As Crônicas dos semideuses - O Destinado escrita por Greek, Safira Jackson


Capítulo 1
Sou impedido de ir ao Acampamento Meio-Sangue




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/441813/chapter/1

Acho que devo começar me apresentando. Meu nome é Tiler Hughes e vivo em Long Island, Nova York. Tenho treze anos.Moro com minha mãe, Mary Dinner e meu padastro, Peter Dinner. Sou um adolescente normal antes das férias (na verdade, até mesmo nos dias de aula minha vida dá muitas voltas), mas no fora do período letivo, vou para um acampamento.

Daí você pensa: Grande coisa! Um acampamento... Pois saiba que esse acampamento não é um lugar muito...normal? É, essa é a palavra.

O que tem de incomum nele? Bem, se você continuar a ler verá.

De qualquer modo, minha vida já era uma bagunça antes do dia em que uma pomba pousou em cima do meu material escolar.

Seria minha imaginação ou aquela pomba estava me encarando? Pensei que estivesse realmente ficando louco só de ver aqueles olhos pequenos me olhando, por que aquele animal tinha que falar?

Bonjour-disse ela.

Eu dei um pulo de susto. Olhei para a pomba crente que deveria ter enlouquecido. Foi aí que ela disse:

– Por que está olhando assim para mim,mon cher?

O animal pulou para baixo e se transformou em uma mulher belíssima. Logo, a reconheci.

– Afrodite?- Perguntei.- O que você...

– O que eu faço aqui?- Afrodite perguntou, me interrompendo.- Bem, vim visitá-lo.

Eu sabia que aquilo não podia ser realmente verdade. Os deuses, desde o início dos tempos, nunca procuravam os mortais, se não tivessem algum pedido a nos fazerem.

– Me visitar- disse eu.- Sério?- A deusa assentiu.- Mas por quê? Nem filho seu eu sou.

A deusa deu um sorriso.

– Oh,cher!, que bom que perguntou- disse ela, e naquele exato momento me arrependi de ter aberto minha boca.- Bem,você deve fazer um favor a mim.

Por que não estou surpreso? Pensei.

– Um favor? Diga-me mais.

Afrodite se acomodou em meu criado-mudo, me olhou e disse:

– Os deuses sentem que uma coisa inaceitável está prestes a acontecer. Eles sentem perigo.

– Perigo? Que tipo de perigo?

A deusa olhou para o espelho do banheiro, ajeitou seus cabelos e retocou a maquiagem.

– Alguns detalhes ainda estão muito ocultos, Tiler- disse ela.- Até mesmo para nós. Mas a sensação não é negável,cher. Mesmo seu pai pode senti-la.

Eu conhecia muito bem Apolo e sabia que ele não levava quase nada a sério. Gostava de ficar dando em cima de mulheres, fazendo haicaie vivendo uma vida divina, literalmente.

Afrodite acabou de se arrumar e voltou-se para mim.

– Tiler- disse ela num suspiro-, os deuses não acham que podem realmente confiar nos semideuses...

– O quê?- perguntei. Sei que devia tê-la deixado terminar, mas aquilo era de mais. Vivemos fazendo favores aos deuses e, como forma de gratidão, eles simplesmente decidem que não somos confiáveis? Não podia ter aguentado.- Como assim?

– Achamos que possa haver uma relação entre o que sentimos e os nossos filhos- concluiu ela.- Quero que você entregue isso a Quíron.

Afrodite me passou um bilhete. Não consegui distinguir as palavras por causa da dislexia. Mas havia compreendido o favor que a deusa me pedira: Eu seria um simples carteiro.

Um sentimento de raiva me invadia. Os deuses realmente eram ingratos. O único motivo pelo qual ainda os servíamos era que não queríamos nenhum problema a mais.

Dessa vez eu encarei a deusa da beleza.

– Já acabou? Há mais alguma coisa que deva saber?

A deusa ignorou minhas perguntas e transformou-se novamente em um pombo branco.

– Logo- disse ela-, as coisas irão piorar.

E com esse feliz comentário, ela saiu.

Por fim, sabia no que daria aquela conversa: retorno inesperado ao Acampamento Meio-Sangue. Naquele momento, eu queria muito estar errado, mas não tinha sorte e duvido que as Parcas iriam deixar o meu destino no mínimo confortável.

