Duas semanas haviam se passado depois de toda aquela briga entre Chris e Charlie - Ou seja, no mesmo dia em que voltamos a nos falar - Tudo estava quase normal novamente. Hoje Ashley irá fazer uma festa e sinceramente, eu não estou ligando nem um pouco para isso, porque ah, qual é, festa?

– Mcclair! Você precisa ir para a MINHA festa, você é minha tipo assim, melhor amiga. - Ashley reclamou brincando.

– Cala a boca e me passa aquele tubo de pringles? - Pedi tediosa

– E o “por favor’’?

– Ashley…

– Ai Jesus, tá! - A garota reclamou e saiu andando.

A verdade é que eu só queria ficar um pouco sozinha. Minha cabeça estava doendo e eu estava chateada, mas ninguém precisa saber, certo? Chris estava abraçado com uma garota no outro lado do refeitório, revirei os olhos e afundei a cabeça em meus braços apoiados na mesa.

– 1, 2 O Freddy vem te pegar 3, 4 melhor a porta trancar… – Cantarolei enquanto sentia minha cabeça doer ainda mais. Eu sou tão nova para morrer; dor de cabeça maldita.

– Planejando matar alguém princesa? - Alguém sussurrou em meu ouvido. Pude sentir uma respiração fraca em meu rosto afagado pelo meus braços. Eu nem precisava levantar a cabeça para saber quem era.

Chris

– Planejando matar você - Retruquei, e então recebi uma pontada de dor ainda mais forte.

– E o que eu fiz? - Chris perguntou sentando do meu lado e me abraçando. Eu não queria olhar para mais ninguém.

– Veio até aqui falar comigo. - Senti meu corpo enfraquecer. e comecei a suar. O pior é que não estava calor, estava muito frio. A dor de cabeça estava muito pior. Agarrei as mãos de Chris e apenas joguei minha cabeça em seu ombro.

– Lucy? olha pra mim! O que tá acontecendo? – Chris sussurrou para que apenas eu pudesse ouvir.

– Me tira daqui– Foi a única coisa que consegui responder, senti minhas pernas sairem do chão e segundos depois percebi o porque daquilo. Chris estava me carregando.

Eu não sabia para onde estava indo, eu só precisava melhorar.

– Lu, estamos fora da escola. Aguenta só um pouco - Chris falou agoniado.

E então eu desmaiei.

**

Abri meus olhos o mais devagar possível e percebi que não estava em casa, eu estava na casa de Chris. Seus livros, skates, videogame e bobagens estavam ainda ali, como sempre. Sentei na cama e então pude reparar que o garoto estava sentado em uma cadeira ao meu lado.

– Oi - sorri de lado

– Oi princesa - Ele respondeu parecendo cansado o suficiente para qualquer coisa.

– Valeu por me tirar de lá - Falei levantando e sentando no braço da cadeira que Chris estava sentado.

Eu estava melhor, minha dor de cabeça havia passado e o calor havia sumido.

– O que você tinha? É sério, pare de me deixar preocupado e louco!

Sorri

– Uma dor de cabeça muito forte.

– Ash ligou, respondi que você estava bem e então ela está te esperando para a festa de hoje. - Chris respondeu e logo depois bocejou.

– Aí - Chamei

– Quê?

– Tá afim de dormir? - Perguntei

– Estou cansado, você me preocupou. - Outro bocejo

– Desculpa, olha, eu posso ir para casa, deita ali e dorme. - Respondi levantando

– Ok - Chris respondeu e se jogou na cama - NÃO! Lucy, LU!

– Meu Deus, não grita! Eu tô bem aqui ainda - Falei enquanto sorria.

– Eu sei, mas não quero que vá.

– Ai meu Deus, mereço - Respondi revirando os olhos - Eu sento aqui então, você ficou me esperando acordar, faço o mesmo.

