A Areia Vermelha escrita por Phantom Lord


Capítulo 15
Capítulo 14, Retorna o Conspirador


Notas iniciais do capítulo

O capítulo ficou meio extenso, mas peço a paciência de vocês para que leiam. É uma parte importante da fanfiction e que terá um significado grande nos próximos capítulos. Boa leitura!



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Os ânimos na Capital estão fervendo nos últimos dias. A expectativa pelo casamento do Casal 12 e pelo terceiro massacre quaternário excita os cidadãos que clamam por diversão e festa. Eventos menores estão sendo organizados por uma equipe especial. Eventos dedicados à Katniss e Peeta e o romance ridículo que eles tão falsamente projetam para convencer Panem.

Juvia, uma tosca mulher ao estilo excêntrico da Capital, é a organizadora chefe dos eventos. Ela manda convites de hora em hora para cada uma de suas festas, mas eu a dispenso. Nesta tarde ela se aproxima de minha mesa e deposita um cesto com incontáveis cartilhas cor de creme, com laços de seda rosa.

_ Os primeiros convites, senhor presidente._ ela diz empolgada, agitando a cabeleira cor de vinho brilhoso. Um cabelo totalmente artificial, observo.

Fito-a com o menor interesse possível e ainda assim ela não perde a polidez e a excitação na voz.

_ E para o que seriam estes convites, Srta. Juvia?

_ Para a pista principal de convidados do casamento, senhor._ ela me responde, tentando esconder, em vão, o tom de desapontamento na voz pelo fato de que não tenho prestado a devida atenção ao que ela me diz.

Eu suspiro e penso na melhor forma de dizer para que aquela mulher vá embora do meu gabinete e não volte a me perturbar com seus assuntos idiotas. Meu olhar oscila na direção da cesta, onde os convites estão alinhados em uma espiral perfeita e depois, olho para ela inexpressivo.

_ Deixe-os aí.

Minha resposta foi seca até mesmo para uma pessoa comum, mas tenho certeza de que Juvia verá isso como mais do que secura, sendo uma sensível cidadã da Capital. Os olhos dela são tomados pelo brilho e umidade das lágrimas. Ela abre a boca e diz com uma voz oscilante:

_ Obrigada, senhor presidente.

Os saltos ecoam nos corredores em passos apressados. Sei que ela está chorando, ofendida demais pelo meu comportamento, que sem dúvida foi grosseiro e pouco divertido, como sou na TV. Mas sinceramente, a decepção de Juvia não me importa e desejo intensamente que ela simplesmente desapareça e não volte a me importunar com essas futilidades.

É evidente que não tenho intenções de que esse casamento realmente aconteça. De certa forma desejei, tanto para silenciar os primeiros revolucionários quanto para torturar Katniss eternamente até que ela morresse e seu corpo inútil fosse depositado em alguma tumba suja naquela podridão do Distrito 12.

Pensar em distritos me fere, agora. Estou preocupado demais com os relatórios. As chamas atingem outros distritos e as medidas rápidas não estão mais funcionando. Resta a hora em que eu farei toda a nação calar ao anunciar que seu mockingjay será colocado dentro de uma gaiola.

Plutarco mostrou-me mais cedo o projeto da nova Arena, pensada especialmente para abrigar os queridinhos dos cidadãos da Capital. Nós temos uma farta coleção deles, vencedores de outras edições. Alguns tornaram-se mais do que isso. Foram para os braços do povo e tornaram-se os bobos da corte de muita gente. Livrar-nos de alguns não fará nenhum mal, apesar de que eu espero reações desapontadas de alguns habitantes da Capital, porque sem dúvida, a vida de seus preferidos serão postas em jogo novamente.

Estou mergulhado em pensamentos desse tipo e leio e releio, completamente distraído, parágrafos de relatórios impressos vindos de alguns distritos em que as redes de comunicação foram tomadas por rebeldes. Tento me concentrar, mas a euforia pela hora em que farei meu anúncio é maior do que folhas de papel.

Apesar de não ter muitos rebeldes, o Distrito 12 me envia um relatório impresso. É bem curto e mais agradável do que os outros por esse motivo. Não há muitos rebeldes. Estou mais tranquilo em relação a isso. Convencido de que os palpites de Plutarco estavam corretíssimos. Se o golpe no rosto de Katniss causou alguma marca, isso não foi o suficiente para convencer as pessoas à lutarem por ela. Nenhum dos outros distritos souberam que ela foi chicoteada no rosto, o que é mais um alívio.

