Sob o Brilho da Lua escrita por Bia Kishi
Notas iniciais do capítulo
Ali, naquele pedaço de mundo eu tinha o amor do homem que eu amava, e o pequeno ser que crescia dentro de mim me lembrava isso á todo momento. Ali, nos braços de Damon eu tinha toda a sedução daquele oceano verde, no qual eu queria me afogar, para sempre.
Não tenho idéia de quanto tempo eu fiquei ali, abraçando Lucan; só percebi que era bastante quando Damon se manifestou.
- Tire as mãos da minha mulher vampiro!
- Tudo bem Damon – Miguel disse – Aillyn não imagina o quanto Lucan esperou por este encontro.
Os olhos de Lucan eram indecifráveis, fitando meu corpo do cabelo aos pés.
O vampiro assentiu devagar. Suas mãos fortes tocando meu rosto. Era como se o vampiro quisesse guardar um pouco de mim dentro dos seus olhos.
- Quem é você? Eu perguntei o mais doce que pude.
- Eu disse. Me chamo Lucan.
Então eu perguntei novamente.
- E quem é você, vampiro Lucan?
- Ele é seu irmão, Aillyn. Lucan é seu irmão – a voz da minha mãe quebrou o silêncio de Lucan.
Lenore correu até nós dois e colocou os braços sobre nós, abraçando os dois de uma só vez.
- Tanto tempo! Tanto tempo eu esperei por isso. Séculos.
A voz da minha mãe estava embargada pelas lágrimas.
Eu não sabia se entendia ou não tudo aquilo, mas eu sentia. O pouco do anjo que ainda existia em mim conseguia sentir a veracidade das palavras da minha mãe. Meu irmão. Lucan não me soltou um só momento. Suas mãos ainda estavam em minhas costas, aproximando nossos corpos o máximo que conseguia. Era como se ele tivesse medo de me soltar e tudo ser um sonho.
Alaric entrou na caverna. Os olhos perdidos em nós três. As mãos cruzadas sobre o peito.
- Então é mesmo verdade? – Damon perguntou.
- Por mais difícil que possa parecer.
- Ultimamente, não ando duvidando de mais nada.
- Nem eu.
Lucan deslizou as mãos até meus braços e segurou minha mão. Seus olhos ainda estavam focados nos meus.
- Eu esperei muito Aillyn. Esperei muito para conhecer você.
Uma lágrima quente escorreu dos meus olhos e Lucan a secou com os dedos.
- Eu nunca mais vou permitir que você chore.
Miguel se aproximou, passando o braço sobre os ombros de minha mãe.
- Enfim, minha amada Lenore, tudo terminou bem.
- Sim meu senhor – minha mãe respondeu – graças á você.
- Só fiz o que era justo.
Minha mãe recostou a cabeça no peito de Miguel – agora eu entendia. Entendia o amor dos dois. Entendia o quanto era puro e sincero. O quanto minha mãe merecia a admiração de Miguel. O quanto ela o amava. Não tinha nada á ver com meu pai, ou com o tipo de amor que eu e Damon tínhamos. Era diferente. Algo como eu e Matt, só que maior. Um amor de milênios.
- Você sempre faz mais Miguel. Sempre faz mais do que deveria. Sempre faz mais do que poderia.
Miguel sorriu.
- Eu os amo como se fossem meus, Lenore.
Eu sorri para Miguel.
- Bem, minha missão com este clã está no fim. Concertei os erros do passado. Devolvi o que era de direito. Os libertei das mentiras.
Miguel estendeu as mãos para Alaric.
- Alaric, meu fiel amigo.
Meu pai caminhou até ele e segurou sua mão.
- Eu lhe devolvo a mulher que você ama. A mulher que o ama. Espero que possam recuperar o tempo que aquele demônio roubou de vocês. Sei que Lenore aprendeu suas lições e você, Alaric, aprendeu as suas.
Depois, Miguel olhou para Damon. Damon desviou os olhos nos meus.
- Não sei o que dizer de você, meu caro vampiro. Espero que Aillyn o ensine a resgatar o homem que ainda mora aí dentro. Sei que o amor pode mudar as pessoas.
- E você, minha filha – as lágrimas pareciam uma cachoeira em meus olhos – sabe o quanto eu a amo.
Eu não resisti. Corri para o abraço do meu outro pai. Miguel havia sido por tanto tempo meu pai, que seria assim para sempre. Hoje ele havia me provado que estaria sempre comigo, e que eu sempre poderia contar com ele.
