Saga Entre Anjos e Demônios escrita por Aless Stemb


Capítulo 8
Capitulo VII – Anjo ou Demônio.


Notas iniciais do capítulo

Perdão pela demora turminha.... Segue um capitulo que suei para terminar e deixa-lo perfeitinho.
Segue aqui algumas notas sobre esse capitulo:
#preparem-se para a loucura...
#Preparem-se para uma historia de Dominic.
#E aiiiiiii (suspirando aqui) preparem-se meninas para o romance que está no ar.....



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/440817/chapter/8

Capitulo VII – Anjo ou Demônio.

“Não quero decepcionar você,

Mas meu destino é o inferno

Embora tudo isso seja para você

Não quero esconder a verdade

Não importa o que criamos”

Demons – Imagine Dragons

Era noite, estava frio e ela caminha sozinha por uma lagoa de sangue, molhando-se naquele liquido, denso e pegajoso. Sentia um enjoou no estomago, sentia uma tontura sem fim, o mundo parecia que estava preso em uma gigantesca roda gigante, girando, girando e girando sem parar, rapidamente.

E ela ofegava, seu corpo doía, sua mente doía, seu coração sangrava, espatifava-se em pequenininhos pedaços e ela não parava de chorar. Passara dezesseis anos segurando as lagrimas, apenas para deixá-las rolar uma a uma.

Chorava rios e rios de lagrimas de sangue e ela sentia vontade de correr, de se atirar em um abismo sem fim, porque o mundo, o seu mundo havia virado de cabeça para baixo desde o dia que ela vira um lobo gigante arrancar a cabeça de Gavin, desde o dia que segurara nas mãos a cabeça de seu melhor amigo, aquele que sempre esteve presente por ela, para ela.

Ele estava morto. E naquele abismo de um sono sem fim conduzido por uma histeria que Alessa não conseguia conter, ela lembrava, dos gritos amedrontados, os gritos de socorro do pobre amigo. Lembrava-se da criatura horrenda e de Dominic com asas e acordava aos berros, enxergando em médicos, policiais e seus pais os mesmos olhos vermelhos sedentos por sangue que ela havia visto.

–Ela está traumatizada. Deve ter visto algo muito, muito ruim...

Ela havia ouvido alguém dizer, então logo vinham enfermeiros fortes prendê-la e vinham as agulhas que lhe fincavam os braços e vinha o topor, os olhos ficavam fracos e a vista embaçada, não tinha forças para tentar fugir, não tinha voz para gritar e ela se afundava nos pesadelos sem fim.

Alessa abriu os olhos para o teto branco, não havia luz apenas uma penumbra que entrava por uma janela, o dia estava para amanhecer. Apoiou-se sobre os cotovelos e arfou quando sentiu os ossos doerem um a um. Teve que fechar os olhos e engolis de volta a bílis que ardeu em sua garganta. Tossiu varia vezes sentindo a goela em chamas.

Havia um esparadrapo grudando alguns tubos de soro em suas mãos, a garota os arrancou, olhou em volta vendo um quarto simples e pequeno demais. Onde estava se aquele não era o hospital?

Teve que tentar diversas vezes até que as pernas obedecessem e assim que ficou de pé o mundo girou como nos pesadelos. Seu coração martelava no peito e ela sentiu um fio de suor brotar em sua testa.

Tropeçou até a janela, olhando e vendo muros altos, mais alto que os do Edgar´s School. Sentiu a histeria voltando novamente. Onde ela estava? Fechou os olhos, apoiando-se no beiral respirando fundo por diversas vezes tentando se conter.

–È só se conter, lembre-se de quem você é, respire bem e varias vezes para que o cérebro funcione. –Ela sentiu o coração sofrer um solavanco e tentou se virar o mais rápido que pode, e quando o fez viu um rosto meramente famílias escondido em cabelos muito negros e ondulado. –Repita para si mesma o que você sabe que é real. Vamos diga seu nome, sua idade, seu endereço...

–Sou A-Alessa Stembell, tenho dezessete anos, moro em Stanford, Kent no Reino Unido, estudo no internato Saint´ Edgars School e... –Alessa teve que passar as mãos na testa para conter o suor frio. Sentia o enjoou novamente e as imagens do acidente surgiam rapidamente em sua mente.

Ela tropeçou nos próprios pés. A medica parou em frente a garota, teve que correr apanhando a lixeira para que a garota vomitasse dentro. Sentia a histeria se aproximar, as paredes do quarto pareciam menores, mais altas, pareciam com uma boca cheia de dentes querendo devorá-la.

Alessa gritou em plenos pulmões correndo rumo a porta, era um corredor sem fim, cheio de dentes, queriam mordê-la, queriam esmagá-la, arrancar sua cabeça, despejar sangue e ela sentia as penas mais pesadas, sentia o sangue acumular em volta de si.

Alcançou uma porta, bateu as mãos nela saindo para um céu cinzento, um liquido negro como o que saiu da boca do lobo derramava sobre ela, derramava dela até podia sentir sua cabeça pender para o lado, sentia o corte sobre a garganta, Alessa se ajoelhou segurando a cabeça para que não caísse de seu pescoço.

E os monstros corriam em sua direção, ouvia os gritos agudos como gritos de criança e estava com medo, não era mais aquela garota corajosa que lutou bravamente com uma criatura para se salvar, que foi salva. Estava se desmanchando, estava em chamas.

Cerrou os olhos, gritando, gritando e gritando tão alto. Sentiu mãos gélidas sobre as suas, sentiu um zumbido no ouvido, a criatura gritava com ela. Mas não era o grito da criatura.

–Alessa por favor, por favor tente se acalmar, está tudo bem, está tudo bem apenas respire e se acalme.

