A árvore de memórias escrita por Licht


Capítulo 7
06. A árvore e a descoberta


Notas iniciais do capítulo

É, eu acabei fazendo dois capítulos de uma vez. D:
Esse também não está muito longo, sinto que essa será a tendência agora. Por isso vou tentar postar com mais frequência. lol



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A manhã havia começado com uma leve camada de neve cobrindo os arredores. Fazia muito frio e Natsume demorou para sair debaixo das cobertas, apesar de Touko ter o chamado algumas vezes para o café da manhã. Quando levantou, estranhou a ausência dos dois yokais que agora viviam com ele. Apesar de Nyanko freqüentemente desaparecer, principalmente depois da chegada de Itsuki, a ausência da menina era incomum. Desde a sua chegada, ela sempre estivera por perto, com os olhos pedintes até que o rapaz tivesse tempo para ensiná-la a ler, como ele havia prometido. Começava a achar que a yokai já havia tido contato com a leitura e escrita, talvez com sua avó, já que aprendia muito rápido.

Antes de descer para o café, olhou pela janela procurando pelo sinal dos dois yokais. Estavam na parte de fora conversando um com o outro, e Itsuki fazia cara de cansada. Pareciam estar lá já há algum tempo. Apesar de preocupado, Takashi desceu para o café da manhã, não podia deixar seus guardiões esperando muito tempo. Além disso, precisava ir para a escola.
— Takashi-kun, você está doente? - Perguntou Touko ao ver o menino descer mais tarde do que de costume. Quando ele acenou de forma negativa com a cabeça, com uma expressão de dúvida, ela continuou - Não é normal você descer tão tarde.
A verdade é que ele sequer havia percebido que estava descendo tarde para o café da manhã. Nunca havia se atrasado, mas acabou se perdendo no pensamento. Shigeru “pai”, “padrasto” - nunca havia parado para pensar em qual desses termos deveria chamá-lo. - Já havia saído para trabalhar, então se sentiu culpado. Tomou seu café e saiu de casa, mas antes de seguir caminho para a escola, passou pelos dois yokais.

— O que estão fazendo?

— Oh, Natsume-san! Bom dia! - Itsuki virou-se e respondeu alegremente. - Madara-sensei disse que seria melhor se eu me transformasse em algo para poder lhe acompanhar, assim como ele faz. Mas eu raramente me transformava e por pouquíssimo tempo, por isso estamos treinando. Ele está me ajudando!
Natsume estava extremamente desconfiado do recente comportamento do gato - que virava o rosto para ele nesse momento, como quem não queria dar explicações - Como alguém que odiava a yokai até as pontas das unhas de suas patas gordas, agora estava a ajudando dessa maneira? Takashi ficou preocupado. Será que nem ao lado dele a menina estaria a salvo?! Tentou intervir como pôde.
— ...Itsuki-san, porque você não me acompanha até a escola novamente? Pode treinar sua leitura lá.
Geralmente Natsume não gostava de yokais na sua escola, pois trariam problemas. Mas desde que esse yokai fosse seu amigo, não haveria confusão, certo? Além disso ela afastava outros yokais caso aparecessem. Por isso Itsuki estava o acompanhando desde o primeiro dia em que chegara. Já faziam seis dias e nada de mal havia acontecido.

— Aye, sir! - Itsuki movimentou a mão direita até a testa fazendo sinal de continência. - que havia aprendido em algum programa de televisão.
Enquanto Itsuki se preparava para partir, Natsume resolveu falar a sós com seu gato. Perguntou-o de maneira um tanto ríspida, porque diabos a mudança de comportamento tão repentina.

— Hm? Não é como se eu gostasse dela, mas gostaria de resolver isso tudo o mais rápido possível. É isso: Quando mais cedo resolvermos, mais cedo tudo volta ao normal. Já que você não foi capaz de fazer isso, resolvi meter minhas patas no assunto para terminar mais rápido.

Natsume deu um suspiro de alívio e raiva. Estava ofendido pelo que o gato falou, mas pelo menos ele havia dado uma explicação plausível. Mas não deixou também, de ter o pensamento melancólico de que um dia ela iria embora, como a maioria dos outros yokais que pediram sua ajuda. Era um pouco triste

— Natsume! - disse o gato chamando-lhe a atenção. - Eu achei um cheiro muito semelhante ao cheiro de criança humana da Itsuki. Está fraco, na verdade. Mas fica num casarão nas proximidades da árvore, um pouco mais por dentro da floresta. Pode não ser nada, mas também pode ser alguma coisa. Desviamos investigar.
— Oh... Vou ver se consigo alguma informação na escola hoje. Podemos ir assim que eu conseguir alguma pista sobre o lugar.

Então, os três partiram para a escola de Natsume, onde Itsuki ficou lendo e escrevendo do lado de fora, enquanto Nyanko se aventurava pelas florestas bebendo com os outros yokais. Takashi aproveitou para perguntar à uma de suas professoras sobre alguma casa histórica nas proximidades da árvore anciã. Uma delas respondeu que havia um antigo clã que morava por aí e, apesar de não lembrar do nome direito, havia um livro na biblioteca que mencionava a construção, visto que era muito antiga.
Natsume correu até os livros, onde achou cinco clãs que existiam ali na antiguidade. É óbvio que muitos deles sequer existiriam hoje. Mas um deles o chamou atenção por ser uma família de exorcistas. Dentro dos escritos do clã Endo, havia a história do pródigo filho Heishi, que apesar de fisicamente frágil, havia tido importante papel para acabar com a guerra local, através de sua retórica bem desenvolvida. Takashi sabia que era bem provável que fosse esse o homem da história que Itsuki contou. Só não sabia qual era a ligação dessa história com a existência dela...

O pequeno feixe de luz solar começava a se por, quando Natsume deixou a biblioteca. Já não havia mais muitas pessoas por perto, visto que havia ficado mais frio, e provavelmente as atividades dos clubes haviam sido encerradas por causa da neve. O rapaz andou até o portão onde Nyanko o esperava.

— Itsuki não está com você? - perguntou o rapaz curioso.
— Disse que ia ver a mãe. - ao responder, ambos começaram a caminhar para encontrá-la.

— ...Eu achei algumas informações. A propriedade que você viu era essa? - Natsume retirou do bolso do casaco um pequeno papel com uma imagem, e mostrou para o gato, que logo acenou positivamente com a cabeça, confirmando a suspeita do rapaz.

— Aparentemente o homem da história que Itsuki contou, é o mesmo que o proprietário dessa casa.... É membro do clã Heishi. - o rapaz suspirou e deu continuidade - ...Sensei, quais são as chances de um yokai se envolver com um humano e bem... ter uma filha?

— Nunca ouvi falar...até agora.


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