- Eu nunca vou abandonar você, minha filha. Estarei sempre ali, sempre á espreita, esperando que você me permita fazer parte da sua vida.
Suas mãos procuraram por minha barriga e assim que Miguel tocou, meu bebê se movimentou lá dentro.
- Cuide bem deste presente. Ensine-o á amar. Mostre o amor e a esperança. Seu filho simboliza a vitória do bem sobre o mal Aillyn – Miguel sinalizou para Damon e colocou sua mão sobre a minha.
- Proteja-o Damon. Ensine-o.
Damon assentiu.
- Você Lucan, meu amado filho. Seu coração é incorruptível, e por isso, vou lhe dar um presente.
Miguel abriu os braços e segurou a lança em direção á Lucan – um arrepio gelado atravessou minha espinha, e eu toquei minha marca. Medo. O mesmo medo que eu pude ver nos olhos de Alaric.
Lucan permaneceu parado. Os braços estendidos ao longo do corpo. Calmo. Tranqüilo. Seus olhos eram a tradução da paz.
A lança tocou a cabeça de Lucan e tudo se iluminou. Um clarão tão grande que eu não pude permanecer com os olhos abertos. A luz era tão forte que Damon gemeu. Estendi minhas asas, protegendo-o da luz. Luz celestial.
Minha mãe era a única que conseguia sorrir.
Gradualmente, meus olhos foram se acostumando á luz, e eu vi. Vi as asas, brancas como neve, estenderem-se ao longo do corpo forte de Lucan. Um anjo. Miguel o havia convertido em anjo.
- Como? – eu não resisti á pergunta.
Miguel sorriu.
- Sempre curiosa. Vampiros são anjos caídos, minha doce Ayllin. A bondade de Lucan o levou de volta para sua casa.
Lucan sorriu.
Epílogo
Já fazia alguns meses que Lucan havia ido morar em minha antiga casa. Minhas irmãs, obviamente, haviam adorado a idéia de trocar uma anjinha folgada por um “super anjo, louro, forte e com cara de mal”. As coisas lentamente entravam nos eixos aqui na terra. Essa era a minha casa agora.
Stefan, meu grande amigo estava feliz, protegido de todas as maldades de Katherin. Sim Katherin havia deixado de existir. Lucan havia terminado o serviço.
Minha barriga estava imensa e parecia que explodiria á qualquer momento. E explodiria mesmo.
Sentei-me mais uma vez no bordo da janela, em frente ao carvalho – eu me sentia tão em casa ali, era meu lugar especial e eu queria compartilha-lo com meu bebê. Fiquei ali, acariciando minha barriga com as mãos, brincando com ela. Conversando com ela.
O dia se foi lentamente, trazendo a noite estrelada – agora eu não olhava mais a noite da mesma maneira – minha mãe não estava mais ali, olhando por mim á distância. Ela estava aqui em baixo, na casa ao lado, olhando por mim de perto. Cuidando de mim.
Fechei meus olhos e senti os aromas da noite. Tantos. Mas um em especial assaltou meu olfato em um único golpe – Damon. Meu monstro.
Ele se aproximou e me aproçou, passando as mãos sobre a protuberância do meu ventre.
- Sentiu saudades do papai? – ele perguntou ao ser que crescia ali.
Como se pudesse responder, minha barriga se moveu.
- Acho que isto responde sua pergunta, não é “papai” – eu brinquei.
Damon sorriu e seus olhos eram como o oceano – profundos e sedutores – eu queria me afogar neles.
- Não acredito que ainda pensa em coisas deste tipo, Damon Salvatore! Olhe o tamanho da minha barriga!
Damon não respondeu minha pergunta, seus olhos eram fixos nos meus, como correntes.
- Eu te amo Aillyn.
Eu o beijei.
Damon passou os braços por baixo das minhas pernas e me ergueu no colo, levando-me até a cama.
- Acho que isto responde sua pergunta, “mamãe” – Damon brincou.
Naquele quarto, naquela cama, naquele pedaço de mundo, eu tinha tudo que poderia querer. Tinha o amor das pessoas que eu amava, a segurança dos braços de meu pai e minha mãe. O conforto de Stefan. A proteção dos meus anjos, Miguel, Matt, e Lucan. E principalmente algo que eu nunca havia procurado. Algo que eu pensava nem mesmo existir. Ali, naquele pedaço de mundo eu tinha o amor do homem que eu amava, e o pequeno ser que crescia dentro de mim me lembrava isso á todo momento. Ali, nos braços de Damon eu tinha toda a sedução daquele oceano verde, no qual eu queria me afogar, para sempre.
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