Ao entrarmos, Rachel arregalou seus olhos e sorriu. Um dos sorrisos mais lindos que eu vi.

– Santana... – ela gemeu, olhando em volta. – Isso é...

– Patinação no gelo. – respondi.

O local não estava muito cheio, por ser uma segunda-feira, e isso me deixava mais tranquila.

– E nós iremos patinar?

– Eu espero que sim.

Ela riu e correu para perto do ringue, eu fui até o balcão pegar os patins de gelo para as duas, voltei rapidamente, vendo Rachel pular de animação.

– Você vai me ensinar? – ela perguntou, se sentando em uma cadeira, para colocar os patins.

– Você não sabe patinar?

– Não... – ela abaixou a cabeça, mas logo sorriu. – Mas eu vou aprender rápido, se você me ensinar.

Eu sorri, me levantei e segurei suas mãos, vendo ela arregalar seus olhos.

– Não se preocupe. – a puxei até o ringue e pisei no gelo, sentindo ela travar. – Venha.

– E se eu cair?

– Eu vou te segurar.

– Promete?

– Prometo.

Lentamente ela pisou no gelo, segurei suas mãos com força e a puxei, fazendo seus pés deslizarem no gelo.

– Me segura... – ela pediu, olhando para seus pés.

– Estou te segurando. – parei e me aproximei dela, ouvindo sua respiração pesada. – Olhe para mim.

– Eu vou cair...

– Rachel, olhe para mim. – ela levantou sua cabeça, em seguida seu olhar, direcionando ele aos meus lábios. – Eu não vou deixá-la cair. Confie em mim.

– E se...

– Eu não deixaria isso acontecer com você.

Ela sorriu, seu olhar subiu mais um pouco e, novamente, Rachel me encarou. No mesmo momento, senti minhas pernas tremerem, Rachel apoiou suas mãos em meus ombros e suspirou.

– Vamos? – ela sussurrou, chamando minha atenção.

Lentamente coloquei minhas mãos em sua cintura, lambi meus lábios e olhei para seus lábios, que eram castigados por seus dentes. Pisquei um pouco, para não perder o foco, segurei suas mãos e me virei de costas para ela, em seguida colocando suas mãos em minha cintura.

– Segure firme.

Comecei a patinar, calmamente para não assustar Rachel. A mesma ria à todo momento, enquanto apertava meu uniforme de torcida o tempo inteiro. Por alguns minutos, pude apreciar Rachel rir, dizer algo, e até pedir para eu ir mais rápido, sem ninguém para atrapalhar.

– Agora eu quero ir sozinha. – ela disse, quando o ringue estava quase vazio.

– Tem certeza?

– Sim.

Me virei de frente para ela, segurei suas mãos e a soltei lentamente, vendo seus olhos se arregalarem. Uma música animada soava ao fundo, algumas pessoas em volta dançavam, enquanto patinavam, mas eu apenas via Rachel em minha frente.

– Vou soltar. – avisei, soltando seu último dedo.

Rachel abriu a boca, parecendo querer gritar, abriu os braços, tentando se equilibrar, mas não conseguiu. Quando achei que Rachel cairia direto no chão, senti seus braços rodearem meu pescoço, fazendo seu rosto tocar o meu, me deixando sem reação.

– Não me solte. – Rachel pediu. – Por favor, não me solte.

Eu sorri, a abracei carinhosamente e afundei meu rosto em seu pescoço, sentindo ela se arrepiar.

– Nunca mais. – sussurrei, fechando meus olhos.

Mais pessoas entraram no ringue, Rachel se afastou de mim e abaixou a cabeça, pude ver seu rosto corar.

– Isso é mais difícil do que Baseball.

– Talvez...

Puxei Rachel para um pouco mais perto, sentindo suas pernas tocarem as minhas, coloquei uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha e sorri, ao ver ela franzir o nariz.

– Podemos voltar aqui mais vezes? – ela sussurrou, fechando os olhos.

– Quando você quiser. – respondi no mesmo tom.

– Acho que Britt vai adorar.

Afastei meu rosto do seu, franzindo a testa, Rachel abriu seus olhos e sorriu mais, descendo uma de suas mãos pelo meu braço.

– Você quis dizer nós... quatro?

– Sim. Quero dizer, se você não se importar.

Suspirei, sabendo que seria mais difícil ficar sozinha com Rachel, afirmei com a cabeça e a vi sorrir mais ainda.

– Eu posso aguentar elas mais um pouco, por você.

Rachel riu e olhou em volta, logo voltando a olhar para mim.

– Podemos sair daqui?

– Não está gostando?

– Estou, mas... Eu estou com fome.

Eu ri, puxei Rachel para fora do ringue e, depois de colocarmos nossos sapatos, fomos até minha bicicleta.

– Qual a próxima parada, madame? – perguntei, fazendo Rachel rir.

– Minha casa!

– Boa escolha. – peguei meu celular do bolso e liguei para Quinn, avisando que levaria Rachel para casa. – Segure-se.

Comecei a pedalar, Rachel ficou em silêncio o caminho inteiro, um silêncio bom. Quando parei em frente à sua casa, vi as luzes já acesas, por já ter escurecido, Rachel desceu da bicicleta e olhou para mim, parecendo querer perguntar algo.

– Você quer entrar um pouco? – ela perguntou, colocando suas mãos atrás de seu corpo, enquanto balançava seu corpo para frente e para trás.

– Acho melhor não. – olhei para a tela do meu celular e suspirei. – Já é hora de ir para casa e... sua mãe vai achar que me mudei definitivamente para cá.

Rachel riu e olhou em volta, deu um passo em minha direção e respirou fundo.

– Santana... – seus olhos desceram para os meus pés. – Isso foi um encontro?

Meu corpo gelou, balbuciei algumas coisas, pigarreei e ajeitei minha bicicleta.

– Bem... se você quiser... e-eu acho que...

– E encontros terminam com beijos, certo?

Arregalei meus olhos para a pergunta, Rachel levantou seu olhar e encarou os meus. Pela terceira vez em um dia. Suas mãos foram para meus ombros, as mesmas estavam tremendo, seu rosto se aproximou do meu, fazendo seu nariz tocar o meu.

– Rachel... – sussurrei, fechando meus olhos. – Você não precisa...

– Você não quer? – ela sussurrou de volta, afastando um pouco seu rosto.

Eu queria responder que sim, mas queria ser certa suficiente, dizendo que ainda não era hora, mas no segundo seguinte, Rachel tocou seus lábios nos meus. Eu fiquei sem reação por um segundo, soltei o guidão da minha bicicleta e coloquei minhas mãos em sua cintura, pronta para aprofundar mais o beijo. Eu queria mais. Eu queria muito mais. Mas não foi o que eu ganhei. Rapidamente, Rachel se afastou de mim, tropeçou em seus próprios pés e correu para dentro de casa, me deixando novamente sem reação.