Sombras escrita por Dan


Capítulo 10
Capítulo 10 - Sonhos & Vultos.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês :v Espero que gostem, boa leitura.



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Meus olhos furmigaram e um vento gelado soprou em meu rosto. Abri os olhos e estava deitada na areia branca de uma praia deserta.

Levantei-me e percebi que não usava mais meu pijama e sim um vestido bege acinzentado.

O mar estava agitado, até demais. Raios contavam o céu escuro e o vento fazia meus braços se arrepiarem. Quando decidi dar uma volta alguém me chamou.

–Amy Evans.

Me virei em direção a voz, era a senhora que tinha ido à loja.

–Oi? O que...

–Sem pressa querida, vamos dar uma volta.

Fomos andando pela margem do mar em silêncio e eu formulando milhões de perguntas. Um trovão rugiu no céu, fazendo eu pular de susto.

–Por que estamos aqui? Não tinha um lugar mais calmo não?

Ela sorriu. - Essa é sua vida Amy.

–Como?

– Não tem um jeito gentil de falar isso, desculpa. Mas sua vida é uma farsa.

–Desculpa não to entendendo.

–As pessoas escondem coisas de você, pessoas que você considera tudo em sua vida. Mas não as culpe, elas pensam que assim estão te protegendo. Mas como vamos se preparar para a luta se não soubemos o que enfrentaremos?

–Quais pessoas? Escondem o que? Que luta? Senhora desculpa, mas quem é você? Por que estamos aqui?

–Quando a tempestade acabar, você irá descobrir. Me chamo Abiah e estamos aqui por que você está perdida Amy. Precisa de mim.

–Certo. Então tá, estou perdida e confusa mesmo. Vamos conversar então. - encaxei seu braço no meu e voltamos a andar pela areia úmida, enquanto isso o céu se revoltava em raios, trovoadas e relâmpagos. -Então, vamos começar pelo começo. Como sabe meu nome? E sobre essas coisas?

–Uma pergunta de cada vez. Eu conheci seu pai, alguns minutos antes de você nascer . - disse ela tirando o cabelo branco que o vento levou a seu rosto.

–Na sala de espera? Ele tem um diário...

–Aliás esse diário é muito importante. Você desvendará muitas de suas dúvidas que surgiram aqui. - ela piscou e voltamos a andar por aquela praia infinita.

–Certo. As pessoas me escondem coisas, e você falou sobre uma luta que irei ter que descobrir também. Então, qual é desse lugar? Você disse que era a minha vida.

–Eu gosto desse lugar. - ela sorriu. - É bom pra pensar. Mas nem tudo é tempestade, olha lá no fundo. Está vendo?

–É o sol. -parei de andar, admirada. - A gente pode ir lá? - apontei para uma praia calma e com algumas pessoas andando pela areia.

–Podemos chegar perto. Venha. -ela me levou até a divisa das duas praias. Era como se um vidro as separavam impedido de passarmos.

–O que é?

–Você desejou ve-la e ela apareceu para você. - Abiah sorriu gentilmente. - E não que seja sua vida também. Aqui é outro lugar.

– As pessoas podem nos ver?

–Sim. Fique olhando, acho que você as conhece.

Continuei olhando de rosto em rosto, estava um pouco distante, mas fiquei pasma com o que vi. Meu pai estava lá, junto com Lanne, vovó e outras pessoas que não reconheci por estar distante demais. As lágrimas encheram meus olhos, coloquei as duas mãos no vidro e ele me viu, sorriu e num aceno a praia sumiu.

–Vamos Amy.

Voltamos a andar pela areia da praia, Abiah sorriu e passou o braço por meu ombro enquanto eu chorava baixinho.

– Eu preciso ir daqui a pouco, só que tenho mais algumas coisas para te falar.

Sequei o rosto com as costas das mãos e devagar o soluço foi passando.

–Então, Eveline lhe deu um colar. Eu queria saber porque não o usa?

–Colar? - lembrei-me rapidamente, devia estar guardado em alguma gaveta ou bolso.

– Quero que comece usar, você vai descobrir muitas coisas com ele. Agora eu preciso ir.

–Espere. - segurei seu braço. - Ainda não sei como irei descobrir quem esconde coisas de mim e tudo mais.

–Eu falei que o diário iria lhe ajudar. E conforme os dias vão passando você irá descobrir, mesmo sem procurar. Tenho que ir, vou deixar você ter seus "sonhos incríveis". Até logo.

Sorri acenando e Abiah desapareceu no meio de uma rajada de vento.

Estava perdida ali, não sabia o que fazer. Depois de uns minutos resolvi dar uma volta, só que dessa vez mais longe do mar, segui por onde estava o sol. Um amplo campo de tulipas vermelhas ocupavam o lugar, ao redor enormes árvores faziam sombras e não se via mais a praia tempestuosa. Ali eu me sentia feliz.

–Amy.