Alessa abriu os olhos para a medica que ainda segurava as mãos da garota, mãos banhadas de sangue, havia monstros e seu mundo girava em preto, branco e vermelho.

–Você está a salvo, você está bem. Está no sanatório Mullaby, está tudo bem. Não tem nada te perseguindo, sou eu a Marion se lembra? A psicóloga do internato. –Alessa conseguiu reconhecê-la, conseguiu olhá-la nos olhos. –Está tudo bem, está a salvo agora, você está bem. Apenas respire, respire e confie em mim, olhe só para mim, você está no jardim querida, consegue ver? Consegue ver as rosas queria?

A garota olhou em na direção dos que a doutora apontava, rosas vermelhas brilhavam em um jardim recém plantado. Brilhavam no céu cinzento de uma manha fria. Marion segurou firmemente o rosto de Alessa fazendo-a encarar-lhe.

–Não quero sedar você... Já dormiu por muito tempo não foi? –Alessa assentiu como uma criança assustada. –Eu não quero que você durma, quero que fique acordada, mas preciso que se acalme, você sofreu um trauma e precisamos ajudá-la a lidar com isso, olhe seus pais estão preocupados, e seus amigos da escola também estão.

–Do-Dominic... –Ela balbuciou apertando os olhos. –Asas negras e tinha o fogo...

–Alessa respire, respire se não vão sedá-la, por favor não pense nisso, agora não. Dominic está bem, ele prometeu vir visitá-la assim que você estiver bem, Trevor e Zoe também estão com saudade.

–Gavin, eu segurei a cabeça dele nas minhas mãos... O lobo, arrancou a cabeça dele. Ele morreu... –Alessa se encolheu, sentindo um buraco abrir em baixo dos seus pés.

–Eu sei querida, eu sei... Mas concentre-se em minha voz...

Alessa olhou em volta, não havia sangue, não havia lobos gigantes nem bocas enormes tentando devorá-la. Então ela voltou ao choro, Marion abraçou-lhe fortemente conduzindo-lhe para dentro do sanatório.

...

–Eu sou o Dr. Lewis, eu fui o medico que acompanhou o seu coma no hospital. Veja bem Alessa, você foi arremessada de um carro em alta velocidade, ainda sim permaneceu consciente e bem pode presenciar uma cena traumática. – O medico pigarreou levantando os olhos o prontuário por poucos minutos para olhar a garota sentada na sua frente, verificando seu comportamento. –Incrivelmente seu corpo suportou bem o baque e você conseguiu se levantar e andar por algum tempo até ser encontrada e trazida ao hospital, quando chegou você já estava inconsciente, com alguns arranhões e cortes na mão direita, no ante braço, nas costas e na perna esquerda, tinha também uma pequena torção no tornozelo esquerdo, algumas manchas roxas e um leve traumatismo craniano, nada muito serio, apenas algo que fez você dormir por quatro dias, onde seu corpo milagrosamente se recuperou muito bem.

–O que, o que aconteceu comigo depois que acordei, porque vim parar aqui? –Alessa sentiu sua mãe apertar-lhe carinhosamente a mão.

–Assim que acordou, você começou a gritar falando sobre uma explosão, um lobo que arrancou a cabeça de seu amigo e sobre asas negras. Veja bem, isso é bem comum quando uma pessoa passa por alguma situação traumatizante, ela se lembra de fragmentos, imagens e recordações que ficam embaralhados na cabeça e quando acordou achou que ainda estava no local do acidente.

Marion olhou-lhe com piedade, estendendo as mãos para acariciar os cabelos negros da garota, oferecendo a ela um sorriso carinhoso.

–Querida, você ficou acordando e gritando e fugindo de nós... Tiveram que sedar você por varias vezes. –Lhe disse sua mãe com os olhos cheios de lagrimas. Alessa encarou suas próprias mãos, ainda com leve arroxeados, a medida que iam lhe explicando o que aconteceu ela foi se lembrando vagamente das cenas.

–Você ficou acordando e dormindo, devido aos sedativos, por mais sete dias. Então resolvemos procurar o Dr. Andestan se lembra dele não é?

Claro que Alessa se lembrava, era o psiquiatra que tratara dela na infância, era por isso que aquele local lhe era tão familiar.

–Acha que se sente preparada para falar com a policia sobre o que aconteceu?

–Falar com a policia? –Alessa encarou Marion e depois seus pais e por fim o Dr. Lewis que estava na sua frente. –Eu... Eu não sei, ainda me sinto nauseada e confusa.

–Isso é comum Alessa. –Explicou Marion. –Você ficou sobre os efeitos dos sedativos por um bom tempo, seu corpo ainda está adaptando com o que está acontecendo, é melhor você descansar antes, tentar reorganizar as idéias e tenho certeza que mais tarde se sentirá melhor para falar com os policias, explicarei a eles o motivo e tudo vai ficar bem, você acordou hoje, depois de onze dias, tem que se acalmar e descansar está bem?

Alessa concordou, e permitiu que sua mãe fosse com ela até seu quarto e permanecesse ali. Sentou-se junto a janela, abraçando as pernas, os olhos fixos nas arvores gigantescas, dos muros cinzentos e altos.

Ela se lembrava bem daquele lugar, ficara ali por diversas vezes depois de insistir na idéia de que ela ouvia uma voz em sua mente depois que dissera que por diversas vezes uma presença misteriosa acalmava seu estado de espito.

Alessa começou a juntar os fatos, a ultima vez que notara aquela foi na sua primeira noite no internato, mas aquela força, aquele calor que ela sentiu ao seu lado não era o mesmo de sempre, era... era muito diferente, aquilo não estava ali para protegê-la, para acalmar-lhe estava apenas ali e quando ela falou, aquilo simplesmente desapareceu e nunca mais voltou.

