Barnabas havia levado Julia para um passeio na cidade. Ele adorava tê-la como companhia para conversar – na verdade, adorava tê-la como companhia para qualquer ocasião. – Diferentemente das outras mulheres, Julia, apesar de alimentar um amor platônico por Barnabas, não exigia muito dele. Isso já o satisfazia o suficiente.

Já era noite quando chegaram à mansão Collinwood. Julia sentia-se demasiado exausta, pois ambos passaram o dia inteiro fora, além de terem tomado algumas doses de whisky. Julia era praticamente uma alcoólatra ambulante, mas geralmente ficava bêbada com facilidade. Desta vez não foi diferente.

Apesar de amar aquele homem ao seu lado, com as mãos no volante e olhos distantes, Julia estava a ponto de iniciar uma discussão, desistindo logo em seguida, após notar que ele – assim como ela – estava bêbado demais para ouvi-la.

- Obrigada – disse, sentindo-se forçada a agir com gentileza quando, na verdade, o que realmente queria era dar-lhe um tapa na cara.

Julia saiu do carro e bateu a porta com força, seguindo apressadamente para dentro da mansão. A brisa fria da noite batia na sua pele fazendo-a se arrepiar e apressar o passo para chegar logo ao conforto do seu quarto.

Aquela batida forte da porta pareceu ter despertado Barnabas de um sono profundo. Quando voltou a si, viu que a mulher já estava na porta de entrada, passando apressadamente pra o lado de dentro.

Disposta a não falar com mais ninguém naquela noite, Julia serviu-se de mais uma dose de whisky de uma garrafa que havia no seu quarto, jogou-se na sua cama e fechou os olhos, tentando esvaziar a mente, no entanto seu esforço foi sem sucesso.

Julia ouviu batidas na porta e suspirou com impaciência quando lembrou que não queria ser perturbada – a não ser que fosse por uma única pessoa.

- Barnabas! – exclamou ao ver o rosto pálido dele. Não sabia se realmente gostaria de vê-lo, mas esperou até que ele dissesse alguma coisa. Com certeza ele não iria passar a noite inteira calado.

Dois minutos se passaram até Barnabas quebrar o silêncio.

- Eu posso...? – tentou começar, mas sua voz parecia ter sumido em meio a verginha que sentia por não tê-la tratado como merecia.

Julia fechou os olhos e respirou fundo. Não acreditava que ele estava pedindo aquilo. Seria realmente uma boa ideia deixá-lo entrar? A cabeça de Julia estava confusa, mas ela precisava dar-lhe uma resposta.

- Só esta noite – respondeu, após breve reflexão. O fato era que Julia não resistia àqueles olhos suplicantes do seu amado. Ela não queria parecer fraca, pois ainda sentia-se magoada; mas o que poderia fazer? Ele estava bem ali, na sua frente, então achou melhor aceitar.

Toda a sua raiva foi embora quando sentiu as mãos frias de Barnabas segurando seus braços, que se arrepiaram com o toque.

Após trancar a porta, Julia virou-se para encará-lo e sentiu seus batimentos acelerarem. Ela sentia-se assim apenas quando estava com ele, mas sabia que não devia dar esperanças ao que nunca teria um futuro. Acreditar que teria uma vida com Barnabas seria se iludir.

- Só esta noite – ele repetiu, puxando-a com delicadeza. Julia parou de lutar contra si mesma e fechou os olhos, sentindo o cheiro sedutor do perfume de Barnabas enquanto seus lábios pressionavam os dele.

As mãos frias dele deslizaram até pousarem na cintura de Julia, mantendo-a próxima. Ela sentiu um calor emanar pelo seu corpo, pedindo mais.

Só esta noite, ela dizia em pensamento. Só desta vez e não repetiremos mais. A cada vez que ela repetia isso para si mesma, mais difícil parecia ser tomar esta decisão e colocá-la em prática.

Só esta noite. As mãos frias de Barnabas percorrendo pelo seu corpo semi nu. Só esta noite. Suas línguas brincavam de pega-pega. Só esta noite. Seus corpos se uniram num encaixe perfeito. Julia esquecera de todos os seus problemas.

Só esta noite. E nunca mais.