A árvore de memórias escrita por Licht


Capítulo 13
12. A árvore e a nova casa.


Notas iniciais do capítulo

Cês lembram da parte das férias? Então.
Also, fiz um rápido sketch da família Endo. Mesmo esquema de antes, se você gosta de imaginar como o personagem é, nem clique no link.
(já aviso que sou uma negação pra desenhar homens, principalmente idosos. Mas estou gostando taaaaanto do Endo mais velho ;-; )

Link: http://i.imgur.com/DymZYrX.jpg



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Já fazia algum tempo que todos haviam desistido de tentar entender o tempo e suas condições climáticas; E apenas convivendo com isso, estava Itsuki sentada de maneira desajeitada na mesa de seu suposto primo, olhando desanimada as fotos do tal lugar chamado Holanda.

“Precisamos ser convincentes”, disse o mais velho Endo, entregando o computador para ela. Já faziam horas que ela passava as fotos, mas sua mente apenas repassava a memória do semblante abatido do rapaz que a salvara, que aparecia com demasiada frequência pouco antes de toda a confusão de virar humana ter acontecido. Itsuki chacoalhava a cabeça e tentava se concentrar, mas o máximo que conseguia era a engraçada cena das paisagens Holandesas com vários Natsumes estampados.

— Ok, eu preciso tomar um ar fresco... - Concluiu a menina, se levantando e indo até o quintal da nova casa.

Ao chegar no quintal, Itsuki deu uma rápida olhada para as flores próximas à porta, inspirou todo o ar que pode, soltando-o brutalmente depois. Isso, é obvio, lhe causou certo mal estar. Quando estava para tossir devido a ação boba, escutou o som de uma fortíssima tosse - não sua - vindo do portão, por isso segurou a boca com as mãos. A tosse era seguida da voz de seu irmão e de Natsume, o que fez com que Itsuki involuntariamente se escondesse atrás de uma das pilastras de madeira da casa.

— Ela já acordou? Está melhor? - a voz de Natsume ia se aproximando, bem como o som de seus passos.

— Sim, está lá dentro dando umas fotos da Holanda. - respondeu o velho Endo entre pigarros.

— Holanda? E porque...
— Porque precisamos ser convincentes!

— Mas porque diabos Holanda? Ela não pode ser simplesmente japonesa?
—Você por acaso já viu japonês ruivo, Natsume-san? Precisamos ser convincentes! - respondeu, mais uma vez, com ainda mais empolgação.

Itsuki não fazia a mínima ideia do porquê estar escondida, apenas estava. Há alguns segundos atrás, dizia para si mesma que precisava falar com o rapaz e pedir desculpas, mas agora parecia querer evitá-lo a todo custo. E conseguiria, se Madara não a tivesse achado naquele momento.



— O que você está fazendo aí, Itsuki? - perguntou o gato casualmente, enquanto comia salgadinho de polvo que havia roubado da casa.

— Shhhhh!!! - respondeu a menina, com a face que suplicava pelo silêncio do gato.

— NATSUME! - gritou o gato, que não entendeu ou não se importava com o pedido - Achei ela, está aqui!!

Takashi virou-se para a direção do gato e então caminhou com pressa, até achar os dois. Nesse momento, a menina, agachada no chão, cobria o rosto completamente vermelho de vergonha e ódio com as mãos. Ryotaro tentou segui-lo num ritmo mais vagaroso, quando seu filho o pegou de surpresa e o levou para dentro de casa em silêncio.

— Você estava... se escondendo? - A voz do rapaz soava um pouco fraca, como se estivesse decepcionado. - Por quê?

— ... Por...porque eu fiquei com medo de você me odiar pra sempre!

Itsuki retirou abruptamente as mãos do rosto, revelando os olhos molhados em lágrimas. Seu corpo se moveu levemente para a direita, mas quando o rapaz percebeu sua intenção de fugir, a segurou pelas mãos, apertando-as como já havia feito. Natsume a olhava com a face mais séria que ela já havia visto em toda sua nem tão longa vida de yokai.

— E o que te faz pensar que eu te odiaria?!

— E-eu não sei! Eu... sempre te trago problemas e...eu...