Me virei olhando para os lados e vi, Johnny estava sentado num galho baixo da árvore ao lado.

–Johnny. -sorri, um pouco envergonhada. - Se você está aqui é porque...

–Consegui e aliás, que roupa é essa? - ele sorriu de canto.

Senti seus olhos passear por meu vestido longo e corei.

–É... Eu não sei, quando cheguei à praia, estava assim.

–Você está linda. - disse ele saindo da árvore num salto. - Mas que praia?

–Esquece. - ri.

Johnny se aproximou e me envolveu num abraço apertado, beijando-me o ombro.

Perguntei-me se Johnny era uma das pessoas que me escondiam coisas, mas tirei esse pensamento rapidamente. Abiah disse que o diário ia me ajudar.

–Como descobriu que podia ter os sonhos novamente? - perguntei sentando encostada no tronco da árvore, com Johnny ao meu lado.

–Eu estava sonhando, sonhos comuns e num instante estava lúcido e segui onde um sol muito forte brilhava . Lindo aqui não é?

Assenti olhando as tulipas vermelhas. Nunca tinha visto um lugar como aquele, apesar de ter campos de flores, como água em Portland.

Contei a Johnny sobre a praia tempestuosa e sobre a outra, que ouviu com atenção e pensativo. Quando escutei um som de despertador, em algum lugar.

–É melhor eu acordar. -ri.

***

Levantei-me da cama e me vesti. Era sexta-feira, e apesar de estar um pouco frio por causa da chuva que caiu no meio da noite, eu me senti de bom humor. Desci até a cozinha, e enquanto minha torrada não estava pronta, sentei na bancada com um suco.

–Bom dia. - era Eveline.

–Bom dia. Por que sumiu?

–Porque era necessário.

–Certo. Eu tive um sonho...

–Sei do seu sonho.

–E você é uma das pessoas?

–Sim.

–Como sim? Eu...

–Eu não tenho permissão para contar, se Abiah disse que é pra você descobrir, você terá que descobrir.

–O que você tem? - peguei a torrada, que já estava pronta.

–Desculpa, estou descontando em você. É que interferiram, sem o meu consentimento. Tenho que resolver isso, até mais tarde.

Subi as escadas correndo até meu quarto. Peguei o diário e guardei na mochila, coloquei o colar que Eveline tinha me dado e escovei os dentes.

***

Cheguei no estacionamento da escola e tive "sorte" de estacionar justamente onde tinha alguns caras com uma bola de basquete.

Um deles assoviou. - Que carrão. Daria tudo pra dar uma volta. - e todos gargalharam.

Revirei os olhos. -Vou ali procurar seu cérebro, beijos.

–Hm. Tá tão de bom humor que nem quis avançar nos malucos que zoaram seu lindo fusca? -chegou Louis, passando o braço por meu ombro.

–Vou deixar pra atropelar eles com meu carrão depois. -ri. -E aí? Ansioso pro show?

Ele bufou. -Meu pai descobriu da banda e você o conhece começou um sermão com "Não criei filho para ficar tocando em bares."

–Vem cá, ele sabe que SM não é um bar né?

–Ele me viu tocando em um. - Louis bagunçou mais o cabelos negros. -Lá vem Judy.

Judith vinha andando abraçada com um dos caras que zoaram meu carro. Deu rápido beijo nele e correu em nossa direção.

–O que foi isso Judith Wian? - perguntou Louis tirando seu braço do meu ombro.

–Desculpe Louis, se eu tenho uma vida.

–Opa. Ele falou brincando.

–Não falei não, Amy. -Louis deu meia volta e foi em outra direção.

***

Na hora do intervalo, Louis e Judith ficaram fazendo cara feia um para o outro. Eu deixei eles lá se odiando, peguei o diário e uma xícara de café da cantina e fui para o pátio, em baixo de uma árvore mais reservada. Folhei algumas paginas, até encontrar a que eu procurava. " 05/05/99. Rachel estava mais uma vez estudando aquelas coisas, mas o que eu poderia dizer? Era o que ela queria e olha que já tentei interferir muitas vezes, mas sempre algo quebrava, a luz piscava. Eu a amo, ela é minha esposa. Mas eu preferia que nosso problema fosse outro. O álcool, eu odeio o álcool, só que agora encontrei algo maior para odiar..."

Bebi um gole do café. Encontrei a primeira pessoa, minha mãe. Deixei a xícara do lado e folheei novamente.

O que minha mãe vinha estudando? Anotei mentalmente para poder investigar depois.
Ela tinha me dito que era o álcool e que a culpa era dela de meu pai ter morrido. Pode ser que não seja o álcool, mas a culpa... Uma raiva me tomou e o colar de Eveline queimou minha pele. Nesse momento um vulto semelhante ao que eu tinha visto na cozinha passou por mim e foi na direção de um cara que me espionava, era o atleta que zoou o meu fusca. O vulto envolveu-lhe e junto com o cara, se foi.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo bj.



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