Percy estava se arrumando para ir ao show naquele dia. Desde que Nico havia convidado todo mundo no dia anterior Percy ficara ansioso para ir. Enquanto se arrumava pensou no falso namoro com Annabeth, “Bom, pelo menos parece que está dando certo”. E realmente parecia que Raquel estava com ciúmes dele e Annabeth.

Ele havia colocado uma camiseta com o nome da banda que tocaria no show, uma calça jeans e um tênis preto. Naquele dia seu cabelo estava mais bagunçado do que o normal. Annabeth sempre dizia que o cabelo dele era como se fosse um contraste com o visual dele todo arrumado. Esse pensamento o alegrou e ele sorriu enquanto descia até a sala para encontrar sua mãe.

– Vamos mãe? – perguntou.

– Você parece muito animado. – ela comentou sorrindo.

– E eu estou.

– Vamos então.

No caminho ele colocou uma música que a banda tocaria e começou a cantar. Sua mãe o levou até onde ele encontraria o resto do pessoal e foi embora. Quase todos já haviam chegado, só faltava uma pessoa que ele reparou.

– Onde está a Annabeth? – ele perguntou.

– Ela disse que não viria, porque estava cansada. – disse Thalia.

– Mas então gente, vamos entrar? – perguntou Raquel.

– Vamos. – disse Nico.

Eles entraram e se misturaram na multidão. Cada um foi para um lado e Percy ficou parado em um canto esperando o show começar. Uma parte dele tinha ficado triste por Annabeth não poder ter vindo e ele nem sabia por que, afinal eles nem namoravam de verdade. Percy foi tirado de seus pensamentos quando Raquel veio até ele.

– A banda já começou a tocar. Você vai ficar ai parado?

– Ahn? – perguntou confuso e percebeu que realmente a banda já estava tocando- Eu nem percebi quando eles começaram a tocar.

– Tá, mas agora vamos dançar.

Ela o puxou para o meio da multidão e os dois começaram a dançar com a batida da música. Eles ficaram assim um bom tempo até que começou a tocar uma música lenta e todos começaram a dançar em pares. Ele viu que Raquel o olhava em expectativa e a chamou para dançar. Ela pôs as mãos em seu pescoço e ele pôs as mãos em sua cintura. Então eles começaram a dançar juntos até o fim da música. Mesmo que seu namoro com Annabeth fosse falso, ele não conseguia afastar uma sensação de traição.

Tentou aproveitar ao máximo o resto do show e depois foi embora exausto. Chegou em casa e dormiu do jeito que estava .

Quando acordou já era hora do almoço e se lembrou que tinha combinado de fazer o trabalho de história com a Raquel á tarde. Ele tomou um banho e foi comer alguma coisa. Pouco tempo depois foi até a casa da Raquel.

– Oi Percy! – ela disse.

– Oi Raquel! – ele disse.

– Tudo bem?

– Tudo e você?

– Também estou bem. Então, vamos trabalhar? – ela disse sorrindo.

– Desde quando você consegue ficar animada por trabalhar? – ele disse fazendo uma careta.

– Desde que eu esteja com alguém legal.

Ela o levou até seu quarto que mais parecia um ateliê de pintura, pois haviam diversos quadros, telas, pinceis, tintas de todas as cores possíveis e o chão estava todo sujo de tinta.

– Desculpe a bagunça. – ela disse.

– Isso não é nada. – ele sorriu – Eu não sabia que você pintava.

– É tipo um hobbie.

– Você é realmente muito boa. – ele elogiou analisando os quadros.

Eles passaram o resto da tarde fazendo o trabalho e depois que acabaram ficaram sentados, conversando e rindo. Estava indo tudo bem até que fez se um silencio e ela por fim disse:

– Então, você realmente está gostando da Annie? – Percy não conseguiu ler a expressão de Raquel.

– Está tudo muito confuso, mas eu não sei se entre nós vai dar certo. – ele responde por fim.

– Por que você acha que não vai dar certo? – perguntou parecendo curiosa.

