-Nashvill? –perguntei surpresa – sem chance.
O homem à minha frente me olhou com espanto.
-Está recusando um trabalho? Não, não acreditaria se não fossem meus própios ouvidos que estivessem ouvindo, e meus própios olhos que estivessem vendo! – jogou-se na cadeira de couro velha que ficava do outro lado da antiga mesa de carvalho. –O que você tem?
O velho maldito estava me desafiando. Ele sabia que eu detestava ser questionada.
-Nada. Já disse que não vou. É o suficiente para você saber. Mande Nansie. – Levantei e saí andando, mas o velho era insistente.
-Nansie? Sabe que ela não tem condições. Sabe disso. Tem que ser você.
O velho asqueroso acendera seu charuto fedorento outra vez. Em poucos minutos o galpão já estaria infestado daquele fedor insuportável. Parei e olhei de soslaio.
-Está desacreditando nela? Nansie não iria gostar disso. Ela pensa ser o seu Ás.
-Isso é justamente porque ela é infantil, apesar dos 20 anos. Você é meu Ás, também sabe disso.
O velho levantou da cadeira e veio andando calmamente em minha direção. Eu estava de costas, mas podia sentir o movimento de suas botinas no chão velho e sujo do galpão.
Começou a falar com uma voz inquisitória.
-Ah,... eu não esperava ter que fazer isso. Nunca mesmo. Mas, o serviço é bom. Não posso perdê-lo. – continuou vindo e minha direção, em pouco tempo, estava dando voltas em meu redor. – Sarah... sabe que eu considero você a melhor, não sabe? Nunca perdeu uma jogada sequer. Você é certeira. E não tem as mesmas manhas que Nansie. Não faz joguinhos com eles. Você é direta. – parou em minha frente e eu comecei a observar os cabelos castanhos e ralos, que já deviam estar brancos, pela idade de 50 e poucos anos. Mas é claro, o velho O’Connor não deixaria de pintá-los tão cedo. – Sarah, e você é ainda é melhor que Shanaya! Você é ainda melhor. – o velho estava baixando o nível demais. Comparando-me com a própia sócia, e ainda amante, pelo o que eu ouvia Nansie dizer. Então de repente a expressão do velho ficou dura, e a voz, como o aço. – Você tem que descer àquela maldita cabana velha e extermina-lo! É o seu dever! Sarah!
-Sarah! – um chamado veio de outra parte do galpão, dividido por paredes falsas. Nansie entrou, mas parou quando viu que eu e o velho conversávamos. – ah, estou atrapalhando, né? Ta...já to indo.
E saiu. O’Connor, que não tinha tirado os olhos de mim, disse - Sarah... - Saí numa explosão de velocidade. Deixei só a poeira que havia no chão a contemplar a face de vitória do velho. Ao chegar à porta pela qual Nansie havia entrado, murmurei um leve som: Feito.
O velho sorriu desprezivelmente.