Sob o Brilho da Lua escrita por Bia Kishi


Capítulo 17
Capítulo 17 - Reencontros


Notas iniciais do capítulo

Suas mãos percorreram meu corpo até a bainha do vestido, eu sentia suas mãos queimando minha pele, suavemente. Damon o deixou cair no chão, em alguns segundos. Agora, minha pele estava toda exposta, sobre a dele. Damon me puxou mais, segurando minha cintura com uma mão e puxando minha nuca para sua boca com a outra.
— Eu te quero. Eu te quero agora.



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Eu não me lembrava da última vez em que tive uma noite de sono tão agradável. Provavelmente, porque eu “nunca” tinha tido uma. Anjos não precisam necessariamente dormir, mas precisam de descanso, coisa que eu não tinha á algum tempo. Desde que toda esta loucura Damon – Alaric – Matt, começou, dormir parecia impossível.

Sentei na poltrona, ao lado de Alaric e deixei minha cabeça cair para trás.

-           É acho que agora preciso enfrentar o mundo real.

            Alaric sorriu.

-           Você está falando do seu namorado vampiro?

-           Ele não é mais meu namorado.

            Eu tentei não parecer melodramática, mas acho que não funcionou muito porque quando eu encontrei os olhos de Alaric, percebi a pena que ele sentia – eu já mencionei que odeio que sintam pena de mim? Pois é, eu odeio! Mesmo odiando, eu sorri para Alaric, afinal, ele não tinha culpa, eu é que era idiota.

            Eu levantei a cabeça e dei uma ajeitada no cabelo.

-           Eu vou superar isso.

            Eu queria convencer mais a mim mesma do que Alaric. Damon não era página virada na minha vida, ao contrário.

-           Acho que você deveria dar uma chance a ele.

            Espera, eu ouvi direito? Ele realmente achava que eu deveria dar uma chance a Damon? Depois de tudo? Eu realmente não entendo os homens.

-           Damon é um imbecil!

            No fundo, eu não pensava realmente isso, mas eu sabia que precisava me convencer disso, seria mais fácil assim.

            Eu esperava que Alaric concordasse comigo, afinal, o cara havia tido uma crise de ciúmes bem na frente dele, mas não foi o que aconteceu. As palavras que saíram em seguida, fizeram com que eu acreditasse que os problemas estavam apenas começando.

            Alaric colocou a mão sobre a minha e suspirou – o que indicava problemas à vista.

-           Não. Ele não é.

            Eu arregalei os olhos e olhei para ele totalmente pasma. Eu não tinha idéia do que ele queria dizer. Alaric sorriu, entendo minhas dúvidas.

-           Só dê uma chance a ele, meu amor. Nem sempre ele está no controle.

            Eu continuei olhando com aquela cara de “Hey, que tipo de loucura você está dizendo?” mas eu não disse nada. Alaric também não falou mais nada. O estranho é que apesar de eu conhecer Alaric á pouquíssimo tempo, as palavras dele me deixaram mais tranqüilas.

            Quando eu entrei no BMW meu coração estava tranqüilo e sereno. Estranho, mas eu me sentia segura depois da conversa com ele. Ele havia me passado a certeza de que alguém sempre me salvaria de tudo. Bem, de algumas coisas eu não queria ser salva, mas tudo bem.

            Dirigi em um ritmo normal pelas ruas de Fells Church, eu queria organizar meus pensamentos antes de encontrar Damon.

            Entrei na pensão e fui direto para o meu quarto. Stefan não estava em casa, o que significou um banho de quinze minutos e em vinte, eu já estava no BMW novamente.

            Saí da pensão e parei no velho cemitério. Eu precisava pensar um pouco. Organizar as idéias. Não queria que ninguém me interrompesse.

            Depois de pensar por algum tempo, eu resolvi andar um pouco. Eu gostava daquele lugar escuro e deserto, talvez porque ele me lembrasse Damon, ou talvez porque me lembrasse a mim mesma. Eu tirei os sapatos e andei descalço pelas folhas secas, ouvindo o estalar delas. O chão estava úmido e frio. Bem ao fundo, havia uma antiga capela, talvez uma cripta. Eu andei até ela.

            Quando entrei na cripta, não pude deixar de puxar o ar com toda a força dos meus pulmões – o lugar todo cheirava á Damon. Era como se ele estivesse lá. Tão bom, tão forte. Eu não resisti, entrei mais. 

            O lugar estava um pouco escuro, ainda mais agora, que a tarde estava começando a cair. Era frio e úmido, por causa do mármore e totalmente deserto. Não havia tumulo ali, talvez fosse mesmo uma capela abandonada porque havia um pequeno altar. Nada de crucifixos ou imagens sacras, apenas algumas velas apagadas. Eu peguei uma caixa de fósforos que estava ao lado, e as acendi. A luz crepitante e quente me lembrava ainda mais meu monstro favorito. Eu me sentei no pequeno altar e deixei meus pensamentos voarem. Longe, onde eu poderia estar com ele.

