Saga Entre Anjos e Demônios escrita por Aless Stemb


Capítulo 6
Capitulo V - Um novo-velho Dominic.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora em postar este capitulo, estive dodói, mas está tudo melhor agora... Segue capitulo fresquinho...



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Cap. V - Um novo-velho Dominic.

“Na minha cabeça só existe você agora

Este mundo cai sobre mim

Neste mundo existe o real e o faz de conta

Isto parece real para mim”

Let me go – 3 Doors Down

Seus dedos brancos e pálidos pressionaram o lápis negro, fazendo leves contornos e rabiscos na folha de papel que outrora estava em branco. Aos poucos seus rabiscos começaram a ganhar formas, ombros, músculos, pernas, braços e então ela parou.

A ponta negra do lápis pousou sobre a folha e ela continuou a encarar seus dedos temendo erguer os olhos, sabendo que agora varias pessoas observavam a espera de uma resposta.

–Eu... eu não consigo! –Murmurou, empurrando para longe de si a prancha de desenho.

–Por favor, querida tente se lembrar... –Alessa ergueu os olhos encarando o rosto preocupado de sua mãe.

–Mas eu não consigo Ok?! Eu estava longe demais, não consegui vê-lo direito! –Ela cruzou os braços em torno de si e viu os dois policiais a sua frente trocarem um rápido olhar.

–Senhorita Stembell... –Murmurou o delegado, descruzando as mãos impacientes e depois de um longo suspiro ele continuou. –Isso está ficando um pouco impossível, a senhorita disse que estava sonhando e que de repente acordou no gramado do internato e seu quarto já estava em chamas... E a senhorita viu um rapaz desconhecido próximo às janelas de acesso daquele patamar... correto?

Alessa abaixou os olhos lembrando-se do garoto de jeans surrado, músculos a mostra e pequeninos pontos de luzes a iluminar as costas, formando a base do que pareceu-lhe asas, sabia que estava deixando algo importante para trás, mas não poderia contar aos policiais e a mais ninguém o que realmente vira.

–Sim... –Murmurou indecisa.

–E a senhorita não conseguiu identificá-lo com essas fotografias? –Alessa tocou o livro do ano aberto em dezenas de fotos de alunos e ex alunos, não reconhecendo as afeições que ela viu tão rapidamente, negou. –Assim a senhorita está tornando o nosso trabalho muito difícil...

–Acho que por hoje já chega! –Alessa se assustou em ver a figura de seu pai, anteriormente tão silenciosa surgir assim.

–Tudo bem... –O delegado se levantou e apanhou o desenho inacabado. –Ficarei com isso, para mais averiguações. Se a senhorita se lembrar de algo, por favor, não deixe de nos avisar. Senhor diretor, podemos conversar?

O diretor saiu da sala deixando Alessa sentada na extensa mesa, sua mãe ao seu lado e seu pai que novamente havia se camuflado nas sombras daquela sala imensa e escura. Ela fitou os raios de Sol que invadiam a janela de vidro e dançavam com suas luzes sobre a mesa escura.

–Acho que já está na nossa hora... –Alessa estendeu os olhos sentindo as mãos quentes de sua mãe tocar-lhe o ombro direito. Acompanhou o desalinho do casaco até encontrar com o par de olhos negros que a fitava com ternura.

Como gostaria de levantar e se atirar naqueles braços quentes e macios, e receber todo carinho possível, se sentia tão sozinha e excluída naquele momento, e sabia que os carinhos de sua mãe seriam um bom remédio naquela ocasião.

E foi exatamente isso que ela fez, levantou-se em um impulso e se atirou nos braços de sua mãe, sem ao menos pensar em seus atos. Nos primeiros segundos Alessa sentiu o corpo tenso de sua mãe, e não era pra menos visto que a garota jamais tivera reação igual a esta, mas depois do susto Ivy, como qualquer outra mãe, envolveu a filha em um abraço terno e afetuoso.

Alessa escondeu seu rosto nos cabelos de sua mãe, apertando-a com força enquanto cerrava os olhos tentando não chorar, as mãos de Ivy acariciavam-lhe os cabelos e afagava as costas da garota, transmitindo-lhe o carinho e a calma que Alessa tanto nescessitava.