E agora tinha toda essa loucura do acidente, um lobo gigante arrancando a cabeça de Gavin, ela ainda podia ouvir os gritos desesperados do amigo, ainda podia sentir uma dor esmagar-lhe o coração e aquilo se transformou em uma pessoa, algo sobrenatural e ela foi salva, salva por um anjo, salva por um Dominic de asas.

Ela se lembrava muito bem da silhueta dele sem a camisa, apenas com o jeans, asas enormes e negras estavam presas em suas costas e ele voou com a garota em seus braços. Teve que fechar os olhos, pois sentia todo aquele enjoou e o pânico se aproximando novamente.

–Querida você está bem? –Sua mãe tocou-lhe os ombros fazendo-a despertar e quando Alessa abriu os olhos estava chorando, foi um susto a Ivy, a muito tempo não via a filha chorar. –O que houve querida...

–Eu vi mãe, vi quando um lobo arrancou a cabeça de Gavin... Eu... eu segurei nas minhas mãos, sua boca ainda estava aberta e os olhos também, foi horrível mãe.

–Querida eu... nós não sabíamos, não sabíamos que tinha sido assim... –Ivy puxou Alessa em um abraço apertado enquanto a garota soluçava.

–Eu e Gavin estávamos no carro vindo para Stanford, ele foi me buscar porque eu pedi mãe, eu não queria ficar aquela noite no internato, tinha acontecido, acontecido algumas coisas lá e eu queria fugir, estávamos na rodovia já bem perto da cidade quando Gavin viu algo na estrada, então ele freou e eu fui lançada para fora, vi quando o carro capotou, Gavin saiu cambaleando ele tinha um enorme caco de vidro enfiado nas costelas e foi quando o lobo gigante apareceu e atacou ele, depois veio na minha direção e eu consegui me defender, mas então... –Alessa se calou lembrando das cenas sobrenaturais, ela não podia contar aquilo a ninguém. –Alguém apareceu.

–Eu sei querida, aquele garoto ficou no hospital, parecia bastante preocupado e não queria ir embora de maneira alguma, mas seu pai conseguiu convencê-lo de ir. Logo em seguida que ele se foi você acordou.

–Ficou no hospital por três dias? A senhora se lembra do nome dele? –Alessa estava encarando sua mãe sem acreditar que era mesmo Dominic, ele disse que não se importava com ela, ele não podia ter asas.

–Eu não me lembro querida, infelizmente eu mal cheguei a vê-lo, sei que os médicos disseram a ele que foi um grande risco ele ter trazido você sem nenhuma orientação medica, mas eu fico tão grata por ele ter feito isso, se houvesse demorado um pouco mais eu não sei o que poderia ter acontecido com você. –Sua mãe acariciou-lhe o rosto sorrindo e então ficou séria, franzindo o cenho e olhou para o lado. –Agora estou me lembrando, foi aquele garoto que tem os braços tatuados da sua escola.

–Dominic... –Murmurou Alessa confusa.

–Isso mesmo... foi uma sorte ele também ter saído do internato. Deite-se um pouco querida, está tão pálida.

Sua mãe lhe ajudou a deitar-se e depois se sentou na poltrona recém posta. Alessa se virou e cerrou os olhos com força, aquilo era muito confuso, afinal ela não estava louca ou imaginando coisas, ela realmente viveu tudo aquilo e ainda por cima foi salva por um Dominic com asas.

...

Homens com mãos fortes seguravam-lhe os braços, estavam lhe apertando, estavam machucando ela. Alessa gritou para o medico sentado impassível na sua frente, gritava a ele por socorro, mas ele não fez nada a não ser ficar olhando para ela.

Não estava louca, não podia ser punida por apenas dizer a verdade, e aquela era a verdade, havia vozes em sua mente e havia aquele desejo insano que lhe motivara a atear fogo em sua avó.

Arrastaram ela por um corredor longo e escuro, cheirava a sangue, suor e podridão, cheirava a carne de sua avó queimada. Alessa berrava, esperneava, sacudia-se e pedia perdão. Mas nada adiantava, eles abriram uma porta, uma sala escura e vazia, Alessa foi jogada ali dentro uma luz fraca foi acendida e o Dr. Andestan entrou na sala com uma seringa nas mãos.

–Por favor... me perdoe eu não queria machucar ninguém eu nunca quis, eu só disse a verdade, foi só verdade...

Mas ele não ouvia enquanto a garotinha gritava e esperneava pedindo perdão de joelhos. Ele simplesmente enfiou aquela agulha em seu braço ejetando todo o liquido, e ela se sentiu mole, o corpo mais dormente sua visão mais turva e ela já não conseguia gritar tanto.

E eles se foram, deixando-lhe sozinha, trancada naquela sala escura. Alessa se arrastou pelos cantos, tentando encontrar a porta, começava a sentir o suor escorrer por seu corpo, um suor frio e ela estava tremendo enquanto sua avó em chamas rodopiava em sua frente gritando.

Ela tapava os ouvidos, tentava gritar por socorro, mas a chamas estavam em toda a parte e ela não conseguia enxergar mais nada. Deitou-se no chão frio enquanto o fogo varria tudo em sua volta.

Era somente a alucinação, causadas por seus remédios, mas aos dez anos Alessa não sabia o que elas eram e sofria um medo horrendo. Eles lhe deixavam trancada lá por vários dias, sedando-a com aqueles remédios que a deixavam mole o bastante para não correr dos monstros que estava em sua volta.

E havia aquela coisa que ficava ao seu lado, dando-lhe uma paz quando ela achava que não era mais capaz de suportar. Alessa era uma garota normal, com vestidos coloridos, laços cor de rosa no cabelo, mas ninguém acreditara nela.

E seus pais deixaram que ela fosse para aquele lugar horrível, a deixaram na mão daquele medico que fingia que cuidava da garota, que tinha métodos antiquados que feriam os pacientes.