– Deita aqui do meu lado, eu juro pela vida dos meus skates que não faço nada, só não quero que vá e não quero que fique longe de mim.

– Chris…

– Por favor - o garoto respondeu me impedindo de falar.

– Tá, droga. - Me joguei na cama e fiquei ali, encarando o teto.

– Se um dia eu te perder eu acho que nunca vou conseguir te esquecer, sabe? Você é importante demais pra mim, mesmo que eu não signifique quase nada pra você, você já me agradece significando tudo para mim.- O garoto comentou enquanto igualmente encarava o teto.

Virei para o lado de modo que eu pudesse olhar para Foreman e sorri.

– Você não significa nada - Pausa dramatica para deixar o garoto chateado por segundos. Sorri com a careta feita pelo mesmo e continuei - Você significa algo e isso basta, o.k? Você estava com sono, dorme.

– Isso parece ótimo - Ele sorriu - Dormir?

– Prometo não fugir!

E então começamos a rir juntos.

Alguns minutos depois Chris dormiu e eu fiquei encarando seu rosto e seus cabelos lisos caindo pelo mesmo.

**

– Festa é algo tãão desnecessário. - Disse enquanto reparava o pessoal se comendo por toda a sala de Ashley. Ai meu Deus, aquilo era vomito?

– Sorria! É FESTA, VAI FICAR COM ALGUÉM! - A garota respondeu animada demais ou melhor, bêbada demais.

– SE ALGUÉM ENCOSTAR EM MIM EU ENFIO UMA FACA! - Gritei tentando imitar a animação estúpida de uma bêbada que por sinal é minha melhor amiga.

– TCHAU! - Ashley hoje deixa de ser pura, mentira galera!

– Olha só.. Se não é a “amiga que está no coração do Chris” em uma festa. - Alguém falou atrás de mim. Assombração é algo que aparece nas horas mais inoportunas viu..

Virei para encarar a cara de anta da garota e sorri.

– Kriscy...É Kriscy? Então, oi querida. - Retruquei sorrindo ironicamente.

– É Kristen!

– Tanto faz, sai daqui - Sorri tomando alguns goles de uma bebida qualquer.

– Chris te aguenta por quê? Eca - A garota falou em uma tentativa falha de me ofender.

– Pelo não mesmo motivo que ele te aguenta.

– Hã? - Kristen perguntou confusa.

– Ele me ama, já você ele aguenta porquê é obrigado. - Falei enquanto fingia tristeza.

– Ah, é? Vamos ver.

Ignorei e sai andando para qualquer lugar puro e limpo de cobras e vacas no cio.

Animais sempre presentes no meu vocabulário.

**

– ONE TWO THREE ONE TWO TRHEE DRINK, I’M GONNA SWING FROM THE CHANDELIER - Eu cantava abraçada em Ashley que estava bêbada pra cacete, aliás eu não estava nem um pouco bêbada, eu sou doida no normal mesmo.

Mas toda essa festa já estava me cansando, larguei Ashley e subi em direção ao quarto da mesma para pegar minhas coisas e ir para casa. Eu estava muito cansada.

– Puta que… - Não consegui continuar com a frase pelo enjoo e raiva sentidos por mim no momento em que abri a porta. Kristen estava sentada no colo de Chris, no chão do quarto, se engolindo com o mesmo e seminua.

– Lucy…- Chris indagou boquiaberto.

– Te avisei princesinha - Ela debochou - Chris ignora ela. - Kristen sorriu e tentou voltar a beijar Chris.

Ignorei a cena e fingi não ter visto nada, andei em direção a minha bolsa e voltei a andar.

– Lucy, espera por favor! - Chris suplicou

– Desculpe aí por interromper o seu trabalho Kristy. - Disse sorrindo.

– Que trabalho? - A jumenta perguntou inocente

– O seu de prostituta. Beijos - E então andei novamente.

– MCCLAIR! - Chris gritou.