–Acalme-se querida, não há nada de ruim nisso!

–Eles acham que eu estou mentindo... –Ivy apertou os ombros da garota puxando-a para que ambas pudessem se olhar. Os olhos de Alessa estavam decaídos, como todo o semblante da garota, e para Ivy, sua filha nunca estivera tão deprimida e frágil, ela jamais vira Alessa assim.

–Não fique assim minha menina... –Ela lhe afagou as bochechas. –Eles não suspeitam de você, só... bem só querem entender o que realmente aconteceu aqui.

–Eles me culpam mãe... Acham que eu coloquei fogo em meu quarto. –Alessa abaixou os olhos sentindo-se ainda mais deprimida. –Acho que... Bem, acho que gostaria de passar um tempo em casa.

Os olhos de Ivy brilharam em resposta, sabia que Alessa não estava feliz ali, e o que ela mais gostaria era poder levar sua menina de volta para casa, Alessa jamais fora assim, embora nunca tivesse um gênio muito fácil e um humor difícil de prever, ela jamais fora tão infeliz, sabia que algo estava acontecendo e como qualquer outra mãe, estava preocupada com isso.

–Ivy... –Murmurou Anthony, a mulher olhou para o marido encostado na parede, como ele podia se manter tão indiferente com o sofrimento da própria filha?

–Que tal fazer suas malas... Acho que o diretor não se importará de que fique conosco por alguns dias... –Alessa suspirou mais tranqüila.

–De maneira alguma! –Protelou seu pai. –Alessa permanecerá no internato...

–Mas querido...

–Não Ivy, este é o castigo que demos a ela, não voltaremos atrás, Alessa é uma garota forte, não há motivos para interrompemos seus estudos assim...

–Anthony Stembell... –Iniciou a mulher, mas antes que a briga começasse Alessa deu um passo para trás desvencilhando-se dos braços de sua mãe.

–Ele tem razão mãe... No fim de semana eu irei, não há motivos para se preocupar, são apenas mais três dias. –Ivy encarou-a preocupada. –Além do mais estou perto das provas, e ainda não estou tão bem em algumas matérias... Tenho muito que fazer aqui!

–Tem certeza? –Murmurou sua mãe com os olhos negros piedosos, Alessa abaixou seu rosto tendo que respirar mais de uma vez para conter o bolo em sua garganta, e só então assentiu.

Os braços de sua mãe a puxaram novamente para um abraço, ela afundou o rosto nos ombros de Ivy apertando-a com força e então a soltou.

–Voltarei para buscá-la no fim de semana.

Alessa permaneceu intacta, em pé no meio da sala espaçosa do diretor, ouviu o baque da porta quando eles saíram, e teve de se segurar para não correr atrás deles e berrar pedindo perdão e implorar para que a levassem daquele inferno.

O diretor entrou na sala, e só então deu permissão para que Alessa pudesse voltar para suas aulas. Ela apanhou sua mochila, e quando abriu a porta, deparou-se com os dois policiais, e os olhos amedrontados de Zoe.

–Alessa? –Zoe encarou-a com seus imensos olhos cor de mel e então encarou os dois policiais. –Eles conversaram com você também?

–Senhorita... –Chamou o diretor referindo-se a Zoe. Alessa passou por ela com os olhos baixos evitando encará-la.

...

–O amor de ambos se desenvolveu pelo seu péssimo gênio. Há escritores diferenciados que construíram personagens de gênios difíceis e que o amor entre eles eram firmados com base nisso. Jane Austin, como esses outros escritores, criou dois personagens diferentes, mas ligados por seus gênios, o que mais tarde levaram ao amor. Um amor forte e incontrolável... O amor duradouro. – A senhora Pestle voltou ao centro de sua mesa e apanhou o seu exemplar do livro. –“Eu teria perdoado a sua vaidade, se ela não tivesse ferido a minha”, exclamou Elizabeth referindo-se a Darcy... Este é o primeiro sinal que a personagem principal deu sobre seu amor, a opinião dele importava a ela, e ela o queria por perto, mesmo que isso os levasse a diversas discussões e brigas... Era isso que os prendiam um ao outro.