            Eu não sei em que parte do pensamento eu adormeci, mas o fato é que eu estava sonhando com ele. Seu corpo quente junto ao meu. Sua boca em minha pele. Eu podia sentir. Podia sentir o arrepio que o calor de Damon produzia em minha pele fria. Eu o chamei mais, em meus sonhos. Damon! Damon! – eu quase podia me ouvir chamando.

            Em alguma parte dos sonhos, ou delírios, sei lá, eu perdi a noção do real e do imaginário. Eu o sentia tão próximo que eu quase podia tocar. E então, eu toquei.

-           Damon! – eu sussurrei.

-           Eu estou aqui.

            Meus olhos permaneceram fechados, eu não precisava abrir para saber o que iria encontrar. Minhas mãos estavam em seu corpo, quente e forte.

            Damon não disse nada mais, nem eu perguntei. Eu o amava e nada mais importava. Nada, além de tê-lo comigo novamente.

            Eu escorreguei minhas mãos em seu peito, enquanto Damon tirava a camiseta e me puxava para si. Eu colei meu corpo no dele. Uma perna de cada lado do seu corpo. Damon me beijou, docemente primeiro, até que não era suficiente. Sua boca sugava a minha como se tivesse fome. Sua língua explorando, chupando, seus dentes mordendo. Eu estava sem ar.

            Ele desceu a boca em minha pele, enquanto gemidos de prazer escapavam da minha boca. Eu não conseguia me concentrar em nenhum pensamento que não fosse ele.

-           Damon – minha boca sussurrava entre gemidos.

-           Minha. Minha – Damon repetia em minha pele.

            Suas mãos percorreram meu corpo até a bainha do vestido, eu sentia suas mãos queimando minha pele, suavemente. Damon o deixou cair no chão, em alguns segundos. Agora, minha pele estava toda exposta, sobre a dele. Damon me puxou mais, segurando minha cintura com uma mão e puxando minha nuca para sua boca com a outra.

 -          Eu te quero. Eu te quero agora.

            Não era um pedido. Ele não estava me pedindo, ele estava reclamando o seu direito. Direito que ele sabia que tinha. Direito que meu corpo dava a ele. Eu suspirei profundamente, prendendo minhas pernas ao redor da cintura dele, e sussurrei em seu ouvido.

-           Faça amor comigo, Damon.

            Ele me beijou intensamente. Suas mãos deslizando em minhas costas.

            Damon pegou a jaqueta de couro e estendeu sobre o mármore, me deitando nela. Seu corpo sobre o meu, encaixado em mim. Eu o queria mais, mais perto. Enquanto eu o puxava para mim, Damon sussurrou:

-           Tem certeza? Tem certeza do que quer?

-           Sim – eu sussurrei, enquanto minhas mãos soltavam os botões da sua calça.

            Em alguns instantes, o corpo dele pesou sobre o meu. Quente e forte. Damon deslizou a mão em minha coxa e a puxou, encaixando seu corpo entre minhas pernas. Eu apertei meus dedos em suas costas, gemendo mais. Damon beijou minha boca, meu pescoço e desceu. Desceu beijando meus seios, minha barriga. Eu engoli um gemido.

-           Linda. Linda. Linda – ele repetiu entre dentes. Suas presas se alargando de desejo.

Eu podia sentir o fogo em seus olhos. Seus olhos esmeralda que agora, eram negros e profundos. Eu segurei o rosto de Damon em minhas mãos.

-           Não. Eu não quero que me veja assim – ele virou o rosto.

-           Eu te amo, Damon Salvatore. Não me importo com isso. Eu quero você, como você é. Me faça sua.

            Damon suspirou, gemendo de prazer enquanto eu puxava sua cintura contra a minha.

            Movimentos lentos e suaves, enquanto sua carne se fundia na minha.

-           Mais. Eu te quero mais – eu sussurrei com minha boca na sua.

            Damon me puxou em seu colo, enquanto me amava. Suas mãos, sua boca, sua pele. Nada era o suficiente, eu me sentia consumida em paixão e desejo. Como se o mundo fosse acabar e eu necessitasse de tudo naquela hora.

            Quando despertei, a capela estava mais escura e fria. Meu corpo enrolado no dele, enquanto Damon deslizava os dedos em meus cabelos. Ele sorriu.

-           Eu te amo, meu amor. Eu te amo.

            Enterrei meu rosto em seu peito, sentindo seu cheiro ainda mais.

-           Eu também.

            Muitas coisas precisavam ser explicadas e eu sabia disso. Sabia também que quem precisava explicar primeiro era eu, embora Damon tivesse sua parcela de culpa. A história com Alaric era estranha e totalmente incomum. Eu não podia cobrar dele que achasse normal me ver abraçando um cara que eu mesma mal conhecia.

            Eu suspirei fundo – não seria um assunto fácil.

-           Damon, precisamos conversar.

            Seus doces olhos esmeralda focados totalmente nos meus. Damon tinha um poder anormal sobre mim, eu o amava tanto.

            Ele soltou meu cabelo e segurou meu queixo entre suas mãos.

-           Não importa. Nada importa.