Coço o meu queixo, chegando ao fim do relatório número doze e deixo-o de lado. Dou um suspiro, olhando pela janela e vejo um pássaro chilrear. Ele pousa no parapeito, olha para mim com orgulho e solta um pio arrogante, como se perguntasse porque eu o encarava. Algum tipo de sentimento feroz me alcança e eu apanho a primeira coisa que vejo na minha frente e atiro na criatura. Percebo que acabo de jogar um pesado ícone de bronze no formato do brasão de Panem. Atinge o pássaro em cheio e ele solta um berro alto e desaparece em uma queda dolorosa. O silêncio preenche o gabinete. Me pergunto se a criatura está viva ou morta, mas não faz diferença. Era o silêncio que eu queria. É o silêncio que eu quero.

Depois de algum tempo, descubro a razão de uma atitude insana como aquela. O pássaro na janela nada mais é do que a Srta. Everdeen, piando arrogantemente como se ignorasse tudo o que eu a havia pedido. Silêncio. Era tudo o que ela precisava fazer. Manter o silêncio e continuar a atuar com Peeta Mellark, mas ela piou. Falhou com o nosso trato. Uma atitude idiota e arrogante. Eu não desejava sua morte. Apenas que ela não dissesse ou fizesse algo estúpido. Mas então ela faz. Existe algum outro modo?

Bom, se ela tiver que morrer, que pelo menos seja de algum modo divertido. Para mim, pelo menos. A gaiola de Plutarco a aguarda, em algum lugar além das vilas de Panem. Pretendo assistir cada dia dos jogos, ainda que eu saiba que ela é durona dentro da Arena, e não morrerá fácil. A expectativa por ver um pouco de sangue me atrai, mas não reprimo isso como algumas pessoas fazem. Dou risada e imagino as folhas caídas na lama, sendo regadas por um pouco de sangue.

Sou interrompido por Gondry, o secretário chefe da segurança nacional. É um homem calvo, ainda que com seus trinta e poucos anos. Tem sobrancelhas grossas demais e nenhum pelo no rosto. Um anel de metal azul foi inserido na cartilagem que separa as duas narinas. Ele infla o peito robusto enquanto caminha para dentro com uma irritante austeridade. Eu não gosto de pessoas sérias demais.

_ Senhor presidente._ ele faz algum tipo de reverência breve e seca e continua._ Plutarco Heavensbee pede que o senhor se junte à ele na sala de conferências, no subsolo.

Minutos depois eu estou descendo na companhia de Gondry. Ele caminha com passos largos e rápidos e seu rosto não se move nem expressa qualquer coisa. Eu, por outro lado, pouco me pareço com um presidente. Poderia não ser reconhecido se não usasse o terno cinza. Ando a vontade pelos corredores escuros e abafados das malditas masmorras de minha mansão. O lugar é pouco confortável, mas eu tento me adaptar, mantendo um ar otimista. Sei o que está por vir.

Era exatamente o que eu esperava. Plutarco me aguardava com um sorriso excitado. A sala esta cheia de gente, pelo menos vinte auxiliares e idealizadores se reuniam em torno de um borrão azul que não identifiquei na primeira olhadela. Mas depois fitei com mais interesse e descobri que se tratava de uma ampla mesa circular com uma lente projetora embutida no centro. Acima dela, uma tremeluzente cúpula fora desenhada em linhas holográficas, cercando um terreno cheio de árvores e no centro, um lago cercado de areia, como em uma praia. A Cornucópia se erguia ao centro, numa ilhota de areia e sobre o lago, em torno dela, doze faixas de terra.

_ Impressionante._ murmuro e todos concordam. Plutarco está todo sorrisos e cordiais agradecimentos. Depois desliza o dedo por um painel na borda lateral da mesa e a cúpula se ergue e com ela, a terra que cerca.

A holografia é ampliada e eu vejo a parte inferior da Arena, preenchida por gigantescas e incontáveis placas de metal. Sob ela, há um buraco - ou abismo, mais apropriadamente chamado. A parte debaixo da ilha central onde fica a Cornucópia nada mais é do que uma bandeja gigante de aço, coberta de terra e areia, por cima. A bandeja fica na ponta de um cilindro profundo que vai além do que a holografia pode mostrar e nele há um suporte para dois imensos ponteiros de relógio. O primeiro e maior desliza suavemente.