–Desculpe... –Murmurou Dominic. Alessa sobressaltou-se, estava tão envolta em suas preocupações e suas angustias que nem ao menos havia se dado conta da presença do garoto.

–Por favor, Dominic... –Ela abaixou os olhos. –Não está sendo um dia muito fácil...

–È por isso que estou pedindo desculpas... –Alessa encarou-o, ele olhava para a senhora Pestle, o Sol da manha banhava-lhe o rosto, seus olhos verdes brilhavam por de trás dos cabelos negros. –Eu não tenho o direito de fazer esse lugar se tornar ainda pior para você, sei que não está sendo fácil e reconheço que tenho tornado tudo ainda pior para você.

Ele cruzou as mãos apoiando-as em seu queixo. Alessa encarava-o espantada, nunca imaginou presenciar uma cena na qual Dominic Weiss pedisse desculpas ou ao menos reconhecesse o quanto ele conseguia ser irritante e desagradável.

–Senhorita Stembell... Gostaria de nos tecer algum comentário? –Alessa voltou-se assustada para a senhora Pestle, não percebera que olhava o garoto fixamente.

–Não senhora...

–Então querida, por favor, preste atenção em mim. –A senhora Pestle abaixou os olhos para o livro em suas mãos e tornou a ler mais alguns trechos.

Isso é um blefe... Só pode ser”, pensou Alessa, estava fora de cogitação que Dominic pudesse pedir desculpas por algo, ele com toda sua pose arrogante, só queria atormentar a garota, era isso que ela acreditava.

–Não seja ridículo... –Murmurou ela e sentiu que Dominic agora a encarava. –Você não é tão importante assim...

–Não entendo... Achei que...

–Achou errado... –Alessa o encarou, dando o máximo de si em ser arrogante e indiferente ao mesmo tempo, algo que ela sabia muito bem fazer. –Eu estudei em cinco instituições diferentes, fui expulsa de todas elas porque fiz coisas que deixaram outros zangados comigo, a cada vez que mudei de escola havia novos olhares julgadores, novas pessoas tentando fazer com que eu me sentisse arrasada, aqui não é diferente Dominic, as pessoas não gostam de mim, e quando digo isso me refiro ao todo. O fato de você ser arrogante e imprevisível não me fere, nem se quer altera meu humor, meu mundo não deixa de girar só porque você acordou de mau humor, o que você pensa ou deixa de pensar ao meu respeito não me interessa, e sua opinião para mim é insignificante.

Suas bochechas queimava e seu coração batia em um ritmo acelerado, havia tanto tempo que ela queria dizer aquilo, e a hora havia chegado. Ambos continuaram a se encararem em silencio por longos segundos, olhos fixos e poses desmoronadas, ninguém ali conseguia ser arrogante ou indiferente. Ambos se importavam.

–“Você enfeitiçou meu corpo e minha alma, eu te amo, eu te amo, eu te amo...” E foi nesse momento que suas almas se condenaram ao amor eterno, estavam ligados para sempre... –Concluiu a senhora Pestle e no exato momento o sinal ressoou, fazendo Alessa e Dominic saírem de seu transe.

Dominic apanhou suas coisas, sem se importar em guardá-las devidamente saiu irrompendo pela sala e desapareceu, Alessa suspirou exausta, quando foi que ela se cansara? No momento que aqueles olhos verdes a encarava como se fosse capaz de sorver todo seu espírito?

Foi quase que parecido com levar um choque de adrenalina, ela disse coisas que havia imaginado não o que realmente sentia. Ela se importava com ele, se importava com a sua opinião, mais do que já se importou com qualquer outra pessoa. E isso a assustava, Alessa nunca havia sentido aquilo antes.

–Onde está a Zoe? –Alessa se assustou em ver Trevor andando ao seu lado.

–A ultima vez que eu a vi ela estava a caminho da sala do diretor...

–Ah então eles quiseram conversar com ela também...

–Conversar com ela? –Alessa se deteve olhando-o.

–È, os policiais... como fomos os primeiros a encontrá-la, eles queriam saber como foi...

–Eles conversaram com você também?