Uma batida na porta me fez voltar ao mundo mortal. Minha mãe queria entrar.

– Pode entrar- anunciei.

Minha mãe entrou tímida. Vestia um roupão, o que indicava que acabara de acordar. Seus cabelos loiros estavam presos em um coque, olhos verdes e pele clara.

Ela carregava na mão o telefone de casa. Esticou a mão e me entregou.

– É pra você- disse ela.

Por um breve momento tive receio de pegá-lo, mas obriguei-me a atendê-lo.

– Alô- disse eu.

A voz do outro lado era de Kayse, minha amiga filha de Deméter. Ela falava com urgência:

– Tiler! Pelos deuses, finalmente! Eu preciso te encontrar.

Tentei dizer para ela se acalmar, ficar relaxada ou coisa parecida, mas o problema é que quando Kayse bota uma ideia na cabeça, não há mortal, monstro ou deus que a faça esquecê-la.

– Tiler, por favor- ela insistia-, precisamos nos encontrar.

– Está bem, mas onde?

– Próximo a sua escola. Na loja de celulares.

Confirmei com ela o local. Nos encontraríamos depois da aula. E ela desligou.

Suspirei e fui me trocar.

O que será que a estava deixando nervosa? Pensei.

Kayse podia ser muitas coisas, mas nervosa ela não era. Eu sabia do truque que os ciclopes usavam para chamarem a atenção dos semideuses. Se aquilo que me ligou fosse um ciclope e não minha melhor amiga Kayse, eu tinha que me preparar para um encontro com um monstro.

Por estes e outros motivos, peguei minha faca que sempre ficava debaixo do colchão. Olhei para a lâmina de bronze celestial. O brilho dela iluminou meu rosto. Geralmente, por ser filho de Apolo, eu não usava armas desse tipo. Arco e flecha é a minha especialidade, mas é sempre bom estarmos preparados para tudo, não é mesmo?

De qualquer maneira, desci para tomar o meu café e partir para o ponto de ônibus.

Minha mãe e Peter estavam conversando, se interromperam quando eu cheguei perto de mamãe. Me sentei e comecei a comer uma torrada recém assada.

Apesar de não ver, eu podia sentir que os dois hora olhavam pra mim, hora um para o outro. Eu não era bem-vindo naquele lugar (e eu não me referia a mesa do café) e nunca me esforçava para conseguir elogios de nenhum dos dois. Eu simplesmente os detestava. Preferia mil vezes estar trancado em um banheiro minúsculo com os filhos de Ares, a ter que aprender a conviver com os dois.

Olhei para eles.

– O que foi?- Perguntei.

Mamãe olhou para o pano da mesa, como se a pintura sempre fora de seu agrado.

– Hã... Tiler- disse ela.- Eu... você...

Ela começava a enrolar, isso quer dizer que boa coisa não vinha por aí. Insisti que ela me contasse o que estava havendo.

– Peter e eu achamos...- mamãe enrolou novamente.

– Achamos que seja melhor você ir para um internato- Peter completou.

A notícia me pegou de surpresa. Por mais que os odiasse, não podia pensar que um dia chegariam a esse ponto. Foi aí que a ficha caiu. Entendi porque minha mãe estava enrolando para falar. Me levantei.

– Espera aí- disse-, e quanto ao acampamento que frequento? Se eu for para um internato, não poderei ir para lá.

– Não- minha mãe teve a coragem de concordar.

É incrível como eles dois conseguiam estragar o meu dia.

– Me digam por tudo o que é mais sagrado que isso é mentira- disse eu.- Me digam!

Peter se levantou, e, com aquele olhar sínico, veio em minha direção. Ele teria me abraçado se eu não o tivesse impedido.

– Tiler, é o melhor para todos nós- disse ele.

Eu tinha certeza de que não era verdade. Para gente como eu, semideuses, ficar fora do acampamento era muito arriscado. Duvidava e muito que sobrevivesse nesse colégio. Ouvi muitas histórias de meio-sangues que encontraram monstros em escolas com o mais rigoroso controle, os monstros sempre davam um jeito de entrar. Eu estava perdido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Crônicas dos semideuses - O Destinado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.