A árvore de memórias escrita por Licht


Capítulo 14
13. A árvore e a vida humana.


Notas iniciais do capítulo

Então. desculpa porque eu não tô colocando o Nyanko muito nos diálogos - tô tentando dar ênfase aos pontos importantes pra não prolongar a fic por muito tempo :O
boa leitura...i guess ~



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O tempo era algo extremamente intrigante para os yokais e isso não excluía Itsuki. Às vezes sentia que passava demasiadamente rápido, em outras ocasiões parecia simplesmente não andar. Havia momentos ainda, que essas sensações aparantemente contraditórias, apareciam ao mesmo tempo – Itsuki, agora como humana, tinha o dia repleto de afazeres que tinham como objetivo inseri-la em seu novo contexto familiar. Ao mesmo tempo, já haviam se passado muitos dias e sua forma yokai não parecia querer voltar, o que a fazia se sentir ansiosa. Será que ficaria humana para sempre?

Muitas coisas passeavam pela mente da menina nos últimos dias, que apesar de toda correria, estavam extremamente divertidos. Itsuki e seu ‘primo’ Hideki agora estavam bem mais próximos, visto que passavam praticamente todos os dias juntos. Ele era encarregado de ensinar os assuntos básicos do colegial, ajudá-la a comprar suas roupas, levá-la para conhecer locais, entre outras coisas.

O senhor Endo com sua incrível imaginação de criança, havia inventado que Itsuki era sua sobrinha-neta vinda do exterior para ficar com a família, e que no processo havia perdido a mala com seus documentos e roupas, por isso precisava recomeçar tudo. Acontece, que além de uma bela imaginação, o ele tinha também muitos contatos e favores acumulados durante sua vida, graças a carreira de médico. Ryotaro ligou para um de seus velhos amigos, diretor de uma das únicas escolas locais – não havia muita escolha num local tão rural – que aceitaria Itsuki como estudante se ela se saísse bem num teste especial com o conteúdo dado lá.

Enquanto Itsuki estudava todos os dias, Natsume se acostumada com a volta de sua vida ‘normal’. Com os dias tumultuados, os dois se viam muito menos no que haviam previsto. No começo, o jovem rapaz sentiu um grande alívio em saber que estava a salvo de confusões envolvendo garotas humanas em seu quarto, mas logo o alívio foi preenchido por uma sensação de solidão e preocupação, principalmente depois das palavras desconfiadas de seu sensei:

— Você não deveria ter deixado ela ir – reclamou o gato – Aquela família é problema.

— E como você sabe disso? – Natsume perguntou curioso.

— Meus instintos.

— … Eles não diziam a mesma coisa sobre a Itsuki? – debochou o rapaz – Confesse que só está com saudades…

— Estou apenas usando a lógica, Natsume. Aquela é uma família de exorcistas.

Natsume suspirou. Ao contrário de Madara, o rapaz costumava a confiar muito nas pessoas e às vezes sofria as consequências disso. Porém, nesse momento, não conseguiu confiar totalmente na família Endo, e isso o perseguiu por dias. Não sabia se seu instinto lhe dizia algo também, mas estava desconfiado, e não ver Itsuki por tanto tempo o fazia sentir um pouco pior.

Havia decidido que após as aulas do dia terminassem, iria por um fim nisso e vê-la nem que fosse por cinco minutos. Enquanto caminhava pelo corredor da escola, repassava para si mesmo os múltiplos motivos do porquê ir lá. Não passaram muitos segundos até topasse com alguém sem perceber - Natsume não era uma pessoa muito distraída, mas ultimamente sua cabeça andava nas nuvens.

O rapaz olhou para cima em busca de sua vítima, e no processo pediu desculpas automáticas. Quando encarou sua frente, viu por fim, que havia acertado Itsuki, que por algum motivo estava na sua escola.

— … Itsuki?! O que..?!

Por alguns segundos o rapaz se perguntou se esses estranhos encontros, justamente quando mais achava necessário, seriam obras do destino. Sequer sabia que o que chamavam de ‘destino’ de fato existia, por isso não deu continuidade ao pensamento. No entanto, continuava olhando estático para a menina, se perguntando também se os outros poderiam vê-la. O que ela estava fazendo ali? Havia recuperado sua forma de yokai ou ainda era humana? Os grandes galhos de árvore em sua cabeça não estavam lá, mas já não tinha certeza de mais nada. Suas múltiplas dúvidas foram, por fim, interrompidas pela menina.

— Natsume-san! - acenou a menina, com certa empolgação. Como o rapaz não mudava seu olhar de ‘que diabos faz aqui’, Itsuki continuou - Vim aqui fazer uma prova.

— Prova? para que? - continuou o questionários após sair do transe

Itsuki fez sinal de silêncio, insinuando que se tratava de um segredo. Após isso, a menina caminhou para fora da escola. Natsume não pôde segui-la visto que tinha mais aulas no dia, e apesar de todos os pedidos para que ela explicasse, Itsuki simplesmente se foi.

