Red Ice Klaroline escrita por Jenniffer, Pedro Crows Nest


Capítulo 3
Capítulo 3 - Firefly


Notas iniciais do capítulo

Tanks por continuarem connosco PÍPOUL!! :))



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Capitulo 3 - Firely

"There's a firefly

Loose tonight

Better catch it

Before it burns this place down

And I lie

If I don't feel so right

But the world looks better

Through your eyes"

(Ed Sheeran)

Eu estava deitada na minha cama, irritada, e necessitada, ouvindo a agitação lá em baixo na sala de convívio. Tinha uma festa da faculdade hoje, tinha todas as semanas, mas essa semana estava sendo particularmente difícil me concentrar nos prazeres mundanos duma festa de estudantes. Tudo me parecia a meio gás, era como se eu estivesse funcionando em alta velocidade, as vezes ficava me policiando tentando entender se eu não estava usando super velocidade em público ou algo assim. Parecia que o mundo estava numa frequência diferente de mim. Era estranho, incomodativo, desconfortável, e não havia nada que eu pudesse fazer para alterar isso. A não ser me livrar da excitação de ordem interplanetária que eu estava sentindo. Tinha duas opções, procurar Klaus para ele terminar o que começou e perder o pingo de moral que eu ainda tinha. Ou descer e transar com todos os caras da festa… e correr o risco de não ser suficiente. As vantagens de ser uma vampira eram incontáveis, incríveis e invejáveis, mas as desvantagens eram directamente proporcionais. Tudo era intensificado. E as vezes mais do que você podia suportar.

Ouvi os saltos de Katherine batendo nos degraus da escada. Eu estava mais sensível para tudo, não só para o quão molhada eu podia ficar cada vez que cochilava e meus sonhos se misturavam com meus pensamentos sobre Klaus…

– Oi. – Ela disse, como se o quarto fosse dela e a presença dela sempre bem-vinda. Katherine tinha uma cara de pau que eu estava pra ver nascer igual. Quer dizer… igual já havia, várias aliás, mas em personalidade, meu deus, como conseguia ser tão BITCH?!

– Oi Katherine. O que vai ser dessa vez? O quarto está cheio e você não pode mais fingir que é a Elena. – Eu respondi com cara de tédio eterno, imitando uma paisagem. Ela levantou a sobrancelha esquerda e fez um biquinho de clarividência. Eu não sabia ao que se devia mas instantaneamente fiquei com medo que ela pudesse ler meus pensamentos sobre Klaus e fiquei erecta na cama, esperando o que ela ia falar com vários níveis de receio se sobrepondo no meu cérebro e me fazendo ficar altamente envergonhada.

– Eu vim procurar a Bonnie. Você está bem Caroline? – Ela perguntou me encarando copiosamente por alguns segundos e segurando meu queixo para focar dentro dos meus olhos.

– Você tem tomado verbena? – Mais uma vez aquele olhar de clarividência, de quem sabe tudo que o mundo esconde e não vai te contar.

– Não. Eu afastei as mãos dela do meu rosto. – Bonnie não está aqui. Ela está em Mystic Falls esse final de semana.

– Você procurou Klaus não foi? – A mera menção ao nome dele já fez meu sangue correr mais depressa. Me senti esquentar rapidamente.

–Porquê? – perguntei num tom duas vezes mais alto e esganiçado que o normal. Com um certo medo da resposta.

– Nada. Isso explicaria muita coisa. Tchau Caroline. – e ela saiu rebolando e com aquela cara de gozação que me irritava profundamente. Como assim explicaria muita coisa? O que ela quis dizer com isso? Aquela vadia maníaca do caralho. Como se o meu desconforto não fosse o suficiente ela ainda vinha encher minha cabeça de abobrinhas inúteis.

Um flash de clareza mental foi o suficiente para entender exactamente o que ela estava pensando. Como eu não pensei isso antes? Não era normal eu me sentir como estava sentindo, eu nunca me senti assim antes. Nem depois de ser vampira. Nem com Tyler. Klaus, aquele filho da puta odioso. ELE ME COMPELIU. Eu ia arrancar os olhos dele várias vezes. Ele ia pagar caro por isso. Muito caro. Eu sequer troquei de roupa. Apenas calcei umas botas e desci as escadas deixando apenas o vento ser prova da minha passagem. A viagem até New Orleans seria longa e torturante, o suficiente para me deixar no ponto para destruir aquele animal. Me compelir. Depois de eu te lo procurado? Isso era um insulto da pior espécie. Eu ia mata lo. Ou pelo menos tentar.

