Vivendo e Investigando escrita por Kirol Benson


Capítulo 2
Descartando Opções ...




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Sherlock ficou na sala, com o rosto vidrado na parede e as mãos atrás da cabeça. Imaginar o que se passava com Watson estava desviando a sua concentração, coisa que não o agradava nem um pouco. Recostou-se no sofá e esticou as pernas, estava extremamente cansado, passara a noite trabalhando num caso difícil. Mas nada tirava a sua disposição para uma nova empreitada, a não ser o fato de sua parceira estar doente. Balançou a cabeça, tentou afastar os pensamentos ruis, mas seu instinto pessimista o impedia de pensar em alguma coisa que não fosse grave. Imaginou que seria bom se ele fosse vê-la, verificar se ela estava bem, se precisava de algo. Subiu as escadas devagar, não queria incomodá-la. Abriu a porta e deu de cara com ela, deitada na cama, enrolada em seu edredom branco, dormindo serenamente. Ele se aproximou, sentou-se no chão, de frente para o seu rosto e ficou admirando os traços orientais. Nunca havia reparado em Watson, nunca havia parado para perceber quão bonita ela era. Seus olhos pequenos, seu rosto triangular e seu sorriso bonito. Abraçou as pernas contra o peito e pousou o rosto sobre os joelhos. Definitivamente ela era linda, parecia uma princesa, uma daquelas de contos de fadas japoneses, ou dos mangás. Sorriu levemente quando ela se moveu, imaginou como seria sua reação se o visse ali, olhando-a. Suspirou... a ideia de que ela estava sofrendo de algum mal o perturbava de tal modo, que ele tinha medo até mesmo de assustá-la com suas loucuras. Levantou-se devagar, suspendeu o edredom até os ombros dela e, bem de leve, acariciou-lhe o rosto. Sherlock, pela primeira vez desde Irene, estava realmente amando alguém que não fosse ele mesmo. Mas estava confuso, não sabia se estava apaixonado por ela, ou apenas preocupado pelo seu estado. Talvez os dois, mas ainda não sabia distinguir paixão de amor e vise versa. Passou para o outro lado da cama e deitou-se devagar, queria ficar ali, velando o sono da parceira, até que ela acordasse e estivesse totalmente recuperada. Cruzou as mãos sobre o peito e passou a olhar o teto. Watson se moveu, sua cabeça foi deitar-se no ombro de Sherlock e, como estivesse acostumada ao seu cheiro, repousou o rosto sobre seu peito e sua mão em torno das dele. Não se mexeu, parecia não notar o corpo estranho em sua cama. Sherlock teve medo de acordá-la e permaneceu na mesma posição. A tarde estava chegando e logo a noite começaria a dar sinais. O clima estava perfeito para romance, para dormir agarrado, para sentir o aconchego do amor. Mas Sherlock estava longe de querer romantismo, o que ele queria era contato, corpo a corpo. Algo que só conseguiria com o consentimento de Watson, que no memento estava tão inconsciente, que mal notou sua presença em sua cama. Sherlock tocou levemente o braço de Watson, acariciou de leve a pele macia, ela não se mexeu. Depois a abraçou por completo, deixando que as pernas dela enlaçassem sua cintura. Não conseguia crer que estava nessa situação, completamente abraçado a ela. Ficou tão excitado, que mal percebeu quando Watson balbuciou um nome perto do seu ouvido.

–Mycroft... – Sherlock aguçou os ouvidos e finalmente entendeu porque Watson não havia se incomodado com sua presença na cama, ela achava que era seu irmão.- Mycroft, é você?

Sem saber o que fazer, ele preferiu não responder e continuou abraçado a ela. Talvez ela soltasse algo enquanto dormia, assim ele poderia descobrir o motivo do desmaio.

–Mycr...-Watson despertou, levantou a cabeça de leve e ao deparar-se com Sherlock quase caiu da cama, assustou-se. –Que diabos está fazendo aqui, Sherlock? Porque está me agarrando desse jeito?

–Tecnicamente, cara Watson, foi você quem me agarrou...Eu apenas consenti, levando em consideração o fato de que você estava dormindo, não quis acordá-la.- Com a serenidade de sempre, ele sentou-se na cama.- Não se preocupe, não me aproveitei de você durante o sono, não tenho talento para necrofilia, ainda que ache fascinante.

–Sherlock ...-Watson corou.-Saia daí, sai do meu quarto.

–Antes, quero saber algo, Watson ...

– O que?

–Você anda passeando pela cama do meu irmão ainda?

–Isso não te interessa ...

–Claro que interessa, considerando que ele é meu irmão e você é minha parceira, qualquer coisa que possa acontecer entre vocês é de minha inteira conta.

–Já disse, não te interessa ...

–Você chamou o nome dele enquanto me envolvia em seus....tentáculos

–Seu cheiro é parecido com o dele ...-Watson estava confusa, não sabia exatamente se estava com raiva de Sherlock, ou estava fascinada pelo fato dele ter estado em seus braços por alguns segundos.

–Só isso?- Sherlock levantou levemente a sobrancelha ...

–Só, agora pode sair do meu quarto, por favor ...

–Eu só queria saber do seu estado ...

–Estou bem, agradeço a preocupação, mas gostaria de ficar sozinha ...

–Mais uma coisa ...

–Em seus encontros íntimos com meu irmão, você preocupou-se com a proteção?

–O que? Sherlock, não tratarei sobre esses assuntos com você, por favor ...

–Se está fugindo da resposta, só posso concluir que a resposta é não ...

–Conclua o que quiser ...

–Watson, não poderei mantê-la aqui se estiver carregando um filho do meu irmão ...Não posso colocar a vida de uma criança em risco, você está ciente dos riscos que corremos ....-Sherlock mantinha-se calmo, estava tentando jogar verde para colher maduro. Se sua teoria fosse verdadeira, Watson reagiria de alguma forma, o que confirmaria suas suspeitas.

–Não estou grávida, Sherlock...

–Você desmaiou...

–O que não quer dizer nada, afinal, posso ter tido uma queda de pressão...

– Tem certeza?

–Absoluta...Não que você mereça saber, mas seu irmão não pode ter filhos ...-Sherlock olhou Watson nos olhos, então suas suspeitas estavam erradas. Não estava certo se deveria comemorar ou lamentar, afinal, se não era gravidez, só poderia ser qualquer outra doença, talvez grave.

–Ainda assim, ficarei mais tranquilo se você procurar um médico. Ainda que não esteja grávida, pode estar doente, não posso contar com sua ajuda se estiver doente, Watson...

–Não se preocupe, quando eu achar que devo procurar um médico, eu irei.


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