Cartas para você - Cato e Clove escrita por Scoutt


Capítulo 5
Extra - Part 1


Notas iniciais do capítulo

Fiz uma POV pra Kaela e uma pra Annie, só que ficaram grandes demais pra juntar em uma só, então dividi em dois capítulos



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Pov. Kaela

Eu nasci no distrito 4, atual Atlanta, mesmo com o fim da rebelião eu não quis trocar de distrito, não quis sair desse lugar, fazem dois anos desde que isso aconteceu. Uma família do antigo 2 se mudou para a casa ao lado da minha nova casa, eles eram pais de um dos carreiristas que morreu na arena, eles demoraram um pouco a se enturmar a nova cidade, mas se saíram bem.

Eu tinha só a minha mãe, mas ela passava o dia todo trabalhando, mesmo que não precisássemos mais fazer isso o tempo todo, ela me odiava, se eu não tivesse nascido ela ainda teria família, talvez ainda tivesse meu pai com ela, ao invés de ter a abandonado por eu ter nascido e sido descoberta. Soube que ele morreu na rebelião, vi mamãe chorando ao falar com um amigo dele pelo holo, meu pai não existe mais. Eu me lembro dele, eu tinha 5 ou 6 anos quando o tenente o mandou de volta para o Capitol, ele era um 2, não devia ter se envolvido com uma garota do distrito 4, não tão intimamente a ponto de ter uma filha, os pacificadores só podiam brincar conosco, mas ele se apaixonou e eles me tiveram, mamãe foi expulsa de casa por ter engravidado e começou a viver com ele, não sei seu nome, ela nunca o fala, não vi seu rosto e não consigo mais lembrar dele, mas eu acho que ele se parecia comigo já que não pareço muito com minha mãe, o cabelo claro que ela tem é o oposto do meu escuro e ondulado, minha pele tem um tom mais bronzeado que o seu e eu sorrio fácil, a medida que ela é mais tímida.

Eu passava meu tempo sozinha na nova casa, eu tinha meu quarto, mas ele já tinha se tornado tedioso, então eu passava meu tempo na varanda que dava pra plantação onde bastante gente trabalhava, foi numa dessas tardes tediosa que eu vi a vizinha, ela era loira com grandes olhos verdes meio azuis, a luz mudava a cor deles, ela estava sentada numa cadeira, com um olhar vazio e triste, eu tentei olhar para o outro lado, mas não deu, acabei por levantar e ir até ela.

– Olá. – disse com um sorri hesitante.

–Olá. – a tristeza na voz e no olhar dela era algo que me fazia querer correr.

– Porque você está tão triste? – ela me olhou como se fosse chorar – Desculpe, pergunta idiota. – eu já ia me virar para voltar pra casa quando ela começou a falar.

– Ele era meu único filho, e eu nunca fiz nada como uma mãe de verdade, eu nem sequer disse que o amava quando ele se voluntariou para a arena, eu fui negligente, achei que já que ele treinou tanto ele voltaria bem.

– Er... Sinto muito. – eu não sabia realmente o que falar – Eu perdi meu pai, um ano depois da arena, durante a revolução na 75ª edição, ele era um pacificador.

– Sinto muito.

– Não, tudo bem, eu não o conhecia bem, disseram para ele que ele não podia se casar e se envolver tanto com uma do 4, então ele teve que abandonar minha mãe quando era pequena e voltar para o Capitol.

– Você não deve gostar de pessoas do 2, então, porque esta aqui comigo?

– Porque você está triste, eu não gosto de deixar as pessoas tristes perto de mim, elas irradiam energia ruim, e você morar do meu lado sabe? – pisquei afinal isso era uma coisa idiota de se falar, mas ela sorriu.

– Qual seu nome? O meu é Laura Ec... – ela balançou a cabeça – Schreave.

– Kaela Myers, é um prazer sra Schreave.

– Você deve ter a idade de Cato, quantos anos você tem?

– 16.

– Não, você é um ano mais nova.

***

Faziam dois anos que eu era a criança daquela casa, tia Laurie fazia qualquer coisa por mim, mesmo quando estava no trabalho, mas um dia ela chegou mais cedo, ouvi os barulho na casa ao lado e corri para ver se ela estava bem.

– Tia Laurie? – eu gostava de chamá-la de Laurie, era tão lindo quanto ela. – Tia...