– Bem... – ele pensou antes de responder – Eu e ela não combinamos. – ele suspirou- Ela é legal, bonita e muito inteligente, já eu bem... Sou aquele tipo de pessoa que só vai para a escola porque é obrigado e ainda por cima só passa de ano, porque a nota está no limite.

– É uma pena. Mas acho que tudo acontece por algum motivo. – ela sorriu.

– Como assim? – ele perguntou franzindo a testa.

– O que eu quero dizer é que provavelmente entre vocês não era para ser.

– E você não parece triste com isso. – observou Percy.

– Porque eu realmente não estou. – Ela olhou para ele com um pequeno sorriso no canto dos lábios.

– E qual seria o motivo dessa sua felicidade? – perguntou surpreso.

– Isso.

Ela agarrou a gola da camisa dele e o puxou para um beijo. No começo ele apenas ficou parado, mas logo retribuiu o beijo. Quando se separaram ele perguntou:

– Então, você gosta de mim?

– Você realmente é muito lerdo em Percy. – ela revirou os olhos- O que você acha? Que eu simplesmente beijei você, porque te odeio?

– Eu vou saber? – ele sorriu – Pelo pouco que conheço daqui, pude perceber que vocês são um pouco imprevisíveis.

– Mas e você? – vendo a cara de confusão que ele fez ela explicou – Você gosta de mim?

– Desde o primeiro dia de aula, quando te conheci.

– Mas e a Annabeth?

– Como eu já havia dito, eu nem sei por que começamos a namorar na verdade. – mentiu - Bom, acho que vou ter que terminar com ela.

– Se não fizer isso, ela vai querer me matar e vai querer matar você. – ela disse séria.

– Eu duvido. – ele falou mais como um sussurro.

– O que você disse? – ela perguntou suavemente.

– Nada.

Ele sorriu ao pensar que realmente o plano de Annabeth havia dado certo. “Agora só falta o Luke ficar com ela” pensou.

– Eu tenho que ir. – ele disse – Já está tarde.

– Tudo bem.

Ela o acompanhou até a porta e lhe deu um beijo na bochecha. Então ele saiu caminhando até a sua casa. Estava feliz por agora poder estar com Raquel, mas ainda assim sentia que havia alguma coisa errada. Percy ficou refletindo sobre isso o caminho todo e quando se deu conta já estava em frente a sua casa.

– Oi mãe! – ele disse ao entrar.

– Oi filho!

Ela estava na cozinha, então ele foi até lá e se sentou. Ela estava com os cabelos castanhos presos em um coque frouxo e um avental de cozinha por cima da calça jeans e da camiseta branca. Ela sorriu ao vê-lo.

– Então, como foi? – perguntou – Fizeram o trabalho?

– Sim. – ele disse.

– O que houve? – ela perguntou, já que Percy estava de cabeça baixa.

– Sabe a Raquel? – ele perguntou.

– A garota que veio jantar aqui? – ele assentiu – O que tem ela?

– Bem... ela me beijou. – ele olhou para sua mãe que estava com uma expressão indecifrável no rosto.

– E como foi? – ela perguntou se sentando ao seu lado e tirando o avental.

– Como assim? – ele perguntou surpreso com a pergunta.

– O que eu quero dizer Percy, é se você gostou?

– Ahn... – ele pensou sobre a pergunta antes de responder- Acho que sim.

– Acha? – ela franziu a testa.

– É. Sabe aquele momento em que você consegue o que você mais queria e mesmo assim continua se sentindo como se ainda não a tivesse conseguido? – ela assentiu- É assim que eu estou me sentindo.

– Eu acho que você deveria pensar um pouco antes de fazer qualquer coisa.

– Talvez você tenha razão. – ele falou baixo e subiu para o seu quarto.

Jogou-se em sua cama e pôs os fones de ouvido. Ficou pensando sobre o que sua mãe lhe dissera, mas acabou ficando ainda mais confuso. Ele se lembrou de que precisava falar com Annabeth e resolveu ligar para ela.