Foi então que ela aprendeu a ser forte, fingia que tomava os remédios, fingia que a “aquilo” havia ido embora, que havia se curado. Passou a se esconder a não chamar a atenção e silenciava o máximo possível a voz dentro da sua mente, ignorando-a.

Deixaram que ela saísse depois de seis meses de tortura e sofrimento, e ela jamais derramara uma lagrima se quer.

Era impossível deixar que aquela lembrança não voltasse a sua mente enquanto andava pelo local, agora totalmente diferente.

–Muitas lembranças... –Alessa se virou olhando a doutora Marion. –Seus pais me disseram que você já esteve aqui antes.

–Foi há muito tempo, está bem diferente agora. –Alessa voltou sua atenção para o jardim logo em frente da casa, onde pacientes tomavam seu banho de Sol, acompanhados por enfermeiros cuidadosos e pacientes. –Não se parece em nada com o lugar que vivi. Você sabe o que houve com o diretor deste lugar, o doutor Andestan?

–Ele foi afastado da profissão por motivos que... que desconfio que você já saiba. –A garota olhou novamente para Marion que lhe devolveu o olhar. –Não se preocupe, seus pais não sabem de nada.

–Eu não sei do que você está falando. –Alessa desviou o olhar, tentando parecer o mais normal possível. –Eu vou poder voltar para o internato quando?

–Creio que essa tarde mesmo... –Marion olhou sobre os ombros para checar se realmente estavam sozinhas. –Alessa, aconteceu realmente o que você contou para a policia ou teve algo a mais?

A garota encarou a mulher a sua frente, que pergunta era aquela? Alessa sabia que tinha o dom para proferir mentiras sem que fosse pega, aprendeu a desenvolver isso, e ela não tinha dito mentira alguma, dissera sobre fugir do internato, dissera sobre o carro capotar e dissera sobre o lobo, apenas omitiu alguns detalhes, omitiu o fato de se lembrar quando Dominic apareceu e lhe resgatou.

–È claro que sim! Acha que estou mentindo?

Alessa se esforçou para manter seu olhar colado no de Marion. A medica lhe examinava com os olhos, procurando um ponto, procurando a verdade.

–È claro que não. –Alessa desviou seu olhar para o jardim novamente. –Me explica uma coisa... o que aconteceu para que você fugisse do internato? Porque eu sei que você e Dominic se beijaram e sei que discutiram, porque eu vi quando você fugiu. Eu quero saber o que vocês discutiram.

Lá estava a brecha que Marion tanto procurava, as armaduras de Alessa estavam no chão, a medica conseguira tocar no ponto chave de toda aquela confusão.

–Eu sei que não vai me contar e acredite, eu não quero saber sobre a briguinha de vocês dois. O que estou tentando entender Alessa, é o porque você ficou tão traumatizada. Sei que viu seu amigo morrer, sei que teve de lutar contra um lobo. Mas você se esqueceu o fato que na nossa região não possui lobos, esqueceu do fato que vi quando Dominic voltou para a festa e depois desapareceu e o fato que você mencionou asas e sobre voar, quando acordou... –Marion se aproximou da garota olhando-a nos olhos. –Sei que está escondendo o que realmente aconteceu e juro para você que vou descobrir.

–Eu estava em estado de choque doutora, você mesma disse isso a policia segundos atrás. Agora se me der licença eu preciso arrumar minhas coisas, porque não vejo à hora de sair daqui!

...

–Farão uma homenagem para Gavin amanha na sua antiga escola, se você quiser ir, posso passar aqui para buscá-la. –Murmurou seu pai. –A senhora Clarck irá estar lá e todos os seus antigos amigos também, creio que o diretor não irá se importar.

–Não pai, acho melhor não ir. Não sei se estou preparada, acho que os pais do Gavin não estarão preparados para me ver e não sei se sou capaz de ser julgada por ela, por todos da escola.

Seu pai lhe puxou em um abraço apertado, era difícil para ele demonstrar carinho a ela ultimamente, ainda estava lhe punindo, ainda estava tentando fazer com que ela criasse juízo, infelizmente não estava dando tão certo, mas ele era orgulhoso demais para admitir isso.

–Tem certeza que está preparada para voltar pra escola querida? Se quiser pode ficar conosco alguns dias até estar completamente bem.

–Eu estou bem mãe. Já fiquei longe por quase quinze dias, tenho certeza que Zoe está desesperada, alem do mais se ficar adiando vou ter que recuperar todas as matérias depois e vai ser ainda mais difícil.

–Alessa tem razão Ivy. Ela já está bem o suficiente para voltar a sua rotina, isso até vai ajudá-la a superar o que aconteceu, voltar à realidade é sempre muito bom.

Alessa trocou um olhar com a doutora Marion.

–Obrigada por tudo doutora, ficamos muito gratos quando a senhora se ofereceu para ajudá-la.

Marion sorriu para Ivy, um sorriso que fez com que o estomago de Alessa se revirasse, depois daquela conversa no dia anterior Alessa não conseguia nem se quer se aproximar de Marion. Sentia como se ela estivesse sempre vigiando a garota.

Ela conseguiu por fim fazer sua mãe ir embora, sentia um leve frio na barriga só de pensar em ficar cara a cara com Dominic, tinha tanto que perguntar, tantas duvidas, tanto interesse. Apertou a alça em seus ombros e firmou os livros em torno dos braços e marchou pelo corredor movimentado.

Foi melhor do que imaginava que seria, conseguiu ignorar os olhares, conseguiu se esconder de Trevor e Zoe, estava ansiosa para chegar logo a sua primeira aula. Era tanto que foi a primeira a chegar na sala de aula.