As lágrimas de Itsuki iam caindo e caindo, de forma que, por mais que tentasse, sequer conseguia completar sua frase. Natsume, que havia desistido de tentar fazê-la falar ou explicar qualquer coisa, apenas levou as duas mãos até o rosto dela, segurando com firmeza enquanto usava os polegares para limpar suas lágrimas. Logo após, aproximou o seu rosto, fazendo com que suas testas se encostassem, como quando é necessário verificar se alguém tem febre e falou em tom baixo o suficiente para que apenas ela pudesse ouvir suas palavras:

— Você é importante para mim, Itsuki-san. Eu nunca vou te odiar.

–-¹

A tarde daquele dia chegava ao fim, e com ela havia um clima misturado na sala. O senhor Endo havia reunido todos no cômodo para tomar chá e comemorar a chegada de Itsuki, que após a resolução do mal entendido parecia bem mais animada em estar mais próxima da família. Apesar de toda alegria, Itsuki e Natsume não conseguiam trocar olhares ou falar muita coisa sem que ficassem completamente envergonhados, e ninguém entendia bem o porquê. O velho Endo, por sua vez, parecia bastante empolgado com a presença da irmã, e durante toda a conversa ficou repassando perguntas sobre o passado que havia criado para Itsuki, bem como quais eram suas preferências para seu quarto - e a yokai, que passara os últimos meses lendo revistas de colegiais, mostrava fotos e mais fotos sobre as roupas que gostaria de usar e os objetos que queria ter, sem entender muito bem que havia um custo para eles. A família Endo parecia poder pagar por tudo, visto que Ryotaro nunca reclamou ou tentou impor limites, mas Natsume só pensava que em algum momento precisava explicar o valor do dinheiro para ela.
O dia foi escurecendo, e com a noite chegavam também sentimentos ruins. Takashi ficava pensando agora a yokai não voltaria mais com ele, o que o fez se sentir um pouco solitário, e isso fez com que de tempos em tempos ficasse encarando a menina involuntariamente, que quando percebia virava o rosto imediatamente.

Daichi, extremamente incomodado com o dia atípico e de fato, também muitíssimo preocupado com a saúde do pai que pouco havia descansado no dia, obrigou o velho a terminar a conversa e ir se deitar. Reclamando que não estava com o mínimo sono, Ryotaro subiu como criança mal criada. Enquanto subia a escada Daichi aproveitou para mandar seu típico olhar de desaprovação para o filho, que imediatamente deixou o cômodo e voltou a estudar. Natsume, Itsuki e Madara estavam ficaram então, sozinhos.

— Ahn... - Natsume tentou, apesar de toda a vergonha, começar a falar - Acho melhor eu voltar para casa. Vai ser estranho sem você lá, Itsuki-san. Mas você está realmente melhor aqui... Vai ter até um quarto só seu!

— Hahahaha... - Itsuki riu sem jeito - Eu... levo vocês até a porta então.

Com isso, os três foram andando até o portão da casa. Madara estava extremamente quieto, o que deixou o clima ainda mais estranho. Os três ficaram se olhando por algum tempo, pois ninguém sabia bem o que dizer. Por fim, Natsume recolheu seu gato gordo pelos braços, colocando-o cara a cara com Itsuki.

— Diga adeus para ela, Sensei mal-educado.
— Não! - negou prontamente, o gato com cara de mal humorado.

— O que deu em você?! não vai se despedir? - Bravejou o rapaz, puxando de maneira dolorosa as bochechas do gato.

— Não! Eu quero vê-la de novo então não direi adeus!

Não é preciso dizer que os dois - agora humanos - esbugalharam os olhos diante dessa resposta. Não era nada comum ver Madara falando desta forma...fofa com alguém. Itsuki ficou feliz com essa resposta, porque doía deixar os dois partirem, mas morar em outra casa não significava que não os veria novamente.

— Então até logo, nyanko-sensei! - Itsuki respondeu com um sincero sorriso de felicidade, e então os viu caminhar para longe.






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Notas finais do capítulo

¹ - aquela pausa estratégica porque eu fiquei muito envergonhada imaginando a cena e não sabia o que escrever depois [?????????????]



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