Faltam apenas dez minutos para que Dimitri chegue, e acho que fiz o melhor que eu pude, por meu cabelo e meu rosto! O cabelo até foi fácil resolver, lavei e sequei-os e ficaram bons, ótimos para dizer a verdade. Mas meu rosto ainda estava péssimo, os olhos desincharam bastante, mas ainda restaram um pouco de inchaço neles, e eu estava com bastantes olheiras.

Caprichei na maquiagem, mas ainda dava pra perceber que meu dia de ontem não tinha sido dos melhores. Quando percebi que melhor do que isso não iria ficar, pensei em ligar e desmarcar o almoço. Mas então me lembrei que ele sabia de tudo o que aconteceu, então não me vi realmente preocupada em não estar perfeita, com certeza ele entenderia.

Pontualmente à uma hora da tarde, meu interfone tocou, e eu sabia que era ele. Peguei minha bolsa e desci. Quando meus olhos cruzaram com os dele no hall do prédio, fiquei sem palavras. Acho que eu estava muito abalada ontem, pois hoje o achei ainda mais lindo e perfeito.

Ele vestia uma calça jeans desbotada e uma camisa de manga comprida branca, mas as mangas estavam dobradas até seus cotovelos e havia dois botões abertos na parte de cima da camisa, dando um ar mais casual e sexy ao seu traje. Seus cabelos estavam presos num rabo de cavalo curto, mas alguns fios teimosos insistiam em cair em seu rosto.

Não pude ver seus olhos, pois ele estava de óculos escuros. Merda! Poderia ter escondido os meus do mesmo jeito, mas essa brilhante ideia não me veio à cabeça. Agora era tarde, não poderia mais voltar correndo para pegar os óculos, terei que ir sem eles.

Assim que me viu ele deu passos rápidos em minha direção segurando minhas mãos e me dando um rápido beijo na bochecha. Em seguida ele me olha e diz:

– Esta linda Rose!

– Obrigada. - respondo e dou um leve sorriso.

– Vamos?

– Claro! - repondo e começo a segui-lo.

Dimitri abriu a porta de seu carro para eu entrar. Ele realmente sabe como tratar uma mulher. Então me pego pensando se ele era um homem experiente. Será que existiram muitas mulheres em sua vida? Nesse momento percebo que meus pensamentos me deixam um pouco enciumada e me repreendo mentalmente, afinal, nos conhecemos ontem, ele não demonstrou segundas intenções em seus atos, eu também não me sinto preparada para entrar em outro relacionamento agora, e o mais importante, a vida sexual dele não me diz respeito!!!!

Percebo que estou olhando pra ele com cara de boba quando me dou conta que ele também me olha e dá um leve sorriso. Desvio o olhar e fico um pouco nervosa, então acabo me entregando.

– Desculpe pela “viajada”. Tem acontecido bastante desde ontem...

– Não tem problema Rose, eu entendo, mesmo! - ele me dá uma piscada e preciso lembrar de continuar respirando. Então ele completa: - Vejo que sua noite não foi muito boa…

Ele se referia aos meus olhos levemente inchados, percebi isso, pois ele me olhava nos olhos. Seu olhar poderoso parecia ser capaz de me desvendar por completo. Ele parecia ser capaz de enxergar minha alma. Isso me deixou um pouco desconfortável, então desviei meu olhar do dele e respondi:

– Sinceramente, eu até que dormi bem, mas acho que meus olhos não reagiram bem à quantidade excessiva de lágrimas…

Ele me olhou com carinho, soltou a mão direita do volante e segurou minha mão esquerda que estava pousada em minhas pernas. Fez uma leve pressão com os dedos e continuou segurando-a por alguns minutos, mas não disse mais nada. Estranhamente ele conseguia me transmitir seus sentimentos sem nem sequer dizer uma palavra. Eu era capaz de sentir seu pesar pela minha situação, também via carinho em seus olhos, e ele também era capaz de me passar uma mensagem mental de que tudo iria ficar bem.

Diante de todas essas sensações, nem percebo que dou um sorriso. Dimitri então me olha com curiosidade, mas não diz nada e acaba rindo comigo. Ele então desvia a atenção de mim e dá seta para entrar em um estacionamento.

O restaurante em que estamos é lindo! Ele fica na cobertura de um prédio bem alto, de onde temos uma vista privilegiada da estátua da liberdade e de toda a ilha de Manhattan. Fico maravilhada com a vista.

– É linda… - comento quase num sussurro.

– Eu também concordo. Eu amo esse restaurante, é sem dúvidas o meu favorito. Às vezes venho aqui apenas para tomar um drinque e apreciar a vista.

– Eu entendo… - ainda estou hipnotizada olhando pela janela.

– Tem um observatório lá fora, podemos ir lá depois do almoço. A vista é tão incrível quanto à daqui.

– Okay!

Nos sentamos e o garçom veio anotar nossos pedidos. Estava indecisa quanto ao que escolher e então Dimitri e eu acabamos aceitando a sugestão do garçom, e para beber pedimos suco de laranja.

O almoço foi tranquilo. Não mencionamos os acontecimentos do dia anterior. Conversamos sobre várias coisas, Dimitri me falou um pouco sobre sua família e sua cidade natal na Rússia, ele me descreveu com riqueza de detalhes vários de seus lugares favoritos, o que acabou me deixando com vontade de conhecer a Rússia também.

Quando terminamos o almoço, resolvemos ir até o observatório para apreciar um pouco mais a vista. Eu realmente tinha amado aquele lugar, com certeza seria um de meus favoritos de hoje em diante.

Quando saímos do restaurante, já eram quase quatro horas da tarde, eu nem tinha visto o tempo passar. Chegamos à porta do prédio onde eu morava, e eu sinceramente não queria me despedir ainda, mas me sentia sem jeito que convidá-lo para subir. Nos conhecíamos a apenas dois dias e eu não sabia muito bem como agir.

Ele também não parecia querer ir embora, pois ficou calado dentro do carro parado, me encarando, e aparentemente esperando que eu dissesse algo. Vendo que eu não ia dizer nada, ele respirou fundo e disse:

– Rose… - ele disse em tom formal. - Você gostaria de jantar comigo amanhã?

Lógico que eu gostaria, mas tentei conter minha empolgação e parecer indiferente.

– Sim podemos. Mas eu gostaria que fosse um lugar mais tranquilo e tenho que voltar cedo, pois tenho aula bem cedo na segunda-feira.

– Combinado! - Ele então se aproximou colocou a mão atrás da minha nuca, e antes que eu tivesse tempo de pensar que ele estava extrapolando algum limite, ele me deu um beijo no rosto e se afastou.

– Até amanhã, Rose.

– Tchau Dimitri.

Somente quando eu desci do carro é que percebi que eu não estava respirando, então soltei o ar com força, mas o que me deixou furiosa foi constatar que eu queria que ele tivesse me beijado.