Colocou seus livros sobre a mesa e aguardou, tamborilando os dedos na mesa de madeira, olhando a todo o momento para a porta de entrada, e a sala foi se enchendo até que a professora Pastle entrou e deu inicio as aulas, após dizer a garota que todos sentiam muito pela perda e o acidente.

Algo dentro dela morreu ao constatar que ele não viria, todos haviam entrado na sala, a senhora Pastle já iniciava a leitura dos textos e fazia os resumos do que cairia no teste. Alessa não podia mais perdeu seu tempo observando quem entraria na sala de aula. Teve que abaixar os olhos para o caderno e agüentar até que a aula terminasse.

E foi assim durante toda a manha, ela se escondeu de Zoe e Trevor enquanto vasculhava com os olhos cada rosto no corredor a procura sem sucesso.

Ela entrava no refeitório para o almoço descrente, logo Zoe a encontrou e correu em sua direção lhe lançando um sorriso de orelha a orelha.

–Estive procurando você a manha toda... Onde se meteu? –Alessa sorriu para aqueles olhinhos castanhos e redondinhos, tinha se esquecido como é fácil ficar perto de Zoe, como aquela criaturinha lhe fazia se sentir bem.

–Desculpe, acho que estive evitando muitas pessoas essa manha e acabei me escondendo, desculpe mesmo Zoe.

–Você está bem não é?! –Alessa assentiu franzindo um pouco as sobrancelhas. –Disseram que enviaram a Marion para você.

–Não sei se quero falar sobre isso agora, podemos deixar para mais tarde?

–Claro, não vou forçar você falar nada, desculpe. Mas é bom ter você aqui e a senhorita me deve explicações não acha?

Ambas pegaram as bandejas e se sentaram na mesa de sempre. Não demorou até que Trevor surgisse.

–Fiquei preocupado com você... -Ele puxou Alessa para um abraço constrangedor, enlaçando-a pela cintura alisando seus cabelos. Foi nesse momento que os olhos dela cruzaram com um par de olhos verdes que entrava no refeitório. Dominic encarou-a por um minuto e depois sentou-se em uma mesa qualquer de cabeça baixa. –Como está se sentindo.

–Estou bem Trevor. –Ela conseguiu delicadamente, se desvencilhar do abraço dele. –Eu preciso resolver uma coisinha só um minuto.

Alessa deu as costas aos seus amigos, apanhou seu almoço ignorando Trevor que chamava-lhe, continuou com os olhos fixos nas costas de Dominic.

–Posso me sentar? –Dominic pareceu surpreso ao vê-la. Assentiu depois de encará-la por um bom tempo. Alessa puxou a cadeira sentando-se ao lado dele, disfarçando o fato que todos olhavam para eles agora. –Obrigada... sabe por ter aparecido e me ajudado.

–Eu não fiz nada demais. –Ele respondeu sem retirar os olhos do prato de comida na sua frente. –È só isso?

–Acha que não tem que me contar nada? –Ela o encarou, vendo-o não demonstrar nenhuma reação. –Onde você esconde suas asas?

Dominic pareceu levar um choque, virou seus olhos verdes para a garota, espantado. Então se inclinou para bem perto dela, segurando no braço da garota delicadamente, deixando seus olhos a centímetros dos dela. Alessa sentiu um arrepio percorrer seu corpo, lembrou-se do beijo doce na festa.

–Então você se lembra... –Dominic vagou os olhos sobre os lábios dela. –Não devia estar aqui, sentada comigo. Pode ser perigoso.

–Eu não tenho medo de você... Eu disse isso naquela noite. –Dominic bufou franzindo as sobrancelhas. –Eu quero muito saber o que era aquilo, você precisa me dizer.

–Não podemos falar sobre isso agora... –O garoto olho em volta vendo todos com os olhos grudados neles. –Eu te procuro mais tarde. Eu prometo!

Alessa abriu um leve sorriso e assentiu, Dominic também sorriu para ela, aquele sorriso torto que fazia o estomago da garota congelar e se mundo parar.

–Posso ficar aqui com você?

–Claro... –Dominic olhou para as mãos de Alessa vendo as manchas roxas nos nós dos dedos, subindo pelo braço coberto. Não hesitou em estender os dedos e tocar com delicadeza nas feridas. –Você se machucou muito. Eu sinto muito, muito mesmo pelo que aconteceu.

Alessa olhou para os dedos que traçavam uma linha sobre sua mão e para os olhos verdes decaídos, para os lábios traçados em uma linha.

–Não foi nada, eles nem se quer doem mais. Eu estou bem, graças a você! –Ela forçou um sorriso para ele, tentando animá-lo.

–Você não entende Alessa. Eu sou o causador do que aconteceu, se eu não tivesse... não tivesse beijado você, se eu tivesse me mantido distante nada disso teria acontecido. Eu devia saber que isso aconteceria.

–Quer dizer então que o acidente... aquela coisa... ela apareceu porque nos beijamos?

–Se você for esperta o bastante, o quanto sei que você é, se manterá longe de mim, eu disse a você que eu sou um chamariz de problemas.

Dominic se levantou e saiu, deixando uma Alessa confusa e sozinha.

...

– E essas foram as ultimas... –Disse Zoe pendurando uma blusa no cabide do armário de Alessa. –E você estará livre de mim novamente.

Ela fez um beicinho para a amiga e se jogou na cama de Alessa olhando o quarto.

–Não fala assim Zoe. Poderemos repetir a dose qualquer dia desses, basta meu quarto incendiar do nada novamente.

Zoe sorriu. Vendo Alessa se jogar ao lado dela na cama. Elas tinhas feito a mudança toda logo depois do jantar, quando o diretor disse que a reforma no quarto estava concluída e Alessa já podia voltar para lá.