-           Damon. Alaric, ele...

            Eu o interrompi. Eu precisava dizer que ele era meu pai.

-           Eu sei.

-           Sabe?

            Damon sorriu mais.

-           Matt me contou.

            Por um instante, eu pensei em Matt. Pensei em como ele era importante para mim. Pensei em como ele era necessário. Meu anjo da guarda. Quem diria que um anjo precisaria de um anjo da guarda! Estranho, não é? Mas eu precisava de um. Ou melhor, eu precisava do meu, meu anjo Matt.

            Damon interrompeu meus pensamentos, quando continuou.

-           Matt me contou tudo. Me contou sobre Katherin – ele parou por um momento e seus olhos se perderam – eu não sabia que ela estava viva.

            Um arrepio gelado passou por minha coluna.

-           Isso faz alguma diferença? Quero dizer, entre nós?

            Eu estava completamente apavorada com isso. Só o que me faltava era uma morta-viva poderosa e totalmente sem noção se colocando no meu caminho. Além disso, Katherin tinha sido responsável por tudo de ruim que eu sofri, eu não poderia perder Damon para ela.

-           É claro que não.

            Damon me beijou e sorriu, puxando meu corpo para o seu novamente.

-           Eu te amo Ayllin, nada vai mudar isso.

-           Nem Katherin?

-           Nem Katherin.

            Ele continuou me beijando. Mais e mais e suas mãos começaram a percorrer meu corpo novamente, quando uma risada estridente e esganiçada nos interrompeu.

-           Comovente!

            Eu gelei.

-           Tão romântico que seja a ser comovente.

            O corpo de Damon se retesou, enquanto suas mãos se fechavam em punho. Ele se levantou, colocando-se em minha defesa, quando a figura saiu das sombras. Eu não podia acreditar. Era Elena! Ou era como se fosse, sei lá. O fato é que era exatamente igual á Elena. Se seus olhos não fossem tão vazios e frios e diria que era mesmo a garota de Stefan.

            Katherin se materializou em nossa frente. Damon jogou a camiseta preta para mim, enquanto fechava o zíper da calça jeans. Eu estava totalmente paralisada. Não tinha idéia de como agir. Eu me levantei e abracei Damon. Eu não sabia se queria protegê-lo, ou se esperava que ele protegesse a mim.

            Katherin andou em nossa volta, com um sorrisinho zombador nos lábios, enquanto analisava nosso cenário de amor.

-           Damon, meu querido, você costumava ser mais criativo comigo.

            Eu podia sentir o veneno se formando em minha boca, quando seus olhos focaram os de Damon. Eu queria voar na garganta dela. Eu teria feito, se Damon não tivesse me segurado.

-           Eu não me lembro de termos pedido companhia Katherin, o que significa que você não é bem vinda aqui – Damon quase rosnou para ela.

            Ela caminhou com as mãos na cintura, como se fosse dona do lugar.

-           Vivemos em um país livre, Damon Salvatore, você deveria saber disso, já que é advogado – ela fez uma cara debochada – ah espere! Você não é advogado, você não voltou para a faculdade. Por que mesmo? Espere, eu vou me lembrar. Isso! Me lembrei! Porque você se apaixonou por mim.

-           Eu engoli sem seco.

-           Não Katherin. Eu não voltei para a faculdade porque eu morri. Eu não voltei para a faculdade, porque você me matou.

-           Você deveria me agradecer. Afinal, é por minha causa que está mocinha esta aí com você.

            Ela olhou para mim e eu quis – ainda mais – voar na garganta dela. Okay, eu não tenho presas, mas eu poderia rasgar a garganta dela no dente!

            Katherin continuou.

-           E você Ayllin, eu imaginava um cenário melhor. Ter a primeira noite de amor em uma capela abandonada, no meio de um cemitério, é tão sem graça – ela soltou outra risada esganiçada – pelo menos a companhia, você escolheu bem. Eu posso dizer isto de experiência.

            Bem, e quem disse que as coisas não podem piorar? Com certeza alguém que não conhece a história da minha vida!

            Kahterin continuou andando em nossa volta, entre as sombras, como se fosse um espírito. Ela olhava diretamente em meus olhos.

-           Você se tornou uma mulher muito bonita, Ayllin. Você se parece muito com seu pai. É realmente uma pena que ele tenha valores morais tão altos. Nós dois poderíamos ser grandes parceiros.

-           Não fale dele!

            Eu quase não podia me controlar. Katherin riu ainda mais alto.

-           Ao que vejo, você se parece mais com ele do que eu gostaria. Do que nós gostaríamos, não é Lenore?

            E então meu mundo caiu.

            Uma figura vestida de negro saiu das sombras e meu coração disparou. Lenore! Eu sabia exatamente de quem se tratava. Por muito tempo eu sonhei em ver aquele rosto. Por muito tempo eu desejei que alguém chamasse aquele nome. Agora, tudo que eu sentia era tristeza. Tristeza e raiva e medo. Lenore! Aquele nome ecoou em minha mente por uma única razão, aquele era o nome dela. Minha mãe.


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