Eu ouvi Hayley falando com meu irmão ao telefone. Eu queria entender como ela podia venera lo tanto em tao pouco tempo de convivência. Era como se ela o conhecesse a mil anos. Ela confiava a vida dela a ele. Pior. A vida do meu filho. Eu tinha tão pouca credibilidade com as pessoas a minha volta, que ninguém confiava em mim para cuidar dos interesses do meu próprio filho. Quem eles achavam que eu era? Meu pai? Que eu iria repetir os erros dele? Eles não viam que eu apenas queria ser o contrário? Eu apenas queria que meu filho não fosse eu? O que pode ser melhor para uma criança do que ser filho da criatura mais poderosa na face da Terra? Poder. Sempre. Quem tem poder tem tudo. Todos os dias da minha vida eu aprendi isso da pior maneira. Minha mãe aceitou suprimir o meu gene de lobo porque não tinha poder para enfrentar meu pai. Eu e meus irmãos fugimos toda a vida, porque não tínhamos poder para enfrentar meu pai. Marcel me entregou seu reinado porque não tinha poder para ir contra mim. E onde estava o amor nesse caminho? Meus irmãos confundem amor com tolerância para idiotices. Eles acham que se você ama alguém você tem que ter as necessidades dessa pessoa antes das suas. Você tem que se anular. Por isso eles vivem em função de mim e acabam sempre se fudendo. Eles me amam e me odeiam em igual medida, e a inteligência deles não permite que eles saiam desse ciclo vicioso. Eu vou ser sempre o centro desse triângulo defeituoso de fraternidade, porque eu sou o único que ouso assumir o que eu quero. Conseguir o que preciso, não importa quem tenha que ir ao chão para que eu possa subir. Ninguém pode me impedir. Nem eles. As suas traições já são um comportamento recorrente. Eu não preciso ser nenhum psicólogo para entender o que eles fazem. Eu não preciso ser nenhum psicólogo para ver que eles estão perdidos. Eu não preciso de nenhum psicólogo para ver que eles não merecem a minha confiança. Eu na realidade nem preciso pensar sobre nada disso. Eu estou exactamente onde eu quero. As custas do meu próprio esforço.

– Você não está digitando Camille. – Eu estava falando a alguns minutos para as paredes.

– Você está se repetindo. Como sempre. Se isso fosse um livro. Eu não leria. – A petulância da Cami era quase engraçada, tendo em conta que ela tinha razão.

– Você está dispensada para cuidar da sua vida Camille. – Eu levantei meu copo, em direcção a ela, fazendo um brinde silencioso à sua saída e ignorando o que quer que ela estava tentando dizer.

– Você está bêbado Klaus. – Hayley resolveu dar o ar da sua graça.

– E daí? – ela olhou para mim com cara de poucos amigos, bufou e saiu chispando batendo a porta. Camille aproveitou a deixa e fez o mesmo. E eu fiquei sozinho. Sozinho não. Com a minha garrafa. A sétima garrafa.

– Um brinde a mim, o maior, o melhor, o invencível, o incomparável. Klaus. – Meu copo foi em direcção a luz da lua. Noutro brinde solitário e com significado confuso que nem eu entendi.

Eu peguei minha garrafa e subi as escadas, iria dormir no meu quarto. Aliás, eu era novamente dono da minha casa depois de séculos. Ninguém podia me tirar isso, ninguém podia estragar a minha vitória. Não essa.

Bateram na porta.

Imaginei que fosse Elijah ou Rebekah com o rabo entre as pernas, ou querendo exigir algo a que não tinham direito e ignorei. Só parei no meu quarto. Tipo poucos minutos de paz até sentir cheiro de queimado. Rebekah. Ela estava pondo fogo na minha casa. E eu dei a única adaga que eu tinha a Elijah. Ela estava pedindo para dormir algumas décadas.

– Klaus. Eu sei que você está aqui!

Caroline? Porque raios Caroline estava colocando fogo na minha casa? Dei meia volta e olhei em direção ao andar que ficava no subsolo.... ela certamente estava lá em baixo com cara de possuída por algum espírito maligno e colocando fogo na minha biblioteca particular. Essa garota estava precisando levar uma coça pela petulância. Quem ela achava que era? Só porque eu era apaixonado por ela ela achava que podia fazer o que queria? Ela ia aprender uma pequena lição hoje. Eu desci as escadas não apenas irritado e bêbado, mas extremamente cansado, ou seja sem nenhuma paciência pra esse tipo de coisa. Eu tinha ligado pra ela várias vezes desde aquela noite em que voltei ao quarto depois de falar com minha irmã e encontrei um bilhete no lugar em que antes ela estava: "Vou ficar devendo essa a Rebekah. Você tem noção do quanto isso seria errado?" Ela nunca atendeu minhas ligações. Eu poderia ter me deslocado rapidamente até onde ela estava e tentar salvar um ou dois livros originais da minha coleção , mas decidir ir andando porque o caminho me daria tempo para pensar num castigo apropriado pra uma garota mimada que brinca com fogo. Literalmente.