–Trevor está morrendo de ciúmes de você... Depois que você e Dominic se beijaram na festa ele simplesmente surtou, eu nunca o vi tão zangado. –Alessa abaixou os olhos, sentando-se na cama enquanto revirava uma pedra negra amarrada no cordão, ela havia lhe encontrado na mudança. –O que está rolando entre você e o Dominic?

–Eu queria muito saber... Ele me ignorou desde o dia que entrei no internato, fez questão de mostrar que não gostava de mim e de repente ele começou a ser gentil, a conversar comigo a partilhar historias e... e então voltou a ser o mesmo imbecil de sempre. –Alessa se levantou indo até a janela olhar o carvalho iluminado pelas luzes do jardim. –Depois ele veio nos ajudar com a festa e conversou comigo, foi tão gentil e depois me beijou, por um segundo eu achei, achei mesmo que ele estava gostando de mim e então fugiu, saiu zangado e disse que não me queria, que não gostava de mim.

–E então ele te salvou do acidente... –Zoe se sentou na cama olhando para Alessa parada junto a janela. –Você gosta dele não é?! Você gosta dele desde o dia que pisou nesse lugar.

Alessa olhou para a amiga sentada em sua cama com um sorriso nos lábios. Foi até lá e se sentou ao lado dela olhando para a parede vazia.

–Eu não sei, só queria que ele... que ele parasse de brincar comigo assim. Eu não gosto de pessoas indecisas, que não sabem o que quer.

–Sabe o que acho? –Alessa olhou para Zoe. –Que ele também gosta de você desde o dia que te viu pela primeira vez, ele só... bem ele não me parece uma pessoa que gosta de ser sociável, ou que esteja acostumado a se apaixonar, acho que ele gosta de você só não quer admitir.

Alessa olhou para seu cordão que estava tão negro como o céu em uma noite sem lua ou estrelas. Seu humor estava negro.

–Eu vou indo, antes que você comece a chorar. –Zoe gargalhou, levantando-se. –Se precisar de mim sabe onde é o meu quarto, boa noite.

Alessa fechou e trancou sua porta logo após Zoe sair. Já sabia que Dominic não viria. Ele prometeu e não cumpriria. Ela deitou em sua cama, disposta a tentar dormir, desde o dia que ela de fato acordou depois do acidente, não conseguia dormir por muito tempo, estava sempre com pesadelos ou pensando demais sobre o que poderia ter acontecido.

Já tinha as luzes desligadas, estava deitada e começava a cochilar quando ouviu algo dentro de seu quarto. Seu coração quase saltou pela boca, seus olhos estavam de repente abertos e espertos, o sono havia desaparecido e ela estava bem alerta. Imediatamente se sentou e quando estava levando a mão no interruptor do abajur algo lhe deteve.

–Não ligue, isso fará que os monitores desconfiem de algo. –Alessa firmou os olhos na escuridão para ver Dominic parado nos pés de sua cama. –Desculpe eu não queria assustar você.

–Achei que não viria. –Ela voltou a se encostar na cabeceira puxando as cobertas, ciente da blusa fina que usava para dormir. –Achei que tinha ficado zangado comigo.

Pode ouvi-lo no escuro, estava sorrindo, n’ao um sorriso de sarcasmo, mas um sorriso como se Alessa fosse muito inocente.

–Eu não estava zangado com você... –Ele ficou serio novamente. –Acho que estava zangado comigo mesmo.

Eles ficaram em silencio, se encarando por poucos minutos, ele estava sem camisa, apenas com o jeans estava encostado na parede com os braços tatuados cruzados sobre o peito, com os olhos verdes firmes olhando a garota.

–Como entrou aqui? –Ela disse verificando a janela fechada.

–Eu... Eu voei sobre o telhado e quando o monitor não estava olhando eu entrei pela janela, você tem que aprender a trancá-la.

Alessa olhou para o garoto incrédula, os olhos atentos na figura que agora se sentava nos pés de sua cama.

–Você não pode sair voando por ai e arrombando as janelas alheias.

Ele abriu um sorriso olhando-a de uma maneira estranha.

– Você disse que queria explicações e eu prometi que daria elas a você.

–E você vai... vai mesmo de dizer tudo que eu quiser saber?

–Eu não deveria, mas você já está envolvida demais nisso. Não posso negar contar a você.

–Que tal começar me contado que criatura era aquela e porque nos atacou e como sabia que eu estava em risco.

–Que tal eu começar contando a você uma historia que você não conhece sobre mim? –Ela assentiu juntando as penas junto ao corto e abraçando-as. –Como eu disse eu fui expulso da minha família, mas não fui o único, a milênios de anos atrás eu vivia no céu com todos os anjos, mas um deles, Lúcifer, se opôs ao Criador e começou a disseminar historias falsas, de como devíamos ter o direito de ter nossas próprias vidas, de como tínhamos o direito de decidir o que faríamos ou não, se queríamos ou não ser anjos.

“e muito de nós começamos a concordar com o que ele dizia. Eu acreditava, eu... –Dominic suspirou e Alessa viu o quanto contar aquilo trazia lembranças dolorosas a ele. –Eu via a Terra, eu via os humanos e eu queria, queria que eles me conhecessem, queria poder andar no meio deles, e queria ser glorificado pelo que eu fazia. Eu os protegia, eu sempre vinha e cuidava deles, mas eles nunca, nunca podiam me ver, muitos nem se quer acreditavam em anjos ou no criador e eu não conseguia entender o porque o criador não fazia algo para mudar isso...

Dominic cerrou os punhos e travou o maxilar encarando a escuridão respirando fundo para se acalmar, e Alessa aguardou sentindo como se estivesse vivendo um sonho. Então ele descansou as mãos nos joelhos e encarou a escuridão a sua frente.

