Entre o passado e o presente escrita por Yoo


Capítulo 1
Apresente-se


Notas iniciais do capítulo

"Soltei-o e ele levantou, se afastando e limpando seu uniforme. Deu uma tossida rápida e estendeu a mão."



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Ouvi o despertador e levantei sobressaltado. Meu corpo estava quente e grudento devido ao suor que escorrera durante a noite conturbada e turbulenta, na qual um pesadelo só transferia-me ao outro que era cada vez pior. A minha mente necessitava de um descanso imediato, ela não aguentaria mais todas aquelas imagens e aquelas... pessoas? Não, deviam ser seres de outro lugar. Deitei a cabeça no travesseiro e fiquei fitando o teto por breves instantes marcados no relógio, mas longas horas na minha pele.

Sentei-me à beira da cama e suspirei profundamente, levantando-me em seguida para não perder o horário do novo "colégio". Arrumei-me pondo o uniforme de mauricinho daquele local, que era todo arrumado e desconfortável para mim, que sempre usou roupas leves. Para que usar blazer? Para que diabos usar uma gravata? Ah, lembrei, para parecermos pessoas de índole aceitável pela sociedade que nos jogou nesse local como cães de rua. Não, não, nem os cães de rua teriam um tratamento tão repugnante e idiota.

Passei as mãos pelo meu cabelo e escovei os dentes, pronto para ir tomar café. Saí no corredor vazio da ala masculina, com resquícios de luz solar recentes. Fui caminhando pelo corredor, passando pelas portas e ouvindo murmúrios baixos e roucos, sinais de gente acordando. Pus a mão esquerda no bolso respectivo da calça social e ajeitei com minha mão o meu cabelo preto ondulado, que caía insistentemente sobre minha testa . Cada vez mais o movimento de meninos era frequente, todos saindo de seus quartos, rindo e se enturmando, todos ricos, todos esnobes.

Continuei andando reconhecendo o local, vendo os rostos, procurando o refeitório. Vi uma porta dupla no final do corredor e me dirigi a ela. Entretanto meu percurso foi interrompido quando alguém botou a mão em meu ombro. Instintivamente, graças às aulas de judô que meu pai me dera, peguei o braço do sujeito e o atirei por cima de meu ombro, derrubando-o e, em seguida, o imobilizando. Rouco e pressionado contra o chão, ele disse baixo:

— Por favor... me solta.

— Quem é você? — respondi quase rosnando — O que você quer?

— Me solta...

Soltei-o e ele levantou, se afastando e limpando seu uniforme. Deu uma tossida rápida e estendeu a mão.

— Meu nome é Phillip —disse com um sotaque britânico — Eu sou novato e gostaria de...

— Sai daqui — disse andando abrindo as portas do refeitório, onde encontravam-se meninos e meninas. Saí andando até o Buffet, peguei uma bandeja e me servi. Virei para ir em direção à fila e lá estava Phillip: o pentelho insistente.

— Com licença — disse ele ajeitando a gravata — Por que o senhor não se apresentou devidamente? Eu prezo pela apresentação, seja educado.

Naquele momento comecei a rir histericamente. Nunca havia me apresentado, nunca precisei. As pessoas ou me odiavam ou simplesmente me temiam em algum lugar, mas me apresentar? Aquilo tinha sido a mais ridícula das falas em toda a minha vida. Ele me olhava como se não entendesse o motivo da graça.

— Até que você é engraçado, pentelho. Venha, vou dizer quem eu sou.

Me servi e sentei em uma mesa vazia, obviamente com Phillip em minha cola. Ele se sentou e começou a falar, mas interrompi-o:

— Quem fala por aqui, sou eu. Eu que tenho que me apresentar, não é? Então, meu nome é James, James Stwart Shildheart, tenho 15 anos e estou nessa droga de internato.

— Seu pais são... são...

— Sim, eles são os donos da empresa de seguros Shildheart e daquele banco milionário. Não me orgulho disso e não faço questão.

— Deveria ter...

— Fiquei sem fome — disse abandonando a mesa e indo correndo emburrado para o meu dormitório. Entrei e mais uma vez no dia olhei o relógio. Tinha 15 minutos para me arrumar e não perder a aula. Entrei no banheiro e olhei o espelho. Eu estava com olheiras sob meus olhos azuis. Meus traços considerados de beleza por muitas estavam cansados e, meu corpo atlético e bronzeado escondido pelas roupas de mauricinho. Peguei a mochila, joguei-a sobre meus ombros e saí para o corredor.

Um inspetor estava parado, encostado na parede se entretendo com uma bola de tênis. Aproximei-me e perguntei onde era o corredor escolar. Ele parou de brincar com a bola de tênis, me olhou e começou a andar na direção do refeitório. Parou na frente da porta dupla abrindo ela e apontando uma porta maior na esquerda. Fui andando em direção à aquela, chutando-a com a sola do pé. Olhei tudo em volta e resgatei um papel do meu bolso indicando o número de meu armário e sua senha.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por estarem lendo esta fanfic. Espero que tenham gostado, e caso sim por favor comentem e promovam esta história para os amigos.
Viram aquela frase no começo? Bem, em cada capítulo colocarei uma frase, importante ou não.



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