– Klaus. – eu soube que iria pagar caro pelo show de pirotecnia assim que o vi entrar pela porta. Os olhos dele estavam laranja. Ele ia me matar. De novo. Filho da puta. Ele veio em direcção a mim, agarrou meu braço com força me chacoalhando antes de falar encarando o fundo dos meus olhos.

– O que você pensa que está fazendo Caroline? – ele quase cuspiu essa pergunta. Eu jurei por momentos que ele ia me compelir de novo para que eu parasse. Para me obrigar a fazer o que ele queria. Ele era um filho da puta sem respeito nenhum. Eu nunca ficaria com alguém assim.

– Você me compeliu seu animal. Eu quero que você retire isso da minha mente imediatamente! – dessa vez quem gritava era eu, quase chorando de ódio, tendo em conta a minha impotência. Onde eu achava que estava indo? Me vingar de Klaus? Como se alguém pudesse realmente se vingar do abominável vampiro das neves. Ele era invencível, e eu sabia disso. O que só me fazia ser uma idiota indo lá e provocando. Ele ia me destruir. Eu tinha a certeza.

Ele colocou as mãos nas minhas têmporas e se concentrou. Eu sabia, sempre soube que ele podia ler pensamentos. O mundo era uma merda, e era extremamente injusto que ele visse todos os meus pensamentos com ele, eu, e ausência de roupas, se não fosse pelo facto de que aquilo também me dava abertura para ver os pensamentos dele. Embora continuasse sendo indigno porque eu só via o que ele me permitia. E ele me mostrou, uma moeda? Era um íman, minúsculo, no meu colar, no meu medalhão. Era um imã de verbena? Sim. Ele tinha colocado uma minúscula conta folheada em metal, cheia de verbena, dentro do meu medalhão. Ele não tinha me compelido, antes pelo contrário, ele tinha garantido que nenhum dos irmãos dele me compelisse. Cuidado? Eu diria que sim. Ele devia achar que eu estava vulnerável por estar com ele, e que os irmãos dele poderiam me usar para conseguir algo. Esse acto por si só demonstrava o quanto ele realmente se importava comigo, e eu estava me sentindo um lixo por ter me deixando induzir pela Katherine de novo. Com certeza aquela vadia fez aquilo de propósito para que eu o procurasse de novo. Teria que me certificar de ficar a par dos planos dela para mim, e porque ela estava tão interessada em me jogar nos braços de Klaus. Depois.

– Klaus. Eu estava errada, eu me deixei levar…

– Eu não quero saber. – ele cortou minha frase no meio, com uma fúria que por momentos eu achei que ele ia me agarrar ali no meio do fogo. Ele pegou o extintor e calmamente disparou na pequena pilha de livros que eu havia começado a queimar. Eu não conseguia indentificar se aquilo nos olhos dele era ódio ou desdém. Ele veio em minha direção, os olhos em fúria, ele todo era fúria nesse momento. Eu fechei os olhos e achei que dessa vez, seja qual fosse o papel que eu tinha na vida dele, não importava mais. Ele vinha furioso em minha direção, eu devia estar louca por que eu achava aquilo sexy...ele poderia me beijar agora e transar em cima da escrivaninha... Mas não, ele apenas chegou muito perto, arrancou o meu colar de uma forma bruta e fez aquilo que eu mais temia…

– Agora entre. Calada.

Eu estava compelida. E como se não fosse suficiente, ele tirou meu anel de dia. Agora eu também estava presa. A mercê dele. Na casa dele. Na cidade dele.