_ O ponteiro dos minutos, senhor. Conforme ele vai girando, o tempo é contado. É ele que faz o ponteiro menor se mover.

Estou impressionado com a grandeza do projeto. É de algum modo exagerado, coisa que eu não esperava realmente de Plutarco, que é um homem sutil, mas ele está demasiadamente encantado com a própria Arena e procuro não censurar isto, já que ele me é muito útil.

Agora vemos a holografia do segundo ponteiro, o menor, das horas. Ele se move lentamente, de hora em hora. É claro que nesta projeção, o tempo é acelerado para demonstrações e eu posso ver o ponteiro pequeno - que nada tem de pequeno na verdade - se mover bruscamente sob a Arena.

_ Tivemos problema com este, senhor. Ele é menor que o outro, mas tem uma função maior. O movimento dele é brusco e repentino, e em um segundo, ele precisa percorrer dezoito quilômetros sob a terra, para manter a temporização exata. Vê o dispositivo na ponta?

Ele indica uma luz piscante na extremidade do ponteiro.

_ É um ativador de armadilhas. Quando o ponteiro se desloca para a área, o dispositivo ativa a armadilha específica da área onde está. Deu-nos um trabalho exaustivo fazê-lo funcionar corretamente, mas no fim conseguimos.

Depois, Plutarco põe o domo diante de nossos olhos e só então percebo que ele é formado de mais placas de metal, placas octogonais encaixadas umas as outras como num quebra-cabeça até que formassem uma meia esfera perfeita encaixada sobre a terra.

_ As placas são em geral para projetarem o céu, como se fosse um campo aberto. Vai demorar até que eles percebam que estão presos._ Plutarco ri._ Mas algumas dessas placas tem funções específicas. Como esta.

Ele indica um octógono que é de fato mais brilhante que os outros.

_ Chamo-o de vórtex. Ele concentra eletricidade e em dado momento...expele, digamos assim, um raio artificial e não menos danoso que qualquer outro.

Ambos sorrimos de modo travesso. Em outra parte da cúpula, há um grupo de octógonos brilhantes.

_ Chuva._ diz-me o idealizador-chefe.

_ Chuva?_ digo em um tom zombeteiro. Chuva poderá ser útil para os competidores e utilidade é meio de sobrevivência. Acho que ele não compreendeu o real espírito da palavra "Vorazes" à frente de "Jogos".

_ Não é uma chuva comum._ ele me segreda com outro sorriso. Ele não diz mais nada e permanece misterioso e eu fico curioso para ver esta edição dos Jogos, algo que não é rotineiro.

Depois ele me mostra algumas outras áreas. Há placas especiais que retém água enviada por dutos subterrâneos que vêm do mar, próximo a esta Arena e em determinado momento, as libera, inundando a área. Existe uma em que as placas subterrâneas acumulam gases altamente tóxicos que são liberados através de tubos muito bem escondidos em raízes e troncos de árvores e formam uma névoa quando são liberados. Há também a área de ferozes macacos geneticamente modificados, uma em que há mockingjays programados para fazer sons agonizantes, a área onde há pavorosas plantas tentaculosas que desmembram o que se mover em sua área e momento de ativação, isso sem falar da área dos escaravelhos e da coisa mais colossal e horrenda que já vi.

_ Este é um experimento mal suscedido, senhor._ indica Plutarco, apontando para a projeção da fera._ Chamamos ele de Ladon. Decidimos usá-lo para fazer algum uso dele, pois ele estava ocupando duas das jaulas subterrâneas da Sede da Ciência, da Capital.

_ Mas as jaulas da Sede da Ciência são quase do tamanho da minha mansão._ observo com assombro.

_ Pois é._ diz Plutarco, parecendo satisfeito._ Agora ele terá uma floresta inteira e alguns amigos para brincar. Isto é, aqueles que se atreverem a visitá-lo.

Eu volto meu olhar para a criatura. Como é só uma projeção, não é possível vê-lo com plena definição. Mas sua silhueta é estranha. De algum modo, ele me lembra um lagarto com asas e garras grandes demais.

Continuamos a passear em torno da cúpula e Plutarco fala com um tom tão empolgado que me lembra uma criança feliz com um bonito desenho que ela mesma rabiscou.