–Sim, sabe perguntas bobas como onde estava e o que eu estava fazendo, como percebi que estava tento um incêndio... coisas assim! –Trevor passava as mãos sobre os cabelos chocolates bagunçando-os, e ficava visível a qualquer um que ele escondia algo a mais.

–O que mais eles perguntaram...

–Nada Alessa... Não precisa se preocupar...

–Deixe-me adivinhar... Eles perguntaram se você viu alguém de diferente no colégio e lhe mostrou os livros do ano?

–Eles perguntaram sobre o garoto que você disse ver... como eu disse que não vi nada eles não precisaram me mostrar o livro do ano. –Alessa passou a mão nervosa sobre sua testa sentindo um terrível enjoou.

–Eles não acreditam em mim, acham que eu sou a culpada pelo incêndio.

–Alessa, é claro que não! –Trevor segurou-lhe pelos ombros, obrigando-a a olhar.

–Ninguém acredita em mim Trevor, parece que somente eu vi aquele garoto, isso é ridículo, as pessoas já suspeitam que sou a causadora do acidente com Ashley e agora acham que eu causei um incêndio, se antes já me acusavam de assassina e criminosa agora então...

–Hei, olhe para mim! –Trevor segurou-lhe o queixo obrigando-a a encará-lo. –Ninguém está lhe acusando de absolutamente nada.

–Eu não queria ter metido vocês nisso. São meus únicos amigos nesse lugar...

–Eu e Zoe acreditamos em você... Somos seus amigos e estamos ao seu lado. –Trevor puxou-a para si abraçando-a, algo que fez Alessa se sentir ainda mais incomoda. –Vamos almoçar, tenho certeza que agorinha nosso pequeno radar nos encontrará.

Trevor estava certo, mal haviam entrado no refeitório quando Zoe os encontrou, e toda a historia do incêndio fora esquecida, até mesmo a angustia e os problemas de Alessa foram deixados para trás, afinal era impossível não sorrir ao ver as constantes brigas de Trevor e Zoe.

–Então Alessa... O que vai fazer no fim de semana? –Interrogou Zoe.

–Irei para casa, acho que vai ser bom ficar por lá.

–E a festa de hallowen?

–Zoe ainda estamos há duas semanas...

–Esqueci de que ela é nova por ai... Conte a ela Trevor. –Trevor sorriu, abandonando seu pãozinho e olhando para Alessa cruzou as mãos de maneira formal.

–Todos os anos o comitê do colégio organiza as festas de Hallowen, o comitê é formado por dois grupos, Annabelle e as garotas que andam com ela e Zoe e quem mais ela escolher, esse comitê divide as organizações de bailes e entre outras coisas...

–E esse ano o Hallowen é meu! Céus como você é lento Trevor... –Trevor gargalhou fazendo caretas a Zoe. –È claro que eu preciso de ajudas, e vocês dois vão me ajudar...

–Você enlouqueceu? Eu não tenho imaginação fértil como a das garotas...

–Eu não disse que você irá nos ajudar a planejar, irá nos ajudar em carregar as coisas, precisamos de músculos e não cérebros... Até mesmo que sabemos que cérebro não é seu forte!

Trevor fez mais uma careta só que desta vez foi Zoe quem gargalhou.

–Não sei Zoe... Preciso ir para casa esse fim de semana, prometi para minha mãe...

–Não aceito desculpas, mas caso isso seja verdadeiro prometo que passaremos por lá, afinal o comitê tem créditos para ir e voltar durante o fim de semana, na hora que bem entendermos. Por favor, prometo que vamos nos divertir.

Zoe havia passado o seu braço no de Alessa e agora sorria-lhe com aquela carinha de derreter corações. A garota revirou os olhos, não queria ceder, mas era impossível para ela contraria pessoas que se mostravam tão amigáveis.

–Tudo bem... –Disse ela por fim e sorrindo ao ver a empolgação de Zoe que gargalhava batendo palmas.

–Agora falta só você concordar Trevor... –Zoe se inclinou sobre a mesa para se aproximar do garoto, e apertando-lhe a ponta do nariz para irritá-lo continuou. –Vai, por favor...