–Eu estava tão enganado, terrivelmente cegado pelas acusações de Lúcifer, mas ele era um dos querubins, mensageiros, tinha contato direto com o criador, e nós não passávamos de tolos, éramos apenas anjos da guarda como iríamos adivinhas os planos do nosso criador?

“E foi então que nos unimos a ele para reivindicar um novo soberano no lugar do Arcanjo. Lúcifer dizia que se eles estivesse à direita do criador, no lugar do arcanjo Miguel, ele seria capaz de fazer com que o criador mudasse os planos, que faria ele ver que não precisávamos nos ocultar dos humanos, que devíamos ser glorificados pelo que éramos ou pelo que fazíamos, era um direito nosso.

“Lúcifer foi conseguindo cada vez mais seguidores e foi quando Miguel veio com seu exercito de anjos e nós lutamos, foram milênios de anos em batalha, eu lutei ao lado de Lúcifer, tínhamos uma legião razoável e batalhamos bravamente, mas no fim acabamos por perder a guerra e então veio à sentença, teríamos que viver entre os humanos.

“Estávamos banidos de voltar ao nosso lar, banidos das nossas formas reais de espíritos. Estávamos condenados a viver aqui na Terra, condenados a um corpo humano frágil e inútil, perdemos muitos de nossos poderes, e a cada milênio nos tornamos mais fracos, fomos condenados a viver neste inferno sem o direito de perdão.

Dominic cerrou os punhos e os levou na altura dos olhos, olhando sua pele branca, abrindo e fechando os dedos verificando o seu corpo humano e frágil.

“Mas essa não foi nossa única punição, teríamos de viver aqui e morrer aqui, presos a um corpo que sangra quando machucado, mas não o suficiente para ser morto facilmente, condenados a sentir fome, frio, a ter necessidades, mas não podemos viver como qualquer humano, nossas asas ainda estão aqui para nos mostrar qual a nossa origem, banhadas em negro para nos mostrar qual foi nossa decisão. Escolhemos as trevas em vez da luze não podemos viver nem em um e nem em outro.

“Como em uma prisão eterna. Muitos de nós, continuaram a seguir Lúcifer, mas uma pena parte decidiu viver como eu, isolados aguardando o fim, aguardando o momento que enfraqueceremos o suficiente para morrermos.

Dominic encarou Alessa por uns instantes, ela estava petrificada, os olhos fixos no garoto, a curiosidade brilhando naquelas pedras de ônix.

–Quando eu conheci você, eu me senti... senti vivo, de uma maneira tão estranha. Você não é como as outras pessoas, você não tem medo de mim e eu... eu não entendo o porque. Isso nunca aconteceu, as pessoas quando se aproximam de mim elas reconhecem o perigo e se afastam, elas nunca se aproximam o suficiente, mas você... –Ele franziu as sobrancelhas olhando para baixo. –Você simplesmente ficou e começou a ser gentil comigo, começou a se aproximar, eu comecei a sentir algo, comecei a me sentir importante, eu queria ficar ao seu lado, mas sabia que isso não é certo.

–Foi quando começou a ser ignorante... a me tratar mal. –Alessa abaixou os olhos.

–Eu não conseguia, por mais que quisesse não consegui me manter longe. Costumava vir durante a noite ver você dormir. –Alessa olhou espantada. –Você dizia meu nome enquanto sonhava e eu me sentia em casa quando estava ao seu lado.

Ela corou as bochechas, olhando o enorme espaços entre eles, agora ela entendia, não havia sonhado com Dominic ele realmente estava em seu quarto. Zoe estava certa, ele gostava dela, só não conseguia admitir isso a ele mesmo. Seu coração tamborilou em seu peito, suas mãos começaram a soar e ela teve que admitir que também gostava dele.

–Mas quando eu beijei você, eu senti, senti que estávamos sendo vigiados, sabia que naquele momento eu tinha colocado sua vida em risco. Quando você saiu, eu não pude deixar de segui-la. Entenda Alessa, aquela criatura que atacou você e seu amigo era um... um demônio, e ele só queria me afetar atingindo você. Esse era o plano de Lúcifer, ele nunca aceitou que eu houvesse abandonado o grupo dele.

–Você me salvou Dominic, isso não aconteceu por sua culpa.

–Eu sabia que devia me manter longe Alessa, eu sabia e mesmo assim eu não me mantive. Agora eles vão perseguir você, vão pegá-la se puderem. Entende o por que de eu não poder ficar com você?

–Eu não tenho medo... –Ela murmurou vendo a desolação nos olhos de Dominic, ele a queria e ela também queria ficar com ele. Mas Dominic tinha fantasmas demais, ou melhor demônios demais em seu passado e tinha medo, medo de que ela saísse ferida. –O que aconteceu, aquilo poderia ter acontecido a qualquer momento, porque eu... eu não estava e não estou disposta a ficar longe de você...

Alessa escorregou pelo colchão tateando pelo lençol até encontrar o corpo de Dominic muito imóvel a presença dela. Com cuidado se aproximou, vendo-o, seus olhos verdes tão negros e vincados de dor, havia arrependimento, havia medo e amor nele. Ela levantou os dedos, vagarosamente para que ele não recuasse.

E tocou-lhe a mão, sentindo todo seu corpo responder ao contato dela, Alessa continuou, olhando-o nos olhos enquanto sua mão subia sobre o braço de Dominic, escorregando pelas costas nuas dele. Enquanto sua mão esquerda tocava o cabelo do garoto, tão sedosos e macios.

–Sei que você sempre estará aqui para me proteger, como fez naquela noite. Eu não quero... não quero ficar longe de você. –Alessa subiu suas mãos pela nunca dele enquanto puxava o próprio corpo para mais perto, erguendo-se sobre ele, apoiando-se somente nos joelhos. Sem nunca deixar de olhá-lo nos olhos. –Por favor, fique comigo, eu preciso de você, eu amo você.