_ E aqui, temos as trezentas Gorgons. Tivemos de clonar muitas mulheres e modificá-las geneticamente e conseguimos fazer isso com uma rapidez impressionante, senhor. E ali, chamamos de Submundo. Na hora em que o dispositivo é ativado sob ela, um terremoto local causado pela constrição das placas subterrâneas fazem com que elas se contorçam e abram buracos no chão. Quem não escapar rapidamente, acaba...aqui.

Ele puxa a holografia novamente para cima e indica o subterrâneo da área. As placas no subsolo começam a se retorcer conforme são pressionadas umas contra as outras e fendas surgem no chão da floresta, engolindo o que estiver no caminho. O dedo de Plutarco indica uma estreita área abaixo das placas. É uma nova camada de placas na qual eu não tinha reparado antes porque a distância entre essa e as placas superiores em constrição, é muito curta na holografia.

_ As placas inferiores estão aquecidas, senhor, à uma temperatura extremamente alta. Há uma espécie de rio de lava, artificialmente produzido para simular o núcleo da terra. Esta área foi produzida com ainda mais dificuldade do que qualquer outra, porque mesmo depois de ser desativada, as placas demoram a resfriar e a temperatura no lugar é excruciante, sem falar que a terra não se regenera imediatamente e há fendas que não voltarão a se fechar.

_ Muito bem._ Esta última me deixa um pouco menos feliz porque foi um gasto absurdo e um completo desperdício, visto que ninguém pisaria nesta parte da arena já que é extremamente quente. Plutarco é um homem inteligente. Ele saberia disso, mas talvez estivesse se deixando levar pelos ânimos e criatividade.

Nós caminhamos e eu indico uma área onde há a coisa mais infantil que eu já vi. É um rosto estranho e mal desenhado, sorrindo de forma irônica. Estou confuso quanto à ele e aponto-o.

_ O que é isso?

O sorriso mais sincero de Plutarco vem em seu rosto. Ele quase rasga os cantos da boca.

_ Eu mesmo quem fiz, senhor. Vai gostar da surpresa que este aí tem, tenho certeza. Prefiro fazer um mistério para que o senhor descubra na hora certa. Acho que vai surpreendê-lo, mais do que a qualquer um dos outros espectadores deste torneio.

Canso-me de analisar o projeto de Plutarco. Não estou zangado, mas um pouco desapontado, porque eu esperava mais do que algo tão infantil como um relógio gigante cheio de armadilhas bobas. É claro que algumas delas foram brilhantes, como a dos mockingjays, mas muito foi gasto com esta Arena, uma quantidade exorbitante de bens e tecnologias que apenas a área da segurança nacional tinha acesso. Eu olho para Gondry e percebo que ele está carrancudo porque também percebeu que muitas armas que tinham como destino a sua área, foram entregues nas mãos de Plutarco Heavensbee. Eu também não compreendo porque tanto desperdício. Porque não simplesmente engaiolar a todos e criar algo mais simples que os fizesse sofrer e implorar logo por suas mortes?

Quando Plutarco recupera sua sutileza e polidez, murmura para mim que é a hora de nos divertirmos um pouco. Sou guiado por uma equipe de preparação que oculta meu rosto amarrotado pela idade sob camadas e mais camadas de creme e pó de maquiagens. Auxiliares me lembram de detalhes que são supostamente importantes, mas eu sequer lhes dou atenção. Um blazer negro e luxuoso é trazido para mim e eu dispo o paletó do terno, para colocá-lo.

Minutos depois, subo as escadas por trás da comprida e imensa cortina de prata que oculta os bastidores de um palco cheio de luzes e holografias. Enquanto sou recebido com aplausos eufóricos dos cidadãos da Capital que me assistem ao vivo, o hino de Panem é cantado e ouço o coro de vozes entoando que "a Cornucópia está transbordando". Sou seguido por um rapazinho de terno branco, mas não olho para ele. Estou acenando e sorrindo com sinceridade, me banhando na glória de ser a maior autoridade de Panem de estar prestes a dizer algo muito divertido. Mais divertido do que minha imaginação que perambula na Arena da cúpula, criando as possibilidades das mortes dos competidores desta edição. O Massacre Quaternário está para começar.

Quando o hino é silenciado e também o coro de vozes que o cantam, há apenas um zumbido baixo no ar, vindo do projetor do projetor do brasão de Panem, majestoso e imponente, brilhando em dourado nas cortinas vermelho-sangue atrás de mim.