Desci as escadas, me despedi de Ashley e sai andando. Eu não queria taxi, carona e nem porra nenhuma. Eu precisava pensar, precisava pensar sobre o por quê eu estar triste e irritada com Chris. Por que ele havia ficado com ela, por que eu queria chorar, por que nada pode ficar bem e por que eu estava jogada no chão morrendo de dor de cabeça novamente.

Eu definitivamente não me dou bem em festas.

**

– Olá senhorita! - Bryan falou logo depois de dar um pulo para cima de mim.

– Oi Bry - Respondi com um sorriso falso e sem nenhuma animação.

– Sua felicidade é comovente - Ouvi alguém falar atrás de mim

– Tão comovente quanto o navio titanic afundando. - Retruquei sorrindo

Logo depois de sair da casa de Ash, corri para a casa de Bryan, mesmo que ele perturbe pra cacete ele não deixa de ser um bom amigo.

– Sério? Acho que a estória do Jeff chega a ser mais. - O garoto que até agora eu não sabia o nome respondeu com um leve sorriso sarcástico de canto. Seus cabelos castanhos estavam bagunçados, seus olhos azuis brilhantes e igualmente parecia deprimido. Já estou apaixonada só pelo simples fato dele ter falado do Jeffrey

– Shh! Vai dormir e não deixe aquele sorriso assustar você - Indaguei fazendo uma careta.

– Santo Deus! Vocês são doidos! Aliás, tô sobrando e não faço ideia do que vocês estão falando, então, até mais! - Disse Bryan enquanto cambaleava para outro lado da sala.

– Então, qual seu nome senhorita comovente? - O ser perguntou

– Lucy e o seu, garoto que gosta de creepys? - Perguntei dando um longo suspiro.

– Augustus, me chame de Gus. Você parece chateada.

– Digo o mesmo de você, Gus - Sempre retruque quando não quiser falar sobre certo assunto. Sempre da certo

– Não tente fugir, eu conheço o seu jeito. Você é igual á mim, então sei de todas as jogadas. Qual o o problema? Se for melhorar, estou apaixonado por você desde que você se mostrou ser amante de creepys! - Gus respondeu sorrindo

Sorri e gelei quando senti sua mão fria encostar em meu rosto. - E eu igualmente sou fria, então...

– Também estou apaixonada, sério. É tão dificil achar alguém que goste de creepys! - Sorri - Estou chateada, flagrei meu melhor amigo engolindo uma garota que me odeia, não que eu ligue para o fato dela me odiar, porque o sentimento é recíproco. Mas é que eu não esperava isso dele.

Outro suspiro

– Entendi, que pena, mas pensa assim, agora você vai ter mais chances de matar ela e mais motivos também.

Não pude deixar de rir

– Você é maluco! - Disse ainda sorrindo

– Estou chateado porque meus pais estão se separando. Mas ei! Quer sair e fazer algo maluco? Vamos esquecer dos problemas. - Estou conversando com um viciado ou algo do tipo?

– Tipo o quê? - Perguntei totalmente confusa

– Tipo ir a uma praia à meia noite? - Ele respondeu segurando minha mão.

– VAMOS AGORA! - Gritei apertando as mão de Augustus.

**

– GUS, ME LARGA. SOCORRO AAH! - Eu gritava enquanto o garoto sorridente me carregava e corria até a água gelada.

– POR QUE EU DEVERIA?

– O.K, FODA-SE. - O impacto com a água gelada e calma da praia me fez tremer e relaxar.

Eu sou amante de praias.

– Você é doida - Augustus falou enquanto se aproximava de mim.

– Você também - Retruquei novamente

Suspirei e andei até a beira da praia. Gus fez o mesmo alguns segundos depois.

– Ai meu Deus, você tem vontade de dormir na praia? - Perguntei sorrindo enquanto sentia a água molhar meus pés.

