A pedra no meu sapato escrita por Johanna


Capítulo 18
Alívio




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— E o que aconteceu sábado? — Julie me cutucou.

— Nada.

Ela me olhou e fez uma careta de "aham, sei".

— É sério, Julie. — Eu estava séria.

— Hmm... Eu não vi vocês conversando hoje. Ele é ruim de cama?

— Não! — Gritei.

Bufei e percebi que todos na sala estavam olhando para nós.

— Senhoritas... O assunto é tão interessante assim? — Perguntou o professor.

Eu ia dizer que não, quando...

— Mais interessante que a sua aula. — Julie retrucou.

— As duas pra fora. — Ele apontou para a porta. — Agora.

Me levantei e Julie me seguiu. Abri a porta e quando Julie estava prestes a cruzar por mim...

— Posso ir pra mesa da frente, professor? — Lilly perguntou.

Essa vadia. Desgraçada. Ela iria sentar uma mesa na frente pra ficar do lado do Peter? Eu não acredito. Eu estava prestes a dar um passo.

— Sua...

Fui interrompida por que Julie me jogou com toda a força pra fora da sala e fechou a porta. Eu estava vermelha. Mas dessa vez não era de vergonha. Eu queria entrar lá e espancar aquela loira vagabunda. Quem ela pensa que é? Dar em cima do MEU namorado... Que não fala comigo desde domingo.

(...)

— Então, agora eu quero saber tudo o que aconteceu sábado. Sexta, sei lá. — Julie falou séria, sentando-se ao meu lado.

O sol estava forte, então eu fechei os olhos e encostei a cabeça na parede ali da cobertura.

— Nada. — Sorri. — Nada mesmo. Eu tô falando sério.

— Vou acreditar em você. — Ela quase sussurrou. — Você anda sem graça hoje, séria demais. E notei que você e o Peter não se falaram muito. O que foi?

— Eu e ele não nos falamos desde sábado a noite. — Suspirei. — No baile Lilly falou de um tal trato, que ele nega... Mas não sei não hein, ele parece querer esconder alguma coisa.

— Olha... — Ela me encarou. — Eu acho que você devia confiar nele.

— Como eu posso confiar nele se eu sei que ele tá mentindo?! — Quase gritei.

— Porque ele é seu namorado. — Ela estava séria. — Se a coisa for feia, você vai descobrir. Tem ideia do que é relacionado?

— Não sei... Quando ela soube que nós eramos namorados começou a gritar coisas como "não acredito", "você se esqueceu do trato?", "você me paga, Peter"...

— Só, espera. As coisas vão se resolver. — Ela pareceu não dar atenção pra mim. — Confia em mim.

— Vou tentar. — Sorri fraco e me aconcheguei.

Ela fez o mesmo e logo dormiu, ali, no chão. Me levantei e fui até a beirada do lugar, que era uma espécie de sacada. Me escorei e fiquei ali olhando o horizonte. Algo meio clichê, mas eu não tinha mais nada pra fazer. E aquilo era bom. Fazia tempo que eu não ficava assim "sozinha", parada pra ficar pensando em tudo o que acontece ao meu redor. E isso era tão bom que eu nem vi o tempo passar.

— A aula vai acabar em cinco minutos. — Julie disse, ao meu lado.

Nossa, como ela levantou, acordou bocejando — como sempre faz — e eu não vi?

— Então vamos. — Sorri e descemos até a sala.

Chegando lá, abri a porta e dei de cara com, novamente, Lilly e Peter conversando. Julie segurou meus ombros e sussurrou em meus ouvidos "fica firme". Revirei os olhos e fui até a minha mesa, onde aquela vaca estava sentada.

— Minha — Suspirei. — Mesa.

— Ah, desculpe amorzinho. — Ela piscou e me entregou minha mochila. — Já até guardei pra você.

— Vai se ferrar. — Murmurei, pegando a minha mochila.

— Com licença? O que disse? — Ela perguntou, séria.

— Com licença, vou deixar os pombinhos a sós se não eu — olhei para ela — vou espancar alguém até cansar hoje.

Ouvi a voz de Peter me chamar e uma certa vaca bufando, mas os ignorei completamente. Saí da sala andando o mais rápido que pude. Se ele prefere falar com ela do que comigo, tudo bem. Que eles fiquem juntos mesmo, se merecem, dois mentirosos guardando segredinho. Se ele prefere contar coisas pra ela, fazer trato com ela, ele que vá beijar ela e namorar ela então.

— Sarah?

Parei os passos desesperados e olhei para Colin à minha esquerda.

— Tudo bem? — Ele arqueou uma sobrancelha.

— Tudo ótimo. — Sorri, um sorriso falso.

— Deixa ela em paz, não percebeu que ela tá com o Peter? — Louis surgiu do nada. Fazia tempo que eu não notava a presença dele nem na sala e aula. — Eles são namorados. E é melhor você se ligar antes que ele te dê uma surra.

Ele me segurou pela cintura e foi me empurrando pra frente até Colin desaparecer de vista. Eu estranhei mas, logo me afastei e ele me deu tchau. Foi estranho.

Quando cheguei no portão havia uma camionete preta e dois seguranças. Era parecido quando meu pai ia a algum lugar. Mas, não vou pensar nesse traste agora. Agora que eu estava realmente ficando feliz.

— Com licença. — Um dos homens gigantes de terno veio até mim. — Não viu uma menina chamada Lilly?

— Já tá descendo. — Sorri.

Ele agradeceu e voltou ao seu lugar. Resolvi esperar ali pra ver o que ia acontecer. Em poucos minutos Lilly deixou a escola. Ao lado de Peter. Eles estavam bem distantes um do outro, mas só pelo fato do Johnson ser tão quietinho e não falar com quase ninguém já era estranho.

Quando ela viu os homens parecia que ia ter um treco. Ela deu dois passos para trás e sua expressão tornou-se numa de terror. Eu comecei a rir da cena, era realmente confortante vê-la "sofrendo" por alguma coisa. Peter começou a rir como eu, o que era estranho já que os dois são "amiguinhos".

— Você vai deixar a escola, e não vai voltar por um tempo. — O homem disse direcionando-se até ela. — Entra no carro de uma vez.

Eu observei a loira seguir o grande homem, soltando uma lágrima. Levantei a mão e com um belo sorriso estampado no rosto torci cada dedo para frente em um sinal de "adeus".

— Mas já? — Peter perguntou.

— Eu vou voltar, prometo, por você Peter! — Ela gritou enquanto os homens a seguravam.

Que clichê.

— Não precisa voltar, já que não vai fazer falta. — Peter sorriu e veio até mim.

Ele estava alegre. Não sei dizer o que era que o deixava assim. Por um segundo ignorei os gritos de uma loira mimada ao fundo e só me concentrei nos olhos dele. Ele me abraçou forte e eu não sei o que foi aquilo.

Foi um abraço sincero, um abraço de alívio.

— Eu... — Ele se afastou. — Preciso te contar o que era o tal trato. Me desculpa por ter ficado tão perto dela ultimamente. Eu só... precisava dar um fim nisso pra não te fazer sofrer depois.

Suspirei aliviada.

Eu o "perdoaria" assim tão fácil, por não ter falado comigo? Era ridículo, mas mesmo que isso ainda fosse muito confuso e me desse medo, eu precisava saber. Precisava de respostas.


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Notas finais do capítulo

Foi um capítulo meio bosta sim, mas vai ser importante pra depois. Vocês me inspiram. .



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