- Hey, Katie! - Naquela semana, ela e o Stoll eram amigos, quem diria na semana seguinte? A relação dos dois era estranha, cheia de brigas, conversas amigáveis e beijos roubados. Uma confusão.

- Oi, Travis. - Ela sorriu simples voltando a regar as plantas.

- Sabe, eu estava pensando, há quanto tempo nos conhecemos? - Ele apoiou-se na mureta da varanda e sentou-se, balançando os pés como uma criança, apesar de já ter orgulhosos dezoito anos.

- Eu fiquei no chalé de Hermes por um tempo quando cheguei aqui. - Respondeu dando de ombros. - Mas não tem uma data específica.

- Deveria. - Ele resmugnou.

- O quê? - Ela perguntou por não ter ouvido claramente.

- Deveríamos ter uma data específica. - Ele respondeu. - Sabe, tentar descobrir quando você entrou. - Ela encarou-o erguendo uma sobrancelha.

- Qual o sentido nisso? - Agora ela deixou de lado o regador e cruzou os braços fitando-o. - Onde você quer chegar?

- Quando é seu aniversário, Katie? - Essa pergunta pegou-a de surpresa. Ela não sabia. Fugiu de casa muito cedo e não se lembrava da data exatada, tinha memórias de bolos e risadas, mas não sabia quando era exatamente seu aniversário.

- Você sabe a resposta. - Ela não gostava de falar sobre isso, as festas no acampamento eram sempre as mais divertidas, quase festas olimpianas, e ela nunca era a anfitriã.

- Justamente! Eu nunca te dei um presente de aniversário! - Ele desceu da mureta e começou a se remexer como fazia quando tinha uma ideia. - Precisamos fazer uma festa, você está nesse acampamento há éons e não teve nenhuma festa. - Ela sabia disso, mas não ligava, gostava de ajudar a organizar as festas ao invés de comemorar.

- Travis, agradeço a boa intenção, mas eu não sei mesmo quando é meu aniversário. - Katie entra no chalé para guardar seus equipamentos de jardinagem.
- Por isso perguntei quando você entrou, podemos fazer uma festa a partir daí! - Ele iria começar a dar pulinhos. - Quíron deve ter um registro ou alguma coisa, ele tem boa memória!
- Por que quer tanto me dar uma festa, Stoll? O que temos tanto pra comemorar? - Ela suspirou arrumando sua cama. Estavam descumprindo uma regra, de campistas de sexos e pais olimpianos diferentes sozinhos no chalé, mas não era a primeira vez. Travis vivia fazendo isso, invadindo seu chalé e começando a falar, de vez em quando até mesmo beijava-a.
- Eu não quero dar umafesta,quero dar umpresente!- Ele respondeu.
-Quepresente?
- Você vai gostar! - Agora ele estava realmente dando pulinhos.
- E por que precisa de uma data especial? Só me dê logo! - Ela imaginava que fosse alguma coisa roubada com uma pegadinha que o fizesse rir um monte e deixá-la zangada, mas no fundo queria que fosse um beijo.
- Mas se eu não tiver um motivo pra te dar, vão suspeitar! Não é como se eu saísse por aí distribuindo presentes! - Para ele esse pensamente fazia total lógica.
- Não seja estúpido, Stoll, ninguém precisa saber. - Ela ficou magoada ao ver que ele não queria que "suspeitassem" seja lá do que.
- Olhe só, Gardner disposta a ter segredinhos comigo... - Katie sentiu seu rosto avermelhar extratosféricamente.
- Saia daqui! - Ela berrou furiosa. Ficava zangada muito quando estava perto dele.
- Não ganho um beijinho de despedida? - Provocou.
- Stoll, se você não... - Foi interrompida com os lábios do garoto chocando-se contra os seus. Ela não protestou, fechou os olhos e permitiu-se abrir os lábios e desfrutar melhor da sensação de tê-lo tão perto. Abriu os olhos um pouco e viu que ele estava beijando-a de olhos fechados enquanto segurava sua cintura com os braços enlaçados ao redor do quadril da outra.
Rapidamente ela fechou os olhos e apertou seus dedos nos cabelos do outro. O beijo durou mais do que ela pôde contar, e depois que acabou ela só conseguia saber que ele estava sorrindo pela curva da boca ainda pressionada na sua, já que não tivera coragem de abrir os olhos. Seus braços agora estava entre os dois, apoiados no peito do garoto, enquanto esse fazia círculos com os dedos na pele da cintura por baixo da camiseta dela.
- Eu adoro quando você fica brava e depois me beija assim. - Katie enterrou o rosto corado na curva do pescoço dele, apertando sua camiseta com os dedos enquanto ele ria. Ele aproveitou isso para beijar a pele abaixo do lóbulo dela.
- Você vai tirar sarro de mim pra sempre. - Ela murmurou contra o ombro dele.
- Isso quer dizer que você quer ficar perto de mim pra sempre, Gardner? - Ele sempre conseguia fazer esse jogos de palavras com o que ela dizia, terrivelmente irritante.
- Eu te odeio. - Ela resmungou fazendo-o rir.
- Até quando eu faço isso? - Beijou o seu pescoço, deixando-a arrepiada. - Ou isso? - Sugou seu lóbulo fazendo-a suspirar. - Quem sabe isso? - Puxou-a mais forte contra si e Katie não tinha conhecimento de uma parte de seu corpo que não estivesse em contato com o dele.
- Você é insuportável.
- E você não me larga. - Ele concluiu com um riso e então ela notou que ainda segurava firmemente sua camiseta e tinha torcido-a e com a cabeça enterrada no ombro dele absorvendo seu perfume. - Vamos fazer assim, - ele murmurou enquanto passava o nariz para cima e para baixo no pescoço da filha de Deméter. - eu vou pedir para Quíron a data, montar toda uma festa e enquanto isso você vai preparando um agradecimento pra mim por ter armado uma festa surpresa incrível. - Ele beijou o pescoço dela e ela sentiu suas pernas fraquejarem, Travis tinha esse efeito sobre ela.
- Você é um arrogante, metido e prepotente. - Ela disse batendo em seu peito tentando se soltar. Em vão.
- Uhum. - Ele disse depois de rir. - Vamos ver se você continua achando isso depois da sua festa. - Deu-lhe um último beijo rápido antes de sair com um sorriso irônico, não sem uma última provocação. - Prepare um ótimo agradecimento, Gardner. - Piscou para ela e bateu a porta antes de ser atingido pelo travesseiro que ela jogou. Katie jogou-se na cama bufando e tocou levemente os lábios, mordendo-os para conter um sorriso.
Travis podia ser metido, arrogante, prepotente, irritante e insuportável. Mas uma coisa que elenãoera, é odiado.