– Tenho e você? - Gus respondeu/perguntou arfando. Estávamos há meia hora na praia, molhados e estava muito tarde, mas quer saber? Eu estava muito feliz ao lado de Gus.

– Muita vontade. - Disse virando de frente para o garoto - Ei, Gus, obrigado.

– Pelo o quê? - Ele sorriu

– Por estar aqui, eu sei que te conheci faz algumas horas, mas acho que se não estivesse aqui eu não estaria bem agora

– Digo o mesmo para você pequena Lucy - Outra pessoa me chamando de pequena, qual o problema com esses seres humanos?

– Santo Deus, um metro e cinquenta e oito é muito, o.k?

– Eu tenho um metro e setenta, tem ideia do quão você fica pequena perto de mim?

– Agora tenho alguém para me carregar.

– Não sou cavalo, Mcclair - Nós já sabiamos praticamente tudo um do outro, Gus era de Nova York, tinha 18 anos, estava passando por uma época difícil, seu sobrenome era Miles, sua comida favorita era pizza e...Chega de falar do senhor olhos azuis.

– AUGUSTUS! - Gritei sem nenhum motivo.

– AI MEU DEUS, O SLENDER TÁ ATRÁS DE MIM? - Agustus igualmente gritou, só que assutado. Sorri.

– Não, só queria saber se vou ver você depois dessa noite. E qual é, Slender em uma praia? Acho que tá faltando as árvores, Gus.

– Você tem razão, e aliás, é claro que eu vou ver você, por que eu iria te largar? - Por que isso me lembrou Chris?

– Vai que você faz igual Chris, só que aí eu vou ter que matar. - Minha cabeça ainda doía e o sono me deixava mais grogue do que nunca. - Miles amorzinho, minha cabeça está doendo e eu estou com sono.

– Quer que eu te leve para casa docinho? - “Amorzinho”, “docinho” estávamos grogues sem ao menos termos usado drogas ou bebido.

– Seria ótimo.

Enquanto eu andava ao lado de Miles para ir para casa eu senti meu corpo fraquejar novamente, merda. Vou ter que ser carregada de novo? Prefiro desmaiar no meio da rua.

E então eu cai, simplesmente não consegui mais andar e cai.

– Meu pai amado! Mcclair! - Augustus falou desesperado.

– Estou bem, só estou fraca - Tentei levantar, mas não suportei e cai novamente.

– Eu vou carregar você, o.k? não tente me matar. Você já comeu alguma coisa hoje? - Miles estava preocupado. Gus me lembrou Chris novamente.

– Na verdade não, estou tão chateada com tudo que não sinto fome.

– Lucy Mcclair, eu te conheço há horas, mas eu me preocupo com você. Não deixe esses problemas te destruírem, eu tenho você agora, você tem a mim agora. Você está morrendo nesse chão frio - Dramático - Se eu não estivesse aqui você poderia ser estuprada, assaltada…

– Senhor dramático, pode me carregar o.k?

– Vamos lá princesinha

**

– Além de ser uma anã o ser humano também não pesa nada. Não estou reclamando, mas chega a ser fofo e você odeia ser fofa. - Eu estava deitada em minha cama com Augustus sentado na beira da mesma esperando o ser humano aqui dormir.

– Fofa é o ca… - Tentei xingar, mas Miles interrompeu.

– Aceite isso docinho - Como o caralho pode ser fofo? O que eu ia falar até que não faz tanto sentido. - ei, preciso ir Lu. Eu prometo visitar você, prometo não largar você e prometo te perturbar bastante, mas agora preciso mesmo ir antes que meus pais se matem.

– Meu numero de telefone está em cima daquele caderno, deixa o seu aí. Sei que você vai me entender quando eu precisar de um chato para perturbar, valeu de novo. - Respondi sonolenta.

– Ok, boa noite - Gus disse dando um beijo em minha testa - Cinderela.

Sorri

– Se fode Augustus