soltado para ela e a jovem não conseguiu esconder o sorriso. A felicidade autentica da rainha era contagiante naquele momento, era quase como a felicidade de uma mãe orgulhosa de sua filha:

–Na primeira vez disse que seus olhos eram parecidos como os do irmão de meu marido como uma maneira de ofendê-la Rose, mas dessa vez não, quero que saiba que você tem olhos iguais aos dele, mas não os olhos daquele que todos se lembram, Feänor, o terrível, mas sim os olhos de Feänor, o corajoso, o desbravador, o verdadeiro, aquele que um dia tive o prazer de ter como padrinho de meu casamento que hoje completa cem anos, cem longos, demorados e apaixonantes anos que só quero que se multipliquem até passar em muito os mil que passei sem ele

–O sentimento é mais do que recíproco, minha amada – falou Auberon se curvando perante sua esposa e sorrindo de orelha a orelha como a tempos não fazia, porque não a nada que alegre mais um homem do que a alegria de sua parceira, não importa a raça, a era, a opção seja religiosa ou sexual, no final homens sempre são homens

–Assim como espero que seja o sentimento de maravilhosa surpresa ao ouvir a cantoria dela?

–Sim, esse também – e então o rei se virou em direção a sua mais nova súdita que só o surpreendia cada vez mais, ele sabia, não eram apenas os olhos que eram parecidos, os talentos eram do mesmo nível mesmo que em áreas diferentes – Meus parabéns, Rose, seja bem-vinda a nossa companhia rumo a estrela

–Obrigada, rei Auberon – falou a ruiva se curvando perante o rei e novamente perante a rainha, era graças a ela que tudo havia dado certo – Será uma honra ir com vocês

–Uma honra foi ouvir sua apresentação e tê-la como meu presente, Rose – disse Titânia pegando a jovem pelas mãos – Acho que merece o maior do presentes por ter me dado tamanha alegria, mas aguardarei até o retorno de todos para presenteá-los por pegarem a estrela também – e então a rainha piscou infantilmente para a hibrida e ambas não controlaram pequenos risos – Ainda assim acho que merece ganhar algo mais

–O que quer dizer, minha rainha?

–A partir de hoje não serás mais apenas Rose, minha pequena, serás muito mais, você será Rose, Aquela com a Voz do Vento de Verão

Aplausos cortaram a conversa. Dois novos títulos em poucos minutos era algo raro de se ver. Coisas assim normalmente ocorriam após alguma missão e não antes. Mas ainda assim ninguém contestaria os títulos atribuídos:

–Sua voz é como o vento Rose – disse a rainha-fada – Mas não um vento qualquer, ela é bela, sim, mas também é forte e imponente, alivia corações amargurados e instiga inveja nos menos talentosos, acalma feras e desperta outras

E só então todos perceberam que ao seu redor os eqüinos místicos de Arcádia circundavam-nos. E não apenas os comuns de antes. Mas sim seus senhores. Ali presentes atraídos pela música cantada pela jovem, atraídos pelo vento emitido pela sua voz. Um vento que os lembrava do relinchar de seu senhor a muito morto:

–Está é tu Rose essa pessoa e mais ninguém, Will Ian de Avalon deve estar escrevendo nesse momento nas mansões da morte poesias para tentar traduzir a sensação que tua voz nos trás, mas eu só posso resumi-la de um jeito, você é aquela que faz brotar até no mais negro coração sonhos de uma noite de verão, sonhos bons e aconchegantes, mas não ilusórios como os da primavera, ou enfadonhos como do outono, ou tristes como do inverno, mas sim quentes e vivos como é o verão......

O vento soprou forte sinalizando a chegada do terceiro senhor dos cavalos, o último que faltava, vindo de terras distantes guiado pelo vento da voz dela:

–Seja mais do que bem-vinda, Rose, Aquela com a Voz do Vento de Verão

E durante longos instantes felicidade se apoderou de todos, até dos mais tristes que não iriam ingressar na equipe. E todos já maravilhados pela cantoria e pelo presentes já vistos ficaram ainda mais surpresos ao verem suas companhias.

A esquerda da colina do vértice estava o senhor dos pégasos, um cavalo alado negro de asas angelicais negras e gigantescas capazes de gerar verdadeiras ventanias. Aquele era Ás.

A direita da colina do vértice estava o senhor dos unicórnios, um cavalo branco de crina e olhos dourados, com uma pequena barbicha também dourada e um magnífico chifre de ouro saindo do meio de sua testa. Aquele era Eowin.

Mas nenhum deles se comparava ao terceiro. Aquele que agora estava no topo da colina observando a todos. O senhor dos cavalos de oito patas, os poderosos sleipnir, montarias de deuses antigos. Um belíssimo corcel castanho-dourado de crina castanho escuro como seus olhos. Ali estava o lendário Hercules.

Três dos quatro herdeiros de Balius ali observavam seu novo rei e seus talentosos servos, mas observavam ainda mais a jovem ruiva que ali cantara. Aquela que com sua voz cativara os três e trouxe em um memórias a muito esquecidas sobre seu senhor, aquele que um dia foi conhecido como o desbravador e morrera pelas mãos daquele que ali estava parado:

–Ele finalmente apareceu depois de todos esses anos – falou Auberon observando o belíssimo sleipnir

–Sim – disse Ulf observando o cavalo daquele que matou – Veio ter sua vingança, príncipe-fera?

O corcel apenas relinchou, mas não foi um relincho qualquer. Era carregada de fúria e o vento emitido mostrava isso claramente. Mas o moreno não se amedrontou, por mais fúria que houvesse ali ele não faria nada. Ele estava ali, assim como seus irmãos, apenas como um observador e nada mais. Mas não demoraria para a luta que ambos esperavam acontecer.