–Eu tenho escolhas? –Disse ele emburrado. Alessa e Zoe trocaram um rápido olhar e então gargalharam.

–Ficaremos assim, pensem em alguma coisa e então me contem, daí a gente chega num acordo sobre a decoração e tema, sabe essas coisas, estou pensando em coisas bem medonhas. –Zoe se ajeitou na cadeira e se inclinou um pouco para frente, e sinalizou para que Alessa e Dominic fizessem o mesmo. –Eu estive pensando em montarmos no meio do jardim a cena da Valerie Edgar, o que acham?

–Cena da Valerie? –Alessa juntou as sobrancelhas sem entender muita coisa.

–Sabe, aquela que ela se mata na fogueira... –Alessa assentiu e Zoe revirou os olhos, e pois a continuar. –Imagina só se abríssemos o baile de Hallowen com um sacrifício, um ano da morte sacrificando Valerie...

–A idéia é legal, só precisamos encontrar a pessoa ideal para fazer a Valerie e o anjo.

–Trevor tem razão, acho que nem todos vão querer fazer algo tão horripilante.

–Ai que você se engana Valerie nós já temos, resta só encontrarmos o anjo da morte...

–Quem? –Perguntou Alessa, Zoe sorriu e continuou a encará-la, a garota, sem nada entender voltou seu olhar para Trevor que também sorria encarando-a. –Não vocês não...

–Você é igualzinha a ela! –Disse Zoe em admiração.

–Não Zoe, eu concordo em te ajudar com a organização, mas participar dela não tem nada a ver com isso...

...

–Eu não disse... –Zoe deu um sorriso e se afastou de Alessa, a garota estava de pé examinando o imenso quadro na parede. –São idênticas.

Alessa nada disse, havia negado o convite de ser Valerie o máximo que pode, o dia todo fugiu de Zoe, sem muito sucesso, até que a amiga conseguiu de fato convencê-la. E para provar de que estava certa, conduziu-a até a biblioteca, onde se encontravam neste exato momento.

Alessa não tinha palavras para descrever, era quase que como se ver em outras afeições. O quadro era antigo, e nele a figura de Valerie e Edgar estava estampada. A mulher em seus trajes antigos, seu olhar estava levemente inclinado para baixo, como se em sua vergonha ela evitasse fitar outros, suas bochechas coravam pela pele extremamente branca e a cascata de cabelos negros escorriam por seus ombros, na mesma cor estavam seus olhos gentis.

–È como se você estivesse pintada em um quadro... –Murmurou Trevor.

–Nós não... não... Deixe para lá... –Alessa se aproximou ainda mais do quadro observando a mulher, de fato eram idênticas. –Vamos sair daqui... por favor.

Zoe e Trevor concordaram e juntamente com Alessa abandonaram a biblioteca passando por corredores e saindo para a sala de convivência onde vários alunos aproveitavam a noite.

–Então, vai ou não ser a Valerie Edgar?

–Eu já concordei... fazer o que? –Disse Alessa, a garota caminhou até algumas poltronas vazias e ali se acomodou tentando se recuperar da surpresa.

–Temos que decidir algumas coisas, coisas como se vai ser a fantasia, temos que fazer os cartazes e programar coisas como as musicas, bebidas e comidas.

–Zoe, os cartazes tem que ser coloridos com letras chamativas e a festa fica ainda melhor se apenas os monstros se fantasiassem.

–Talvez teremos que chamar mais pessoas... para fazer os zumbis ou coisas assim... Pensei que o sacrifício da Valerie pode ser no crepúsculo... o que acham?

–Acho que vocês dois estão empolgados demais... –Murmurou Alessa apoiando sua cabeça no encosto da cadeira e suspirando. –Ainda nem sabemos se o diretor vai deixar que eu participe.

–Ah isso deixa comigo, tenho certeza que ele não vai se importar. –Garantiu Zoe. –Bem continuando com o assunto do sacrifício eu imaginei em montarmos uma fogueira falsa e então Valerie em um ritual se mata atirando-se na fogueira... Então um anjo vem e leva ela embora...

–Acho que seria melhor fazermos como se o anjo a conduzisse até a fogueira. –Disse Trevor.