De pé, à frente do microfone, eu abro minha boca lentamente, sentindo que o sangue amargo a inunda. Isso sempre acontece em momentos e inapropriados. Ainda assim, meu humor está tão de pé quanto eu e eu engulo o sangue. O garoto de terno posta-se ao meu lado e abre uma caixa que segura entre os dedos. Apesar de não ter prestado a devida atenção nos meus auxiliares, sei que devo retirar um dos envelopes cuidadosamente organizados na caixa. Eu puxo um que há um garrafal "75" estampado na frente, encho os pulmões de ar e digo em alto e bom tom:

_ No septuagésimo quinto aniversário dos Jogos Vorazes, como um lembrete aos rebeldes de que nem o mais forte entre eles pode vencer o poder da Capital, os tributos masculinos e femininos serão colhidos a partir de seus vencedores existentes.

Não é o silêncio perturbador da multidão espectadora que me atrai a atenção. Um sorriso tênue escorrega para entre meus lábios enquanto imagino uma boneca de porcelana de cabelos negros, a milhas da Capital, sentada imóvel e incrédula em seu sofá da sala de TV, na Vila dos Vitoriosos do Distrito 12. Imagino sua expressão, como se alguém a tivesse empalhado, mas no fundo, abaixo da carne, sangue e ossos, ela estivesse preenchida pelo vazio. Morta. Perdida na escuridão.

Enquanto isso observo as pessoas sentadas na plateia. São muitas. Nenhuma delas ousa falar por um instante. O silêncio é tão absoluto que o zumbido do projetor do brasão parece ser absurdo e preenche a cidade inteira. As bocas se abrem e vão formando "O", conforme as pessoas vão compreendendo. Algumas, de mente mais lenta, estão confusas, franzindo as sobrancelhas para mim como se eu dissesse algo em uma língua desconhecida. Mas quando finalmente todos absorvem minhas palavras, alguém começa a bater palmas com certa emoção. A onda vai se espalhando até que praticamente todos estão aplaudindo, emocionados, eufóricos, impressionados. Lágrimas borram o rosto maquiado de homens e mulheres. Houveram aqueles que, como eu já havia previsto, estavam meio decepcionados com a notícia. Talvez porque tivessem algum apego pessoal por algum dos antigos vencedores, ou dos novos, e temesse por sua morte. Mas aos poucos, a empolgação dos demais os carrega para o meio do bando de aplaudidores.

Minha mente vaga longe, ainda pensando em Katniss. Essa coisa dos envelopes parece ter realmente enganado muita gente, fazendo parecer que fosse algo planejado há muitos anos. Mas se tem duas pessoas que tenho certeza de que não estão enganadas somos Katniss e eu. Estou sorrindo, é claro, mas qual será a reação dela? Estagnada? Desmaiada? Correndo desesperadamente para algum lugar, o que é mais provável já que ela sempre toma atitudes desesperadas?

Eu não estou lá, apesar de que teria dado a vida da minha neta para poder assistir o momento em que ela ouviu-me anunciar. Despeço-me do público que ainda está aplaudindo e comentando aos berros e fazendo alvoroço enquanto fogos de artifício explodem no céu acima de suas cabeças com fagulhas douradas e o hino torna a ser entoado. Desço as escadas e pergunto para Katniss mentalmente, mesmo sabendo que ela não estava me ouvindo.

"Como se sente, minha querida, agora que sabe que estou conspirando diretamente contra essa sua coisa inútil que você chama de vida?"


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou um pouco extenso, como deu pra reparar, mas foi um dos que eu mais me empolguei, na verdade. Pensei em dividi-lo em dois capítulos, mas acho que não seria a mesma coisa. Eu tive de reescreve-lo porque na primeira edição, ficou completamente diferente e quando eu ia postar, deu uma falha na minha internet. Eu fiquei muito irritado com isso, mas digitei essa nova versão com mais paciência e tomei o cuidado de salvar tudo antes. No fim, saiu melhor do que o anterior e eu fiquei realmente feliz. Espero que estejam gostando da história e continuem lendo por que mais surpresas estão por vir. Quem estiver curioso a respeito do modo meio abobalhado como o Plutarco agiu enquanto mostrava a holografia da Arena pro Snow, esteja atento aos próximos capítulos, principalmente nos que finalizarão a Parte 2, porque vou explicar tudo e tenho certeza de que vocês vão amar, assim como eu amei a ideia. Boa leitura!



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