– Ela estava sentada em uma cadeira chorando, seu marido a consolava dizendo coisas tipo ‘Isso é bom, ele está bem. É verdade, você vai vê-lo.’, eu virei para o pacificador já me preparando para uma briga.

– O que você fez com ela seu babaca? – ele me olhou com cara de quem ia rir. Senti alguém me puxando para trás pelos ombros, Sr. Shreave?

– Kaela ela está bem, é só felicidade e choque? – mais hein?

– O quê?

Tia Laurie começou a falar em meio a fungadas: - É Cato Kaela, de alguma forma ele está bem?

Oi? Alguém me atualiza aqui? Sr. Shreave veio ao meu socorro explicar.

– De alguma forma o Capitol tem Cato vivo, e estão o mandando pra cá.

E depois dessa história lá estava eu, abrindo a porta para ver o garoto, ele devia estar cheio de máquinas ligadas à ele e coisa do tipo, ai que eu me engano, só deu tempo de ver uma tempestade loira se aproximando e então eu estava beijando a parede.

– ... e Kaela, o Cato está dormindo e... – Nisso ela parou na frente da porta do meu quarto e olhou e processou e gritou: - Cato! Solte a Kaela!

O idiota me soltou e ergueu as mãos como quem se rende.

– Ninguém mandou essa louca ir entrando no meu quarto do nada, não quero morrer de novo tão cedo, ela deu sorte de eu não ter quebrado algo dela... ou a matado.

Ele enfatizou o ‘de novo’ como se estivesse pronto pra voar em mim e arrancar meu coração fora, coisa que acho bem capaz ele fazer.

– Humft, Sra. Schreave, você deveria ter me dito que ele teria esse gênio ruim, só pra variar. – Sra Schreave, só a chamava assim quando estava com raiva ou chateada, e eu estava com muita raiva da tempestade loira que estava na minha frente, ele quase quebrou meu braço!

– Oh, desculpe Kaela eu só...

Tia Laurie tentava se explicar quando a coisa limpou a garganta para chamar nossa atenção, olhamos para ele.

– Não sei se vocês se importam, mas eu gostaria de me vestir.

Nós olhamos melhor para ele e eu percebi, ele estava só de cueca box, a visão de um deuses grico, ou era beco, malditas histórias antigas manchadas no livros velhos! Ok, ele tinha um corpo.. er... quase tão bom quanto meu ídolo falecido, Finnick Odair! Olhei para sua cara e bufei, virei e sai, Tia Laurie balbuciou um ‘desculpe’ e ele fechou a porta.

Depois de um tempo ele desceu, vestia uma regata preta e bermuda cargo, ui tava sexy. Que é? Eu tenho olhos, e são olhos bons!

Resolvi o provocar pela cena mais cedo, estava sentada no balcão da cozinha comendo uma maçã.

– Olha o ‘garoto-cueca’ que quase arrancou meu braço fora se vestiu.

– Vem cá quem é você?

– A vizinha. – virei à cabeça de lado e sorri enquanto comia.

– Vizinha? Então que tal você ir pra sua casa?

– Não, eu gosto daqui e sua mãe gosta de me ter aqui. – Ele tinha a cara de quem se preparava e se segurava para não me socar ali mesmo, ai meu Deus o provocar era tão divertido!

– Se você não sai, eu saio! Vou procura a Kriss.

– Sua enfermeira saiu, ela foi até o antigo 4. – bem, eu odiava dar recados, mas fazer o que né?

Assim que disse 4 ele virou e pareceu que ia perguntar algo, mas desistiu e voltou pra porta.

– Tô nem aí, to saindo!

– Pra onde, se você não conhece nada? – provoquei, zombando dele mesmo.

– Se você fosse menos Kadela, talvez eu lhe contasse ou chamasse para vir junto! – abri a boca, ui essa doeu, ninguém nunca falou assim comigo, também ninguém fala comigo né.

– Kaela desculpe por ele. – Tia Laurie estava ao meu lado. Sorri e balancei a cabeça.

– Não, tudo bem. Er... eu vou pra casa agora, tem algo que eu tenho que fazer. – mentira! Eu só queria sair dali, aquilo machucou meu orgulho, nem um cara detestável como aquele queria ser meu amigo, sou uma anomalia da natureza mesmo!

Cato, se prepare, você pode até ser bonito, lindo mesmo, mas você mexeu com a pessoa errada!


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Notas finais do capítulo

Ainda hoje eu posto o POV da Annie.