–Daí após o sacrifício, vários zumbis aparecem em torno das pessoas para assustá-las... Podemos fazer coisas como sangue falso, bruxas e vampiros...

–Vocês estão me deixando enjoada... –Comentou Alessa observando a conversa de Trevor e Zoe. –Minha imaginação é fértil demais e se concordarem comigo, nós acabamos de jantar.

–Não seja fresca Alessa... Imagine só todo aquele gramado cheio de sangue...

Alessa fez uma careta e atirou em Zoe a almofada sorrindo. A conversa sobre a organização da festa continuou animada, e a distração de Zoe e Trevor era tanta que nem deram conta de quando Alessa se levantou e caminhou até a imensa vidraça na outra extremidade daquela sala.

Era uma noite surpreendentemente quente, não era para ser assim visto que estavam em meados do final de Outubro, quando o outono começava a fundir-se com o inverno. Mas ao contrário do que todos poderiam prever, o céu negro cintilava com pequenos e brilhantes pontinhos. E acima de tudo podia-se ver um fino arco que Alessa distinguiu como sendo a lua.

Era uma noite bela, seria também tranqüila e maravilhosa se Alessa ainda não estivesse preocupada com todas as coisas que já haviam acontecido com ela. Tivera um ótimo dia com Zoe e Trevor, de fato eles eram bons amigos, fizeram com que ela se sentisse bem melhor e se esquece em parte dos problemas que a rodeava. Mas não eram capazes de operar um milagre na vida da garota.

E todas aquelas sensações ruins e agonizantes pareciam querer voltar a toda para ela. Sentia seu peito esmagar por motivos desconhecidos, estava novamente terrivelmente depressiva.

Olhou rapidamente sobre seus ombros vendo os poucos jovens reunidos ali, absortos em suas conversas e brincadeiras, inclusive Trevor e Zoe. Suspirou e contornando a sala por um ponto quase que imperceptível ela mergulhou para a escuridão do lado de fora.

Ali nos jardins do internato tudo era silencioso, um vento fresco assoprava balançando algumas mechas de seus cabelos, trazendo certo alivio naquela noite abafada. Alessa cruzou os braços em torno de si e desceu os pequenos degraus da entrada, e caminhou em direção ao canteiro de rosas murchas.

Pisava cautelosamente por entre as rosas secas e folhas. Então avistou um pequeno banco de pedras em meio as faias gigantescas, caminhou por ali, sorvendo o ar com rapidez suficientemente grande para conter suas lagrimas.

Sentou-se ali e levantou seus olhos observando mais uma vez o céu negro, as estrelas brilhantes e o fino arco cintilante. Apertou os braços em torno de si com a mesma rapidez e força com que cerrava os olhos.

–Está mais calma? –Uma voz ressoou e quando ela abriu os olhos Dominic estava parado em sua frente.

–Não... eu não acredito. –Ela bateu as mãos com força no banco deixando evidente sua irritação. –O que você quer agora?

–Acalme-se está bem... –Dominic pousou as mãos anteriormente juntas ao corpo dentro dos bolsos de seu jeans e caminhou tranquilamente para se sentar ao lado da garota. Alessa revirou os olhos, mas não protelou com a atitude do garoto. –Você me disse algo, e gostaria de ter a chance de me explicar...

–Não quero perder o meu tempo conversando com você, foi um dia longo, uma semana difícil e te ouvir trás a sensação que se tornará ainda pior.

–Não estou aqui para brigar, como eu disse pela manha eu quero pedir desculpas por estar tornando sua adaptação a esse lugar. –Alessa fez menção de se levantar, mas Dominic segurou-lhe o braço, detendo-a. -Você disse que minha opinião não faz diferença, e acredito em você... você também disse que em todos os lugares que você esteve haviam pessoas que tentavam fazer com que você se sentisse arrasada, não quero ser mais um... Estou cansado de me meter em problemas e ser odiado...

Dominic a soltou, mas Alessa não saiu do lugar, ficou ali sentada ao lado do garoto petrificada encarando-o. Ele tinha a cabeça erguida e olhava para as estrelas sobre sua cabeça, seus cabelos negros e lisos se misturavam com a escuridão e seus olhos verdes assumiam um tom escuro contrastando com o branco pálido de sua pele.