Dominic sentiu como se o Sol brilhasse dentro dele, sentia-se importante e vivo, ele levou suas mãos a cintura dela. Havia um fio de pele exposta e ela estava tão quente, tão macia, seus olhos negros brilhavam para ele, fazendo-o não desejar nada mais alem dela ali em seus braços.

Então ele a puxou para ainda mais perto, colando o corpo dela junto ao dele, e alcançou seus lábios, eles eram tão doces e macios. Alessa se apertava sobre ele, os dedos enfiados nos cabelos dele enquanto o beijava.

E o beijo de Dominic tinha gosto de manha de Sol, gosto de sorvete em uma tarde quente, era a melhor coisa de todo o mundo, fazia com que o coração dela saltitasse dentro do peito, como um passarinho preso em uma gaiola louco para voar, suas pernas ficavam moles e ela sentia o ar fugir de seus pulmões, sentia todo o seu corpo estremecer. Sentia vontade de gritar ao mundo todo, aos quatro cantos da Terra a todos os anjos no céu, a todos os anjos na Terra que ela o amava e ele também amava ela, e não havia nada que nesse mundo, no universo que fosse capaz de separá-los.

Ele a colocou sentada novamente na cama com delicadeza, e afastou-se dela por poucos milímetros somente para sorrir, somente para ver as bochechas dela corada. Dominic alisou seu rosto a pele macia, tocou-lhe os lábios grossos e rosados, os olhos fechados e a beijou, beijou seu nariz, sua testa, beijou sobre seus olhos, suas bochechas e desceu até seu pescoço.

Roçando os lábios em cada milímetros do pescoço, subindo e descendo, fazendo-a arfar. E beijou seus ombros, puxou seus cabelos e beijou-lhe a nuca, envolveu o corpo dela com as mãos, alisando a extensão de suas costas.

–Eu não tenho medo de você! –Ela murmurou nos ouvidos dele.

Dominic parou de lhe beijar, fechando os olhos e sorrindo. Segurou o rosto dela entre suas mãos, ela era tão frágil, ele podia facilmente parti-la ao meio, ela o tinha visto, tinha visto o quanto ele era forte, tinha visto suas asas negras e ainda sim não tinha medo dele.

–Céus Alessa! Você não sabe o quanto é bom ouvir você dizer isso...

–Eu não tenho medo de você Dominic, eu amo você, quero ficar com você...

Dominic franziu as sobrancelhas, e o sorriso em seus lábios desapareceu tão rápido quanto a escuridão que voltou a cobrir-lhe as faces, as mãos dele caiu moles ao lado do corpo e ele voltou a se encolher nos pés da cama de Alessa.

–Não podemos Alessa. Você não entende... não entende o que aconteceu, não entende o que sou?

–Eu sei o que você é... você é um anjo. –Ela deslizou novamente para perto dele sorrindo, abraçando-o. –O meu anjo. Eu disse que não tenho medo de você, sei que vai me proteger e...

–Eu não posso proteger você! –Ele disse com a amargura em sua voz. –Não protejo ninguém Alessa, eu sou um demônio, um desertou, uma criatura das trevas. E se você ficar comigo acabará sofrendo, acabará nas mãos de Lúcifer e eu... eu... eu não posso!

–Você não é um demônio! Você não é como aquela criatura que vi... você é bom.. você me salvou.

Alessa sentia um bolo acumular-lhe na garganta e lagrimas surgindo em seus olhos. Ela tentou tocá-lo, porem ele se levantou de uma única vez. Afundando-se na escuridão do quarto.

–Eu não posso Alessa, isso não é natural, eu não sou bom! -Alessa fechou os punhos, olhando para o chão, sentindo as lagrimas rolarem sobre seu rosto. Estivera tão feliz a um momento atrás, tão certa de que ele a amava e agora Dominic afirmava que não poderiam ficar juntos. –Eu não devia, não devia ter beijado você... me desculpe. Eu não devia nem ter contado essa historia para você.

–Não se preocupe... Eu não contarei a ninguém.

–Eu preciso ir... Me desculpe, de verdade Alessa. –Dominic andou até a janela, detendo-se para olhá-la ainda sobre a cama com lagrimas no rosto. –Por favor não pense que sou indiferente ao seu sentimento, eu também gosto de você é por isso que não quero que nada ruim aconteça com você.

Alessa se levantou em um salto, alcançando-o e abraçando-o.

–Você foi a melhor coisa que me aconteceu... Não pode ficar imaginado que você me colocou em um inferno ou que você só é capaz de me fazer mal, pelo contrario, você me salvou, você me deu um motivo, um motivo pra viver. Eu não aceito, não aceito você dizer isso, dizer que não podemos ficar juntos. –Dominic alisou os cabelos de Alessa depositando um beijo no alto de sua cabeça. –Se não puder me amar, ao menos fique comigo para... para me proteger, você mesmo disse que estou presa nisso. Por favor, não vá embora, agora não.

Dominic assentiu, ele sabia que deveria ir, mas não podia deixá-la naquela maneira, não queria deixá-la.

–Você precisa dormir... –Ele a conduziu delicadamente até a cama.

–Mas eu não quero dormir. Tenho medo que você vá embora... –Ela murmurou.

–Prometo que ficarei aqui o máximo que puder, irei somente depois, agora durma.

Alessa deitou-se na cama e Dominic se sentou ao lado dela, esperando até que ela pegasse no sono, aproveitando para admirar cada pedacinho dela. E ele então começou a se sentir diferente, mais humano, mais fraco e pela primeira vez durante milênios Dominic não se sentia infeliz com isso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aiiii Dominic de fato é o anjo dos meus sonhos kkkkk, Estou me apaixonando por ele e vocês?????



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Saga Entre Anjos e Demônios" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.