O que ela estava pensando? Ou o que eu estava pensando? "Tem noção do quanto isso é errado?" Sim, Caroline. Isso é errado: não apenas pra você como também pra mim. Você significa problemas. O que eu já tinha passado desde que você acordou e resolveu "re-entrar" na minha vida. Quantos minutos de paz eu tive? Quantas vezes ocupei meu pensamento apenas com os meus próprios objetivos de fortalecer o meu reinado? A verdade é que sua presença na minha vida estava sendo uma droga...literalmente. Você faz com que eu me sinta confuso e o pior: me torna vulnerável. E vulnerabilidade é uma coisa que consegui banir da minha vida com muito esforço. Mas isso você nunca entenderia. Você talvez conheça a minha história, mas não passou pelo que eu passei. Acha que é confortável pra mim ter uma cabeça loira circulando pelo mundo que pode ser usada facilmente por meus inimigos, assim que souberem que eu faria tudo pra te proteger? Assim que souberem que eu me importo com você? Entenda, assim como você eu também não gosto do que sinto, não é confortável estar ligado a alguém tão diferente de mim. Não é confortável pra mim ter uma história com você.

Eu não verbalizei essas palavras, isso apenas queimava minha mente. Caroline estava sentada na minha cama me olhando como se esperasse uma ordem. Claro que ela estava esperando uma ordem.

–O que faço com você, Caroline? Eu não pretendia verbalizar essa frase, mas as palavras saíram antes que eu pudesse mante-las apenas em minha mente.

–Na verdade você pode fazer o que quiser. Eu não tenho escolha.

Eu caminhei até ela devagar.

–Então eu vou ter que escolher por mim e por você. Ela me olhou assustada. Mais assustada do que eu achei que ficaria. Assustada como se achasse que eu ia dizer para ela caminhar ao sol do meio dia, ou arrancar o seu próprio coração. No entanto meu plano era bem menos doloroso. Exatamente isso. Eu queria evitar dor, evitar a agonia. Eu iria ordenar algo que seria o melhor pra mim e pra ela. Aquilo que vivemos ficaria na minha memória como um sonho, ou como as páginas de um bom livro. Mas não se repetiria. Nunca mais a dor, a agonia, nunca mais a contradição. Eu não merecia aquilo. Nem ela. Ok, talvez ela merecesse pra parar de julgar os outros....mas quem era eu pra julga-la.

–Não. Isso não. Por favor não. Eu não quero.

Ela gritou isso.

–Eu não vou matar você Caroline, não vou pedir que tire sua própia vida.

–Você vai apagar minha memória. Você estará acabando com uma parte da minha vida de qualquer maneira.

–Eu estou sendo benevolente com você, tentando desfazer todo esse grande mau entendido. Tentando consertar o seu erro de ter me procurado, porque de nós dois só eu posso fazer isso. Estou certo de que você também faria se pudesse.

Ela baixou a cabeça, lágrimas rolaram daquele rosto lindo quando ela levantou o olhar e me encarou. Eu podia acariciar o rosto dela pela eternidade. Ela disse baixinho:

–Você está me condenando a permanecer covarde.

–Você tem idéia do quão errado isso é?

–Eu aprendi esses dias que o conceito de certo e errado é algo muito pessoal.

–O que faço com você Caroline? Perguntei olhando pra ela e andando em circulos no quarto. Eu sei que estava parecendo um desesperado e não sei porque estava ainda dando ouvidos a ela.

– Qualquer coisa. Só não me faça continuar vivendo uma farsa, dormir e acordar com medo de sonhar, de pensar, de admitir.

Eu tinha outra alternativa? Sim, eu tinha. Eu me senti o cara mais babaca do mundo, porque eu poderia fazer o que eu queria tão facilmente...mas aí estava eu dando ouvidos a ela. E calmamente, como se eu não fosse Klaus, como se de alguma maneiro a gentileza do Elijah estivesse impreganada em mim, eu desfiz o poder que tinha sobre ela, usei um colar que guardava como lembrança da minha mão e recoloquei o pingente e por ultimo, como se eu fosse um desses tolos apaixonados recoloquei o anel no dedo dela.

–Você está livre Caroline.

Ela se ajeitou na minha cama, olhando o anel que eu havia devolvido a ela, cruzou as pernas em cima da cama e segurou meu travesseiro como se fosse um bicho de pelucia.

–Eu disse que você está livre Caroline. Você já pode ir embora.

–Se eu estou livre, isso significa que eu também posso ficar se eu quiser...ou não?

Eu não podia acreditar naquilo.

–Ok....então fique a vontade, eu estou saindo.

Eu virei e caminhei em direção a porta antes que a cara de desapontamento dela me fizesse voltar, sai rápido usando toda velocidade para ser rapidamente tragado pela noite de New Orleans, antes que pudesse escutar o que ela começou a balbuciar quando passei pela porta. Sim, eu agora tinha noção do quanto aquilo era errado, do quanto aquilo poderia me custar. Eu queria simplesmente continuar a ser eu.


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Notas finais do capítulo

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