–Existe algo que eu jamais contei a ninguém... –Murmurou ele, falando tão baixo que Alessa teve que se inclinar para ouvi-lo. –Houve um tempo em que as coisas eram diferentes para mim, um tempo em que eu conseguia fazer tudo certo... Mas então por um único erro, por um único momento e por uma única decisão tudo mudou. De uma pessoa admirada por seus atos eu passei a ser detestado, e isso tudo está tão impregnado em mim que não importa onde eu vou, não importa com que eu esteja, eu nunca consigo ser aceito, eu nunca consigo fazer as coisas certas.

–Parece que não somos tão diferentes assim... –Murmurou Alessa.

–Você não sabe... não sabe como é ser rejeitado... –Dominic sorriu, um riso amargurado, um sorrido doloroso, algo que fez Alessa se compadecer dele.

–Disseram que você é órfão... –Murmurou ela encarado seus pés.

–Digamos que renegado seja a palavra mais adequada... Mas não é um assunto do qual eu me sinta à vontade em conversar.

–Desculpe... –Murmurou ela, e então Alessa sentiu algo quente tocar-lhe a mão, e quando abaixou seus olhos, reconheceu os dedos de Dominic sobre os seus.

–Você é uma garota divertida, educada, legal... digamos que apenas com um gênio meio difícil e um humor imprevisível. –Dominic a encarava e quando disse isso sorriu, um sorriso de canto que fez todo o corpo de Alessa estremecer. –Quando eu te vi... bem, eu pensei, esta é uma garota interessante, não posso ser ignorado por ela...

–Foi então que você decidiu ser grosseiro... –Ambos sorriram e Alessa teve, mais uma vez, que abaixar os olhos para não ser pega de surpresa por aquele sorriso hipnotizante.

–È, mas não se esqueça de que foi você que esbarrou em mim primeiro.

Alessa abaixou os olhos sentindo suas bochechas corarem.

–Com respeito a isso, por favor me desculpe, Zoe fala demais, e para meu primeiro dia eu precisava me refugiar dela e... –O sorriso nos lábios de Alessa desapareceu. –Bem dos olhares julgadores.

–Você se refere ao acidente? –Alessa suspirou e revirou os olhos.

–Ótimo, até você sabe sobre isso... Vamos diga o que ouviu e eu digo se é verdade ou não.

–Tudo bem vamos lá, antes de tudo quero deixar claro de que eu como rejeitado nunca sou informado de nada... Bem ouvi nos corredores de que estava chegando uma aluna nova e que ela estava vindo porque havia matado uma pessoa... –Dominic sorriu ao ver Alessa ficar vermelha e revirar os olhos. –Relaxa, esse tipo de fofoca é bem a cara da Annabelle, além do mais ninguém acredita no que ela diz.

–Mas isso não impediu de que as pessoas me olhassem com a cara feia... –Alessa arregalou os olhos e sacudiu as mãos dando ênfase na repulsa que fora recebida no internato.

–Acho que você tem razão não somos tão diferentes assim... –Ambos sorriram. –Eu estava certo... Você é mesmo uma boa pessoa. –Dominic estava serio novamente, olhando para Alessa daquela maneira que fazia com que seu coração disparasse.

Ele observava as reações diferentes que ela tinha, as bochechas que coravam a cada vez que ele diz algo, o quanto ela insistia em desviar seu olhar a cada vez que ele fixava o dele, e a maneira como ela prendia a respiração e seu coração batia de maneira acelerada quando ele sorri. Eram reações desconhecidas, reação que ele não entendia embora já tivesse observado varias vezes nos humanos.

Mas ele estava ciente de que suas reações também não eram nada comum. Neste exato momento sua consciência gritava para que ele desse meia volta e fosse embora, sem falar na ardência em suas costas, e a vontade louca de suas asas de se libertarem. Por que ele se sentia assim? Anjos não têm sentimentos, mesmo sendo ele um renegado. Mas se era assim, que sensações eram essas?

