O Deus Sem Nome e o Deus Perdido escrita por Luiza


Capítulo 2
Encontros, reencontros e voos internacionais


Notas iniciais do capítulo

O segundo! Está meio chatinho, mas o próximo eu garanto que vocês vão gostar.

Boa leitura!

~Lu



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Coloquei a mala no suporte do trem, largando-me no assento velho e desbotado logo em seguida. Eu estava cansada, e tinha todo o direito de estar: fora o ano mais cansativo da minha vida! Tenho certeza de que nunca havia estudado tanto nesses quatro anos em Hogwarts, ou mesmo nos anteriores, e também nunca tinha sentido tanta falta de casa. É claro que eu ia passar Natal e Ano Novo com meus pais, mas eu queria ficar lá! Dormir na minha cama, comer com eles, passar mais tempo com minha irmã. Mas assim eu os colocaria em perigo, e prefiro ficar com saudades a causar algum mal a eles.

Irelia e Nick adentraram o vagão rindo, de mãos dadas. O último ano fora muito bom para ambos, e eu estava extremamente feliz por eles. Se é que era possível, todos nós havíamos ficado ainda mais próximos depois que eu os submeti ao mundo aterrorizante de deuses e monstros, o que é estranho, uma vez que pensei que fossem ou me odiar, ou achar que sou problemática – o que é uma meia-verdade.

— Como vão voltar ao Acampamento esse ano, Rosalinda? — perguntou Irelia passando o braço direito por meu ombro.

—Não tenho certeza. — respondi — Mas não é de avião e, provavelmente, não vamos no Carro do Sol.

Constance sorriu.

— É uma pena, eu queria ver seu pai outra vez.

Nós, meninas, rimos.

— Acho que você não quer que eu mencione isso para o seu namoradinho.

— Aliás, — disse Will — você não explicou isso direito. Acho que estamos todos curiosos para saber como isso aconteceu.

Ela ponderou se deveria, ou não, nos contar o que havia acontecido, uma vez que ela foi passar as festas com a família, totalmente solteira, e retornou comprometida.

— Tudo bem! Vocês ganharam. — cedeu a garota — Fui passar o feriado em Nova York, e...

— Espera, ­— interrompi — foi para a minha cidade e nem me contou?

— Calada, Melrose, estou tentando contar uma história aqui. Como eu estava dizendo antes de ser rudemente interrompida, eu estive em Nova York com meus pais, mas vocês sabem como eles são, não sabem? Minha mãe trabalhou todos os dias na filial americana da McCormac’s, e meu pai recebia cartas e telefonemas de trabalho toda hora. Eu tinha que me divertir de alguma forma, então fui conhecer a cidade sozinha. Esbarrei com o Jake por lá.

— E com “esbarrar”, você quer dizer “agarrar”? — caçoou Will.

— Não! Acho que ele e uns outros campistas estavam levando o carregamento de morangos de um restaurante, ou algo assim. Fomos tomar um café, e ele disse que Quíron levaria um pessoal do Acampamento para ver a noite de Ano Novo na Times Square. Foi um beijo de virada de ano, achei que não tinha significado nada para ele. Mas então as cartas começaram a chegar...

— Só um minuto — pediu Nick. Vi que Constance começara a ficar irritada com as constantes interrupções — Como ele tinha o endereço de Hogwarts?

— O Tanner vive mandando cartas para a Rose, é claro que ele sabia. Continuando: Nos vimos mais algumas vezes durante o ano. Sabe, pó de flu pode ser bem útil quando se namora a distância. É só isso, nada de mais.

— “Nada de mais”. — repetiu Will, meio sorridente — Isso é o que a Rose diz quando perguntam sobre ela e o Tan: “Não é nada de mais”, mas todos sabemos que é.

—Cale a boca, William! — exclamei, corando fortemente— Eu digo isso porque não é nada de mais.

__________

A viagem não me pareceu longa, provavelmente porque eu estava na companhia de alguns de meus melhores amigos, por isso o tempo voou. Aliás, voou tanto que até nos esquecemos de tirar os trajes do colégio.

Assim que o trem parou, algo martelou dentro de meu peito. Ah, sim, era meu coração. Não sei por que, mas tive uma sensação esquisita, um nervosismo, mas que se misturava à ansiedade de rever meus amigos no Acampamento. Sim, eu sabia que ainda teria que chegar aos Estados Unidos para vê-los, mas mesmo assim...

— Rose? — chamou Will, sacudindo sua mão pálida na frente de meu rosto e tirando-me de minha mente — Vamos?

Eu assenti com a cabeça, abrindo um sorriso, o qual ele retribuiu. Pegamos nossa bagagem e deixamos o vagão, nos juntando ao amontoado de pessoas que tentavam sair para alcançar a plataforma.

Nós cinco atravessamos o portal praticamente juntos, e meu rosto iluminou-se de felicidade quando avistei meus pais e minha irmã à minha espera. Minha mãe, Lauren, largou a mãozinha de Serena, correndo para me abraçar. Cada vez que eu a via, ela parecia um pouco mais velha. Lembro-me que, há dois anos atrás, quando eu ainda não havia me envolvido com o mundo dos deuses, ela parecia tão jovial, segura, com uma convicção tão grande de que nada poderia dar errado... Mas deu, e muito, e agora ela não podia ter certeza de que sua filha voltaria viva para casa no final de cada verão. Talvez por isso as rugas e cabelos brancos tenham começado a aparecer.

Richard pegou a menina no colo e também veio até mim, passando-a para minha mãe para me abraçar.

—Eu estava com saudades, filha.

Ele podia não ser meu pai biológico, mas me criou, acompanhou meu crescimento, e eu o amava como tal.

Meus pais cumprimentaram meus amigos, enquanto eu pegava minha irmãzinha no colo para dar uma olhada nela. Havia crescido desde a última vez que eu a vira. Ela não era nada parecida comigo, tinha olhos e cabelos escuros e lisos e um rosto angelical. Já falava a maioria das palavras e sorria para tudo e para todos. Eu estava feliz que ela houvesse nascido. Se o pior acontecesse, eles não ficariam tão arrasados.

Eu acho que realmente mudei muito no último ano. Desde quando sou tão sentimental?

Depois de uma série de despedidas e promessas de cartas, cada um de nós foi para um canto, meu coração ribombando mais uma vez.

— Como vamos até lá, Lauren? — questionou Will enquanto fazia graças para Serena, que ria sem parar.

Minha mãe tirou sua bolsa Dior do ombro e, lá de dentro, puxou duas vassouras e um daqueles suportes para bebês que se amarra nos ombros.

— Rosie, espero que tenha a sua vassoura aí. — disse ela — Acha que pode fazer isso?

Assenti. Eu aprendi que, se posso enfrentar monstros e deuses sem tremer de medo, teria de superar essa fobia ridícula de alturas, então trabalhei nisso durante o ano.

Richard e minha mãe montaram suas respectivas vassouras, e eu montei a minha, com Will junto. Nossa bagagem e a gaiola de Íris iam atrás de nós. O Acampamento era tudo em que eu conseguia pensar enquanto cruzávamos o céu milagrosamente azul de Londres.


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Notas finais do capítulo

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