Então Hercules abriu a passagem, estava próximo do zênite e eles tinham que partir:

–Esta quase na hora e ainda não se apresentou, domador de wargs – falou o rei-elfo se virando para seu maior campeão que apenas assentiu com a cabeça

–A um ditado na Terra que diz que devemos deixar o melhor para o final – disse o moreno cheio de orgulho

Como ele previu ninguém foi tão inacreditável assim, apenas tudo no esperado por ele. Mas ele não previra que Lia se superaria tanto para o desafio real e nem que Rose faria um espetáculo para a rainha, mas nada daquilo importava, ninguém ganharia dele tão facilmente porque se uma havia feito algo nunca antes feito por um Artista e a outra havia cantado algo nunca antes ouvido naquelas terras ele faria algo ainda maior, ele mostraria o caminho para a ilha nunca antes vista:

–Rei Auberon dos elfos, senhor de Arcádia, guardião do vértice da pradaria dourada, conhecido como o justo, patriarca dos Pann, eu apresento-lhe o mapa para Panuria

E então ninguém contestou. Ele ganhou.

Panuria..... A palavra na língua feérica para Nunca......

A terra mítica de onde todos os feéricos deveriam ter vindo. Que ninguém nunca alcançou:

–Estas brincando comigo, Ulf? – perguntou o senhor dos elfos espantado igual a todos os presentes – Onde conseguiu tal coisa? E ainda mais, tem certeza que é real?

–Veja por si mesmo, meu adorado rei – falou o moreno se ajoelhando e puxando o pergaminho amarelado e gasto de dentro de seu manto entregando-o para o elfo que o tomou em mãos tremendo mais do que gostaria e menos do que deveria

Auberon retirou a fita que amarrava o pergaminho e o abriu espalhando pó ao vento e então seus olhos brilharam de alegria. No canto direito inferior residia a assinatura daquele que muitos diziam ter sido o único ser a chegar aquela ilha vivo e voltado. James Hook. O lendário capitão pirata humano que chegara a Arcádia por acidente. Algo não tão raro assim. Existem mais humanos do que se imagina na terra feérica. Pobres que caíram por acidente em algum vértice ou portal deixado aberto. Mas poucos sobrevivem a um mundo tão diferente quanto aquele. Menos ainda sobrevivem sem serem escravos de luxo. Menos ainda conseguem renome. Mas ainda assim existem. Muitos geram famílias por gerações se misturando a outras raças gerando povos completamente novos. Assim nasceram os reinos de Han Go Dan, de Hypeborea e de Atlantis. Os três grandes reinos dos filhos de Adão. Superiores a meros mortais, mas inferiores aos Puros, como as raças feéricas se referencias a si mesmas perante os moradores desses três reinos...... Mas nenhum deles eram como Hook. Ele chegou pelo Mar Fantasma, ninguém sabe como. Reuniu os poucos sobreviventes de seu navio, arrumou novos membros, construiu um novo barco e determinado a retornar a Terra ele ingressou novamente no Mar Fantasma. E novamente voltou. Agora acompanhado apenas de uma história que contou. Uma história sobre Panuria:

–Pensei que fosse uma lenda – falou o elfo ainda encarando o pergaminho

–Todos pensavam – respondeu o moreno se erguendo e observando seu rei – Lembra-se sobre minha história sobre o lich? Como achei o mapa para lá no reino dos gigantes?

–Sim, lembro bem

–Lá no reino dos gigantes também achei outro mapa, um que no momento não acreditei, mas confirmei sua fidelidade a pouco, esse mapa

–Como pode comprovar sua fidelidade, meu campeão? Quem me garante que não é apenas uma invenção de algum maluco? Ou que sequer Hook não estivesse mentindo sobre chegar a ilha e que suas memórias não passam de fabulas que contamos para nossas crianças sobre nossa maravilhosa terra-natal

–Simples, meu senhor, primeiro chequei a assinatura, é a mesma do diário pessoal de Hook, segundo analisei o resto do mapa, coordenadas, notas de rodapé, tudo que pode perceber ai, o que está ai é uma rota precisa de navegação seguindo uma corrente marítima por toda a extensão do Mar Fantasma até a localização do vértice, o centro do mar, algo comprovado pelos sereianos e pelo Pecado da Preguiça, agora se ele é efetivo ou não só a uma maneira de confirmar

–Sabe que existem outros supostos mapas feitos ou não por Hook, não é?

–Sim sei, mas tenho uma prova final, meu senhor

–E qual seria, Ulf?

Então o campeão apenas tocou o pergaminho com seu dedo indicador direito e os olhos do rei brilharam de felicidade. Era ele. Era o mapa verdadeiro de James Hook.

Rose e todos os outros tentaram entender o que se passava, mas apenas viram uma explosão de Feé brotar do dedo do rapaz e algo se formar pouco a cima do papel. Nada que qualquer ali pudesse ver ou compreender. Mas para o rei foi a prova final:

–Então estamos todos prontos – bradou Auberon fechando o pergaminho e o entregando para sua rainha dizendo algo em seu ouvido que fez ela apenas assentir com a cabeça silenciosamente

Todos os aceitos para a jornada, vinte e dois contando com o rei, entraram em uma formação triangular a frente do maior dos elfos e então começaram a marchar em direção ao vértice enquanto o zênite solar os cobria e o rei dizia sua frase final em terras feéricas em um longo período de tempo:

– Agora nossa comitiva parte naquela que pode ser a maior jornada de todas a história...........

Hoje começa a Busca Pela Estrela de Fogo Gelado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários, elogios, críticas, melhorias, erros de português, comentem :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A busca pela Estrela Gelada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.