Ela sorriu mais uma vez, e Dominic caiu em si de que a encarava sem nada dizer, mas o que dizer naquela hora? Ele parecia olhá-la pela primeira vez, seu sorriso branco e perfeito, sua pele, seu cheiro doce, seus imensos e espertos olhos negros... O conjunto todo formava a humana mais bela que Dominic vira em toda sua existência.

–Se aqui é tão ruim assim, por que não vai embora? –Perguntou Dominic desviando seu olhar, na vã tentativa de amenizar aquelas estranhas sensações.

–O problema não está no lugar... Está em mim. –Alessa suspirou, enchendo seus pulmões com o máximo de ar possível. –Já se sentiu deslocado? Como se lugar algum lhe pertencesse?

Dominic sorriu, fora assim para ele durante milênios, e ainda é.

–Preciso saber quem eu sou... Talvez mudar algumas coisas em mim...

–Não faça isso Alessa... Nunca mude nada em você pelas pessoas, e daí que elas não nos aceitam como somos, essa é a opinião delas, e algum dia, talvez você venha a encontrar alguém para você, alguém que te transborde! –Dominic sorriu. –Você não me parece alguém que viveria infeliz para ver a felicidade de outros, você buscaria a sua, mesmo que isso levasse muito tempo.

–Você fala como se me conhecesse há muito tempo.

–Talvez porque me vejo a cada vez que olho dentro de seus olhos. –Dominic desviou seu olhar daquelas duas pedras de ônix que o fitava encantadas, o que ele estava fazendo? Aquilo estava errado. –Estranho, nunca imaginei que fosse dizer algo assim, pensei que jamais existiria alguém capaz de sentir o que eu sinto...

–Como você mesmo disse talvez sejamos mais parecidos do que imaginamos... –Uma brisa soprou trazendo até Alessa o cheiro doce de Dominic e como na noite da biblioteca ela teve vontade de estar nos braços dele novamente.

–Nós não somos iguais Alessa... –Dominic franziu as sobrancelhas e apertou os lábios em uma linha rígida, como se estivesse tendo que suportar uma dor imensa. –Nunca se compare comigo... Você não é assim, não fez coisas tão ruins quanto eu... Nunca haverá um ser tão repugnante quanto eu...

–Não fale assim... –Alessa se moveu rapidamente, quebrando o espaço que havia entre eles e se aproximando o bastante para assustar Dominic, que a encarou imediatamente, ela sorriu segurando-lhe a mão, o sorriso mais belo que Dominic vira. –Lembra que eu disse que fiz coisas que deixaram outros zangados? Não duvide, pois já magoei muitos, e fiz coisas tão horríveis... –Ela empinou o nariz e sorriu mais uma vez. –Então não acredito que seja tão ruim quanto eu...

Dominic gargalhou, ela parecia uma criança, uma criança inocente e indefesa.

–Tudo bem, não competiremos mais sobre as maldades!

–Hei Alessa... –Alessa levantou os olhos e viu Zoe e Trevor parados na escada da entrada.

–Parece que o radarzinho da Zoe apitou... –Ela sorriu acenando para que Zoe e Trevor fossem até ela.

–Hipocrisia sua acreditar em amizades assim... –Murmurou ele.

–Hipocrisia? Zoe e Trevor foram às únicas pessoas amigáveis comigo... Viu, quando digo que foram somente os dois isso exclui você da minha lista... –Ela sorriu.

–Aprenda a conviver com isso! –Dominic se levantou bruscamente e se afastou antes que Trevor e Zoe chegassem ao local, deixando Alessa confusa.

–O que aquele imbecil queria? –Perguntou Trevor unindo as sobrancelhas e cruzando os braços junto ao corpo.

Não era somente ele que estava nervoso com aquela situação, o péssimo humor de Alessa havia retornado, e dessa vez mais intenso, ela fitou as costas de Dominic Weiss enquanto ele partia.

–Ser imbecil como sempre! –Respondeu.


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Notas finais do capítulo

Coitadinha da Alessa, quando está começando a se dar bem com o Dominic, ele fica malvadinho de novo... Ahhhhh fiquei felizerrima em ver q a fic já tem 4 seguidores... Pena que vcs ainda não comentaram o que estão achando... plisss turminha deixem suas opiniões.



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