Após todo esse mistério, Natsume finalmente foi até a casa da menina, que agora não poderia escapar de lhe dar boas explicações. Seu gato o acompanhava calado e mesmo que falasse, tinha a impressão de que não seria escutado por seu humano.

Ao chegarem, foram recebidos como se Itsuki já soubesse de suas vindas. Como humana, recolheu o gato gordo pelos braços delicadamente e os cumprimentou. A menina estava empolgada e não parava de mostrar ou falar das coisas que haviam conhecido. Por isso, apesar de ansioso, Natsume não pôde ir direto ao assunto - mas conseguiu ver o novo quarto dela.
O quarto de Itsuki era uma mistura de todas as imagens que ela devia ter visto em revistas teens. Era extremamente rosa e cheio de ursinhos - e ela parecia muito satisfeita com o resultado. A família Endo provavelmente tinha muito dinheiro para gastar, e como ela parecia feliz, Natsume preferiu ficar calado. Quando finalmente achou um espaço para se sentar, e então começou seu questionário.

Não demorou para que Itsuki explicasse tudo. Sua ausência porque estava estudando, o teste que havia feito para ver se conseguia entrar para a escola como uma humana normal - o que ela aparentava ter se tornado totalmente agora.

— Porque você não me contou antes? - perguntou o rapaz sendo atacado por uma pilha de revistas femininas.

— Queria fazer uma surpresa... e também não queria te dar trabalho. - Itsuki respondeu enquanto resgatava o menino do ataque, guardando todas as revistas dentro de um armário.

Natsume não quis prosseguir com o assunto, mas sentiu um pouco de ciume. Todo esse tempo havia passado e tudo que Itsuki tinha feito era ficar perto de seu ‘primo’, do qual ele desconfiava muitíssimo. Madara havia dito que ele devia desconfiar da família Endo por serem exorcistas, e o rapaz tinha certeza de que era Hideki a fonte de perigo.

A cara do rapaz havia fechado naquele momento. Madara e Itsuki conversavam sem parar, enquanto ele continuava calado olhando para o nada. Tentando quebrar o clima estranhamente gelado, a meio-yokai olhou empolgada para Natsume, segurando suas mãos.

— Natsume-san! Eu tenho um último pedido a fazer pra você!

Natsume piscou algumas vezes, voltando a conversa. Não falou nada, mas seus olhos gritavam interrogações - agora estava prestando atenção.

— A partir de semana que vem eu irei a escola, serei uma estudante do primeiro ano! - Disse Itsuki, orgulhosa de seus resultados no exame que havia feito mais cedo - Por isso, gostaria que você me desse um nome...

— Um nome? Mas... seu nome já é... - Natsume estava tão confuso que mal conseguia terminar a frase.

— Eu sei que meu nome é Itsuki! é um nome precioso dado por sua avó, e não me livrarei dele. Eu quero um sobrenome agora!

— ... Você não vai usar o nome da família Endo?

— Não. - disse Itsuki em tom firme. - Eles são minha família, mas quero algo que lembre minha mãe... - a menina pausou a voz, diminuindo também o volume. - E que me lembre você.



Natsume gelou por alguns instantes. Itsuki havia virado o rosto, por isso ele não conseguia vê-la - o que por um lado, era bom, porque seu rosto ardia e devia estar extremamente vermelho. Rapidamente, ele cobriu parte da face com as mãos, enquanto pensava num nome que fosse digno da meio-yokai.

Após trocar múltiplos olhares com seu sensei, alguns deles desconfiados por parte do gato - o que faziam que o menino ficasse ainda mais vermelho - ele conseguiu pensar no nome perfeito. Natsume pegou um papel e escreveu ‘直子’ Naoko, Naoko Itsuki.

— Com os ideogramas de ‘honesta’ e ‘filha’. Acho que combina com o nome que minha avó te deu. (* Lit, árvore.)

A meio-yokai repetia em baixo tom, seu nome completo. E conforme fazia isso, as lágrimas iam caindo em seu rosto. Com as mangas de seu casaco ia as limpando, e enquanto isso agradecia ao rapaz. Havia adorado o nome. Era perfeito.

— Mas você precisa me prometer uma coisa. - adicionou o rapaz, em tom misterioso. - Não deixe que ninguém que não seja muito importante te chamar de Itsuki agora.

Nyanko e Itsuki olharam para o rapaz, ambos com olhares de significados diferentes. A menina tinha uma grande interrogação em sua face, não fazia a mínima ideia do porquê daquilo. Seria algum costume entre os humanos?

Ela não deixava de estar certa, mas o fato era - e Nyanko sabia disso, pois expressava com seu olhar - que Natsume só havia feito isso porque estava com ciúmes de toda intimidade que ela havia criado com seu ‘primo’. E isso ficava mais claro conforme ele continuava falando.

— Pessoas importantes como... Seu irmão e... Eu.

Madara começou a tossir falsamente, fazendo com que o rapaz percebesse que ele havia entendido o que estava fazendo. Isso fez com que Natsume ficasse imediatamente e extremamente envergonhado. Depois disso, tudo que conseguiu fazer foi sair as pressas, repetindo algumas vezes que a menina precisava prometer.




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